Anais do IV Simpósio sobre Formação de Professores – SIMFOP
Universidade do Sul de Santa Catarina, Campus de Tubarão
Tubarão, de 7 a 11 de maio de 2012
RESPEITO: “ABRACE ESSA IDEIA”
Alessandra Oliveira Araújo
Crisleine de Oliveira Costa Marmentini
Flóscula Leandra Ramos
Telma Pugliesi Zapala
Maria Zoraide Ferreira Gomes de Matos
RESUMO: Este trabalho tem como objetivo desenvolver ao longo do ano o fortalecimento dos vínculos entre os
educandos e educadores proporcionando espaços de reflexão que favoreçam a convivência, o respeito, o
acolhimento das diferenças e a comunicação. Nesse sentido, trabalharemos com o tema “Respeito: Abrace essa
ideia”, por meio de encontros semanais na qual faremos peça de teatro, confecção de painéis e livro das turmas,
entre outros. Para conscientizar os alunos da importância de ter respeito por si mesmo e pelas pessoas ao seu
redor. Sendo assim, é importante priorizar também a formação da consciência de que a participação no grupo
colabora para o crescimento de seus integrantes, promovendo relações de respeito e desenvolvendo
potencialidades.
PALAVRAS-CHAVE: Respeito; conscientização; participação.
1. Introdução:
As acadêmicas do curso de Pedagogia da Universidade do Sul de Santa Catarina
(Unisul), sediada no município de Araranguá, atuam no projeto PIBID (Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência) na Escola de Educação Básica Professor
Clóvis Goulart, situada na Rua Antônio Raupp, n° 370, Vila São José, no município de
Araranguá. Com supervisão escolar da assistente técnica pedagógica Maria Zoraide Ferreira
Gomes de Matos.
A partir das observações realizadas na monitoria compartilhada (educador/acadêmica),
percebemos a necessidade de desenvolver um projeto que auxilie a instituição na
problemática da indisciplina, sendo uma realidade frequente no espaço escolar. Esta
indisciplina está incorporada nos diferentes âmbitos de ensino público e privado.
No capítulo dois, apresentamos a fundamentação teórica à luz de estudiosos sobre
educação. Já no terceiro capítulo, refere-se aos objetivos a serem alcançados ao longo do
projeto. No quarto capítulo, relatamos a metodologia proposta para alcançarmos os objetivos.
O último capítulo trás as considerações finais das atividades realizadas até o presente
momento, sendo que o mesmo encontra-se em desenvolvimento.
2. Fundamentação Teórica:
No sistema capitalista em que vivemos atualmente, as pessoas são preparadas para
competitividade, valorizando-se a individualidade e muitas vezes se esquecem dos pequenos
valores que devem permear nossa vida para que tenhamos uma sociedade mais justa e
igualitária. Parece ser real o fato de não haver, nos dias de hoje, reflexão genuinamente
educacional em torno do tema proposto. Sendo assim, “a educação formal, na sociedade
contemporânea, não é condição suficiente, mas é necessária para o desenvolvimento da
cidadania plena e para a consolidação da igualdade de oportunidades para todas as pessoas.”
(ARAÚJO, 2007, p. 15).
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Desta forma, os indivíduos precisam humanizar-se partindo do paradoxo real do
cotidiano e para isso faz-se necessário a reflexão sobre ética, moral e respeito, pois estes
temas contemporâneos são os reflexos das situações que vivenciamos no âmbito das
instituições de ensino, onde percebe-se que muitas vezes a família se omite de seu papel e a
escola por sua vez sozinha, não consegue administrar os problemas sociais e educacionais,
tendo dificuldade em desenvolver ações que tornem os educandos protagonistas na construção
da ética e da cidadania.
A relação dialética entre a escola e família é um desafio, que deve ser vencido, pois
ambas são instituições socializadoras na formação dos indivíduos. Segundo Almeida (2010, p.
96),
Em vez de estabelecerem uma parceria, uma vez que ambas almejam o bem do
aluno/filho, querendo que se desenvolva em sua plenitude, percebe-se que a relação
entre os pais e a escola está abalada. De um lado, os professores reclamam da
atuação dos pais, acusando a família de desestruturada, ausente, afirmando que as
crianças e os jovens estão desinteressados pela escola, que são carentes...,
procurando, dessa maneira, justificar o insucesso de alguns alunos da escola. De
outro, os pais reclamam do excesso de falta dos professores, da postura autoritária
na relação com os alunos e a família.
