Fernandes & Saldanha (2014)
Dificuldades de Aprendizagem no Nível Superior: estudo de caso com graduandos
de licenciatura em química
¹FERNANDES, Dhion Meyg da Silva; ¹SALDANHA, Gabriela Clemente Brito.
¹Graduando de Licenciatura em Química, IFCE campus Quixadá/Bolsista Pibid Química.
Emails: [email protected]; [email protected].
RESUMO
A química é uma ciência que apresenta alto nível de
importância social, pois está intrinsecamente presente em
diversas áreas, como: médica, industrial, científicotecnológica. Um ensino de química de qualidade
proporciona aos cidadãos conhecimentos que podem ser
vastamente utilizados para o bem-comum, proporciona à
sociedade uma conscientização sobre suas ações no
ambiente em que vive, oferecendo saberes, métodos e
teorias para investigação do mundo em busca de
melhorias gerais. Nesta vertente, percebe-se a
importância de uma educação em química eficaz para a
manutenção e avanço da sociedade e do caráter
intelectual humano. A área do Ensino de Química tem
sido amplamente pesquisada por diversos estudiosos, os
quais defendem que o processo de ensino-aprendizagem
em química sofre diversas dificuldades em função de
metodologias docentes, caráter abstrato e complexidade
dos conteúdos, dentre outros, sendo ainda mais
acentuadas no ensino superior pelo aprofundamento dos
conteúdos. Esta pesquisa almeja observar em quais
disciplinas os licenciandos apresentam maiores
dificuldades, analisar quais as dificuldades mais
frequentes e prejudiciais ao processo de ensinoaprendizagem em química e metodologias para saná-las.
Tratou-se de uma pesquisa de campo com a utilização de
questionários dotados de 12 questões, sendo 05 objetivas,
04 subjetivas e 03 mistas, aplicados a 30 alunos do curso
de Licenciatura em Química do Instituto Federal do
Ceará (IFCE) campus Quixadá. Observou-se que 93,34%
dos participantes sentem dificuldades de aprendizagem
no curso, 6,66% afirmaram não sentir dificuldades. As
principais dificuldades apresentadas foram as aplicações
de cálculos matemáticos em diferentes disciplinas
específicas (67,8%) e o caráter abstrato dos conteúdos
(12,9%); 70,97% afirmou que Cálculo é a disciplina mais
dificultosa, sendo a metodologia docente e a deficiência
em conteúdos básicos do Ensino Médio os maiores
causadores de dificuldades na disciplina. Dentre as
dificuldades listadas a mais prejudicial foi a aplicação da
matemática em disciplinas específicas, 36,67% dos
entrevistados; 69,7% afirmou que a melhoria na
metodologia docente é a melhor maneira de sanar essas
dificuldades. A maioria dos licenciandos sente
dificuldades, principalmente em relação aos cálculos
envolvidos e à didática docente, implicando em
deficiência na formação do licenciando, havendo a
necessidade de sanar essas dificuldades por meio de
alteração na práxis docente.
Palavras-chave: dificuldades de aprendizagem, formação docente, licenciatura em química.
Learning Difficulties in Higher Education: a case study with undergraduate degree
in chemistry
ABSTRACT
Chemistry is a science that has a high level of social
importance because it is intrinsically present in several
areas such as: medical, industrial, scientific and
technological. A chemistry teaching quality gives
citizens knowledge that can be widely used for the
common good, provides society with an awareness of
their actions on the environment in which it lives,
providing knowledge, research methods and theories to
the world in search of general improvements . In this
respect, realizes the importance of education in effective
chemical for maintenance and advancement of the
human society and intellectual character. The area of the
Chemistry Teaching has been widely researched by
many scholars, who argue that the process of teaching
and learning in chemistry suffers from several difficulties
due to teachers methodologies, abstractness and
complexity of content, among others, and even more
pronounced in higher education by deepening the
content. This research aims to observe disciplines in
which the licensees have greater difficulty, which
analyze the most frequent and harmful to the teachinglearning methodologies in chemistry and process
difficulties to solve them. It was a field survey using
questionnaires provided with 12 questions, with 05
objective, 04 subjective and 03 mixed, applied to 30
students of degree in Chemistry from the Federal
Institute of Ceará (IFCE) Quixadá campus. It was
observed that 93.34% of the participants have difficulty
learning in the course, 6.66% reported no difficulties.
