1 Fisioterapia no tratamento de ombro doloroso em pacientes hemiplégicos Marcos de Jesus Vilela1 [email protected] Dayana Priscila Maia Méjia² Pós-graduação em Fisioterapia NeuroFuncional – Faculdade FAIPE Resumo Introdução: O Acidente Vascular Encefálico (AVE) traduz-se por uma alteração na irrigação sanguínea local, acarretando déficits neurológicos, que podem acarretar prejuízos na funcionalidade do individuo, dificultando a recuperação neuromotora gerando incapacidade funcional. Não se sabe o mecanismo exato de dor após o AVE Objetivo: Estudar os benefícios da Fisioterapia no tratamento do ombro doloroso em pacientes hemiplégicos. Metodologia: Caracteriza-se por ser analítico descritivo de revisão bibliográfica, onde se realizou uma busca eletrônica nas seguintes bases de dados: SCIELO e LILACS, publicados de 2000 a 2013. Foram selecionados cerca de 60 artigos para compor o trabalho, sendo que apenas 34 foram incluídos. Resultados e Discussões: A abordagem fisioterapêutica utiliza diversos métodos para o alivio da dor no ombro em pacientes hemiparéticos, dentre eles a FNP, Eletroestimulação Funcional, Cinesioterapia e Kinesio Taping, proporcionando ao paciente, a prevenção e redução da dor, simetria postural, aumento da amplitude de movimento, reduz subluxação, melhora da sensibilidade e ganho do controle motor, contribuindo assim, para a qualidade de vida desse paciente. Conclusão: Os resultados mostraram que a Fisioterapia para o paciente com dor no ombro, é um fator decisivo, pois a funcionalidade dos membros superiores confere ao indivíduo o caráter de independência. Porém, são necessários estudos que determinam a eficácia e a melhor estratégia de Fisioterapia, tanto para a prevenção como para o tratamento de dor no ombro em pacientes hemiplégicos. Palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico; Hemiplegia; Dor de Ombro; Fisioterapia. Introdução O Acidente Vascular Encefálico (AVE) traduz-se por uma alteração na irrigação sanguínea encefálica local, acarretando déficits neurológicos, que podem acarretar prejuízos na funcionalidade do indivíduo, interferindo na realização de suas atividades de vida diária. O AVE é a doença que mais incapacita no mundo, podendo ocasionar alterações cognitivas e neuromusculares, que tem como consequências problemas psicoemocionais e socioeconômicos (POLESE, Janaine 2011). Dentre as doenças crônico-degenerativas, as cerebrovasculares constituem a terceira causa de morte no mundo, precedida pelas cardiopatias em geral e o câncer. O AVE isquêmico ou hemorrágico, transitório ou definitivo é a doença cerebrovascular que 1 Pós-graduando em Fisioterapia NeuroFuncional ² Orientadora 2 apresenta maior incidência, tem maior morbidade e resulta em incapacidades (PERLINI e FARO, 2005) O AVE é usado para designar o déficit neurológico (transitório ou definitivo) em uma área cerebral secundário a lesão vascular, e representa um grupo de doenças com manifestações clínicas semelhantes, mas que possuem etiologias diversas: AVC hemorrágico (AVCh) compreende a hemorragia subaracnóide (HSA), em geral decorrente da ruptura de aneurismas saculares congênitos localizados nas artérias do polígono de Willis e a hemorragia intraparenquimatosa (HIP), cujo mecanismo causal básico é a degeneração hialina de artérias intraparenquimatosas cerebrais, tendo como principal doença associada a hipertensão arterial sistêmica (HAS); AVC isquêmico (AVCi) descreve o déficit neurológico resultante da insuficiência de suprimento sanguíneo cerebral, podendo ser temporário (episódio isquêmico transitório, EIT) ou permanente , e tendo como principais fatores de risco a HAS, as cardiopatias e o diabetes mellitus (DM). Outras etiologias podem estar associadas ao AVC, tais como coagulopatias, tumores, arterites inflamatórias e infecciosas (RADANOVIK 2000). Os fatores de risco predisponentes para se ter um AVE incluem a hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, cardiopatias (principalmente a fibrilação atrial), obesidade, hipercolesterolemia, embolismo, trombos, hemorragia secundária ao aneurisma, história de ataques isquêmicos transitórios, estenose carotídea assintomática, intolerância à glicose, dislipidemias, uso de contraceptivos, fumo, consumo