Rede de Cidadania e Saúde
JUNDIAÍ (SP)
Módulo 1
Saúde e Sociedade
Fonte: EGGMJ/ Divulgação
Projeto Rede de Cidadania e Saúde
Módulo 1 - Saúde e Sociedade
Processo saúde-doença, determinantes sociais
da saúde.
Projeto
Projeto Rede
Rede de
de Cidadania
Cidadania ee Saúde
Saúde
Módulo 2 – Sistema Único de Saúde
Histórico e desenvolvimento do SUS.
Princípios, diretrizes e base jurídico-legal.
Controle Social e Gestão Participativa.
Projeto Rede de Cidadania e Saúde
Módulo 3 – Gestão
Gestão.
Modelo de Atenção.
Redes de Atenção à Saúde.
Pacto pela Saúde.
Projeto Rede de Cidadania e Saúde
Módulo 4 – Financiamento
Planejamento e monitoramento em saúde.
Blocos de Financiamento do SUS e Lei
Complementar 41/2012.
Processo Saúde-Doença
Modelo Mágico-Religioso ou
Xamanístico
A visão mágico-religiosa sobre a saúde e a doença e
sobre como cuidar era a predominante na
Antiguidade. Os povos da época concebiam as
causas das doenças como derivadas tanto de
elementos naturais como de espíritos sobrenaturais.
As relações com o mundo natural se baseavam em
uma cosmologia que envolvia deuses e espíritos
bons e maus, e a religião, nesse caso, era o ponto de
partida para a compreensão do mundo e de como
organizar o cuidado.
Modelo Holístico
As medicinas hindu e chinesa, também na Antiguidade,
traziam uma nova forma de compreensão da
doença. A noção de equilíbrio é que vai dar origem à
medicina holística.
Esta noção associa a ideia de “proporção justa ou
adequada” com a saúde e a doença. A saúde era
entendida como o equilíbrio entre os elementos e
humores que compõem o organismo humano. Um
desequilíbrio desses elementos permitiria o
aparecimento da doença.
Modelo Empírico-Racional
(Hipocrático)
Hipócrates (século VI a.C.) estabeleceu a relação
homem/meio com o desenvolvimento de sua Teoria
dos Humores, teoria a qual defendia que os
elementos água, terra, fogo e ar estavam
subjacentes à explicação sobre a saúde e a doença
(Herzlich, 2004).
Saúde, na concepção hipocrática, é fruto do equilíbrio
dos humores; a doença é resultante do desequilíbrio
deles, e o cuidado depende de uma compreensão
desses desequilíbrios para buscar atingir o equilíbrio.
Modelo da Medicina Científica
Ocidental (biomédico)
O conceito biomédico da doença é definido como
desajuste ou falha nos mecanismos de adaptação do
organismo ou ausência de reação aos estímulos a
cuja ação está exposto [...], processo que conduz a
uma perturbação da estrutura ou da função de um
órgão, de um sistema ou de todo o organismo ou de
suas funções vitais (Jenicek; Cléroux, 1982 apud
Herzlich, 2004).
Modelo da Medicina Científica
Ocidental (biomédico)
Foi no Renascimento que a explicação para as
doenças começou a ser relacionada às situações
ambientais; a causa das doenças passava a estar
num fator externo ao organismo, e o homem era o
receptáculo da doença.
Destas elaborações teóricas sobre o contágio firmouse a teoria dos miasmas, que foi a primeira proposta
de explicação, dentro dos parâmetros da ciência, da
associação entre o surgimento de epidemias e as
condições do ambiente.
Modelo da Medicina Científica
Ocidental (biomédico)
Os miasmas seriam gases decorrentes da putrefação
da matéria orgânica que produziam doenças quando
absorvidos pelos seres vivos.
Com a descoberta dos microrganismos (teoria
microbiana) como causa das doenças, a teoria dos
miasmas perdeu força explicativa e abriu espaço
para a primeira revolução sanitária, com o início das
pesquisas sobre as relações entre organização social,
pobreza e frequência de doenças.
Modelo da Medicina Científica
Ocidental (biomédico)
A intervenção de cuidado é baseada numa visão
reducionista e mecanicista, em que o médico
especialista é o mecânico que tratará da parte do
corpo-máquina defeituosa ou do ambiente para o
controle das possíveis causas de epidemias.
O cuidado, na concepção biomédica, está focado,
segundo Foucault (1979), no controle do espaço
social, no controle dos corpos.