The main difficulties were presented applications of
mathematics in different specific subjects (67.8%) and
the abstract character of the contents (12.9%); 70.97%
said that Calculus is the most troublesome subject, but
the teaching methodology and disability in basic content
of Secondary Education major causes of difficulties in
the discipline. Among the most damaging problems
listed was the application of mathematics in specific
disciplines, 36.67% of respondents; 69.7% stated that
improving the teaching methodology is the best way to
resolve these problems. Most undergraduates feel
difficulties, especially regarding the calculations
involved and didactic teaching, implying a deficiency in
the formation of licensing, with the need to resolve these
problems through changes in teaching practice.
Keywords: learning difficulties, teacher training, degree in chemistry.
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Dificuldades de Aprendizagem no Nível Superior: estudo de caso com graduandos
de licenciatura em Química
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INTRODUÇÃO
A Química é uma ciência e disciplina que engloba, em seu ramo de estudo,
conteúdos que permeiam toda a realidade, desde os parâmetros macroscópicos até aos
submicroscópicos; desta forma é perceptível sua aplicabilidade às diversas áreas da
sociedade, como, médica, industrial, científico-tecnológico, dentre outras, assim tem-se
a importância desta para a manutenção e o desenvolvimento da sociedade em geral.
Desde os primeiros contatos da sociedade com a Química tem ocorrido uma
modificação cultural percebida pelo desenvolvimento de técnicas e métodos que
proporcionaram aos indivíduos melhores condições de trabalho e vida. Oliveira, Martins
e Appelt (2010) referem-se a fenômenos que explicitam os avanços sociais em função
de descobertas e conhecimentos químicos que modificaram as atividades cotidianas de
diferentes civilizações ao longo do tempo. Os autores citam o desenvolvimento bélico
dos Hilitas a partir de conhecimentos de manipulação do ferro; a transformação do
método empregatício e educacional ocorrido na Revolução Industrial, a qual, teve
grande contribuição dos novos saberes químicos da época; em tempos mais recentes, a
industria petroquímica tem se desenvolvido à proporção que avança a Química
moderna.
Além da manutenção e desenvolvimento, a Química proporciona
mecanismos que estão atrelados às resoluções para problemas sociais, tais como,
questões ambientais e necessidades humanas, como, alimentação e vestuário (BROW;
LEMAY; BURSTEN, 2005).
Tendo em vista a importância social da Química, é fundamental que seus
componentes, os cidadãos, sejam conhecedores conscientes dos saberes desta ciência,
pois estes os proporcionarão maiores habilidades para atuar construtivamente em sua
sociedade, lutando pelo bem-comum; bem como, informações que contribuem para
investigação pessoal e social sobre a realidade cotidiana.
Nesta temática, surge a necessidade de um ensino de Química de qualidade
que garanta uma formação concreta e crítica do individuo sobre a Química. Assim, o
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Ensino Superior de Química tem um papel fundamental no ato de garantir a realização
desta necessidade, posto que, é neste nível de ensino onde os futuros profissionais
construirão suas competências para atuar de maneira crítica e construtiva na sociedade,
o que é orientado no parágrafo II do art. 43º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional – LDB (LEI Nº. 9.394/96).
Para uma boa atuação profissional é necessário uma boa qualidade
educacional, onde o professor passa a expressar sua importante contribuição social.
Sousa (2009) destaca a missão nobre do docente para a formação do cidadão consciente,
pois ele tem a capacidade de dirigir as mentes jovens propagando os novos e necessários
saberes.