abusivo de álcool, dieta inadequada, sedentarismo, dependência química, dentre outros (CARDOSO, 2005; COSMO, 2006). Segundo Rodrigues (2005) apesar das causas, fatores de risco e tratamento serem desconhecidos, há consenso quanto à importância e a necessidade de ações profiláticas, evitando-se assim, os sintomas com o tratamento precoce, e se já instalados podem ser amenizados. Os déficits motores caracterizam-se por uma paralisia designada Hemiplegia ou uma fraqueza denominada Hemiparesia, tipicamente no lado do corpo oposto ao lugar da lesão cerebral (O’ SULLIVAN e SCHIMITZ, 2004). O início da hemiplegia pode comprometer os princípios biomecânicos normais e a estabilidade do complexo do ombro, devido a perda do controle motor e do desenvolvimento de padrões anormais de movimento; secundariamente, ocorrem alterações em tecidos moles e desalinhamento da articulação glenoumeral (KLOTZ et al 2006). A hemiplegia se dá de duas maneiras, a forma flácida e a espástica. Normalmente inicia-se com a primeira e depois de um determinado tempo evolui pra segunda. Na primeira fase além da flacidez da musculatura, chamada de hipotonia, pode-se encontrar também a hipo ou arreflexia, que consiste na diminuição ou profunda ausência de sinais de automatismo medular. Na segunda fase, encontra-se a hipertonia muscular que consiste na espasticidade, há ainda a presença de reflexos profundos vivos ou hiperativos, presença de sinais de automatismo medular, como clônus, e exacerbação de reflexos discretos, como o cultâneo-abdominal e crematério. Em certos casos aparecem ainda contraturas intensas causadas pelas posturas típicas dessa situação que é a atitude flexora dos membros superiores e extensora dos membros inferiores. Este processo dificulta ainda mais a motilidade do portador de hemiplegia (LIANZA, 2007) 3 A recuperação de um paciente com hemiplegia constitui-se em um grande desafio, tanto pela complexidade das funções perdidas, quanto pela alta incidência de dor no ombro, resultando em impacto negativo no processo reabilitacional (BORGES et al, 2006) O mecanismo de produção do ombro doloroso nas hemiplegias pode estar relacionado a vários fatores: subluxação escápulo-umeral, capsulite do ombro, síndrome do impacto, síndrome complexa de dor regional, tendinite bicipital, neuropatia por tração do plexo braquial, espasticidade, mobilização do membro superior paralisado em torno da amplitude de movimento (ADM), limitação de ADM, lesões de partes moles, dor central. (BORGES et al, 2006) Não se sabe o mecanismo exato de dor após o AVE, entretanto existe predileção quanto aos componentes essenciais da terapêutica escolhida, sendo utilizada para a redução da inabilidade física e a melhoria funcional (MOREIRA et al., 2007). A mobilização do membro superior paralisado em torno da amplitude de movimento é um fator que se deve tomar cuidado quando for manusear o paciente, promovendo a abdução da articulação glenoumeral com adequada rotação externa, pois movimentos fora desse padrão poderão causar dor (SILVA et al., 2000). O ombro é responsável pela execução da maior parte da movimentação e posicionamento do membro superior no espaço. Ele não se faz de uma articulação única, mas sim de um conjunto funcional que permite unir o membro superior ao tórax. Este complexo articular trabalha sincronicamente, permitindo aos membros superiores grandes amplitudes de movimento (FONTANA, 2005). O membro superior de um indivíduo que sofreu um AVE, não apresenta movimentos ativos e a escápula assume uma posição rodada para baixo (o ângulo súpero-lateral move-se inferiormente e o ângulo inferior torna-se aduzido). Com a rotação para baixo da escápula, a cavidade glenóide se orienta para baixo, e o mecanismo de trava passivo da articulação do ombro é perdido. Assim, a deficiência desse mecanismo, a deficiência do tono postural, e a deficiência da cápsula do ombro resultam em uma subluxação inferior do úmero do ombro hemiplégico, o tipo mais comum. O úmero fica pendente ao lado do corpo em rotação interna e o cotovelo fica estendido. A subluxação inferior ocorre em pacientes com fraqueza grave e está presente no estágio agudo. Na medida em que a subluxação ocorre, a cápsula do ombro fica