Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
ISSN: 1808-8694
[email protected]
Associação Brasileira de
Otorrinolaringologia e Cirurgia CérvicoFacial
Brasil
Sanches Gonçales, Alina; Lancia Cury, Maria Cristina
Avaliação de dois testes auditivos centrais em idosos sem queixas
Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, vol. 77, núm. 1, enero-febrero, 2011, pp. 24-32
Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial
São Paulo, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=392437902005
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Braz J Otorhinolaryngol.
2011;77(1):24-32.
Para citar este artigo, use o título em inglês
ORIGINAL ARTICLE
BJORL
.org
Assessment of two central auditory tests in elderly patients without
hearing complaints
Avaliação de dois testes auditivos centrais em idosos sem queixas
Alina Sanches Gonçales 1, Maria Cristina Lancia Cury 2
Keywords:
hearing,
auditory perception,
comprehension,
aged.
Palavras-chave:
audição,
compreensão,
idoso,
percepção auditiva.
Abstract
S
peech understanding disorders in the elderly may be due to peripheral or central auditory
dysfunctions. Asymmetry of results in dichotic testing increases with age, and may reflect on a lack
of inter-hemisphere transmission and cognitive decline. Aim: To investigate auditory processing
of aged people with no hearing complaints. Study design: clinical prospective. Materials and
Methods: Twenty-two voluntary individuals, aged between 55 and 75 years, were evaluated. They
reported no hearing complaints and had maximal auditory thresholds of 40 dB HL until 4 KHz, 80%
of minimal speech recognition scores and peripheral symmetry between the ears. We used two kinds
of tests: speech in noise and dichotic alternated dissyllables (SSW). Results were compared between
males and females, right and left ears and between age groups. Results: There were no significant
differences between genders, in both tests. Their Left ears showed worse results, in the competitive
condition of SSW. Individuals aged 65 or older had poorer performances than those aged 55 to 64.
Conclusion: Central auditory tests showed worse performance with aging. The employment of a
dichotic test in the auditory evaluation setting in the elderly may help in the early identification of
degenerative processes, which are common among these patients.
Resumo
N
a população idosa, distúrbios da inteligibilidade de fala podem ter causas periféricas ou centrais.
A assimetria em testes dicóticos verbais aumenta com a idade e reflete falha na transferência interhemisférica e nas funções cognitivas. Objetivo: Investigar o desempenho de idosos, sem queixas
auditivas, em dois testes de processamento auditivo. Forma do Estudo: Clínico prospectivo. Material
e Método: Foram avaliados 22 voluntários, com idades entre 55 e 75 anos, com limiares auditivos
máximos de 40 dB NA até 4000Hz, índice de reconhecimento de fala acima de 80% e audição
simétrica bilateralmente. Aplicaram-se testes de fala com ruído e dicótico de dissílabos alternados
(SSW). A análise dos dados comparou gênero, orelhas e grupos etários. Resultados: Não houve
diferença entre os gêneros para nenhum dos testes. A orelha esquerda teve desempenho inferior à
orelha direita na condição competitiva do teste SSW. Os participantes com idade acima de 65 anos
apresentaram desempenho pior em ambos os testes quando comparados com indivíduos de 55 a
64 anos. Conclusão: O desempenho dos testes auditivos centrais piora com a idade. A introdução
de testes dicóticos na bateria de avaliação auditiva de idosos pode contribuir para a identificação
precoce de processos degenerativos característicos do envelhecimento.
1
Mestre em Educação Especial pela UFSCar, doutoranda do Dep. ORL da USP-Campus Ribeirão Preto.
Doutora em Neurologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP, Médica Assistente do Hospital das Forças Armadas - Brasília.
Este argo é parte de uma pesquisa de doutorado desenvolvida na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo pela aluna Alina Sanches Gonçales
sob orientação da Profa. Dra. Maria Crisna Lancia Cury.
Endereço para correspondência: Alina Sanches Gonçales - Rua Marechal Deodoro, 1932 Jardim Sumaré Ribeirão Preto SP 14025-210.
Este argo foi submedo no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da BJORL em 23 de janeiro de 2010. cod. 6891
Argo aceito em 28 de junho de 2010.
2
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Devido à grande variabilidade de resultados encontrados nas avaliações auditivas de idosos, diversos
autores realizaram estudos com objetivo de investigar
a audição central dessa população, utilizando testes de
processamento auditivo.
Os efeitos da idade na execução de testes dicóticos
em indivíduos com perda auditiva neurossensorial simétrica foram estudados em 30 indivíduos jovens e idosos.