Para que isto ocorra de modo satisfatório, o processo de formação dos
professores deve possuir um grau de qualidade que os capacite a atuarem segundo as
incumbências; nesta vertente, percebe-se a importância dos cursos de licenciatura.
Tendo em vista a importância da Química e a necessidade de promoção de uma
educação química de qualidade e associando a o grau de importância dos cursos de
licenciatura para a atuação profissional eficaz, percebe-se a contribuição dos cursos
nesta modalidade para a construção do conhecimento químico concreto e critico nos
cidadãos seguindo as orientações da LDB (1996).
Desta forma, os cursos de Licenciatura em Química apresentam uma
importante contribuição na qualidade da educação química pelo fato de promover a
formação de professores que atuarão nesta área, formando assim, futuros formadores de
conhecimento (DCNCQ: BRASIL, MEC, 2001). Isto implica na necessidade de
eficiência e qualidade considerável nos cursos de Química nesta modalidade.
De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de
Química (DCNCQ - CNE/CES, 2001), os cursos de Licenciatura em Química devem
proporcionar aos licenciandos uma formação concreta dos conteúdos, com o devido
aprofundamento teórico e experimental e de forma aplicada à sociedade em
consonâncias às variações e especificidades do contexto sócio-cultural.
Porém, diversos autores e estudiosos da área do Ensino de Química
defendem a existência de diversas dificuldades no processo de ensino-aprendizagem que
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interfere negativamente no desenvolvimento das habilidades e competências do futuro
professor.
Carvalho et al., (2011) defende que o Ensino Superior de Química apresenta
uma deficiência no ato de contextualizar os conteúdos, isto diminui a utilização dos
conhecimentos prévios dos alunos, os quais poderiam melhorar a qualidade da
aprendizagem visto que os alunos utilizariam seus conhecimentos do cotidiano para
estruturarem novos saberes, além do fato de haver a motivação do aluno por estarem
conscientes de onde a Química está presente em seu dia a dia.
A Química é uma disciplina que, pelo fato de abranger conteúdos
submicroscópicos e não passíveis de visualização real, apresenta uma abstração
considerável o que dificulta a formação da aprendizagem, pois os discentes passam a ter
dificuldades de visualizar e até de imaginar os conteúdos, assim, o caráter abstrato é
uma dificuldade corriqueira dos licenciandos em Química (FERNANDES, 2014).
Raupp et al. (2010) e Fernandes (2014) defendem que com a abstração, o
processo de aprendizagem dos discentes torna-se menos eficientes, formando um
conhecimento distante do saber crítico e concreto orientado pela LDB e DCNCQ, o que
implica na formação de um futuro professor que tenderá a sentir dificuldades na sua
práxis docente, proporcionando assim, uma continuidade na existência desta deficiência
no processo de ensino-aprendizagem de Química em nível superior.
Silva (2011) destaca outra dificuldade comum no ensino-aprendizagem de
Química – a atuação docente. O autor relata que os professores utilizam geralmente a
metodologia tradicional, o que não supre as necessidades na abordagem de conteúdos,
sobre tudo, os mais abstratos. Além disso, esta abordagem de ensino prejudica a
motivação dos alunos, pois as aulas tornam-se monótonas, cansativas e, de certa forma,
ineficazes.
A ciência e disciplina Química é altamente exata, fato que implica na
necessidade de utilização de cálculos matemáticos em sua abordagem. De acordo com
Paz et al. (2014) a dificuldade no processo de ensino-aprendizagem de Química e a
utilização de cálculos aplicados à disciplina, sendo a variável que mais contribui para a
existência de dificuldade em aprender Química.
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Nesta temática, a pesquisa busca sugerir possíveis soluções para a
problemática das dificuldades de aprendizagem de licenciandos em Química, uma vez
que os licenciandos estão a se preparar para sua atuação docente futura, assim o ato de
sanar estas dificuldades minimizam as probabilidades de as mesmas serem repetidas no
futuro.