vulnerável ao alongamento, especialmente quando o úmero é dependente e descansa na parte lateral do corpo (UMPHRED, 2004). Segundo Umphred (2004), um segundo padrão se desenvolve com o passar do tempo, a caixa torácica roda pra baixo, e tornam-se evidentes o aumento da extensão cervical e lombar, onde o desvio da caixa torácica se torna mais forte na escapula e no úmero. Caracterizado por uma coativação anormal dos músculos do membro, um terceiro padrão de movimento poderá ser assumido, dando aparência ao membro superior hemiplégico de flexão em ‘massa’. Sendo a cabeça do úmero mantida intimamente embaixo do acrômio; a escapula fica geralmente elevada e abduzida sobre o tórax. Não ocorre dissociação entre o úmero e a escapula, embora o deltoide e o bíceps tentem iniciar o movimento umeral. Como resultado da posição da escápula e úmero, o padrão do membro superior, ocorre a elevação do ombro com abdução umeral, rotação interna e flexão de cotovelo. Comumente a síndrome do ombro doloroso é tratada de forma conservadora através de medicamentos e fisioterapia, e quando não tratada leva a longos períodos de dor e 4 limitações funcionais. O tratamento conservador geralmente tem seus resultados avaliados com base na função e intensidade da dor referida pelo paciente (GARZEDIN et al 2008) O quadro caracteriza-se por dor no ombro e perda progressiva da amplitude de movimento articular (ADM), possivelmente devido aos mecanismos de desalinhamento do ombro, movimentação incorreta, imobilidade, manuseio e posicionamento inadequado do braço acometido. Apesar das causas, fatores de risco e tratamento serem desconhecidos, há consenso quanto a importância e a necessidade de profilaxia1 (HORN et al 2003). É importante ter uma boa compreensão da fisiopatologia das lesões por uso excessivo para saber como aconteceu a lesão e tentar evitar nova ocorrência. A prevenção da recorrência é o aspecto mais importante da administração de lesões por uso excessivo. A maior parte das lesões por uso excessivo compromete unidades musculotendinosas deixando o músculo lesionado contraído e dolorido (GARRICK; WEBB, 2001). Estudos epidemiológicos com vistas a identificar o período de instalação da dor no ombro verificou que, o ombro doloroso no hemiplégico é encontrado em mais de 50% deles. Em torno de 20% instalam na primeira e segunda semana, o que prolonga o tempo de internação, dificulta a recuperação motora, as mudanças de decúbito e as transferências posturais. Condições que justificam a intervenção fisioterapêutica precoce (JÚNIOR et al 2005). Segundo Price (2002), alguns dos fatores mais freqüentemente suspeitados que contribuem à dor do ombro incluem: subluxações, contraturas, a síndrome regional do complexo da dor (SRCD), lesões do manguito rotator, e o desequilíbrio causado pela espasticidade do músculo na junção glenoumeral, a maioria de estudos sobre a etiologia da dor do ombro na hemiplegia, não estabeleceu um relacionamento da causa e efeito. É altamente provável que a causa seja multifatorial com os fatores diferentes que contribuem em estágios diferentes da recuperação (flacidez que contribuem para a subluxação e estiramento capsular subseqüente, tônus anormal e alterações nos padrões do sinergismo que contribuem a lesões do manguito rotador ou instabilidade escapular). Por causa da dificuldade do tratamento ocasionado pela dor no ombro, o tratamento deve ser iniciado o mais breve possível (PRICE, 2002) Diante disto, o objetivo do trabalho, é identificar as principais técnicas da Fisioterapia no tratamento de ombro doloroso em pacientes hemiparéticos. Metodologia Para o levantamento da literatura, se realizou uma busca eletrônica nas seguintes bases de dados: Scientific Eletronic Library On Line – SCIELO, livros, monografias, dentre outras consideradas de caráter científico. Foram utilizadas as seguintes palavras-chave: Acidente Vascular Encefálico; Hemiplegia; Dor de Ombro; Fisioterapia. O material selecionado está redigido no idioma português. Os fatores de inclusão definidos para a seleção dos artigos foram: artigos na íntegra e que retratassem a temática referente ao estudo; artigos publicados de 2000 a 2012. Os fatores de exclusão foram: não atenderem às variáveis estudadas; baixa qualidade metodológica e de evidências científicas. Foram selecionados cerca de 60 (sessenta) artigos para compor o trabalho, sendo que apenas 34 (trinta e quatro) foram incluídos. No que tange ao tempo de pesquisa, a mesma foi realizada desde o mês de fevereiro de 2013 até agosto de 2014. 