Meteorologia Física Exercícios de METEOROLOGIA FÍSICA Pedro M A Miranda, 2003 Termodinâmica do ar seco 1. A atmosfera de Vénus é constituída por 95% de CO2 e 5% de N2 (concentrações volúmicas, MCO2=44 g mol-1, MN2=28 g mol-1). Determine: a. A constante dos gases ideais (mássica) para essa atmosfera; b. Os seus calores específicos a pressão e a volume constantes. (cp do CO2: 4.4R, cp do N2: 3.5R) 2. Uma partícula de ar, à temperatura inicial de -20ºC, desloca-se dos 10 para os 100 hPa. a. Admita que se trata de um processo adiabático. Calcule: (i) o trabalho específico realizado sobre essa partícula; (ii) a temperatura final; b. Admita que se trata de um processo isotérmico. Calcule: (i) o trabalho específico realizado sobre essa partícula; (ii) a variação da sua temperatura potencial e da sua entropia específica; (iii) o calor transferido para a partícula. 3. Uma massa de ar seco sofre uma expansão adiabática (ascensão) dos 1000 aos 700 hPa. Admitindo que o sistema é fechado e que a sua temperatura inicial é de 10oC, determine: a. A temperatura e o volume específicos finais; b. A variação de energia interna e da entalpia específicas; c. O trabalho realizado na expansão de 1km3 de ar (volume inicial). 4. Um kg de ar seco, com uma temperatura inicial de 0ºC sofre o processo cíclico seguinte: (i) Expansão isotérmica entre os 700 e os 600 hPa; (ii) arrefecimento isobárico até aos -10ºC; (iii) Compressão isotérmica até aos 700 hPa; (iv) aquecimento isobárico de volta aos 0ºC. a. Esquematize esse processo num diagrama (p,v) b. Calcule o trabalho realizado no processo. c. Repita a alínea a) com uma folha de cálculo. 5. Mostre que: 1 ∂θ 1 g ∂T = − γ , com γ = − θ ∂z T c p ∂z 6. Mostre que a densidade cresce com a altitude se γ > g / R (gradiente vertical autoconvectivo). 7. Considere 1 mol de ar, inicialmente à temperatura de 0ºC e à pressão de 103Pa, que sofre um processo para o qual Q = C dT (com C constante, processo politrópico), até que atinge um volume triplo do inicial a 250 hPa. 1 Meteorologia Física a. b. c. d. Mostre que no processo politrópico se tem pv n = const ; Calcule n para o caso indicado; Determine a temperatura final e a variação da energia interna; Determine o trabalho realizado e o calor recebido pelo sistema. 8. Partindo da equação de estado e da relação fundamental, mostre que a energia interna de um gás ideal é uma função exclusiva da temperatura. (Sugestão: utilize o esquema da energia livre, f(T,v)). 9. Admita que a troposfera, entre os 0 e os 12 km de altitude, é caracterizada pelas seguintes propriedades: temperatura à superfície = 15ºC, taxa de decréscimo da temperatura com a altitude = 6.5 ºC/km, pressão à superfície 1013.25 hPa. a. Calcule analiticamente, desprezando o efeito da humidade, o perfil vertical de pressão na troposfera. b. Admita que o perfil de humidade é dado na tabela, variando linearmente entre os pontos de medida. Calcule numericamente, numa folha de cálculo, o perfil de pressão, comparando-o com o da alínea anterior. z (km) r (g/kg) 0 9 1 7 2 6 5 2 8 0 12 0 10. Obtenha por pesquisa na Internet, um perfil vertical médio de temperatura. a. Localize a tropopausa, estratopausa e mesopausa. b. Utilizando a folha de cálculo desenvolvida no exercício 9, calcule o perfil vertical da pressão até aos 120 km, admitindo que a composição é constante (e que a atmosfera é seca). Sistema heterogéneo ar-água 11. Uma casa encontra-se numa zona em que a temperatura exterior vale -10ºC, a humidade relativa vale 50% e a pressão 1000 hPa. (Utilize o diagrama) a. Admitindo que a temperatura no interior da casa vale 25ºC e é obtida por simples aquecimento, qual será a sua humidade relativa? b. Admitindo que a casa tem um volume interior de 75 m3, calcule qual a quantidade de água que será necessário evaporar para elevar a sua humidade relativa para 80% (à mesma temperatura de 25ºC)? c. Qual a energia que deve ser fornecida para criar as condições descritas em b? 12. 