PORTUGUÊS
AULA 26
REDAÇÃO
DESCRIÇÃO
DESCRIÇÃO
• A descrição é a forma mais primitiva,
mais umbilical de produzir um texto.
–
–
Isso porque os instrumentos do descrever
- os cinco sentidos - já estão em nós,
constituem os elementos vitais de nossa
sensibilidade.
Visão, tato, audição, paladar, olfato são os
sentidos com que percebemos as coisas
do mundo que se traduzem em formas,
cores, texturas, cheiros, sonoridades.
DESCRIÇÃO
• Para descrever, é necessário desenvolver a
nossa percepção sensorial, desalienando os
sentidos
embotados,
muitas
vezes
massificados, como também exercitar nossa
capacidade como criadores.
–
É preciso ver em profundidade, sentir com
gostos, com cheiros, com impressões táteis
afinadas, concentradas, para então podermos
desvendar outros objetos além daqueles
cotidianos que foram redescobertos.
DESCRIÇÃO
• A finalidade da descrição é produzir, na imaginação
de quem lê, uma impressão equivalente à imagem
sensível do objeto retratado.
• Em outras palavras, é fazer "ver", em termos de
reconstituição mental, o que se retrata com a
linguagem.
• Vale ressaltar que dificilmente você encontrará um
texto exclusivamente descritivo.
– O que ocorre mais comumente é encontrar trechos
descritivos inseridos em um texto narrativo ou dissertativo.
– Por exemplo, em qualquer romance (que é um texto
narrativo por excelência), você encontrará passagens
descritivas, seja de personagens, seja de ambientes.
DESCRIÇÃO
• O que se descreve
• Podemos descrever o que vemos
(aquilo que está próxima), o que
imaginamos (aquilo que conhecemos
mas não está próximo no momento da
descrição) ou o que nossa imaginação
cria, qualquer entidade inventada:
– um ser extraterreno, uma mulher que você
nunca viu, uma futurista, um aparelho
inovador etc.
DESCRIÇÃO
• Como se descreve
• De acordo com os objetivos de quem
escreve, a descrição pode privilegiar
diferentes aspectos:
– pormenorização
–
corresponde
a
uma
persistência na caracterização de detalhes;
– dinamização – é a captação dos movimentos de
objetivos e seres;
– impressão – são os filtros da subjetividade, da
atividade psicológica, interpretando os elementos
observados.
DESCRIÇÃO
• A organização da descrição
– No processo de composição de uma redação
descritiva, o emissor seleciona os elementos
organiza para levar o receptor a formar ou
conhecer a imagem do objetivo descrito, isto é, a
concebê-lo sensorial ou perceptualmente.
– A descrição é fundamentalmente espacial.
• Eventualmente pode aparecer um índice temporal,
porém sua função é meramente circunstancial, serve
apenas para precisar o registro descritivo.
DESCRIÇÃO
• ELEMENTOS PREDOMINANTES NA DESCRIÇÃO
• Frases nominais (sem verbo) ou orações em que
predominam verbos de estado ou condição.
– Sol já meio de esguelha, sol das três horas. A areia, um
borralho de quente. A caatinga, um mundo perdido. Tudo,
tudo parado: parado e morto.(Mário Palmério)
– Efetivamente a rua era aquela; e o velho palácio estava na
minha frente. Era um palácio de trezentos anos, cor de
barro, que me parecia muito familiar quanto ao desenho de
sua alta porta, aos ornatos das colunas e ao lançamento da
escada do vestíbulo.(Cecília Meireles)
DESCRIÇÃO
• ELEMENTOS PREDOMINANTES NA DESCRIÇÃO
• Frases enumerativas: seqüência de
nomes, geralmente sem verbo.