5 Resultados e Discussões No início da hemiplegia há comprometimento do complexo ombro, tanto a biomecânica normal quanto à estabilidade podem sofrer complicações, pois o indivíduo perde o controle motor e desenvolve padrões anormais de movimento; secundário a isso, ocorrem alterações nos tecidos moles e desalinhamento na articulação glenoumeral (SANTOS et al, 2010). Os programas de reabilitação para pacientes que sofreram AVE mostram-se capazes de melhorar os resultados funcionais. A fisioterapia tem conseguido alcançar objetivos com maiores avanços, no desenvolvimento de uma melhoria da qualidade de vida, em níveis capazes de inserir novamente o paciente ao seu meio social, ao trabalho e conquistar uma independência de mobilidade. Dentro das limitações de cada caso, busca-se satisfação e confirmam-se os benefícios de uma intervenção fisioterápica (O'SULLIVAN; SCHMITZ, 2004). Quando o paciente vê seu membro plégico se movendo gera imputs visuais de movimentação, o imput visual é mais rápido que o imput somatossensorial dando a impressão ao paciente, que ele está movimentando o membro plégico. Esta entrada sensorial ativa os neurônios motores conhecidos como neurônios espelhos, que é responsável pela observação e pela imitação do que foi observado, estimulando áreas pré motoras (FREITAS, 2011). O treinamento motor é fonte de desenvolvimento cerebral, pois induz a mudanças neuroplásticas, a realização de qualquer atividade motora gera padrões de estimulação sensorial proprioceptiva e pode ser fonte de modulação neuroplástica em áreas motoras e somatossensoriais. O treinamento repetido de atividades motoras ajuda a reparar danos provocados por lesões cerebrais (Diniz e Abranches, 2003). O tratamento da dor envolve intervenções biológicas e psicossociais que visam à minimização do desconforto, a melhora da função e a adaptação do individuo para o desempenho das atividades. Isto significa que a melhora da qualidade de vida e não apenas o alivio da dor, o objetivo da equipe interdisciplinar que assiste aos pacientes com dor; a completa eliminação da sensação dolorosa, possível na maioria dos casos de dor aguda, não é a preocupação primordial das intervenções realizadas em dor doente com dor crônica (LEME, 2011). As seqüelas da dor são ainda mais extensas, o paciente não consegue concentrar-se em aprender novas habilidades, porque ele é constantemente distraído pela dor. Ele tem dificuldade para retornar independência nas atividades de vida diária (AVD´s), porque a dor ea rigidez interferem no vestir, lavar, virar-se na cama etc (PERES, 2006). Os pacientes perdem algumas funções, e as recuperam (em parte ou quase totalmente) devido a dois componentes: o intrínseco, por recuperação neurológica anatômica e fisiológica, pela redução de edema cerebral, desenvolvimento de novas vias e plasticidade neuronal; e o adaptativo, que ocorre através do aprendizado de novas maneiras para executar as funções. Sendo assim, a fisioterapia torna-se indispensável para a reorganização cortical e consequentemente o reaprendizado motor. Algumas teorias acreditam que o tratamento precoce pode ser benéfico; de modo que previne alterações musculo-esqueléticas secundárias, como atrofia e dor, além de evitar o aprendizado de estratégias de movimentos anormais ou a inutilização do membro (VALENTE, et al 2006). O papel do fisioterapeuta se baseia na restauração da função, prevenção de complicações secundárias, com encurtamento de tecidos moles e dor no ombro, os programas de reabilitação para pacientes com AVE melhoram os resultados funcionais e consequentemente permitem que eles reconquistem a independência (PERES, 2006). 