Geração Graças
Peça: Todos juntos somos fortes
Autora: Tell Aragão
Personagens:
- Dudu – é solitário
- Clarinha – é doce
- Nando – é ansioso
- Avó – é sábia
- Guardiã da Floresta (é a mesma figura da avó, só que com outra roupa)
- Participação especial: Chapolim Colorado (pode adaptado para qualquer personagem
infantil)
1º ATO
Cenário: sala de uma casa
CENA 1
Clarinha está no palco, ouvindo uma música (no fone) e cantando bem alto (e bem
desafinado): “todos juntos somos fortes, somos flecha e somos arco, todos nós no mesmo
barco, não há nada a temer, ao meu lado há um amigo que é preciso proteger...
Nando entra no palco, ansioso e agoniado
Nando: Clarinha, clarinha (fazendo gestos pra ela – tem que ser bem caricato, engraçado)
Clarinha ainda não percebeu a chegada dele e continua a cantoria: “todos juntos somos fortes,
não há nada a temer... todos juntos somos fortes, somos flecha e somos arco...”
Nando: clarinha, clarinha...
A garota ainda não percebe
Nando tira o fone do ouvido dela e grita:
Nando: CLARINHA!!!!!!!!!
Clarinha: aiiiiiiiiii, Nando! Que susto...
Nando: ele já chegou?
Clarinha: quem?
Nando: como quem, Clarinha? Quem é que vai chegar hoje? (dãaaaaaaa)
Clarinha: ah... nosso primo... Dudu
Nando: exatamente... chegou? Chegou, chegou, chegou?
Clarinha: não, não chegou ainda.
Nando: ai, que demora
Clarinha: calma, Nando. Da cidade até aqui a fazenda é uma viagem demorada
Nando: mas, ele já saiu de lá desde às 7 horas...
Clarinha (olhando pro relógio): mas, Nando, agora são apenas 7h05
Nando: então, já faz 5 minutos que eu estou esperando... (de vez em quando olha pela janela
imaginária pra ver se o primo já chegou)
Clarinha: eu não sei pra que você quer tanto que o Dudu chegue
Nando: como pra que? Pra gente fazer um bocado de coisa JUNTO! Quer dizer, mais ou menos
junto, né...
Clarinha: pois é... Você sabe que o Dudu não gosta de fazer coisa alguma com ninguém... Você
não lembra quando ele veio passar as férias aqui no ano passado?
Nando: é... (meio decepcionado)... Ele é meio assim (sem querer falar mal do primo): acha que
pode fazer tudo sozinho... Mas, (animado) a nossa missão esse ano é essa: mostrar pro Dudu
como é bom estar junto...
Clarinha: bom, tomara que a gente consiga
Nando: ai, mas tá demorando... Eu não consigo esperar...
Clarinha: e por que você não arruma alguma coisa pra fazer pra passar o tempo?
Nando: mas, eu não já to fazendo, conversando com você? Aliás, quanto tempo já passou?
Clarinha: 5 minutos...
Nando: sóoooooooo? Eu já conversei, conversei, conversei, conversei e até agora só passaram
5 minutos? Esse seu relógio deve estar quebrado...
Clarinha (rindo): Nando, você precisa arranjar outra coisa pra fazer pra matar o tempo...
Nando: tá bom...
Clarinha coloca o fone de ouvido de novo e começa a dançar e cantar... Enquanto isso, Nando
fica andando de um lado para o outro... Anda um bocado até que Clarinha percebe
Clarinha: ô Nando, que é que você tá fazendo?
Nando: você não disse pra eu fazer alguma coisa, pra passar o tempo?
Clarinha: e?
Nando: e eu estou fazendo, ora!!! Tô andando de um lado pra o outro...
Clarinha: não, Nando... Assim você só vai ficar mais ansioso... Vamos fazer o seguinte? Vamos
lá no quintal brincar? Assim o tempo passa mais rápido e quando você menos perceber, o
Dudu vai tá aqui
Nando: ótima ideia Clarinha... Vamos brincar de que?
Clarinha: ah, não sei, vamos pensar em algo...
Os dois vão saindo e conversando
Nando: e se a gente brincasse de contar o tempo?
Clarinha : Nando!!! (recriminando o irmão)
Nando: tá bom, tá bom, irmãzinha, eu tava só brincando...
E os dois saem de cena
CENA 2
Dudu entra na sala com uma mochila (ou bolsa, ou mala) e já entra reclamando
Dudu: de novo nessa casa... eu não sei porque eu tenho que vir pra cá todo ano passar as
férias... a única coisa boa aqui é a minha vó... mas, ela bem que podia ir pra minha casa... lá é
muito mais interessante... tem internet, tem Nitendo wii, tem Sky, piscina... na minha cidade
tem cinema, tem shopping, Mcdonalds... e aqui? O que tem?... rio, fruteiras, plantas, flores,
bichos... mosquitos (dá uma tapa no braço matando um mosquito)... tá, tudo bem... tem meus
primos também, mas os dois, principalmente o Nando, têm uma mania de querer fazer tudo
junto... de querer ajudar, de pedir ajuda... uma história de que “a gente deve amar as pessoas
como elas são” (imitando a voz de clarinha)... ou então, aquela história de “a gente precisa um
do outro, relacionamento é muito importante” (imitando a voz de Nando)... que maravilha
(fala com ironia)
Clarinha e Nando entram em cena, super empolgados com a chegada do primo
Clarinha e Nando: Duduuuuuuuuuuuuuuu!!!