Essas situações contribuem também para o fracasso escolar, a indisciplina, a falta de
limites e a dificuldade nos convívios sociais. Percebendo-se as dificuldades que ocorrem, é de
extrema importância que pais e educadores trabalhem juntos e discutam sobre os processo de
ensino e aprendizagem de seus filhos/educandos.
Os valores e a aprendizagem correspondem a um binômio que caminham lado a lado
para um desenvolvimento significativo para a aprendizagem dentro da sala de aula e no
ambiente de convívio social.
Visando promover as modificações nas ações e atitudes dos educandos, para levá-los a
resolver seus conflitos tanto com os colegas, quanto com professores e familiares, pois
reconhecemos que todo o individuo traz consigo toda a bagagem cultural, isto é, seus
costumes, suas crenças, suas linguagens, seus modos de viver, sentir e agir, sua trajetória de
vida. Desta forma, o presente projeto visa preparar os educandos para uma convivência social
pacífica e respeitosa.
Assim sendo, nosso trabalho foi idealizado pela necessidade que a instituição enfrenta
com a problemática da indisciplina. Segundo Nidelcoff (1978, p.74):
A ‘disciplina’ não deve ser concebida como um conjunto de normas que o aluno
deve obedecer, mas como algo mais profundo e mais amplo: a disciplina é aquela
vivida pela comunidade educativa, e se expressa nas atitudes de seus membros, em
suas motivações e no estilo de suas relações.
Nesse sentido, trabalharemos com o tema “Respeito: Abrace essa idéia”, para
conscientizar os alunos da importância de ter respeito por si mesmo e pelas pessoas ao seu
redor.
Acreditamos que somos reflexo da cultura na mesma medida em que a produzimos,
por isso, daremos especial atenção, criação e oportunidade no cotidiano, para que o aluno se
perceba agente da própria historia e assuma a responsabilidade por suas escolhas e ações. “Os
objetivos que nos propomos alcançar junto ás crianças são o elemento fundamental em nosso
trabalho letivo e quando realmente nos propomos ser educadores.” (NIDELCOFF,1978,
p.21).
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Sendo assim, é importante priorizar também a formação da consciência de que a
participação no grupo colabora para o crescimento de seus integrantes, promovendo relações
de respeito e desenvolvendo potencialidades. É fundamental também que ocorra a interação
entre os pares e que o educador seja o mediador no processo de ensino aprendizagem.
A escola é o local em que o educando aprende diferentes tipos de conhecimentos, de
uma forma intencional e sistematizada, assim o educador deve fazer com que o aluno interaja
com o objeto do conhecimento, mediando e agindo na zona de desenvolvimento proximal.
Segundo Rego (1995, p.41),
Vygotsky afirma que as características tipicamente humanas não estão presentes
desde o nascimento do indivíduo, nem são mero resultado das pressões do meio
externo. Elas resultam da interação dialética do homem e seu meio sócio-cultural.
Ao mesmo tempo em que o ser humano transforma o seu meio para atender suas
necessidades básicas, transforma-se a si mesmo.
Dessa forma, podemos perceber que a interação entre professor x aluno, aluno x
professor, aluno x aluno, é de extrema importância neste processo. Portanto, a partir da
interação do educando com o meio é que ele vai se apropriando dos conceitos estabelecidos
na sociedade. Neste sentido,
Aprender a ser cidadão e cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir com respeito,
solidariedade, responsabilidade, justiça, não-violência; aprender a usar o diálogo nas
mais diferentes situações e comprometer-se com o que acontece na vida da
comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes precisam ser aprendidos e
desenvolvidos pelos estudantes e, portanto, podem e devem ser ensinados na escola.
(ARAÚJO, 2007, p. 04)
É função social da escola, partir do conhecimento e da vivência do educando, tendo
como desafio levá-lo a reflexão e a uma prática que privilegie seu desenvolvimento e sua
capacidade intelectual e social. Neste contexto, a escola é co-responsável pela formação deste
indivíduo.
O educador deve interagir o educando nos conhecimentos presentes também na
sociedade, tornando-o crítico e reflexivo sobre os aspectos da realidade. Assim, ele vai se
tornando “(...) um agente consciente de sua prática social, é preciso que ele se torne capaz de
dominar, o mais possível, o conhecimento elaborado existente na sociedade em que vive,
inclusive o próprio modo de produzir esse conhecimento”. (OLIVEIRA, 1990, p.92).