6 Diante das informações citadas acima, a fisioterapia utiliza recursos e métodos específicos, de acordo com as necessidades individuais de cada paciente. Na tabela demonstram-se os resultados sobre a Fisioterapia no tratamento de ombro doloroso em pacientes hemiplégicos. Autor Técnica Benefícios Santos e Soares (2011); Ultrassom e OLSSON et al., (2008). Cinesioterapia Diminuição de dor e melhora funcional Santos et al (2010) Kinesio Taping Simetria Postural Moreira et al (2007) Toxina botulínica A associada à Fisioterapia. Diminuição da dor Stapait et al (2013) Fortalecimento dos estabilizadores Diminuição da Dor Peres (2006); Faraco (2006); Silva e Gester (2009); Prentice e Voight, (2003) FNP Aumento da ADM Horn et al (2003) Cinesioterapia Prevenir a dor no ombro Salles et al (2012) Kinesio Taping e FNP Ganho do Controle Motor Corrêa et al (2009); Klotz et al (2006) Fisioterapia Convencional e Eletroestimulção Funcional Reduzir subluxação Valente et al (2006) Fisioterapia Hospitalar Melhora da Sensibilidade Cacho, Melo e Oliveira (2004) Protocolo de Desempenho Físico de Fulg-Meyer Avalia e mensura o comprometimento motor Fisioterapia no tratamento de ombro doloroso em pacientes hemiplégicos. 7 Santos e Soares (2011), em seu estudo de caso verificou a eficácia de um protocolo de tratamento fisioterapêutico na recuperação funcional, na algia do ombro doloroso no membro parético e sua influência na qualidade de vida. Foi realizado um estudo de caso com uma paciente do gênero feminino, 53 anos de idade, com diagnóstico clínico de acidente vascular encefálico e queixa principal de dificuldade de movimentar o membro superior parético e dor no ombro do lado acometido. Os resultados mostraram que o protocolo de tratamento fisioterapêutico, com a aplicação de ultrassom terapêutico e cinesioterapia, para o ombro doloroso pode ser benéfico na diminuição da dor e na melhora funcional, e também pode ter influenciado em uma melhora importante da qualidade de vida. Dentre os tratamentos não-invasivos, a ultrassonoterapia é um dos procedimentos físicos adjuvantes mais utilizados em fisioterapia e medicina regenerativa para o tratamento de diversas doenças. Seus efeitos terapêuticos têm mostrado benefícios no tratamento de diversas condições, como cicatrização de úlceras, estímulo à neovascularização em tecidos isquêmicos, integração total de enxertos de pele, consolidação de fraturas e também na cicatrização tendinosa. O ultrassom terapêutico induz mudanças fisiológicas como ativação de fibroblasto, do colágeno e diminuição da inflação por aceleração do metabolismo celular e, quando aplicado de maneira adequada, pode reduzir a dor (OLSSON et al., 2008). Santos et al. (2010), em seu estudo com três sujeitos com subluxação inferior de ombro. Foram submetidos a uma avaliação inicial através da Biofotogrametria para mensurar a subluxação, a simetria postural e os movimentos do ombro. Estes sujeitos receberam a aplicação da Kinesio Taping no músculo deltóide. Após dois meses de tratamento, realizou-se uma nova avaliação. Houve diminuição da subluxação de ombro, com uma melhora da simetria postural e diminuindo as compensações. Moreira et al (2007) em seu estudo de caso, de uma paciente, do sexo feminino, 49 anos, com seqüelas de acidente vascular cerebral, cujo tratamento consistiu no emprego de toxina botulínica A associada à fisioterapia. Após quatro meses de tratamento, houve melhorias significativas quanto à dor, espasticidade, amplitude de movimento e qualidade de vida, e isso sugere ser essa associação terapêutica uma ferramenta eficaz contra os efeitos incapacitantes relacionados a esta síndrome. Stapait et al (2013) em sua revisão de literatura sobre o efeito do fortalecimento da musculatura estabilizadora da cintura escapular na redução da dor, onde a Escala pedro foi utilizada para determinar a qualidade metodológica dos estudos. Cinco estudos analisavam o efeito do fortalecimento da musculatura estabilizadora associado a alongamento e outras formas de tratamento. Todos os estudos observaram redução da dor e melhora da função após o fortalecimento associado ao alongamento. A ADM e a força parecem melhorar após o fortalecimento associado ao alongamento. Peres (2006) em seu estudo para observar a resposta do quadro álgico em membro superior Hemiparético decorrente do AVE, após a técnica de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP), além de observar a Amplitude de movimento (ADM), Força Muscular e AVD´s. Fizeram parte do estudo