20 litros de ar com uma temperatura de 20ºC e uma humidade relativa de 60% são comprimidos isotermicamente até atingirem um volume de 4 litros. Calcule a massa de água condensada. (Utilize a equação de Clausius-Clapeyron admitindo que lv=const). 13. Duas massas de ar à pressão de 1010 hPa misturam-se isobaricamente, em partes iguais, sem trocas de calor com o exterior. Antes da mistura, uma das massas de 2 Meteorologia Física ar tem a temperatura de 30ºC e 90% de humidade relativa e a outra apresenta uma temperatura de 5ºC e 95% de humidade relativa. a. Utilize o diagrama de fases da água para determinar o estado termodinâmico da massa de ar misturada (T,p,RH). b. Calcule a concentração do nevoeiro de mistura. 14. A 25ºC a tensão de saturação do vapor de água vale, aproximadamente 31.67 mb. a. Calcule, sem recorrer a diagramas termodinâmicos ou tabelas, a tensão do vapor de uma partícula de ar a 25ºC, se a sua temperatura do ponto de orvalho valer Td=5ºC. b. Qual é o valor da razão de mistura da referida partícula se a pressão for 1000 mb? c. Quais serão os valores da tensão do vapor e da razão de mistura após uma expansão adiabática até aos 800 mb? 15. Mostre que (em unidades SI): T − Td ≈ −35 log10 ( H r ) . 16. Utilizando uma folha de cálculo, construa uma carta psicrométrica: tensão de vapor em função da temperatura, para as humidades relativas de entre 0% e 100% (com 10% de intervalo) e para as temperaturas entre 0 e 40ºC. Admita que o calor latente é constante, lv=2.5×106Jkg-1. 17. Utilizando uma folha de cálculo: a. Represente a variação do calor latente com a temperatura entre 0 e 100ºC, recorrendo à lei de Kirchoff; b. Integre numericamente a lei de Clausius-Clapeyron e trace a curva de saturação líquido-vapor. Processos termodinâmicos do ar húmido 18. Às 19h fez-se a seguinte observação junto da superfície: T=13ºC, r=8g/kg, p=1000hPa. Nas horas seguintes a massa de ar considerada sofre um processo de arrefecimento isobárico com formação de nevoeiro, atingindo este, às 6h da manhã, uma concentração de 2g/kg de água líquida. a. Utilize o diagrama de fases para descrever o processo seguido pela massa de ar (marque os estados inicial e final, e o processo de arrefecimento). b. Calcule a taxa média de perda de calor do ar, em W kg-1. c. Admitindo que este processo ocorre numa camada com 100 m de espessura, estime o fluxo de calor entre essa camada e o exterior, em W m.2. 19. Uma cabine de avião tem uma pressão interna de 850 hPa, uma temperatura de 20ºC e uma humidade relativa de 50%. Se essa cabine sofrer uma descompressão 3 Meteorologia Física adiabática para os 350 hPa que condições se observarão (temperatura e humidade). Recorra aos diagramas. 20. Admitindo que a temperatura de uma partícula de ar à superfície é de 16ºC e que o nível de condensação por convecção se encontra a pc=840hPa, Tc=0ºC, determine os valores de p,r,Td,Tw,U,e,ew. Utilize o tefigrama. 21. Mostre que a altura da base das nuvens pode ser aproximada por (“regra dos 120 metros”) z ≈ 120 (T − Td ) . 22. Uma massa de ar à temperatura de 15ºC, pressão de 1000 hPa e humidade relativa de 80% sofre um processo de expansão adiabática até aos 400 hPa. Nesse processo ocorre precipitação de 70% da água condensada, após o que se dá uma compressão adiabática que traz o ar de volta à pressão inicial. a. Marque o processo descrito no tefigrama. Leia o estado final da massa de ar (p,T,Td,HR) b. Como variou a temperatura potencial nesse processo? c. Como variou a temperatura potencial do termómetro molhado? E a temperatura potencial equivalente. 