Os testes aplicados foram de dígitos, consoante-vogal e
reconhecimento de sentenças de baixa redundância. Os
resultados mostraram piora no desempenho de todos os
testes nos idosos. Houve pobre performance na escuta
direcionada a esquerda quando comparada a direita para o
mesmo grupo, mostrando os efeitos da idade cronológica
nos testes de escuta dicótica4.
Quintero et al. (2002) compararam o desempenho
de idosos com audição normal e com a perda neurossensorial simétrica característica de presbiacusia, por meio do
teste de reconhecimento de dissílabos em tarefa dicótica
(SSW). Avaliaram 100 idosos, com idades variando entre
60 e 79 anos. Os resultados do teste SSW mostraram um
aumento na média de número de erros para a maioria das
condições avaliadas no grupo estudo e maior porcentagem
de erros nas condições competitivas, sendo a esquerda
competitiva a condição de maior número de erros nos
dois grupos. Os autores concluíram que a perda auditiva
neurossensorial não se configura como um fator determinante, porém agravante da dificuldade de inteligibilidade
de fala nos idosos9.
Caracterizar a interação de sons verbais e nãoverbais em idosos com e sem perda auditiva através dos
testes de Localização Sonora em Cinco Direções, Fusão
Binaural e Pediátrico de Identificação de Sentenças (PSI)
foi o objetivo do estudo de Pinheiro e Pereira (2004).
Foram avaliados 110 idosos com audição normal e com
perda neurossensorial até moderadamente severa. Os resultados mostraram que apenas o teste de Fusão Binaural
apresentou-se alterado na população estudada, indicando
prejuízo no mecanismo de reconhecimento de sons verbais
fisicamente distorcidos10.
Estudo de revisão sobre o mascaramento de informações da linguagem por sons de fala competitivos
concluiu que adultos idosos podem demonstrar mais
interferência da fala competitiva que adultos jovens, com
necessidade de uma relação sinal/ruído em torno de 2.8dB
maior que os jovens para compreensão da fala na presença
de fala competitiva11.
Levantamento retrospectivo foi realizado com o
objetivo de se comparar o desempenho no teste de Fala
com Ruído de 55 ouvintes idosos. Foram analisados os
desempenhos nos testes IRF e Fala com Ruído. A apresentação do ruído resultou em impacto negativo para os
idosos com e sem perda auditiva. Os autores concluem
que o desempenho no teste de fala com ruído não pode
ser justificado apenas pelos limiares tonais12.
INTRODUÇÃO
O aumento da expectativa de vida tem gerado o
aumento da população idosa mundial e, consequentemente, diferentes necessidades de assistência em saúde.
Cabe aos profissionais que acompanham essa população
conhecer as modificações que se instalam com o passar
da idade, dentre estas aquelas relacionadas à audição. A
perda auditiva neurossensorial é uma consequência do
envelhecimento e uma das três condições crônicas mais
prevalentes nessa população, ficando atrás apenas de
artrite e da hipertensão1.
A presbiacusia é definida como a perda auditiva
associada ao processo de envelhecimento, decorrente de
uma somatória de fatores que levam à degeneração fisiológica. As alterações decorrentes do envelhecimento afetam
principalmente a orelha interna e as vias auditivas centrais.
Esta perda auditiva ocorre em indivíduos a partir da quinta
década de vida, sendo que as mudanças de sensibilidade
auditiva afetam principalmente as altas frequências. Mudanças estruturais do nervo auditivo e das vias auditivas
centrais também estão associadas ao envelhecimento e
geram falhas importantes no reconhecimento de fala1,2.
As estruturas centrais, tanto de tronco encefálico
como de córtex, estão afetadas na população idosa. Pode
haver perda geral de neurônios, redução do fluxo sanguíneo, mudanças no metabolismo da glicose e no consumo
de oxigênio3.
A prevalência das desordens de PA eleva-se significativamente com o envelhecimento. As diferenças entre
as orelhas, inexistentes na população jovem, aumentam
com a idade. Essa assimetria pode ser justificada pela
deterioração progressiva do corpo caloso em função do
envelhecimento, o que gera um declínio na eficiência da
transferência inter-hemisférica3.
Estudos mais recentes têm considerado que o declínio das funções cognitivas relacionado à idade, tais como
memória de trabalho, atenção seletiva e velocidade de
processamento da informação, tem um importante efeito
na compreensão de fala do idoso4,6.
Assim, os problemas de compreensão de fala na
população idosa podem originar-se pela perda auditiva
periférica, por distúrbios do processamento auditivo (PA)
ou por declínio de habilidades cognitivas.
As dificuldades de reconhecimento de fala aumentam quando o sinal encontra-se distorcido, sendo
que a condição de escuta mais comum nesses casos é a
distorção do sinal de fala por outro sinal competitivo. O
reconhecimento de fala na presença de ruído, a competição dicótica e o processamento temporal são fatores que
podem comprometer a compreensão de fala dos idosos1,7.