três pacientes, sendo dois do sexo feminino e um do masculino, com idade entre 62 e 69 anos, ao total foram realizadas 25 sessões. A reavaliação foi realizada igualmente a avaliação. Na reavaliação houve abrandamento do quadro álgico, aumento da ADM, aumento da força muscular e melhora das AVD´s. Ainda de acordo com Peres (2006), as técnicas de facilitação são somente uma parte de todo o programa de tratamento que acredita-se incluir a prática de habilidades funcionais. As técnicas de facilitação devem ser incorporadas dentro de padrões funcionais e atividades para o paciente, sendo de responsabilidade do terapeuta ser 8 criativo fundindo técnicas de facilitação com significância e proporcionar movimentos funcionais para o paciente. Faraco (2006) realizou um estudo de caso com o objetivo de avaliar os efeitos do FNP em um paciente com diagnóstico de síndrome do impacto do ombro. Foram mensurados a ADM, o nível de dor e atividades de vida diária (AVD`s). Os resultados encontrados foram: o aumento da amplitude articular de movimento de flexão, extensão, abdução e adução do ombro, a suspensão de medicamentos analgésicos e melhora da qualidade do sono. Silva e Gester (2009) investigou a eficácia de um protocolo de tratamento fisioterapêutico com base no conceito de facilitação neuromuscular proprioceptiva, para a prevenção da dor, da disfunção do ombro e independência para as atividades de vida diária em pacientes hemiplégicos/paréticos por acidente vascular encefálico na fase aguda, o estudo trata-se de uma intervenção longitudinal prospectiva, a amostra constou de 10 pacientes acometidos por acidente vascular encefálico na fase aguda, de ambos os sexos, na faixa etária de 33 a 59 anos. Como instrumentos de avaliação foram utilizados a escala visual analógica, o índice de Barthel e a escala de Fugl-Meyer, em 12 sessões. O protocolo de tratamento fisioterapêutico parece ser eficaz na população investigada, uma vez que os pacientes evoluíram sem dor, com melhora na porcentagem de recuperação motora, com ênfase na função do membro superior e melhora na independência para as atividades de vida diária. Existem outras formas de gerar um maior recrutamento neural do encéfalo, o conceito FNP tem como base a teoria que um impulso descendente ou um impulso aferente de origem dos receptores periféricos, no músculo provoca uma salva de impulsos que resulta na descarga de um número limitado de neurônios motores específicos, além da descarga em neurônios motores adjacentes, gerando o efeito facilitador. O efeito inibidor se dá pela condução desse impulso para o mais longo da área motora facilitada, ou seja, é possível fazer uso da facilitação para fortalecer os extensores do cotovelo e ao mesmo tempo inibir a espasticidade dos flexores (PRENTICE E VOIGHT, 2003). Horn et al (2003), estudou 21 pacientes (12 homens, 9 mulheres; idades 26 a 87 anos) com hemiplegia/paresia. O tratamento fisioterapêutico consistiu de 30 minutos diários de cinesioterapia, desde as 48 horas após o AVE até a alta hospitalar. Os pacientes foram avaliados antes e após o tratamento em relação à presença ou ausência de dor no ombro, à força dos diversos grupos musculares do ombro e quanto aos movimentos funcionais de transferência e manutenção postural básica. Nenhum paciente apresentava dor no ombro na alta. A força muscular aumentou significativamente em relação à elevação, protusão, abdução e flexão do ombro. Houve melhora dos movimentos funcionais: decúbito dorsal para lateral, decúbito lateral para sentado e manter-se sentado. Ainda de acordo com Horn et al (2003), durante o período de internação, a cinesioterapia contribui para a prevenção de dor no ombro hemiplégico e favorece a recuperação motora dos pacientes. Com correta manipulação, a manutenção de amplitude de movimento nesta articulação é essencial para a prevenção do mau alinhamento do ombro. Salles et al (2012), em seu estudo relatou o uso do kinesio tape (KT) e da facilitação neuromuscular proprioceptiva (FNP) no ombro hemiparético recente (2 meses). O tratamento com KT aconteceu em 5 semanas totalizando 8 sessões. A avaliação neurofuncional, utilizando uma escala de medida de independência funcional e as medidas finais de amplitude de