Essa formação por certo passa pela capacidade dos educandos de internalizarem a
ética do respeito entre as pessoas, um comportamento que facilite o bom convívio social e a
realização de objetivos comuns, assim como a colaboração desses objetivos. Trata-se,
portanto, de desenvolver na instituição, o discernimento do que é próprio para o ambiente
escolar e que contribui ou atrapalha na obtenção de bons resultados de aprendizagem e
convívio.
Segundo Bruno, Abreu e Monção (2010, p. 86),
Se não despertarmos para a necessidade de cultivar as atitudes constituintes de um
diálogo e uma compreensão verdadeiros, como o ouvir ativo, o olhar atento, a fala
explicitadora e cuidadosa, teremos muita dificuldade, como educadores, de nos
tornar um grupo e de perceber quem são as crianças com quem trabalhamos, suas
necessidades, singularidades e expressões.
É bom lembrar que a educação dos indivíduos se faz a partir de exercícios e vivências
diárias, mas também com limites que funcionem como trilhas e não como trilhos. Não
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devendo ser atitudes de enquadramento e sim como movimento intrínseco de mudança
atitudinal.
A falta de limites nas escolas tem produzido espaços desorganizados e depreciados,
sem falar na agitação comportamental. Á medida que isso acontece, também ocorre o prejuízo
a aprendizagem e a formação dos educandos. Essa é uma questão a desafiar aos educadores,
cuja responsabilidade é garantir para os educandos, ambiente seguro, agradável e mediador da
aprendizagem.
O educador deve adequar a sua metodologia de ensino para que a partir dela retorne a
prática para transformá-la em conhecimentos adquiridos para que os educandos modifiquem
sua realidade imediata. Pois isto “consiste em ver a realidade e tomar consciência de como ela
se coloca no seu todo e em suas relações como conteúdo que será desenvolvido no processo.”
(GASPARIN, 2002, p. 36).
O trabalho interdisciplinar deve ser a base da atividade desenvolvida no cotidiano
escolar, tendo como ferramenta os recursos que a instituição disponibiliza. Sendo estes, jogos
de raciocínio, estratégia, concentração; computadores e uma grande diversidade literária. Os
investimentos neste setor são crescentes, sendo que a instituição recebe muitos materiais
pedagógicos que auxiliam no desenvolvimento de atividades lúdicas que dão suporte a prática
educativa com significado. Vivenciar esta experiência,contribui para a formação do individuo
ativo, participativo e criativo.
Partindo do princípio de construção do conhecimento, não mais daquele conhecimento
pronto e acabado, visando à evolução do processo, trabalhar de forma lúdica, possibilita
vivências atrativas que promovem o interesse do educando pela rotina educacional, que
passam a se perceber instituição e educadores como mediadores no processo de construção de
vivências significativas e agradáveis.
Portanto, ao planejar este projeto idealizamos uma mudança na concepção escolar,
onde a partir desta experiência todos os sujeitos envolvidos no mesmo, passem a perceber a
instituição como um ambiente em constante movimento e processo de construção permanente.
Sendo assim, todos são essenciais para a criação e a evolução do projeto.
3. Objetivo geral:
Desenvolver o fortalecimento dos vínculos entre os educandos e educadores
proporcionando espaços de reflexão que favoreçam a convivência, o respeito, o acolhimento
das diferenças e a comunicação.
3.1. Objetivos específicos:
Proporcionar um ambiente favorável à aprendizagem no âmbito do respeito, da
comunicação e da convivência.
Oportunizar dinâmicas que possibilitem aos educandos valorizar e participar das
atividades, para que, através da ludicidade possam demonstrar atitudes de respeito e
responsabilidade.
Proporcionar aos educandos vivências onde possam reconhecer e apreciar a
importância dos valores básicos que regem a vida e a convivência humana, para agirem de
acordo com eles.
Incentivar os educandos a argumentarem e expressarem seus pontos de vista com
clareza, para a formação de uma boa convivência.
Estimular nos educandos atitudes de respeito pelo EU e pelos outros, a fim de
estabelecer relações harmônicas.
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Oportunizar vivências diferenciadas, onde os educandos possam identificar que a
responsabilidade de seus atos em relação à escola e aos colegas influenciará na sua vida
escolar.
Possibilitar aos educandos o entendimento de respeito e responsabilidade como uma
expressão de interesse e como a habilidade de tomar conta de si mesmo, visando à formação
da autonomia em cada um e da responsabilidade individual.
