O Livreiro Carlos Alberto Oliveira da Esperança fundador Martins, Orlando Cardoso personagem livro, Praça da Canção, Manuel em 1962, Alegre colocou um No seu primeiro poema que verdura a tiu compreender. que vim dos anos não me permi- Era o "Livreiro falava de um livreiro destina contra de Coimbra fascismo, o que, apesar pela sua actividade que corria dos riscos da Esperança", entender alguns anos mais tarde e a divulgava livros to descrito tribuiu, diversas a Praça da Canção, a esse homem 57 encontrava página conhecimento mus conspirand. tribunais chamavam um Leiria, "um livreiro Martins livreiro ani- capa- assim, perdemos também não nascem. tivemos a sorte de ter da esperança". e instalara Chamava-se no centro histórico, Carlos nos o em o saber, que o dos domi- ajudaram a moldar democratas. já não está entre nós que, despertador de consciências moldar formas diferentes a que ajudou de enca- rar a vida, a política, a cultura, a literatura e tantas coisas mais. Colocava capas nos livros que vendia, da autoria do seu amigo Augusto Mota, que são verdadeiras colecção. Ele conhecia, poder notável de obras-primas apesar da doença, o das imagens. Diz-se que por trás de um grande homem A D. Fernanda foi essa zes duma flor onde as flores Em de leirienses regi- àqueles ideais divergentes nantes eram necessários, livre, de De facto, havia homens acreditando e os o arranjar em segredo na livraria socapa gerações a a PIDE e os seus à quem confiava, proi- esperança em cada livro interdito que passava às escondidas com aquilo que que cultivava anos ele con- na luta contra maneira, clan- livro que infelizmente se tornou intemporal graças à democracia que temos. E cada vez que lia Durante por Alegre. e que vendia era a com o retra- à sua O nosso vezes "Sr. Martins", o nosso que eu identificava me. Os livros que conseguia bidos pelo regime. Li 1927-2012 Martins, Carlos Martins, [email protected] publicado da Livraria está uma grande mulher. grande mulher. dolorosa, é de Este texto, enorme escrito gratidão numa hora para os dois. finais dos anos 50, uma pequena livraria, com o seu nome, que trouxera uma lufada de ar Mais do que flores, merecem um belo livro. Não será uma livraria de flores fresco ao pequeno tes? mercado livreiro leiriense. um jardim diferen- O senhor Martins é uma saudade que fica Carlos Martins, o "senhor Martins", foi uma das pessoas que fizeram parte do meu mundo. Era ele quem, quando me ven- eu era criança, dia as BD do Mosquito e do Mundo de Aven- turas. Já mais velho, foi a a Obra completa ele que encomendei de Fernando ro livro que comprei Pessoa, o primei- salá- com o meu primeiro rio. Martins que se deu gran- Foi na sua Livraria de parte do meu despertar político e de cida- dania. Aquele espaço foi um dos pontos do meu crescimento intelectual e físico. Mais tarde, Carlos Martins continuava mas eu passei o livreiro, desígnio do destino a ser o editor. que potenciou, Foi a ser um entre nós, uma ligação próxima. Sinto já a falta do "senhor Martins" Foi mais uma das pessoas que desa- pareceu do meu circuito de visitas, quando vol- to a Leiria. É uma saudade que fica. Guilherme Valente, fundador e editor da Gradiva