Existe maior variabilidade dos resultados referentes
ao processamento temporal nos idosos, ou seja, a dificuldade não atinge igualmente a todos8.
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Estudo com o objetivo de avaliar a eficiência das
funções auditivas centrais de idosos que relatam ouvir bem
avaliou 40 pacientes com média etária de 68.2 anos, sem
histórico de doenças neurológicas. Foram realizados os
testes de Identificação de Sentenças Sintéticas (SSI) com
mensagem competitiva ipsilateral (PSI), padrão de frequência e SSW. A análise estatística para o teste SSW mostrou
diferença significante entre as médias de porcentagem de
acertos nas condições DC e EC. Os autores comentaram
que as alterações decorrentes do envelhecimento ocorrem
em todo o sistema auditivo nervoso central e concluem
que a prevalência de anormalidades auditivas centrais
demonstra ineficiência das funções auditivas mesmo em
idosos que relatam ouvir bem13.
A interferência de diferentes ruídos de fundo no
processamento de fala de indivíduos idosos foi estudada
avaliando-se 24 sujeitos portadores de perda neurossensorial bilateral simétrica, com idades entre 56 a 83 anos.
Testes de reconhecimento de palavras na presença de
ruído de fundo foram empregados. Os resultados mostraram que, com o aumento da idade, os indivíduos têm
menor habilidade para fazer uso de intervalos do ruído
modulado para o reconhecimento da fala14.
Na tentativa de estabelecer quais fatores determinam
o reconhecimento da fala com velocidade aumentada em
idosos, foram aplicados testes com fala comprimida em
jovens e idosos. Os dados obtidos sugerem que problemas
no processamento da informação envolvem áreas auditivas e não auditivas. A diminuição no processamento da
informação é parte do problema dos idosos para sustentar a compreensão da fala em situações em que o sinal
encontra-se distorcido6.
Um estudo que investigou a compreensão da fala
de idosos na presença de ruído competitivo, através da
ressonância magnética funcional, concluiu que adultos
jovens mostram maior eficiência nas regiões corticais auditivas (regiões de córtex temporal bilateral) enquanto os
idosos mostram uma rede neural mais difusa envolvendo
regiões cerebrais frontais e ventrais15.
As conclusões dos estudos descritos apontam para
piora no processamento auditivo da população idosa,
principalmente no que se refere à compreensão de fala
na presença de sons competitivos e em testes de audição
dicótica. Indicam também que existem dificuldades de
compreensão de fala nos idosos independente da perda
auditiva periférica. Contudo, os estudos variam consideravelmente no que se refere ao teste de processamento
auditivo aplicado e no grau da perda auditiva neurossensorial aceito na composição da amostra.
Pensando em contribuir para a compreensão das
dificuldades auditivas na população idosa, o presente
estudo teve como objetivo investigar o desempenho de
idosos sem queixas auditivas, em dois testes de processamento auditivo.
MATERIAL E MÉTODO
O projeto foi submetido à apreciação do Comitê
de Ética em Pesquisa da instituição na qual o trabalho
foi desenvolvido, sendo aprovado com no de processo
8952/2004. Todos os participantes assinaram o termo de
consentimento livre e esclarecido.
Foram avaliados 22 indivíduos voluntários, com
idades entre 55 a 75 anos, sem queixas auditivas. Além
da ausência de queixas, os demais critérios adotados para
inclusão dos pacientes na amostra foram meatoscopia sem
alterações, perda neurossensorial de grau leve, no máximo,
e simétrica até 4000Hz, Índice de Reconhecimento de Fala
(IRF) maior que 80% e ausência de doença neurológica
ou doenças crônicas graves.
Os pacientes foram submetidos a breve entrevista
com objetivo de confirmar os fatores de inclusão na amostra, bem como a meatoscopia e audiometria tonal por via
aérea nas frequências de 250 a 8000 Hz. Para os pacientes
que apresentaram limiares auditivos aéreos superiores a
25 dB nível de audição (NA), foi realizada a pesquisa dos
limiares de via óssea nas frequências de 500 a 4000 Hz.
Em seguida, foi pesquisado o limiar de reconhecimento
de fala (SRT), com o objetivo de confirmar os limiares
auditivos aéreos e o índice de reconhecimento de fala
(IRF), realizado a 40 dB nível de sensação (NS), com o CD
pertencente ao Manual de Avaliação do Processamento
Auditivo Central, volume 1 (faixa 2, listas D1 e D2)16.
Os procedimentos utilizados para estudo foram os
testes de Fala com Ruído e o teste Dicótico de Dissílabos
Alternados (SSW).