23. Considere uma atmosfera saturada com uma espessura de 300 m, cuja base se encontra ao nível dos 850 mb, sujeita a um movimento ascensional de velocidade w=2ms-1. A sua temperatura média é de 20ºC. Calcule o máximo da intensidade de precipitação nas referidas condições. 24. Represente a seguinte sondagem no tefigrama: p (hPa) T (ºC) Td (ºC) 910 23.5 14.5 850 17.0 12.5 770 10 6 745 10 -1.5 660 2 -10 555 -10 -13 500 -13 -18 400 -24.5 -30.5 300 -39.5 - 200 -35 - a. Para o ar junto da superfície calcule: (i) temperatura potencial; (ii) razão de mistura; (iii) humidade relativa. b. Considere a ascensão adiabática de ar a partir da base da sondagem. Calcule: (i) pressão do nível de condensação; (ii) conteúdo em água líquida aos 500 hPa; (iii) calor latente libertado entre a base e os 500 hPa; (iv) localização do nível de convecção livre; (v) localização do topo da nuvem. 25. Um föhn que sopra à superfície a 1000 hPa tem uma temperatura de 38ºC e uma razão de mistura de 4 g/kg. Poderá ser este o mesmo ar que se encontra à mesma pressão do outro lado da montanha com uma temperatura de 21.5ºC e com uma razão de mistura de 10 g/kg? E aos 800 hPa com 5ºC e 5 g/kg? Utilize o tefigrama. 26. Obtenha a seguinte expressão para o aumento de temperatura devido ao congelamento de água numa nuvem, admitindo que o processo se dá a um determinado nível na ascensão (a pressão constante): 4 Meteorologia Física ∆T = e l f rl + l s rw 1 − i ew cp + ri l s2 Rv T 2 27. Uma massa de ar saturada (sem água líquida) à temperatura de 2ºC, mistura-se isobaricamente, em partes iguais, com uma outra massa de ar igualmente saturada (sem água líquida) à temperatura de 30ºC. A pressão vale 1013.25hPa. a. Utilizando o diagrama de fases, calcule o estado da massa de ar misturada (T, r, rl). b. Repita o cálculo sem recorrer ao diagrama de fases. (Sugestão: Utilize uma tabela de tensões de vapor para caracterizar o estado inicial. Utilize um algoritmo para determinar o estado final, por intersecção entre a linha isentálpica e a curva de saturação). 28. Represente a seguinte sondagem no tefigrama: p (hPa) T (ºC) Td (ºC) 1000 22 17 800 15 -5 600 -5 -11 a. Estime, em cada nível, os valores da razão de mistura, da humidade relativa e da temperatura potencial. b. Determine o estado final da camada 1000-600 num processo de mistura vertical. Estabilidade atmosférica 29. Considere a seguinte sondagem: Pressão (hPa) T (ºC) Td (ºC) 1000 30 21.5 970 25 21 900 19 18 850 16.5 16.5 800 20 5 700 11 -4 a. Marque-a no tefigrama. Determine a humidade relativa e a razão de mistura aos 1000 hPa. b. Classifique as diferentes camadas quanto à estabilidade estática. c. Classifique as diferentes camadas quanto à estabilidade potencial. Justifique. d. Estime a frequência de Brunt-Väisälä da camada 900-850hPa. 30. Represente a seguinte sondagem no tefigrama: p (hPa) T (ºC) Td (ºC) 920 24 18.1 850 20 17.2 800 15.8 13.0 700 6 0.6 600 0 -14.3 500 -8 -12.0 400 -19.5 -24.7 300 -33 250 -38 200 -45 a. Classifique o perfil quanto à estabilidade latente, para uma ascensão a partir da superfície. Justifique. 5 Meteorologia Física b. Considere uma partícula que ascende a partir da superfície. Explique, qualitativamente como varia a sua velocidade vertical (identifique camadas em que se espera redução e aumento de velocidade). c. Admita que a corrente ascendente atinge uma velocidade de 1ms-1 aos 750hPa. Estime, justificando, velocidades aos 900 hPa e aos 300 hPa. d. Estime a frequência de Brunt-Väisälä na camada 900-850. 31. Nas condições da sondagem do exercício 24, avalie a velocidade vertical aos 500 hPa, desprezando o atrito e os processos de mistura lateral. Indique as hipóteses utilizadas. 