movimento aconteceram na 9ª sessão antes do tratamento. Os resultados demonstraram um aumento no ganho do controle motor e de 9 mobilidade no uso funcional do membro superior afetado promovendo qualidade no movimento e independência nas atividades de vida diária. Corrêa et al. (2009) realizaram um estudo com 3 pacientes com subluxação no ombro após AVE, em que foram submetidos ao tratamento fisioterapêutico convencional e a eletroestimulação funcional durante 10 sessões. Nesse estudo o tratamento mostrou-se eficaz em reduzir a subluxação, melhora da função do membro superior e redução do quadro álgico. A estimulação elétrica funcional tem importante ação terapêutica, por promover um melhor alinhamento articular, com menos adução e rotação interna, prevenindo contraturas musculares. Além disso, a estimulação da contração muscular, facilitando a recuperação motora do membro envolvido, diminuindo a espasticidade (KLOTZ et al, 2006). Valente et al (2006), teve como objetivo em seu estudo, avaliar se a fisioterapia em ambiente hospitalar melhora a função do membro superior acometido em pacientes após acidente vascular encefálico, e os objetivos secundários foram avaliar a força muscular e a sensibilidade deste membro. Participaram do estudo 8 pacientes com diagnóstico de AVE isquêmico, estes receberam fisioterapia padronizada durante o período de internação, duas vezes por dia. Todos foram avaliados através das escalas de FuglMeyer modificada e de força muscular do Medical Research Council em dois momentos: antes e após o tratamento fisioterapêutico, a fim de obter dados comparativos de forma quantitativa em relação à função motora e sensibilidade, e força muscular do membro superior respectivamente. Seis pacientes apresentaram melhora da força muscular e da função do MS, e cinco dos sete pacientes que apresentavam alteração da sensibilidade, apresentaram melhora após o tratamento fisioterápico. Cacho, Melo e Oliveira (2004), em seu estudo, teve como objetivo avaliar e estabelecer o acompanhamento motor de pacientes hemiplégicos através do Protocolo de Desempenho Físico de Fulg-Meyer. A amostra foi constituída de 10 indivíduos, com idade entre 40 e 80 anos, de ambos os sexos. O tratamento durou 6 meses, 3 vezes por semana, passavam por uma avaliação inicial que era repetida respectivamente em 30, 60, 105 e 150 dias da primeira. Os dados demonstraram limitação de amplitude articular a partir da segunda avaliação, sempre em decorrência da presença de dor. Em 30% o déficit sensitivo da primeira avaliação, desapareceu na segunda avaliação. As recuperações motoras das extremidades superior e inferior foram superior a 50% e 70% respectivamente, ao final do período de acompanhamento. O protocolo demonstrou ser capaz de avaliar e mensurar o comprometimento motor de paciente hemiplégico, apresentando-se eficaz na coleta, no acompanhamento e na compreensão dos dados da evolução. Conclusão O estudo busca esclarecer técnicas para o tratamento de ombro doloroso por ser uma das complicações mais frequentes logo após o acidente vascular encefálico, buscou-se de forma literária os resultados obtidos com diversas técnicas da Fisioterapia, como FNP, Cinesioterapia, Eletroestimulação Funcional, hospitalar, Kinesio Taping. As técnicas fisioterapêuticas utilizadas no tratamento do ombro doloroso contribuem na prevenção e redução da dor, simetria postural, aumento da amplitude de movimento, reduz subluxação, melhora da sensibilidade e ganho do controle motor, contribuindo assim, para a qualidade de vida desse paciente. Para o paciente com dor no ombro pós AVE, recuperar a integridade do membro superior é um fator decisivo, pois a funcionalidade dos membros superiores confere ao indivíduo o caráter de independência. 10 Além disso, sugere-se a continuação deste estudo a fim de aumentar o número de pesquisa cientificas e gerar resultados mais conclusivos. Referências Bibliográficas BORGES et al; Tratamento fisioterapêutico do ombro doloroso de pacientes hemiplégicos por acidente vascular encefálico - Revisão da Literatura; ACTA FISIATR v. 13, n. 1, p. 12-16, 2006. CACHO, Enio W. Azevedo; MELO, Francisco R. L. Vieira; OLIVEIRA, Roberta. 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