O teste de Fala com Ruído foi realizado utilizando
as listas D3 e D4 da faixa 2 do CD citado anteriormente13.
Os monossílabos foram apresentados a 40 dB NS e o ruído
do tipo White Noise foi apresentado ipsilateralmente na
relação sinal-ruído +5dB. Os pacientes foram instruídos a
repetir as palavras ouvidas e ignorar o ruído competitivo.
Para a realização do teste SSW foi utilizado o volume 2, faixa 6, do CD pertencente ao Manual de Avaliação
do Processamento Auditivo Central16. A intensidade de
apresentação dos estímulos foi 50 dB NS. O teste SSW
é composto de 40 sequências de 4 palavras dissílabas,
apresentadas de forma competitiva e não competitiva.
Os pacientes foram instruídos a repetir a sequência de
palavras ouvidas.
O audiômetro da marca Madsen, modelo Midimate
622, foi utilizado durante toda a avaliação.
Os resultados obtidos foram analisados estatisticamente através do software SAS® 9.1 do PROC NLMIXED,
sendo utilizado o modelo de regressão não linear com
efeitos mistos. O objetivo da análise foi comparar gêneros,
orelhas e grupos etários no desempenho dos testes de
processamento auditivo.
Para todos os cálculos, o nível de significância estabelecido foi de 5% ( valor de p igual ou menor que 0,05).
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Foram adotados como critérios de normalidade para
os testes de processamento auditivo os padrões descritos
na literatura13,17 para adultos, ou seja, testes de Fala com
Ruído deve apresentar índices de acertos acima de 70%
e teste SSW com índices iguais ou maiores que 90% em
todas as condições de teste.
A comparação descritiva entre gêneros para os
testes Fala com Ruído e SSW, agrupadas as orelhas, está
apresentada na Tabela 3.
A análise estatística não mostrou diferença de gênero para nenhuma das 3 situações analisadas, ou seja, fala
com ruído (p = 0,23), SSW- condição não competitiva (p
= 0,99) e SSW - condição competitiva (p = 0,18).
As Tabelas 4 e 5 contêm os dados da análise descritiva dos resultados dos testes de processamento auditivo
distribuída por orelha, sendo agrupados por gêneros.
A observação da Tabela 4 permite identificar índices médios superiores a 90% de acertos para ambas as
orelhas na condição não competitiva e na orelha direita
competitiva. Apenas a esquerda competitiva apresentou
média abaixo de 90% de acertos. Além disso, pode-se
perceber que apenas na condição esquerda competitiva
nenhum indivíduo atingiu 100% de acertos e que esta
mesma condição foi a que teve a porcentagem mínima
de acertos mais baixa.
Na Tabela 5, observam-se médias de acertos superiores a 70% no teste de fala com ruído para ambas as
orelhas.
A aplicação dos testes comparativos mostrou diferença estatística para orelhas apenas na condição competitiva do teste SSW, sendo o p valor < 0,01. A comparação
de orelhas direita e esquerda para o teste fala com ruído
teve p = 0,25 e para a condição não competitiva do SSW,
p= 0,39.
Pensando no processo degenerativo resultante do
envelhecimento, que prejudica o desempenho em tarefas
de escuta dicótica, e no fato da população estudada apresentar distribuição etária envolvendo duas décadas de vida,
optou-se por realizar análises estatísticas dessa população
distribuídas em 2 grupos etários, ou seja, um grupo com
idade variando de 55 a 64 anos, chamado Grupo 1, e outro com idades entre 65 e 75 anos, denominado Grupo 2.
A seguir serão apresentados os resultados da análise
estatística da mesma população, com nova distribuição.
O Grupo 1 (G1), composto por 14 indivíduos com média
etária de 58.64 anos, e o grupo 2 (G2), com 8 indivíduos
com idade média de 70.12 anos.
A análise descritiva do teste SSW nas condições
competitivas e não competitivas segundo os grupos G1 e
G2 e orelhas direita e esquerda encontra-se apresentada
na Tabela 6.
As Figuras 1 e 2 correspondem à distribuição gráfica dessas variáveis segundo os grupos etários e orelhas.
RESULTADOS
Dos 22 indivíduos avaliados, 12 eram do gênero
feminino e 10 do gênero masculino. As idades variaram
entre 55 e 75 anos, sendo a média de 62.82 anos, com
desvio padrão de 6.23.
A análise descritiva dos limiares tonais obtidos na
população em estudo está apresentada na Tabela 1. Para
esta análise, foram analisadas as 44 orelhas em conjunto,
uma vez que a existência de simetria entre as mesmas foi
critério de inclusão na amostra.