32. Nas condições do exercício anterior, avalie a taxa de precipitação, na base da nuvem. 33. Utilizando uma folha de cálculo, estime a CIN e a CAPE do perfil do exercício 30. 34. Uma sondagem ao nascer do Sol revela o seguinte perfil de temperatura Γd z T0 + 2 T ( z) = Γd Γd z − ( z − 1) T0 + 2 4 z < 1km z ≥ 1km a. Determine a temperatura de superfície a partir da qual se inicia convecção profunda. b. Admitindo que o solo aquece à taxa de 3ºC/h, estime a hora de formação de cumulus. Aerossol e nuvens 35. Utilizando a lei de Stokes para a força de resistência do ar exercida sobre uma partícula esférica de raio r e velocidade terminal de queda v: F = 6πη v r determine o tempo de queda através de uma camada de 1 km de ar, de gotas com raios de 1µm , 10µm e 100µm , respectivamente. Note que η = ρν é a viscosidade do ar. 36. Uma gota com um raio inicial de 100µm cai com velocidade dada pela lei de Stokes através de uma nuvem cuja concentração é de 100 gotículas de 10µm por cm3. Determine o tempo que a referida gota necessita para atingir o raio de 1mm , admitindo que a eficiência do processo de colecção é de 80%. 37. Numa nuvem com 1000m de espessura, à temperatura de 0ºC, existe uma concentração de 1g/kg de gotículas com um raio médio de 1µm . Admitindo uma eficiência média do processo de colisão/coalescência de 0.7, calcule o tempo necessário para o crescimento, por esse processo, de uma gota de 10 µm de raio até atingir o raio de 1mm . 6 Meteorologia Física 38. Uma nuvem cuja base se encontra aos 5000 m acima do solo produz gotas de chuva cujo raio vale 1 mm, ao nível da base da nuvem. A velocidade terminal dessas gotas é dada por v = kr . A atmosfera abaixo da nuvem é caracterizada por um perfil de humidade relativa variando linearmente entre 100% (junto da nuvem) e 40% (junto da superfície). a. Mostre que a lei de variação do raio da gota no seu percurso até atingir a superfície satisfaz, admitindo certas aproximações, a expressão dr r = G ( H r − 1) dt b. Admitindo que G = 7 × 10−10 m 2 s −1 , k = 6000 s −1 , calcule o raio da gota no momento em que atinge o solo. (Sugestão: Comece por escrever a lei de variação da humidade relativa, H r , com a altitude). 39. Numa nuvem existe uma concentração de 0.6gm-3 de gotículas com um raio médio de 1µm . Considere uma gota com 100 µm , a uma altura H acima da base da nuvem, e que atinge o raio de 1 mm ao atingir a base. Admita que a velocidade terminal dessa gota é dada por v = kr (k=6000 s-1), que a nuvem se encontra em repouso e que o único processo de crescimento é o processo de colisão-coalescência. Admitindo uma eficiência média do processo de colisão/coalescência de 0.75 e que existe uma corrente ascendente com 1ms-1, calcule: a. A posição inicial da gota (H); b. O tempo de percurso. 40. Uma nuvem de grande extensão vertical é composta por gotículas de raio igual a 10µm, com uma concentração de 1000 gotículas por cm3. Nessa nuvem observase uma corrente ascensional constante w=2 ms-1. Considere uma gota com raio inicial de 100µm, que se encontra na base da nuvem, admita que a velocidade terminal das gotas é dada por v=kr (k=8000 s-1) e que o processo de colisãocoalescência tem uma eficiência de 0.8. a. Mostre que o raio da gota cresce exponencialmente com o tempo. b. Determine o tempo de subida da gota colectora (até atingir a altura máxima acima da base da nuvem). c. Localize a altura máxima atingida pela gota colectora, acima da base da nuvem. 