Modelo Sistêmico
Segundo essa concepção, a estrutura geral de um
problema de saúde é entendida de forma
sistêmica, onde há a existência de um equilíbrio
dinâmico. Ou seja, cada vez que um dos seus
componentes sofre alguma alteração, esta
repercute e atinge as demais partes, num
processo em que o sistema busca novo
equilíbrio.
Modelo da História Natural das
Doenças (modelo processual)
A busca por explicações causais do processo saúde-doença
resultou na configuração da História Natural das
Doenças (HND), conhecido como modelo processual dos
fenômenos patológicos.
A história natural da doença é definida como o conjunto de
processos interativos que cria o estímulo patológico no
meio ambiente ou em qualquer outro lugar, passando da
resposta do homem ao estímulo, até as alterações que
levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte
(Leavell; Clark, 1976 apud Almeida Filho; Rouquayrol,
2002).
Modelo da História Natural das
Doenças (modelo processual)
O modelo da HND visa ao acompanhamento do processo
saúde-doença em sua regularidade, compreendendo as
inter-relações do agente causador da doença, do
hospedeiro da doença e do meio ambiente e o processo
de desenvolvimento de uma doença.
O sistema de história natural das doenças apresenta uma
dimensão basicamente qualitativa de todo o ciclo,
dividindo em dois momentos sequenciais o
desenvolvimento do processo saúde-doença: o prépatogênico e o patogênico.
Modelo da História Natural das
Doenças (modelo processual)
O pré-patogênico: diz respeito à interação entre os
fatores do agente, do hospedeiro e do meio
ambiente (este permite ações de promoção da saúde
e a proteção específica).
O patogênico: corresponde ao momento quando o
homem interage com um estímulo externo,
apresenta sinais e sintomas e submete-se a um
tratamento (este envolve a prevenção secundária e a
prevenção terciária).
Conceitos Saúde - Reflexões
Organização Mundial de Saúde (OMS)/1948
“Saúde é o estado de completo bem-estar
físico, mental e social e não apenas a ausência
de doença.”
• Conceito “idealizado” de Saúde
• Saúde não é um estado estável
Conceitos Saúde - Reflexões
Saúde compreendida como
ausência de doença.
Christopher Boorse (1977)
Conceitos Saúde - Reflexões
Como criar uma política de saúde pública sem critérios
sociais, sem juízos de valor?
Nossa Constituição Federal de 1988, artigo 196, evita
discutir o conceito de saúde, mas diz que:
Conceitos Saúde - Reflexões
Constituição Federal de 1988
Seção II – Da Saúde
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem a redução do risco e
de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.
Conceitos Saúde - Reflexões
Lei Nº 8.080, de 19 de setembro de 1990
Lei Orgânica da Saúde
Art. 3º A saúde tem como fatores determinantes e
condicionantes, entre outros, a alimentação, a
moradia, o saneamento básico, o meio ambiente,
o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o
lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais; os
níveis de saúde da população expressam a
organização social e econômica do País.
Conceitos Saúde - Reflexões
Característica
“O que caracteriza a saúde é a possibilidade de ultrapassar a
norma que define o normal momentâneo, a possibilidade de
tolerar infrações à norma habitual e de instituir normas
novas em situações novas.”
Boa saúde
“Ser sadio significa não apenas ser normal numa situação
determinada, mas ser, também, normativo, nessa situação e
em outras situações eventuais.”
“Estar em boa saúde é poder cair doente e se recuperar; é um
luxo biológico.”
Fonte: “O Normal e o
Patológico”
Georges Canguilhem (1982)
Conceitos Saúde - Reflexões
Segurança e Seguros
“A saúde é um conjunto de segurança e seguros (o que os
alemães chamam de Sicherungen), seguranças no
presente e seguros para prevenir o futuro.”
“Assim, como há um seguro psicológico que não
representa presunção, há um seguro biológico que não
representa excesso, e que é saúde.”
“A vida está, habitualmente, aquém de suas
possibilidades, porém, se necessário, mostra-se superior
à sua capacidade presumida.”
Fonte: “O Normal e o
Patológico”
Georges Canguilhem (1982)
Filme Ilha das Flores
Filme de 1989
Ilha das Flores é um filme de curta-metragem brasileiro, do
gênero documentário, escrito e dirigido pelo cineasta Jorge
Furtado em 1989, com produção da Casa de Cinema de Porto
Alegre.