A pesquisa almeja observar em quais disciplinas os licenciandos apresentam
maiores dificuldades, analisar quais as dificuldades mais frequentes e prejudiciais ao
processo de ensino-aprendizagem em química e sugerir metodologias para saná-las.
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METODOLOGIA
A pesquisa é do tipo exploratória com vertente quantitativa e qualitativa.
Participaram da pesquisa 30 graduandos, com faixa etária de 18 a 40 anos, do Curso de
Licenciatura em Química do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
IFCE campus Quixadá.
Para a coleta de dados fora utilizado um questionário dotado de 12 questões,
das quais 05 eram objetivas, 04 subjetivas e 03 mistas.
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RESULTADOS E DISCUSSÕES
Após a coleta de dados estes foram dispostos em gráficos e/ou tabelas para a
análise crítica e objetiva e a respectiva discussão do que fora observado.
Percebeu-se que a grande maioria, 90%, dos licenciandos tiveram educação
básica ocorrida em escolas públicas, ao passo que apenas 10% cursaram os Níveis
Fundamental e Médio em escola particular.
Fora percebido que uma grande parcela dos licenciandos não está cursando
o curso que sempre almejou, estes somam o percentual de 76,6%, apenas 23,4% sempre
almejaram cursar Licenciatura em Química.
De acordo com a Figura 1, os motivos pelos quais os licenciandos
escolheram o curso de Licenciatura em Química do IFCE campus Quixadá. Sendo os
motivos mais citados a afinidade pela Química, somando 34,9% das respostas, e a
afinidade pela ação docente, somando 25,58% das respostas dos licenciandos.
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Figura 1 – Motivos para a Escolha do Curso. Fonte: os autores.
Percebe-se que a grande maioria dos alunos estão dentro dos parâmetros
ofertados pelo curso, pois a somar o percentual de alunos que gostam de Química com o
percentual de alunos que gostam de ensinar, ter-se-á um total de 60,49% de alunos que
apresentam uma afinidade considerável à formação profissional do curso. Isto implica
em maiores probabilidades de os licenciandos sentirem satisfação em cursar
Licenciatura em Química, pois apresentam tendências de afinidade com o que é
abordado no curso.
A Tabela 1 mostra o quão estão satisfeitos os licenciandos em estarem a
cursar Licenciatura em Química, é percebido que a grande maioria está satisfeita com o
curso, 93,34%, sendo apenas 6,66 a percentagem de alunos que não apresentam tal
sentimento com o ato de cursar Licenciatura em Química.
Tabela 1 – Satisfação dos licenciandos pelo curso.
Resposta
Percentual (%)
Sim
93,34
Não
6,66
Fonte: os autores.
Motivos pelos quais alguns alunos concederam a razão de estarem
satisfeitos com o curso é a afinidade pelo curso; os licenciandos que afirmaram não
sentir tanta satisfação no curso responderam sentir muitas dificuldades no processo de
ensino-aprendizagem de Química, sobretudo, com os cálculos, as metodologias dos
professores e a escassa oferta de bolsas científicas.
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A Tabela 2 mostra que grande parte dos licenciandos sente dificuldades no
curso, chegando à somatória de 93,34%, à medida que apenas 6,66% dos alunos não
sente dificuldades.
Tabela 2 – Sente dificuldade no curso?
Resposta
Percentual (%)
Sim
93,34
Não
6,66
Fonte: os autores.
Este dado é interessante, pois o mesmo percentual de alunos que citou
sentir-se satisfeito no curso, também respondeu sentir dificuldades neste curso. Esta
observação pode ser justificada com as respostas das questões abertas do questionário
da pesquisa de campo, no qual grande parte dos graduandos citou que mesmo sentindo
muitas dificuldades continua a interessar-se e buscar formas de continuar no curso.