Os dados da Tabela 1 mostram limiares mínimos
variando de 0 a 10 dB NA para todas as orelhas avaliadas.
Os limiares máximos variaram de 30 a 70 dB NA, sendo
que até a frequência de 4000 Hz os limiares não excederam
40 dB NA. Os valores de média e mediana mostraram-se
dentro dos limites aceitos como perda auditiva leve para
todas as frequências analisadas, caracterizando conFiguração descendente.
Tabela 1. Estatística descritiva de acordo com os limiares tonais
obtidos no audiograma.
Frequência
(Hz)
Média
Desvio
Padrão
Mínimo
250
14,77
8,07
0,00
15,00
35,00
Mediana Máximo
500
15,34
7,35
0,00
15,00
30,00
1000
13,86
6,09
5,00
10,00
30,00
2000
15,11
8,03
0,00
15,00
30,00
3000
17,39
8,18
5,00
15,00
40,00
4000
21,59
9,51
5,00
20,00
40,00
6000
27,39
12,69
10,00
25,00
60,00
8000
29,32
17,37
5,00
25,00
70,00
A Tabela 2 apresenta a análise descritiva dos dados
obtidos no índice de reconhecimento de fala (IRF), distribuídos por orelhas.
Analisando a Tabela 2, observa-se que os valores
mínimos obtidos encontram-se acima de 80% e as médias
superiores a 90% de acertos em ambas as orelhas. Tal resultado mostra que, em situações ideais de escuta, todos
os indivíduos analisados têm desempenho satisfatório, o
que justifica a ausência de queixas quanto à sua audição.
Tabela 2. Estatística descritiva dos valores, em porcentagem, obtidos no IRF.
ORELHA
Média
Desvio
Padrão
Mínimo
Mediana
Máximo
Direita
92,73
3,18
88,00
92,00
100,00
Esquerda
94,73
3,78
84,00
96,00
100,00
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Tabela 3. Análise descritiva dos resultados, em porcentagem, dos testes fala com ruído e SSW (condições competitivas e condições não
competitivas) segundo gênero.
GÊNERO
Feminino
Masculino
TESTES
Média
Desvio Padrão
Mínimo
Mediana
Máximo
Fala Ruído
70,17
7,08
56,00
72,00
84,00
SSW-NC
98,44
1,78
95,00
98,75
100,00
SSW-C
89,27
8,95
65,00
92,50
100,00
Fala Ruído
74,00
7,28
60,00
72,00
84,00
SSW-NC
99,13
1,47
95,00
100,00
100,00
SSW-C
94,75
3,13
87,50
95,00
100,00
Legenda: SSW = teste dicótico de dissílabos alternados; NC = condição não competitiva; C = condição competitiva.
Tabela 4. Análise descritiva dos resultados, em porcentagem, do teste SSW, nas condições competitiva e não competitiva, segundo orelha
direita e esquerda.
ORELHAS
D
E
Condição
Média
Desvio Padrão
Mínimo
Mediana
Máximo
SSW-NC
98,52
1,99
95,00
100,00
100,00
SSW-C
94,32
4,44
80,00
95,00
100,00
SSW-NC
98,98
1,26
97,50
100,00
100,00
SSW-C
89,20
8,88
65,00
92,50
97,50
Legenda: SSW = teste dicótico de dissílabos alternados; NC = condição não competitiva; C = condição competitiva
Tabela 5. Análise descritiva dos resultados, em porcentagem, do teste fala com ruído, segundo orelha direita e esquerda.
ORELHAS
Média
Desvio Padrão
Mínimo
Mediana
Máximo
Direita
70,36
7,05
56,00
72,00
84,00
Esquerda
73,45
7,46
60,00
72,00
84,00
Tabela 6. Estatística descritiva dos resultados, em porcentagem, do teste SSW, segundo orelhas, distribuídos nos dois grupos etários em
estudo.
Grupo Etário
Orelha
Direita
G1
Esquerda
Direita
G2
Esquerda
Condição
Média
Desvio Padrão
Mínimo
Mediana
Máximo
SSW-NC
98,75
1,90
95,00
100,00
100,00
SSW-C
95,36
3,38
90,00
96,25
100,00
SSW-NC
99,29
1,17
97,50
100,00
100,00
SSW-C
92,32
5,14
77,50
93,75
97,50
SSW-NC
98,13
2,22
95,00
98,75
100,00
SSW-C
92,50
5,67
80,00
93,75
97,50
SSW-NC
98,44
1,29
97,50
97,50
100,00
SSW-C
83,75
11,57
65,00
86,25
97,50
Legenda: SSW = teste dicótico de dissílabos alternados; NC = condição não competitiva; C = condição competitiva
Observa-se que os resultados de ambas as orelhas são
semelhantes para a condição não competitiva nos dois
grupos etários, com índices de acertos mínimos, médios
e máximos superiores a 90%. Quanto à condição competitiva, observa-se que a orelha esquerda é a que apresenta
maior variabilidade de resultados.