Data de lançamento: 1989 (Brasil)
Direção: Jorge Furtado
Roteiro: Jorge Furtado
Autora: Cecília Meireles
Música composta por: Geraldo Flach
Elenco: Paulo José, Júlia Barth, Ciça Reckziegel, Takehiro Suzuki
Determinação Social da Saúde
Modelo de determinação social da saúde proposto por Dahlgren e Whitehead (1991)
Determinantes Sociais de Saúde
Determinantes sociais de saúde (DSS) são as
condições sociais em que as pessoas vivem e
trabalham ou "as características sociais dentro das
quais a vida transcorre” (Tarlov,1996).
Determinantes Sociais e Promoção da
Saúde
Podem ter um efeito na saúde positivo (fomento,
promoção da saúde e da qualidade de vida) ou negativo
(riscos, doenças e agravos).
Substituição da abordagem comportamental por
abordagem ampla dos problemas de saúde: ação sobre
determinantes, caráter coletivo, políticas públicas,
capacidade dos indivíduos e de comunidades;
Estratégias combinadas: individuais, ambientais, políticas.
Estratégias de Promoção da
Saúde
1. Plano das políticas e serviços de saúde.
2. Plano do conjunto
(saudáveis).
das
políticas
públicas
3. Plano das políticas de desenvolvimento (local,
regional, nacional).
Prevenção de Doenças
Impedir o adoecimento.
Seu foco é a doença e os mecanismos para atacá-la.
Para a prevenção evitar a doença é um objetivo
suficiente.
Promoção e Prevenção da Saúde
Educação Física
Acepção
Prevenção
Promoção
Preparar; chegar antes de; dispor de maneira
que evite (dano, mal); impedir que se realize.
Dar impulso a; fomentar; originar; gerar.
Intervenções orientadas para evitar o
surgimento de doenças específicas, reduzindo
sua incidência e prevalência nas populações.
Não se dirigem a uma determinada doença
ou desordem, mas servem para aumentar a
saúde e o bem-estar gerais.
O conhecimento epidemiológico moderno.
Concepção ampliada do processo-saúde
doença e de seus determinantes.
Objetivos
O controle da transmissão de doenças
infecciosas e a redução dos riscos de doenças
degenerativas ou outros agravos específicos
Propõe a articulação de saberes técnicos e
populares e a mobilização de recursos
institucionais e comunitários, públicos e
privados para seu enfrentamento e
resolução.
Estratégias
Os projetos de prevenção e de educação em
prevenção, se realizam mediante a
divulgação de informação científica e de
recomendações normativas de mudanças
de hábitos.
Enfatizam a transformação das condições
de vida e de trabalho que conformam a
estrutura subjacente aos problemas de
saúde; abordagem intersetorial.
Ação em Saúde
Base do
discurso
(Buss, 2003 apud Buss, 2000; Ferreira, 1986 apud Czeresnia, 2003; Leavell & Clarck, 1976
Czeresnia, 2003; Terris, 1990 apud Czeresnia, 2003)
Promoção e Prevenção
CATEGORIAS
PROMOÇÃO DA SAÚDE
PREVENÇÃO DE DOENÇAS
CONCEITO DE
SAÚDE
Positivo e multidimensional
Ausência de doenças
MODELO DE
INTERVENÇÃO
Participativo
Médico
ALVO
Toda a população, no seu
ambiente total
Principalmente os grupos de alto
risco
INCUMBÊNCIA
Rede de temas da saúde
Patologia específica
ESTRATÉGIAS
Diversas e complementares
Geralmente única
ABORDAGENS
Facilitação e capacitação
Direcionadas e persuasivas
DIRECIONAMENTO Oferecidas à população
DAS MEDIDAS
Impostas a grupos-alvo
OBJETIVOS DOS
PROGRAMAS
Mudanças na situação dos
indivíduos e de seu ambiente
Focam principalmente em
indivíduos e grupos de pessoas
EXECUTORES
DOS PROGRAMAS
Organizações não-profissionais
Profissionais de saúde
Adaptado de Statchtchenko & Jenicek (1990).
Vulnerabilidade
Movimento de considerar a chance de exposição das
pessoas ao adoecimento como resultante de um
conjunto de aspectos não apenas individuais, mas
também coletivos, contextuais que acarretam maior
suscetibilidade à infecção e ao adoecimento e, de
modo inseparável maior ou menor disponibilidade
de recursos de todas as ordens para se proteger de
ambos.
AYRES, J. R. de C. M./2003
Vulnerabilidade
A análise da vulnerabilidade envolve a avaliação
articulada de três eixos interligados:
1. Componente individual.
2. Componente social
3. Componente programático.
AYRES, J. R. de C. M./2003
Vulnerabilidade e Risco
Se o risco busca expressar as “chances matemáticas”
de adoecimento de um “indivíduo qualquer”, desde
que portador de um certo traço identitário
específico, a vulnerabilidade que expressar os
“potenciais” de adoecimento/não adoecimento
relacionados a “todo e cada individuo” que vive em
um certo conjunto de condições.
