O Sr. JORGE KHOURY (PFL-BA) Pronuncia o seguinte discurso: Senhor Presidente, Senhoras e Senhores Deputados, de caráter cívico, a celebração do dia 2 de julho representa, na verdade, a extraordinária vitória conquistada por bravos brasileiros na guerra travada, ao longo de 17 meses, na então província da Bahia pela Independência do Brasil. Consagrado para a comemoração da Independência do País, o dia 7 de setembro situa-se no calendário das efemérides nacionais. E com plena justiça, pois nessa data, em 1822, foi formalmente proclamada a Independência do Brasil do domínio português. Contudo, a magnitude dessa conquista exigiu lutas em distintas localidades e diferentes momentos, sobretudo nas regiões em que as tropas da coroa lusitana ofereciam resistência contra as legítimas ações libertárias de nosso povo. Esse foi o caso da Região Nordeste. Lá, a população, capitaneada por grandes heróis, tomou para si a grandiosa 2 e difícil tarefa da consolidação de nossa independência, levantando-se em armas contra a opressão colonizadora. Batalhas realizadas em várias províncias e, principalmente, na Bahia, evidenciam a bravura na defesa da Pátria. Trazer à nossa memória os heróis que atuaram na Bahia de 1822 a julho de 1823, quando finalmente os portugueses foram expulsos, representa justa homenagem a tantos homens e mulheres que doaram a vida em nome de um ideal! Nobres Parlamentares, pela relevância que a Independência da Bahia significou para a consolidação de nossa efetiva separação do domínio de Portugal, destacar alguns desses heróis é enfatizar importante momento historiográfico. Lembremos, assim, do chefe-de-divisão João Francisco de Oliveira, conhecido como João das Botas, sempre atuante contra as forças navais portuguesas na Baía de Todos os Santos; de Joana Angélica, religiosa 3 responsável por defender o Convento da Lapa, em Salvador, diante da ameaça de invasão; de Maria Quitéria de Jesus, admirável guerreira e considerada “Patrona do Quadro Complementar de Oficiais do Exército Brasileiro”. Recordemos esses heróis pela gigantesca obra realizada e inscrita de forma indelével na memória nacional. João Francisco de Oliveira, Joana Angélica e Maria Quitéria de Jesus nos remetem a outros filhos e filhas de nossa Nação, filhos e filhas de Santo Amaro, de Maragogipe, de Cachoeira, de São Francisco do Conde, de Nazaré das Farinhas, de Jaguaripe e de tantas regiões. Em comum tinham um desejo: o sonho de um Brasil liberto. Muitos que nada possuíam além de uma roça de cana plantada para o senhor de engenho! Muitos que ainda sentiam a força da escravidão e o peso da exclusão! Ai é que destacamos não personalidades, mas etnias que desde então vêm contribuindo para a construção da nossa Nação, sem ainda obter o merecido reconhecimento 4 de suas inclusões no tecido social econômico e político da nossa Pátria. Refiro-me Senhoras e Senhores Deputados, à indispensável participação do CABOCLO, do ÍNDIO e do NEGRO, sem os quais por certo não estaríamos aqui hoje nesta justa e solene comemoração. Por essas razões é que o Povo baiano agradecido e reconhecido ergueu no epicentro da cidade de Salvador, a Praça 2 de Julho e no seu centro construiu um Monumento em homenagem ao CABOCLO ao NEGRO e ao ÍNDIO. O sentimento CIVICO baiano não teve tempo para relaxar após o ocorrido na tarde de Sábado com a nossa Seleção de Futebol na Alemanha, pois o dia seguinte era 2 de Julho. Os baianos, voltaram às ruas trazendo novamente, o verde e amarelo, da nossa bandeira e levaram como todos, os anos acontece, no mais democrático dos cortejos: o CABOCLO, o ÍNDIO e o NEGRO, do bairro da LAPINHA 5 até a Praça da Sé (pela manhã) e da Praça da Sé até a Praça 2 de Julho (durante a tarde). Do mais humilde baiano, ao Governador, todos rendem homenagens durante o Cortejo e no ato final na Praça 2 de Julho, à João das Botas, Joana Angélica, Maria Quitéria, ao Caboclo ao Índio e ao Negro os heróis do passado que reverenciamos no presente. A verdade nos obriga a dizer que essa guerra fez muitas vítimas. Tomados por doenças como tuberculose, impaludismo e tifo, muitos sucumbiram. Mas a mesma verdade histórica também nos faz afirmar que daquela luta nasceu espírito libertário de singular valor. Mas o que significa ser livre? A força presente na poética de Cecília Meireles nos ensina: “Liberdade, ainda que tarde, ouve-se em redor da mesa. E a bandeira já está viva, e sobe, na noite imensa. 6 E os seus tristes inventores já são réus – pois se atreveram a falar em liberdade (que ninguém sabe o que seja).” Senhoras e Senhores Deputados, por seu amplo significado histórico, o PFL se congratula com todos aqueles que reconhecem a importância presente na celebração do dia 2 de julho. A Bahia e o Brasil festejam! E nós, aqui na Casa do Povo brasileiro, nos orgulhamos da nossa história e buscamos em feitos como esse o exemplo para contribuirmos na construção da nossa Nacionalidade. Muito obrigado.