– “A cama de ferro; a colcha branca, o
travesseiro com fronha de morim. O
lavatório esmaltado, a bacia e o jarro. Uma
mesa de pau, uma cadeira de pau, o
tinteiro, papéis, uma caneta. Quadros na
parede.” (Érico Veríssimo)
DESCRIÇÃO
• ELEMENTOS PREDOMINANTES NA DESCRIÇÃO
– Adjetivação: caracterizadores qualificando
nomes.
• A pele da cabocla era desse moreno enxuto e
parelho das chinesas. Tinha uns olhos
graúdos, lustrosos e negros como os cabelos
lisos, e um sorriso suave e limpo a animar-lhe
o rosto oval de feições delicadas. (Érico
Veríssimo)
DESCRIÇÃO
• ELEMENTOS PREDOMINANTES NA DESCRIÇÃO
– Figuras de linguagem: recursos expressivos,
geralmente em linguagem conotativa?
– A mais usadas na descrição são a metáfora, a
compara;’ao, a prosopopéia, a onomatopéia e a
sinestesia.
• O rio era aquele cantador de viola, em cuja alma se
refletia o batuque das estrelas nuas, perdidas no vácuo
milenarmente frio do espaço...Depois ele ia cantando
isso de perau em perau, de cachoeira em cachoeira...
DESCRIÇÃO
• ELEMENTOS PREDOMINANTES NA DESCRIÇÃO
– Sensações: uso dos cinco sentidos, ou
seja, das percepções visuais, auditivas,
gustativas, olfativas e táteis.
• Os sons se sacodem, berram...Dentro dos sons
movem-se cores, vivas, ardentes...Dentro dos
sons e das cores, movem-se os cheiros, cheiro
de negro...Dentro dos cheiros, o movimento
dos tatos violentos, brutais...Tatos, sons,
cores, cheiros se fundem em gostos de
gengibre... (Graça Aranha)
DESCRIÇÃO
• A PERSPECTIVA NA DESCRIÇÃO
• Quando observamos bem um objeto, vemos sua
forma global, suas partes e seus pormenores.
– Na leitura ou elaboração de um texto descritivo, é
importante a visualização do objeto, suas partes e
pormenores.
•
•
•
•
Dessa forma, quando descrevemos, organizamos o texto,
selecionando os elementos,
suas características mais marcantes,
as impressões sensoriais que melhor os distinguem
– uma dimensão essencial da descrição:
• a perspectiva do descrevedor diante do objeto.
DESCRIÇÃO
• A PERSPECTIVA NA DESCRIÇÃO
• Quando observamos bem um objeto, vemos sua
forma global, suas partes e seus pormenores.
– Na leitura ou elaboração de um texto descritivo, é
importante a visualização do objeto, suas partes e
pormenores.
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•
Dessa forma, quando descrevemos, organizamos o texto,
selecionando os elementos,
suas características mais marcantes,
as impressões sensoriais que melhor os distinguem
– uma dimensão essencial da descrição:
• a perspectiva do descrevedor diante do objeto.
DESCRIÇÃO
• Levantamento sensorial
• Uma experiência extremamente enriquecedora e
interessante para delinearmos os nossos sentidos,
os canais que nos fazem percebedores de
características surpreendentemente novas dos
objetos que nos rodeiam, é o levantamento sensorial
– O exercício das sensações.
• Propomos um objeto e você procura percebê-lo da
forma mais detalhada possível, considerando todos
os sentidos, todas as maneiras possíveis de
descrevê-lo - a visão, o tato, a audição, o olfato, o
gosto.
DESCRIÇÃO
• Escrever e aprender
• O objeto que propomos para essa experiência é
LÂMPADA.
– Agora, escolha você mesmo um objeto e refaça a
experiência.
– Observe quantas características você conseguiu levantar e
procure descobrir outras.
– Uma lâmpada, ou qualquer objeto do cotidiano, possui pelo
menos uma dezena de características que, depois de
percebidas e registradas, parecem óbvias e, ao mesmo
tempo, nos causam surpresa.