4. Metodologia:
Cada encontro acontecerá nas turmas de 1° ao 5° ano em dias alternados.
1° encontro: Iniciaremos com uma apresentação de fantoches, enfocando o tema
“Respeito”. Em seguida, faremos um diálogo com o grupo para saber o que entenderam sobre
o mesmo. O teatro encontra-se abaixo:
Respeito: Abrace essa ideia
Rafael: _Mulherzinha, mulherzinha...O Antônio é mulherzinha!
Antônio:_Eu não sou mulherzinha não! Viu seu quatro olhos!
Rodolfo:_É mulherzinha sim. Chorou e teve que chamar a professora pra te defender.
Narrador: E a confusão estava armada. Cleuza então diz:
Cleuza: _Vai lá Antônio. Pega eles! Não deixa eles te fazerem de bobos não!
Narrador:_ Antônio dispara atrás dos meninos. Corre, mas não pega ninguém. Para o
seu azar ainda tropeça, cai e machuca o joelho. E o pior que podia acontecer. Segura o choro
para não ficar com mais vergonha ainda! Levanta-se e vai à enfermaria.
Enfermeira Elisa:_ O que aconteceu Antônio? Onde foi que você caiu?
Antônio: _Eu fui correr atrás dos meninos e cai.
Narrador: Enquanto ela cuida do machucado de Antonio:
Enfermeira Elisa: _Vocês precisam brincar com mais cuidado. Com essa correria toda,
ainda vão se machucar ou machucar outras crianças.
Antônio: _Mas eu não estava brincando, eu estava brigando! Queria era bater naqueles
chatos.
Enfermeira Elisa: _Aí piorou. Você já brigou três vezes só esta semana! E olha que
mesmo ficando mais aqui dentro desta sala do que lá fora, já sei de sua fama.
Antônio: _Mas esses meninos são muito nojentos, ficam implicando comigo. Eles me
provocam, ficam me chamando de um monte de apelidos o tempo todo. Só que falam
baixinho no meu ouvido e só eu é que escuto e quando eu reajo, todo mundo se assusta e pega
no meu pé.
Narrador: E Antônio relembra...
Rodolfo: _Antônio você é nervoso demais.
Enfermeira Elisa: _Antônio você esta errado! Se eles não te baterem não justifica você
reagir assim.
Antônio: _Mas ainda vou acabar com eles.
Enfermeira Elisa: _ Calma Antônio.
Antônio: _Lá vem você também, só me faltava essa.
Enfermeira Elisa: _Calma Antônio! Calma Antônio! As coisas não podem ser
resolvidas assim.
Antônio: _Eu já estou de saco cheio com essa história de paciência. E vocês ainda
querem que eu ainda tenha calma! Vocês dizem isso porque não conhecem esses meninos!
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Hoje mesmo eu estava lendo o texto para professora e para a turma e comecei a gaguejar,
porque o texto era muito grande e com palavras muito difíceis. Na hora eles não falaram nada
alto, porque sabiam que ela iria xingá-los mas depois que eu me sentei, eles começaram a
falar baixinho me imitando:
Rodolfo: _Gaguinho, gaguinho... não sabe ler nada, parece uma menininha da pré
escola.
Antônio: _Eu contei para a professora, e eles pararam enquanto ela estava por perto,
mas depois começaram de novo.
Rafael: _Gaguinho, mulherzinha. Tem que chamar a professora pra te defender.
Antônio: _Eu fiquei me segurando, mas não via a hora que chegasse o recreio para eu
acertar as contas com eles. Eu é que não vou levar desaforo para casa. Eu não sou otário, não
vou ter medo daqueles baixinhos. Sou maior, mais forte e mais esperto do que eles.
Enfermeira Elisa: _Para mim você não está sendo mais forte e muito menos, mais
esperto do que ele.
Antônio: _Como não? Eu consigo bater em todos eles de uma vez só.
Enfermeira Elisa: _Mas quem está com fama de brigão, quem está levando ocorrência
para casa é você, e não eles.
Narrador: Neste momento entra uma menina para também ser atendida.
Enfermeira Elisa: _Pronto Antônio. Agora e só você lavar o outro joelho e ainda dá
tempo de você aproveitar o recreio. E fique longe desses meninos. Para de ser Antônio bobo
na mão deles.
Antônio: _Antônio bobo? E você se não fizer nada. O que eles vão pensar de mim?
Que eu sou um covarde?