AYRES, J. R. de C. M./2003
Vulnerabilidade e Risco
Diferentes alvos e resultados das estratégias grupo de
risco, comportamento de risco e vulnerabilidade:
Conceito
Problema-alvo
Resultado esperado
Grupo de risco
Contato entre infectado e
suscetível
Barreira à transmissão.
Comportamento de
risco
Exposição ao vírus
Práticas seguras
Vulnerabilidade
Suscetibilidades
populacionais
Resposta social
AYRES, J. R. de C. M./2003
Vulnerabilidade e Risco
Interesses e limites das três modalidades:
Conceito
Interesse
Dificuldade
Grupo de risco
Capacidade de
particularização
tecnicamente
operacional
Estigma; discriminação
Universalização do
compromisso com a
prevenção.
Intervenções
inespecíficas
Comportamento de
risco
Vulnerabilidade
Universalidade do
compromisso com
particularização
operacional
Negligência.
Culpabilização
individual.
Vitimização; tutela
Ampliação paralisante
AYRES, J. R. de C. M./2003
Vulnerabilidade e Risco
Estratégias de redução de risco e redução da vulnerabilidade:
Alvo
Indivíduos expostos
Populações suscetíveis
Finalidade
Alterar
Capacitar
Meios
Informação
Mobilização
Processo educativo
Modelador
Construtivista
Base institucional
Saúde
Intersetorial
Agentes privilegiados
Técnicos
Pares
Resultado esperado
Mudança
comportamento
de Transformação
de
contextos
de
intersubjetividade
AYRES, J. R. de C. M./2003
Políticas de Saúde para Populações
Específicas
Política Nacional de Saúde Integral Lésbicas, Gays,
Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT)
Politica Nacional De Saúde Integral Da População Negra
- PNSIPN
Política Nacional de Saúde Integral das Populações do
Campo e da Floresta
Saúde da População em Situação de Rua
Desafios e possibilidades...
O Cuidado em Saúde
Envolve a criação de uma relação, de um
vínculo
entre o usuário e o trabalhador,
que apenas a realização
diagnósticos e terapêuticos.
de
mais do
procedimentos
O trabalho em saúde é um trabalho relacional, já
que ele está baseado na relação com o outro: é
imprevisível,
com o usuário.
tudo dependerá do
encontro
O Encontro Trabalhador-Usuário
O trabalhador coloca-se do lugar de quem vai cuidar:
possui um conjunto de saberes e técnicas, com a
promessa de que irá resolver o problema do outro.
O usuário coloca-se no lugar do objeto da ação do outr
o porém supõe que isso vai dar conta de sua
demanda.
Então, de que produção de saúde
falamos?
Saúde não como ausência de doença, mas
como a possibilidade de inventar modos de
vida conforme as dificuldades e mudanças pelas quais
passamos.
O cuidado em saúde é estar junto com o
usuário na invenção desses modos de vida,
e
não
apenas
a
intervenções/recomendações.
produção
de
A Potencia dos Encontros em Saúde
A vida não é o que se passa apenas em cada um de
nós, mas principalmente o que se passa
entre nós, nos vínculos
construímos mutuamente.
que
É no dia-a-dia que experimentamos e inventamos
formas de viver!
“(...) a invenção é potência do homem comum.
Todos inventam na densidade social da cidade,
na conversa, nos costumes, no lazer – novos
desejos e novas crenças, novas associações e
novas formas de cooperação. Assim pode ser na
saúde e na produção do cuidado, trabalhadas
como território de produção de encontros e de
mútuas afetações na defesa da vida.”
Educação Permanente em Saúde: educação, saúde, gestão e produção do cuidado
Emerson Elias Merhy/Laura Camargo Macruz Feuerwerker
“...a forma como se organiza produção da vida em
sociedade determina diferentes formas de viver,
adoecer e morrer, para os diferentes grupos sociais”
Albuquerque
"Ou os estudantes se identificam com o destino
do seu povo, com ele sofrendo a mesma luta,
ou se dissociam do seu povo, e nesse caso,
serão aliados daqueles que exploram o povo."
Florestan Fernandes
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SAMAJA, J. A Reprodução Social e a Saúde: elementos teóricos e metodológicos
sobre a questão das “relações” entre saúde e condições de vida. Salvador: Casa da
Qualidade Editora, 2000.
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Módulo 1 - Escola de Governo e Gestão do Município de Jundiaí