Também na Figura 2, observa-se que, no G1, a
orelha esquerda apresenta piores resultados que a direita. A Figura mostra também que a orelha direita do G2
é semelhante à orelha esquerda do G1. E finalmente, a
orelha esquerda do G2 mostra-se como a orelha de pior
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Tabela 7. Estatística descritiva dos resultados, em porcentagem, do teste fala com ruído, segundo orelhas, distribuídos nos dois grupos etários em estudo.
Grupo Etário
G1
G2
Orelha
Média
Desvio Padrão
Mínimo
Mediana
Máximo
Direita
71,71
5,54
60,00
72,00
80,00
Esquerda
75,14
6,87
64,00
74,00
84,00
Direita
68,00
9,07
56,00
70,00
84,00
Esquerda
70,50
7,98
60,00
70,00
84,00
desempenho no teste SSW na condição competitiva.
A análise comparativa não mostrou diferença estatística entre grupos na condição não competitiva do
teste SSW. Porém, para a condição competitiva foi obtida
diferença estatística entre os grupos (p valor 0,01), o que
leva a concluir que o grupo G2 (mais idoso) apresentou
piores resultados.
Na comparação entre as orelhas direita e esquerda
dentro de cada grupo, encontrou-se diferença estatística
apenas para o G2 (p= 0,02). A comparação estatística das
orelhas no grupo G1, identificada na Figura 3, não mostrou
diferença significante (p = 0,09).
A comparação da mesma orelha entre grupos mostrou diferença estatística somente para a orelha esquerda
(p = 0,01), novamente indicando os melhores resultados
do G1 em comparação ao G2.
A análise descritiva do teste de fala com ruído
segundo os grupos G1 e G2 e orelhas direita e esquerda
encontra-se apresentada na Tabela 7.
A Figura 3 corresponde à distribuição gráfica dessas
variáveis segundo os grupos etários e orelhas. Nela, assim
como na Tabela 7, pode-se observar que os resultados são
ligeiramente melhores para o Grupo 1, ou seja, no grupo
Figura 1. Plot dos resultados do teste SSW-condição não competitiva,
segundo grupo etário e orelha. - SSW-NC: teste dicótico de dissilabos
alternados - condição não competitiva; G1: grupo 1; G2: grupo 2
Figura 2. Plot dos resultados do teste SSW-condição competitiva,
segundo grupo etário e orelha - SSW C: teste dicótico de dissilabos
alternados - condição competitiva; G1: grupo 1; G2: grupo 2
Figura 3. Plot dos resultados do teste fala com ruído segundo grupo
etário e orelha. - G1: grupo 1; G2: grupo 2
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Tabela 7. Estatística descritiva dos resultados, em porcentagem, do teste fala com ruído, segundo orelhas, distribuídos nos dois grupos etários em estudo.
Grupo Etário
G1
G2
Orelha
Média
Desvio Padrão
Mínimo
Mediana
Máximo
Direita
71,71
5,54
60,00
72,00
80,00
Esquerda
75,14
6,87
64,00
74,00
84,00
Direita
68,00
9,07
56,00
70,00
84,00
Esquerda
70,50
7,98
60,00
70,00
84,00
perda auditiva10.
Quintero et al. (2002) encontraram 50 pessoas na
faixa de 60 a 79 anos com limiares em todas as frequências do audiograma menores ou iguais a 25 dB NA. Este
estudo concluiu que a perda neurossensorial não pode
ser considerada como um fator determinante das dificuldades de inteligibilidade de fala dos idosos em ambientes
ruidosos ou reverberantes9.
O índice de reconhecimento de fala (IRF) acima
de 80% em todos os participantes do estudo justifica a
ausência de queixas quando à inteligibilidade de fala10.
Do que foi comentado, nota-se que a perda auditiva periférica, mesmo gradual e imperceptível, já se inicia
na população idosa, e concorda com a extensa literatura
sobre o tema1-2,8-10.
Sabendo que a prevalência de desordens do processamento auditivo eleva-se com o envelhecimento7, é lícito
supor que pode ocorrer uma dificuldade nas habilidades
auditivas centrais, de instalação lenta e progressiva, que
pode demorar a ser percebida pelas pessoas idosas.
No que se refere ao gênero, não encontramos diferenças de desempenho para os testes estudados. Outros
estudos envolvendo o teste de fala com ruído12, teste de
identificação de sentenças sintéticas (SSI) com mensagem
competitiva ipsilateral, teste de padrão de frequência e
teste dicótico de dissílabos alternados13 também não encontraram influência do gênero nos resultados encontrados.