Ao indagar aos licenciandos quais as dificuldades por eles enfrentadas,
percebeu-se que a aplicação dos cálculos matemáticos em diferentes disciplinas fora a
maior dificuldade citada pelos alunos, somando 67,8% das respostas, sendo seguida de
caráter abstrato dos conteúdos com 12,9% das opiniões, conceitos fundamentais
(necessários para progressão dos conteúdos) somando 6,45%, a falta de conhecimentos
prévio com 6,4% das respostas, as metodologias docentes deficientes com 3,23% dos
votos e a falta de recursos com 3,22% das opiniões, o que pode ser visto na Figura 2.
Figura 2 – Dificuldades Sentidas no Curso. Fonte: os autores.
Percebido que as dificuldades são várias vê-se à necessidade de superar
estas dificuldades. Tendo em vista que são dificuldades atreladas à formação da
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aprendizagem, é fundamental que sejam propostas soluções para modificar esta
realidade e fazer com que os futuros professores estejam capacitados e habilitados a
atuarem segundo as diretrizes da LDB e as DCNCQ.
As dificuldades apresentadas tendem a formar uma aprendizagem
superficial, tornando o futuro docente não totalmente preparado para sua atuação
profissional.
Paz et al. (2010) obteve resultados similares quanto à dificuldade de
aprendizagem dos alunos em Química sobre a utilização de cálculos matemáticos, o
percentual encontrado na pesquisa dos referidos autores (68,6%) é parecido com o
apresentado na Figura 2 (67,8%).
Abstração nos conteúdos, citada pelos alunos, como visto na Figura 2, fora
também apresentada por Fernandes (2014) e Raupp et al. (2010) como potenciais
dificuldades para a formação da aprendizagem. Em específico, Fernandes (2014)
apresenta dados que mostram dificuldades para a formação do conhecimento químico
em função do caráter abstrato dos conteúdos, é válido ressaltar que esta pesquisa foi
realizada com público semelhante, uma vez ter sido realizada a pesquisa de campo no
curso de licenciatura em Química no IFCE campus Quixadá, o mesmo curso desta
pesquisa.
Interrogado aos licenciandos qual a disciplina em que mais sentem
dificuldades, ficou bastante claro que cálculo é a disciplina mais dificultosa, dado que
comprova os resultados da Figura 2. A Figura 3 mostra as disciplinas citadas como as
mais dificultosas. É perceptível que disciplinas de Química (Química Geral I e Química
Inorgânica II), disciplinas de Física (Mecânica e Eletricidade e Magnetismo) são citadas
como difíceis, mas a disciplina de Cálculo tem um potencial de dificuldade
consideravelmente superior às demais. Isto mostra nem sempre as dificuldades estão nas
disciplinas específicas da área do curso, como as disciplinas de Química, mas estão
também em disciplinas aplicáveis á área de estudo da ciência específico do curso. O
cálculo é utilizado em aplicações nas diversas disciplinas de Química e Física do curso,
há probabilidades de consequência desta dificuldade em cálculo como aprendizado não
concreto dos saberes químicos práticos que exigem os conhecimentos matemáticos ou
até mesmo dificuldade e não aprendizagem de conteúdos com tais necessidades de
aplicação matemática.
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Figura 3 – Disciplina Mais Dificultosa. Fonte: os autores.
A metodologia docente, a complexidade dos conteúdos, a aplicação
matemática, o desinteresse discente e a considerável complexidade dos conteúdos foram
citados por grande maioria dos alunos como os aspectos causadores das dificuldades nas
disciplinas.
De acordo com a Figura 4, dentre as dificuldades sentidas pelos discentes,
as mais frequentes são exatamente as citadas pelos alunos como os aspectos que
proporcionam as dificuldades nas disciplinas.
Figura 4 – Frequência das Dificuldades. Fonte: os autores.
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Ao ser indagado aos discentes sobre qual dificuldade é mais prejudicial à
qualidade do ensino-aprendizagem, percebeu-se que os cálculos aplicados é opção mais
citada por 32% dos discentes, didática desfavorável (28%), falta de contextualização
(24%), abstração dos conteúdos (12%) e conteúdos complexos (4%), a opção
dificuldades para ministrar aulas não pontuou. A Figura 5 retrata este resultado.