41. Uma nuvem produz precipitação constituída por gotas cujo raio vale 0.8mm no momento em que atravessam a base da nuvem, 2000m acima do solo, e 0.4mm no momento em que atinge o solo. Na camada de ar abaixo da nuvem observa-se uma humidade relativa de 60% e existe uma corrente ascendente com velocidade constante. Admita que a velocidade terminal da gota é dada pela lei v = kr , em que k = 6000 s −1 e que a lei de crescimento do raio da gota pode ser aproximada dr por r = G ( H r − 1) , com G = 7 × 10−10 m 2 s −1 . dt a. Calcule o tempo de queda. 7 Meteorologia Física b. Calcule a velocidade da corrente ascendente. c. Admita que a taxa de precipitação vale 1 mm h-1 na base da nuvem. Que valor será observado ao nível do solo? (Admita que todas as gotas de chuva têm a dimensão referida no enunciado) Transferência de radiação na atmosfera 42. A partir da lei de Planck do corpo negro, deduza as leis de Stefan-Boltzmann e do deslocamento de Wien. 43. Uma superfície coberta por neve limpa apresenta um albedo de 0.75 a 0.95. Uma superfície florestada apresenta, por sua vez, um albedo de 0.10 a 0.20. Ambas as superfícies se comportam aproximadamente como um corpo negro na zona dos grandes c.d.o. (comprimentos de onda). Admitindo que as duas superfícies são sujeitas a um fluxo de radiação descendente de 200 Wm-2 na gama dos grandes c.d.o. e de 200 Wm-2 de radiação solar, calcule as suas temperaturas de equilíbrio. Relacione o resultado com o processo de realimentação positiva albedo/radiação. 44. Um planeta recebe uma irradiância solar idêntica à observada na órbita da Terra (constante solar S=1370 Wm-2). Admita que a sua superfície tem um albedo de 0.3 e se comporta como um corpo negro para a radiação de grande comprimento de onda. A sua atmosfera é constituída por duas camadas isotérmicas com reflectividade nula e absorvidade igual a 0.2 e 0.7 para os pequenos e para os grandes comprimentos de onda, respectivamente. a. A estabeleça o diagrama de fluxos de radiação apropriado; b. Determine as temperaturas de equilíbrio da superfície e das duas camadas da atmosfera; c. Determine a temperatura efectiva e o albedo do planeta. 45. Um planeta esférico sujeito a uma constante solar de 1000 Wm-2, encontra-se rodeado por uma atmosfera isotérmica não difusiva (reflectividade=0, em todos os c.d.o.) caracterizada por uma absorvidade solar de 0.6 e por uma absorvidade infravermelha de 0.5. A superfície do planeta tem um albedo de 0.2 e comportase como um corpo negro na região do infravermelho. a. Calcule a irradiância média incidente sobre o planeta. Desenhe o diagrama de fluxos radiativos. b. Calcule a temperatura efectiva do planeta. c. Calcule as temperaturas médias da superfície e da atmosfera. d. Qual a magnitude do efeito de estufa? Justifique. 46. Um planeta cuja superfície é um corpo negro encontra-se rodeado por uma atmosfera cuja absorvidade para a radiação solar é dada por aS e cuja absorvidade para a radiação infravermelha é dada por aIV. Mostre que se aS>aIV a temperatura da superfície planeta será inferior à sua temperatura efectiva (efeito de estufa negativo). Admita que o planeta está em equilíbrio radiativo, 8 Meteorologia Física que todas as trocas de calor entre a superfície e a atmosfera são por radiação e que a atmosfera não dispersa radiação. 47. Uma nave espacial cilíndrica roda sobre o seu eixo de simetria, sendo este perpendicular ao plano da eclíptica. A nave encontra-se a 2×108 km do centro do Sol e distante de qualquer planeta. Admita que a superfície da nave se comporta como um corpo negro na zona infravermelha do espectro e que tem um albedo de 0.5. A nave tem 5 m de geratriz e 2 m de raio. a. Determine a temperatura de equilíbrio da nave, se no seu interior não existirem fontes de calor. b. Calcule a potência das fontes internas de calor necessária para elevar a temperatura de equilíbrio para os 15ºC. 48. Um satélite esférico orbita em torno da Terra a 2000 km da superfície, seguindo uma órbita circular. a. Calcule a temperatura efectiva do satélite quando ele se encontra no cone de sombra da Terra, sabendo que a temperatura efectiva da Terra vale 255 K. b. Calcule a temperatura efectiva do satélite quando ele se encontra iluminado pelo Sol. Sugestões: a) determine a dimensão angular da Terra, dω , quando vista da superfície do satélite; b) note que a irradiância terrestre na superfície do satélite é dada por L dω ; c) imponha a condição de balanço de energia. 