No que se refere à diferença entre orelhas, obtivemos um achado de assimetria, ou seja, pior desempenho
da orelha esquerda, apenas na condição competitiva do
teste SSW.
As diferenças inter-aurais aumentam com a idade
e podem ser justificadas pelos modelos estrutural e cognitivo5. Os dois modelos buscam explicar a vantagem
da orelha direita e consequente desvantagem da orelha
esquerda em testes dicóticos. Esta assimetria ocorre em
parte por um declínio das habilidades cognitivas e em
parte por um declínio na eficiência da transferência de
informações inter-hemisféricas.
O modelo estrutural, proposto por Kimura (1961),
assim justifica a assimetria perceptual: a informação apresentada no ouvido direito viaja diretamente para o hemisfério esquerdo. Durante a estimulação dicótica, as vias
auditivas ipsilaterais são suprimidas favorecendo as vias
com os indivíduos na faixa de 55 a 64 anos.
A comparação realizada entre grupos etários mostrou diferença estatística para o teste de fala com ruído
(p < 0,01). Ao compararmos as orelhas direita e esquerda
dentro de cada grupo, encontrou-se diferença estatística
apenas para o G2 (p = 0,01). A comparação da mesma
orelha entre os grupos mostrou diferença estatisticamente
significativa (p < 0,01), onde o desempenho da orelha
direita foi pior no grupo de maior idade.
DISCUSSÃO
A partir da quinta década de vida, as pessoas passam
a sofrer os efeitos do envelhecimento no sistema auditivo
periférico e central. Contudo, as diferenças oriundas do
próprio organismo e/ou das necessidades comunicativas
de cada indivíduo, fazem com que essas dificuldades, de
caráter progressivo, sejam percebidas de forma bastante
distinta pelos mesmos1-2. É provável que esta seja a justificativa para que pessoas idosas possam referir ouvir bem,
mesmo quando o prejuízo no sistema auditivo já se inicia.
Tentar encontrar pessoas com mais de 60 anos
que tenham limiares auditivos inferiores a 25 dB NA não
é tarefa fácil. Muitos que chegaram negando dificuldades
auditivas e de compreensão oral, apresentavam uma perda
auditiva de configuração descendente, mesmo que em
caráter inicial. Assim, tornou-se muito difícil encontrar um
grupo de pessoas, nessa faixa etária, que não apresentasse
nenhum limiar aéreo superior a 25 dB NA. Tal fato fez com
que abandonássemos esse critério inicial de composição
da amostra e passássemos a aceitar pessoas com limiares
até 40 dB NA em frequências de 500 a 4000Hz, desde que
não referissem dificuldades auditivas.
Em nosso estudo, dos 22 indivíduos avaliados,
apenas 9 (40%) apresentaram limiares superiores a 25dB
NA em todas as frequências bilateralmente, 6 (27%) deles
apresentavam idade abaixo de 65 anos e apenas 3 (13%)
tinham mais de 65 anos.
Outros trabalhos que buscaram idosos sem queixas
auditivas para compor a amostra também se depararam
com a mesma dificuldade. Sanchez et al. (2008), em estudo com 40 idosos, encontraram apenas 20% deles com
limiares dentro dos padrões da normalidade para todas as
frequências13. Pinheiro e Pereira (2004) em uma população de 110 idosos encontraram 91 (83%) indivíduos com
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do envelhecimento8.
Na condição não competitiva do teste SSW, situação
em que se ouve uma palavra isolada, sem nenhum tipo
de competição sonora, o desempenho dos participantes
dos dois grupos foi semelhante e com índices de acertos
próximos aos de adultos jovens17.
As informações acima nos fazem considerar que:
as alterações decorrentes do envelhecimento ocorrem em
todo o sistema auditivo nervoso central; a prevalência de
anormalidades auditivas demonstra ineficiência das funções auditivas centrais mesmo em idosos sem queixas13; as
dificuldades dos idosos no processamento da informação
podem ter origem não apenas no sistema auditivo, mas
também ser decorrentes da deterioração cognitiva inerente
ao envelhecimento4,5,15; e que a perda auditiva periférica
não é o fator determinante destas dificuldades5,9,12, uma vez
que os dois grupos avaliados mostravam perda auditiva
simétrica com as mesmas característica.