– No dia-a-dia, a nossa relação com o mundo, com os objetos
que nos rodeiam e com os quais convivemos, tende a se
esvaziar de sentido, a se empobrecer, se deixarmos, se não
procurarmos recuperá-la, redescobrindo o nosso corpo, os
nossos sentidos.
DESCRIÇÃO
• Desprezando um dos sentidos
• Uma experiência que nos auxilia a aumentar,
aprofundar nossa descritividade, pode ter
como ponto de partida a memória e a
imaginação, ou ambas ao mesmo tempo.
– Vamos,
então,
lembrar
desprezando um dos sentidos
e/ou
imaginar,
• de preferência aquele que estamos acostumados a
utilizar mais, como a visão
• e registrar nossas impressões e sensações apenas com
os outros.
DESCRIÇÃO
• Escrever e aprender
• Escolha uma ou várias das situações que se seguem, observe
as sensações que elas lhe sugerem e descreva-as:
–
–
–
–
Você está entrando no mar, num dia de sol quente...
O casal dança em surdina, como se ninguém estivesse no salão...
Se você fosse um bicho...
Descreva as impressões de seu corpo, ao levantar da cama num
dia de domingo...
– "Black-out" numa cidade grande. Onde você está?
– Você acaba de entrar numa roda-gigante...
• Ao final, releia o texto que você escreveu e observe se você
conseguiu descrever, anulando um dos sentidos, como pedia a
proposta.
• Preste atenção nos detalhes.
• Procure no seu texto as passagens de sensações, de emoções,
os momentos em que ambas se entrelaçam, se confundem.
DESCRIÇÃO
• Comparação
• Muitas vezes, apesar de percebermos as
características do objeto, não conseguimos
descrevê-las em um texto.
– Por isso, torna-se muito importante a capacidade de
comparar.
– Por meio das comparações, conseguimos expressar as
características percebidas e fazemos com que o leitor sinta
e recrie o objeto que estamos descrevendo, porque
associamos - por semelhança - suas características com
elementos que o leitor conhece, elementos que são
referências concretas na sua memória de sensações.
DESCRIÇÃO
• Escrever e aprender
• Se fizermos uma comparação diferente, nova, original,
descobrindo semelhanças que não estavam sendo percebidas,
levaremos o leitor a perceber os elementos que estão sendo
relacionados e que serão vistos com olhos novos.
• A experiência consiste em substituirmos os termos grifados
nas comparações propostas, todas muito comuns, e torná-las
novas, incomuns, dando a contribuição de nossa imaginação
criadora.
• · Pesado como chumbo
• · Amargo como jiló
• · Cortante como tesoura
• · Leve como pluma
• · Azul como o céu
• · Amarelo como o ouro
DESCRIÇÃO
• Estranhamento do objeto
• Vamos, agora, fazer uma experiência descritiva
bastante significativa para a liberação de nossos
sentidos convertidos em linguagem.
– Trata-se do estranhamento do objeto.
• É uma experiência que consiste em escolher um objeto
qualquer para descrevê-lo da forma mais detalhada e mais
sensorial possível, sem dizer de que objeto se trata.
• Utilizando os cinco sentidos, damos pistas ao leitor sutilmente,
conseguindo, assim, treinar nossa capacidade descritiva e
desalienar as automatizações que decorrem de substituirmos
as características das coisas, dos objetos, pelos nomes que
possuem.
DESCRIÇÃO
• Escrever e aprender
• A seguir, você encontrará algumas sugestões de objetos para
descrever. Se quiser, imagine outros para fazer este exercício.
• · Um palito de fósforo
• · Um ovo
• · Um cofre
• · Uma torneira pingando
• · Uma folha de papel em branco Um relógio
• · Um isqueiro
• · Um lápis ou uma caneta
• Releia seus textos e observe se você conseguiu dar detalhes
suficientes para identificar o objeto escolhido sem, no entanto,
explicá-lo demais. Verifique também se usou todos os sentidos
– é importante que você lance mão deles para descrever de maneira
eficiente, detalhada, interessante.
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