Narrador: Antônio vai até o banheiro para lavar o joelho, quando no caminho houve as
crianças chegando e falando sobre ele. Ele corre e se esconde atrás da porta da cantina e
houve as conversas.
Rafael: _O Popó numa hora dessas deve estar chorando e inventando histórias sobre a
gente.
Cleuza: Quem é esse Popó que vocês tanto falam?
Rodolfo: _É o Antônio. A gente chama ele de Popó porque ele se parece com um
hipopótamo.
Cleuza: _Ah, o Antônio bobo? Aquele que apela a toa?
Rafael: _E nós adoramos por apelidos nele, não é Rodolfo?
Rodolfo: _É, eu o Roberto, o Daniel, a Sandra e um monte de colegas lá da sala,
ficamos inventando apelido para ele.
Cleuza: _É mesmo. Ele tem três fases. Pimentão, panela de pressão e trator. Só que
grande e lento, porque é gordo.
Rafael: _Você precisa ver quando ele fica com raiva de nossas brincadeiras...ele vai
ficando vermelho, vermelho igual a um pimentão. De repente se transforma em uma panela de
pressão e estoura.
Rodolfo: _Ah aí é que é mais legal. Ele vira um trator sai correndo atrás de todo
mundo nunca pega ninguém, porque quer pegar todo mundo ao mesmo tempo. Parece que a
gente está brincando de pega-pega.
Cleuza: _É só ele que leva a pior. Porque quando a professora vê já sabe, é confusão.
Rafael: _Ele é bobo demais, parece menininha de dois anos que chora quando a gente
chama de cara de sapato. A minha irmãzinha Érica é assim, se eu falo pra ela: Érica você tem
cara de sapato. Ela chora e sai correndo atrás da minha mãe, com medo de virar sapato.
Cleuza:_ O Antônio é igualzinho a ela. Para qualquer apelido que colocamos nele ele
reage na mesma hora.
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Rodolfo: _Eu não sou hipopótamo não. Eu não sou baleia não. Eu não sou
mulherzinha não. Eu não sou gaguinho não.
Cleuza: _E fica bravo de verdade. Parece que morre de medo de realmente se
transformar em todos os apelidos. É muito divertido não é Rodolfo.
Rodolfo: _É. Todo mundo sabe que ele não é nada disso, só ele é que não sabe.
Cleuza: _Ah, pelo que vocês estão falando ele pode até não se transformar nos
apelidos que vocês colocam nele, mas que ele vira um bobo na mão de vocês ele vira.
Rafael: _Ele fala que todo mundo só pega no pé dele. É claro! Nós não iríamos mexer
com os meninos que não ligam para apelidos, não teria graça nenhuma. E no final, a gente é
que ficaria com cara de bobo não é Rodolfo?
Rodolfo: _É eu também era assim. Sofri muito nas mãos dos meninos até eu aprender
a não ser um fantoche nas mãos deles.
Cleuza: _No começo do ano era assim. Nós colocamos apelidos em todo mundo.
Depois é só esperar para ver quem vai ser o bobo do ano.
Rafael: _Nós procuramos os nervosinhos, metidos a fortes, mas que no fundo são
fracos, bobos, porque fazem tudo que a gente quer que eles façam. Bem feito para eles.
Rodolfo: _Vamos embora que a professora está esperando. Vamos ver a cara do
Antônio na hora que ele entrar na sala.
Narrador: Os meninos vão para sala, e Antônio espera um pouquinho para ter a certeza
de que está sozinho. Agora entende como ele se sentia ao revidar as provocações dos colegas
e porque a enfermeira questionou se ele estava mesmo sendo forte e inteligente. Estava triste e
também alegre. Triste e com raiva, por ter feito papel de bobo por tanto tempo, lembrou-se de
todas as vezes que brigou e de como os meninos riam deles à medida que ia ficando nervoso.
Que vergonha!
Apesar de tudo também se sentia alegre, porque descobriu o plano dos colegas então
decidiu que, daquele dia em diante custasse o que custasse iria se transformar em Antônio
cego, surdo e mudo para as provocações dos meninos. Fazer papel de bobo nunca mais.
Após a conversa, dividiremos a turma em quatro grupos. Cada um ficará responsável
em responder uma das questões abaixo:
O que é respeito?
Quais as atitudes que mostram o respeito por alguém? Vocês as utilizam no dia-a-dia?
Quais as atitudes desrespeitosas? Vocês fazem isso no dia-a-dia?
