“Não tem nada mais compatível com o projeto ético político do que você
se organizar enquanto trabalhador que é justamente para enfrentar o
capitalismo, afirma Vicente de Paula Faleiros”.
A organização sindical faz parte de uma conquista do trabalhador e se o número de assistentes
sociais em assembleia deliberarem democraticamente pela criação do sindicato, é um direito
democrático.
Então, cabe à organização e à manifestação dessa vontade para criação do sindicato no contexto
democrático, dentro claro, dos conflitos e das possibilidades da organização sindical brasileira.
Nós hoje temos várias centrais sindicais, uma meia dúzia de centrais sindicais que oferecem apoio
aos sindicatos.
Segundo, do ponto de vista dos interesses da categoria, a organização profissional, CFESS/CRESS,
não oferece por lei, a defesa, a possibilidade de defesa porque O CFESS/CRESS é uma
autarquia federal, então sendo autarquia ela está submetido ao Estado, é um órgão do estado,
regulado pelo Estado, legalmente, com autonomia, claro.
Mas o sindicato, embora ainda tenha controle do Ministério do Trabalho, ele não é um órgão do
Estado, não é uma autarquia, é uma associação livre e muitos interesses dos assistentes
sociais
Também não têm sido contemplados pela organização por setor. A organização por setor, muitas
vezes fragmenta, por exemplo, os assistentes sociais são filiados ao sindicato de professor, aos
sindicatos da saúde e não tem uma representatividade, uma vocalização de interesses comuns a
todos os setores.
Então é uma possibilidade de reivindicações e de conquistas também mais específicas,
enquanto trabalhador e enquanto assistente social, que é um trabalhador com carimbo de
assistente social.
Então juntar o fato do trabalhador e assistente social é a função do sindicato,
A função do CRESS é o profissional, é controle da profissão para garantir qualidade do
exercício profissional.
Então eu vejo até uma complementaridade e também fazendo uma avaliação desses anos de
sindicato por setor, a gente constata que os outros sindicatos não têm levado a nossa voz, por
exemplo, o sindicato da saúde não tem levado a voz do assistente social para estas reivindicações.
Agora tudo isto pode ser feito na base do diálogo,
Então não precisa ser contra o CRESS ou CFESS para criar o sindicato, é na base do
diálogo, no sentido que a pessoa pode, ao mesmo tempo, ser filiada profissionalmente e
sindicalmente.
Eu sou profissional do CRESS e sou membro do sindicato de professores. Uma coisa não é
incompatível com a outra.
Então é preciso evitar também radicalizações políticas de um e de outro, não ser um contra o
outro, mas um com o outro. Sei lá, é isso que eu penso.
Se você se organiza enquanto trabalhador não tem nada mais compatível com o
projeto ético político do que você se organizar enquanto trabalhador que é
justamente para enfrentar o capitalismo.
O que é o projeto ético político? É uma perspectiva de uma sociedade menos desigual, mais justa,
com horizonte socialista, democrática.
Então, o sindicato, ele foi o primeiro elemento de questionamento do capitalismo
de forma organizada.
Os partidos até vieram depois dos sindicatos, das organizações do trabalhador.
Então não há um dono do projeto ético-político.
O projeto ético político é um projeto que precisa ser assumido por todas as formas de
organização da sociedade civil.
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“Não tem nada mais compatível com o projeto ético