A última discussão a que os dados deste estudo nos
remetem refere-se ao pior desempenho da orelha direita
no teste de fala com ruído em ambos os grupos (G1 e
G2). A literatura afirma que existe piora na inteligibilidade
de fala dos idosos quando expostos a ambientes ruidosos1,7. Estudos mostram que pessoas idosas necessitam de
relação sinal/ruído maior do que indivíduos jovens para
compreensão de fala11, que a interferência do ruído de
fundo nas tarefas de compreensão depende do tipo de
tarefa e do grau de redundância do material de fala14, e que
idosos mostram uma rede neural mais difusa envolvendo
regiões frontais e ventrais durante a compreensão de fala
em situações de ruído15. Contudo, nenhum dos estudos
analisados se refere ao desempenho diferente das orelhas
em indivíduos idosos para testes de inteligibilidade de
fala na presença de ruído. No Manual de Avaliação do
Processamento Auditivo Central, existe uma referencia ao
pior desempenho da primeira orelha testada com relação
à segunda22. Como todos os indivíduos de nossa amostra
realizaram o teste primeiro na orelha direita para depois
realizá-lo na orelha esquerda, existe a possibilidade desse
resultado haver sofrido interferência do procedimento
adotado para a coleta de dados e não representar exatamente uma diferença relacionada ao envelhecimento.
Estudos posteriores poderão ser úteis para analisar mais
profundamente essa variável.
contralaterais, que apresentam maior número de fibras. A
desvantagem da orelha esquerda é o produto do maior
tempo de transmissão da informação verbal apresentada
nesse ouvido, uma vez que deve ser transportada do
hemisfério direito para seu processamento no hemisfério
esquerdo, através do corpo caloso. Portanto, a orelha
esquerda necessita de uma maior participação do corpo
caloso para que seja eficiente no processamento da informação linguística. No caso de pessoas idosas, essa estrutura
do sistema nervoso central está sofrendo a deterioração
natural da idade e seu desempenho torna-se inferior, gerando a assimetria de orelhas aqui observada18-19.
Já o modelo cognitivo enfatiza a importância da
atenção, memória de trabalho e da velocidade de processamento da informação nas tarefas de escuta dicótica.
Devido à dominância hemisférica esquerda para processamento da fala, a maioria das pessoas é superior em
atenção aos estímulos ouvidos à direita, o que as permite
fazer uso predominante de um processamento acústico
mais automático dos estímulos (bottom-up). Na escuta à
esquerda (tarefa dicótica), os estímulos são naturalmente
suprimidos por estímulos da orelha direita. Para atender
à necessidade de direcionar a escuta para a esquerda, é
necessária uma maior ativação e envolvimento de funções
cognitivas (top-down). Como estas funções se deterioram
com o envelhecimento, a assimetria de orelhas pode ser
observada durante testes dicóticos aplicados em idosos4-5.
Nenhum dos dois modelos consegue justificar isoladamente o efeito do envelhecimento na assimetria de
orelhas, portanto pode haver uma associação de ambos
nas situações de escuta dicótica5.
Apesar dos estudos variarem quanto aos testes
dicóticos aplicados, à tarefa solicitada, bem como às populações participantes, existe um ponto comum nesses
trabalhos: o constante achado de assimetria de orelhas
com pior desempenho da orelha esquerda tanto em tarefas dicóticas envolvendo integração como em tarefas de
direcionamento de escuta4,9,13,20.
Há ainda trabalhos que mostram evidências importantes de piora do desempenho da orelha esquerda
em casos de doenças degenerativas como na doença de
Alzheimer19,21.
Baseando-se no que foi citado acima, nosso achado
de assimetria no teste SSW (condição competitiva) parece
corroborar o restante da literatura, podendo ser considerado um reflexo do envelhecimento.
A separação dessa mesma população em dois grupos etários nos trouxe novas evidencias de que o avançar
da idade faz com que o processamento do sinal sonoro
se deteriore, uma vez que as comparações entre o grupo
mais jovem (G1) e mais idoso (G2) mostraram diferença
estatisticamente significativa nos dois testes estudados,
tanto em tarefa monótica como dicótica. Tais achados
nos remetem à existência de perdas neuronais próprias
CONCLUSÃO
A idade provocou piora no desempenho dos idosos
nos testes de Fala com Ruído e Dicótico de Dissílabos
Alternados (SSW), independentemente da presença de
queixa auditiva.
Há um pior desempenho da orelha esquerda quando comparada à orelha direita, em testes dicóticos, o que
pode estar relacionado à deterioração das vias auditivas
centrais e funções cognitivas decorrentes do envelheci-
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31
mento.
A introdução de teste dicótico na bateria de avaliação audiológica de idosos com e sem perda auditiva
periférica pode contribuir para a identificação de processo
degenerativo e, consequentemente, para a elaboração de
estratégias de intervenção antes que haja interferência nas
necessidades comunicativas destes indivíduos.
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