O que é falta de respeito?
As respostas serão apresentadas através de um teatro elaborado pelos próprios
educandos. Através das respostas coletadas elaboraremos as frases para o segundo encontro.
Como a turma do 1° ano não está alfabetizada, faremos um trabalho diferenciado.
Dividiremos a turma em dois grupos, um fará desenhos referentes às atitudes de respeito e a
outra sobre atitudes de falta de respeito. Logo após cada aluno explicará seu desenho
utilizando os fantoches.
2° encontro: A partir da fala das crianças será produzido um cartaz sobre formas de
“respeito e atitudes desrespeitosas”. Com uma caixa surpresa traremos frases impressas para
que um grupo faça cartaz de boas maneiras e outro de más atitudes. Usaremos música
enquanto a caixa estiver passando pelas crianças.
Neste dia, serão coletadas as fotos para a confecção dos livros.
Para a turma do 1° ano levaremos desenhos referentes ao tema, para que pintem e
depois formaremos um cartaz com os desenhos sobre as atitudes de respeito e as atitudes de
falta de respeito.
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3° e 4° encontro: Iremos trabalhar a música “Aprendendo a conviver”, onde faremos
um debate sobre a interpretação da música. Na sequência, faremos a confecção do livro de
cada turma, tendo como título “Respeito: Abrace essa ideia” com fotos reproduzidas do
encontro anterior.
Pensamos para cada ano, uma capa personalizada:
1° ano: identificação digital;
2° ano: uma flor;
3° ano: árvore;
4° ano: o caminho para a felicidade;
5° ano: a trilha para a felicidade.
Em cada página do livro a foto das crianças será colocada com suas respectivas
mensagens.
5° encontro: Avaliação; será realizado a dinâmica do toque em que vendaremos os
olhos das crianças para que elas se toquem enquanto toca uma música, para trabalharmos com
as diferenças.
5. Considerações finais
Este projeto continua em andamento, sendo assim, nossa avaliação em relação ao
mesmo é que o desenvolvimento deste tema deve ser contínuo e diário. Para que assim,
ocorram mudanças de atitudes que trará reflexos positivos para a comunidade escolar e a vida
social dos educandos.
Desta forma, salientamos que o trabalho escolar é laborioso, porém faz-se necessário,
que a instituição cumpra seu papel social de humanização de forma significativa e dialética.
Temos a pretensão de sensibilizar educadores, educandos e toda comunidade escolar.
Para um convívio pacífico e agradável, é preciso que todos exerçam seu papel de forma ética,
construindo assim, uma sociedade mais justa.
Consideramos uma reflexão pertinente ao tema. De acordo com Freire (1996, p.93),
A autoridade coerentemente democrática, mais ainda, que reconhece a eticidade de
nossa presença, a das mulheres e dos homens, no mundo, reconhece, também é
necessariamente, que não se vive a eticidade sem liberdade e não se tem liberdade
sem riscos. O educando que exercita sua liberdade ficará tão mais livre quanto mais
eticamente vá assumindo a responsabilidade de suas ações. Decidir é romper e, para
isso, preciso correr o risco.
Portanto, o compromisso social da escola é conduzir os educandos ao exercício de sua
autonomia, sendo responsável, por suas ações dentro e fora da unidade escolar. Para que o
educador consiga harmonia e equilíbrio entre autoridade e liberdade, deve refletir sua prática
com humildade, pois isso implica em disciplina para ambos e este processo deve ser contínuo.
Essa é a tarefa político-pedagógica do educador.
Referências:
ALMEIDA, Laurinda Ramalho de; PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza. O coordenador
pedagógico e o atendimento à diversidade. São Paulo: Edições Loyola, 2010.
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ARAÚJO, Ulisses F.; et al. Programa ética e cidadania: construindo valores na escola e na
sociedade. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:
Paz e Terra, 1996.
GASPARIN, João Luiz. Uma didática para a pedagogia histórico-crítica. Campinas, São
Paulo:Autores Associados, 2002.
NIDELCOFF, María Teresa. Uma escola para o povo. ed. 14. São Paulo: Brasiliense, 1978.
OLIVEIRA, Betty. A prática social global como ponto de partida e de chegada da prática
educativa. In:______. A socialização do saber escolar. 5. ed. São Paulo: Cortez: Autores
Associados, 1990. p.91-101.
REGO, Teresa Cristina. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 7. ed.
Petrópolis: Vozes, 1995.
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