49. Considere uma atmosfera isotérmica em que existe uma única espécie química opticamente activa. Admita que, na zona do espectro solar, a única forma de interacção entre a radiação e a atmosfera é o processo de absorção. Recorrendo à lei de Beer-Lambert, em condições de Sol no zénite: a. Determine o perfil vertical de irradiância solar; b. Determine o perfil vertical da taxa de aquecimento radiativo; c. Localize o nível de máximo aquecimento. Mostre que esse nível corresponde a uma espessura óptica de 1. d. Arbitrando valores para os diferentes parâmetros, utilize uma folha de cálculo para representar graficamente os perfis a) e b). 50. Admitindo que o Sol se encontra no zénite e que a atmosfera é isotérmica, a concentração de ozono pode ser expressa por: n = n0 p 3 / 2 em que n é o número de moléculas por m3. Mostre que, se se admitir que o coeficiente de absorção é constante (independente do c.d.o.), a taxa de aquecimento devida à absorção de radiação solar é dada por: 1/ 2 p Q& = Q& m pm 3/ 2 1 p exp − − 1 3 pm 9 Meteorologia Física em que pm é o nível de aquecimento máximo e Q& m a taxa de aquecimento a esse nível. 51. Na zona da “janela atmosférica” entre os 8µm e os 13µm absorção de radiação é fundamentalmente devida ao vapor de água. O coeficiente de absorção correspondente é dado aproximadamente por k2 e , em que k2 é uma constante ( k2 ≈ 0.1m 2 kg −1 Pa −1 ) e e a tensão de vapor. a. Se a tensão de vapor à superfície for 10 hPa determine a transmissividade de uma camada junto à superfície com 1 km de espessura. b. Admitindo que a tensão de vapor varia com a pressão de acordo com a lei e = e 0 ( p / p 0 ) 4 , determine a transmissividade total da atmosfera. c. Estime a taxa de aquecimento de uma camada da atmosfera junto da superfície em K dia-1. 52. Uma atmosfera é constituída por N camadas isotérmicas transparentes para a radiação solar (pequeno c.d.o.) e com uma absorvidade infravermelha aIV (igual em todas as camadas). Esta atmosfera encontra-se em equilíbrio radiativo com uma superfície (inferior) negra, sob um fluxo de radiação solar de irradiância F0. a. Calcule a irradiância emitida pela superfície, para N=1,2,...N. b. Mantendo constante τ = N aIV , mostre que no limite ( N → ∞ ), i.e. para uma estratificação contínua, se tem: F Fs = 0 (τ + 2) 2 53. Calcule as horas do nascer e pôr do Sol em Lisboa (latitude 38º40’) nos dias do solstício de Verão e de Inverno. (Recorde a lei de variação do ângulo zenital: cosψ = sin φ sin δ + cos φ cos δ cos ω ). 54. Repita o cálculo para a latitude de 75ºN, no dia do solstício de Dezembro. Interprete o resultado. 55. Nas condições do problema 53, calcule a radiação solar disponível no topo da atmosfera ao longo de todo o ciclo diurno (em J/m-2). 56. Faça um gráfico, recorrendo a uma folha de cálculo, da radiação solar disponível no topo da atmosfera ao longo de todo o ciclo diurno (em J/m-2) em Lisboa, ao longo de todo o ano. Utilize a expressão aproximada, para a variação da declinação solar, em que α é o ângulo diário (vale 0 no dia 1 de Janeiro e 2π no dia 31 de Dezembro). δ ≈ 0.006918 - 0.399912cos(α ) + 0.070257 * sin(α ) - 0.006758 cos(2α ) + 0.000907 * sin(2α ) - 0.002697 * cos(3α ) + 0.00148sin(3 * β ) 10