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O ESTADO DO MARANHÃO · São Luís, 22 de fevereiro de 2013, sexta-feira
"A raiva canina é um problema que
tem preocupação internacional. O
nosso foco é fazer uma ação
articulada com os ministérios da
Saúde de outros países para
eliminar a doença"
Eduardo Caldas, representante do Ministério da Saúde
Solução para aumento de casos de
raiva no estado é alvo de discussão
Entre as propostas apresentadas para atuação imediata em São Luís estão campanha com 300 postos fixos e
1.300 pessoas envolvidas, e varredura de casa em casa, totalizando 300 mil imóveis, ainda no primeiro semestre
Rodrigo Oliveira
Estagiário da UFMA
R
epresentantes do Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana da
Saúde no Brasil, Departamento
Estadual de Zoonoses e do Centro de Controle de Zoonoses
(CCZ) de São Luís se reuniram na
manhã de ontem para discutir
soluções para o aumento dos casos de raiva canina e humana no
Maranhão. O encontro aconteceu na sede do CCZ, no campus
da Universidade Estadual do Maranhão (Uema), e teve como
pauta a organização de uma
campanha de vacinação emergencial, prevista para acontecer
na capital em abril deste ano.
A proposta apresentada pelo
Centro de Controle de Zoonoses
na reunião prevê uma campanha
com 300 postos de vacinação fixos e 1.300 pessoas envolvidas.
Contudo, o coordenador do Programa Nacional de Raiva e de toda a Unidade Técnica de Vigilância de Zoonoses, Eduardo Caldas,
enfatizou que o ideal seria que
equipes fizessem varreduras de
casa em casa. Mas, de acordo
com o coordenador do CCZ, João
Batista Pires, o uso dessa metodologia requer mais recursos e
sua execução precisa ser aprovada por instâncias superiores. Se
Flora Dolores
aprovada, cada equipe visitará
500 casas por dia, de um total de
300 mil imóveis existentes na capital. Outra campanha está prevista para ser realizada em setembro deste ano.
Casos de raiva - O Maranhão é
o estado brasileiro que mais
apresenta casos de raiva, seguido do Ceará. No ano passado, foram registrados 55 casos de raiva na região metropolitana e 47
somente em São Luís, dos quais
dois em seres humanos que
mantiveram contato com cães
infectados e morreram. Nesse
mesmo período, em todo o Brasil, foram registrados apenas cinco casos de raiva humana, incluindo os dois ocorridos em São
Luís. "O curioso é que até 2010
não havia ocorrências da doença na capital", frisou o coordenador do CCZ.
E os casos continuam acontecendo. Este ano já foram registradas duas ocorrências de raiva
humana em território maranhense, uma em Humberto de
Campos e outra em São José de
Ribamar. No Piauí também há
informações de um caso.
Risco - Mais de 10 municípios da
região do Munim e da Baixada
Maranhense são enquadradas
como áreas de alto risco para raiva canina e humana e serão foco
Cão sem dono e morando na rua é comum em São Luís; Maranhão é o estado brasileiro que mais tem casos de raiva
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No dia 20 deste mês, técnicos da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Ministério da Saúde, Organização PanAmericana de Saúde, gestores e secretários municipais de saúde da Região Metropolitana de São Luís e do
Munim se reuniram no Hotel Luzeiros, em São Luís, para discutir o Plano de Contingência para Prevenção
e Controle da Raiva Urbana na Região Metropolitana e Munim - 2013. O projeto contém ações de educação
e saúde e vacinação que deverão ser cumpridas pelos municípios para evitar que novos casos de óbitos venham a ocorrer no estado, em decorrência da raiva animal.
O coordenador do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), João Batista Pires, informou que será realizado
um censo canino e felino em São Luís, com início em maio, que indicará qual a população desses animais e
outros detalhes. Atualmente, o CCZ tem 13 veterinários.
de campanha de conscientização
sobre a doença, a ser promovida
pelo Governo do Estado. "A cam-
panha está prevista para se iniciar, se for possível, no próximo
mês. O que falta é a população
ser convencida da importância
de se tratar, porque, na maior
parte dos casos, as pessoas in-
fectadas não se interessaram em
fazê-lo", informou o chefe do
Departamento Estadual de Zoonoses, Salim Waquim.
É responsabilidade do Ministério da Saúde o combate à raiva canina, felina e humana. "A
raiva canina é um problema que
tem preocupação internacional.
O nosso foco é fazer uma ação
articulada com os ministérios da
Saúde de outros países para eliminar a doença", explicou o representante do Ministério da
Saúde, Eduardo Caldas.
A presença de Victor Del Rio,
técnico da Organização PanAmericana da Saúde no Brasil, é
uma evidência da articulação internacional para combater as situações epidemiológicas. A Organização proporciona suporte
técnico às entidades que lideram
ações de controle de zoonoses e
mobiliza a classe política em torno de demandas afins. "Também buscamos a padronização
das ações aplicadas no Brasil, para termos dados concretos sobre
o que está sendo feito e os resultados. Com isso, há possibilidade de os países que fazem parte
da Organização trocarem experiências. As metodologias de
combate a epidemias são gerais,
mas as técnicas utilizadas nessas metodologias devem ser
adaptadas ao contexto local",
detalhou Victor Del Rio.
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