Figura 5 – Dificuldades Mais Prejudiciais. Fonte: os autores.
Percebe-se que ao somar a opção “Falta de Contextualização” com a
“Didática Desfavorável”, tem-se uma percentagem de 52% das dificuldades prejudiciais
à formação da aprendizagem que têm relação direta com práxis docente, logo vê-se
necessário uma modificação na atuação docente para uma possível minimização das
dificuldades apresentadas.
A opinião dos discentes, quantificada na Figura 6, sobre a solução a ser
tomada para sanar estas dificuldades, reflete a necessidade de uma modificação na atual
prática docente, segundo os licenciandos, é necessário inovar, tornar as aulas mais
motivadoras, utilizar recursos didáticos que estejam em consonância às especificidades
químicas (como métodos práticos e que diminuam a abstração desta disciplina), sendo
ainda preciso recorrer a metodologias contextualizadas e interdisciplinarizadas com uma
explanação menos “apressada” sobre os conteúdos e aplicando-os de modo mais
corriqueiro e concreto. Também é exibido no resultado do Gráfico 6 a necessidade de os
alunos motivarem-se mais, haver uma carga horária maior para estudos em sala e em
grupo e oferta de monitoria.
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Figura 6 – Soluções para Sanar as Dificuldades. Fonte: os autores.
Percebe-se que os alunos sentem a necessidade de melhorias nas
metodologias docentes, esta é a solução que mais fora citada pelos discentes (69,7%),
uma quantidade consideravelmente superior à metade das respostas. O interesse
discente também é apontado por 15,15% dos licenciandos como uma forma de melhorar
a situação dos alunos no curso, isto mostra que eles reconhecem que podem atuar de
melhor maneira e são responsáveis também pelo seu desenvolvimento acadêmico.
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CONCLUSÃO
Os objetivos foram alcançados. A Grande maioria dos licenciandos em
Química sentem dificuldades no processo de ensino-aprendizagem, mesmo assim,
felizmente, matem-se motivados e satisfeitos ao estarem neste curso. Diversas são as
dificuldades apresentadas pelos graduandos, as principais são referentes à aplicação de
cálculos matemáticos nas disciplinas específicas e o caráter abstrato dos conteúdos que
agrega dificuldades de visualizar/imaginar conceitos químicos, fato que contribui
diretamente para dificuldades na formação da aprendizagem. A disciplina mais
dificultosa é Cálculo. As dificuldades no curso são frequentes e abrangentes,
complexidades dos conteúdos, didática desfavorável, dificuldades para ministrar aulas,
falta de contextualização, abstração de conteúdos e aplicação de cálculos são
dificuldades frequentes no cotidiano curricular dos licenciandos.
A dificuldade em aplicar os cálculos matemáticos e a deficiência na práxis
docente (visto como a somatória de “falta de contextualização e didática desfavorável) e
abstração dos conteúdos são as três dificuldades mais prejudiciais ao processo de
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ensino-aprendizagem dos licenciandos. Para sanar estas dificuldades é necessário
alteração nas metodologias docentes, é preciso uma maior dinamização e inovação em
sala de aula, uma sensibilidade sobre as especificidades requeridas para a abordagem
dos diferentes conteúdos químicos, de cálculo e das demais disciplinas, mais recursos
que minimizem o caráter abstrato, melhores recursos de monitoria e uma observação
quanto à carga horária das disciplinas.
AGRADECIMENTOS
Sobretudo, a Deus, por sua infinita bondade, fidelidade e ajuda em todos os
momentos da existência; aos licenciandos em Química, peças fundamentais à pesquisa; aos
nossos orientadores Prof. Dr. Rafael Ribeiro Portela e Profa. Esp. Natália Parente de Lima; à
Capes pela bolsa concedida.
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