(os dois cercam Dudu e quase o sufocam... clarinha dá muitos beijos e abraços nele e Nando
não pára de falar, pega a bolsa dele, enquanto Dudu fica tentando resgatar sua bolsa e se livrar
da doçura exagerada da prima)
Clarinha: Dudu, que bom que você chegou... o Nando tava numa ansiedade só... aliás, todos
nós aqui estávamos com saudade de você
Dudu: (se desvencilhando dos primos): ah, que bom...
Nando: é primo, nós sentimos muitas saudades suas... já faz um ano que você esteve aqui.
Dudu: nem me lembre (meio abusado e irônico)
Nando: então, veio preparado?
Dudu (abusado e assustado): preparado pra que?
Nando: pra todas as coisas que vamos fazer... vai ser uma aventura... e o que é melhor:
JUNTOS!!!
Dudu (olhando pra platéia): não disse??? Mal cheguei e essa história de “junto” já começou
Clarinha: (dizendo para o público): oh, oh, acho que é agora que o bicho vai pegar... êr, gente,
gente, eu vou avisar a vovó que o Dudu chegou... (e sai de cena)
Dudu: peraí, peraí, peraí, Nando... como assim, junto? Você ainda está com essa mania? Você
sabe que eu gosto de fazer as coisas sozinho... Eu não preciso de ninguém...
Nando: mas, primo, nem pra brincar?
Dudu: nem pra brincar... eu trouxe os meus games (e mostra um game)... assim, não tenho
que agüentar as chatices, as manias dos outros, não brigo com ninguém, ninguém briga
comigo... também não preciso ficar agradando ninguém... não me leve a mal, mas eu me viro
melhor sozinho
Nando: mas, tenho certeza de que você vai mudar de ideia aqui...
Dudu: (irônico, apavorado): claro, claro
Clarinha entra com a avó
Avó: Dudu, você chegou!!
Dudu: oi Vó (abraça a avó)
Avó: que saudade de você... os meninos estavam na maior expectativa... o Nando, então, num
pé e noutro com a sua chegada... e agora que você tá aqui, tenho certeza de que vocês vão se
divertir muito juntos
Dudu: (dizendo para a platéia): misericórdia, até minha avó com essa história de junto?
Avó: vou guardar sua bolsa... e preparar um almoço delicioso... agora, vão brincar...
Clarinha, Nando e Dudu: tá, vó!
Dudu puxa o game dele pra jogar, mas Nando o puxa e puxa Clarinha...
Nando: vamos, Clarinha, vamos mostrar pro Dudu como é bom se divertir e fazer as coisas
juntos...
E os dois puxam Dudu, saindo de cena...
Dudu (pra platéia): socorrooooooooooo
A Avó volta e fala pra platéia (é como se nessa hora ela fosse uma narradora)
Avó: (rindo): bom, vocês já viram que não vai ser uma tarefa fácil, né? O Dudu detesta essa
coisa de “estar junto”... e o Nando adora... ele e a Clarinha combinaram de tentar mudar o
Dudu, de mostrar a ele o quanto é bom e importante estar junto... mostrar que cada um tem
seu jeito, suas qualidades, seus defeitos, mostrar que a gente precisa um do outro... será que
eles vão conseguir? Como será que o Dudu vai reagir? Isso a gente só vai descobrir nos
próximos capítulos...
2º ATO
CENA 1
Cenário: sala de uma casa
A avó está no palco (no mesmo lugar do dia anterior, quando ela encerrou o capítulo)
Avó: Olá crianças... Vamos continuar nossa história? Não sei se vocês lembram, mas ontem o
Dudu (meu neto) chegou aqui em casa. Ele veio lá da cidade dele pra passar uns dias de férias,
como ele faz todos os anos. Sabe, o Dudu é filho único, ele não tem irmãos. E desde pequeno
ele aprendeu a fazer tudo sozinho... eu não sei se foi por isso ou se é só o jeito dele, mas o fato
é que o Dudu não gosta muito de pedir ajuda (nem de receber ajuda)... ele acha que não
precisa, que pode fazer tudo sozinho... Mas, eu desconfio que isso vai mudar por aqui...
A avó anda um pouco e vai até à janela imaginária
Avó: eita, os meninos já estão voltando do quintal... devem estar com fome... vou apressar o
almoço.
Clarinha e Nando entram correndo na sala, animados... Dudu vem mais atrás, andando, meio
entediado e cansado...
Clarinha: nossa, que cheiro bom... a comida deve estar quase pronta...
Nando: eu estou morrendo de fome... vou ver se o almoço saiu.
Nando sai da sala
Clarinha: (se virando para o primo): então, Dudu, tá gostando desse tempo aqui com a gente?
Dudu: é... legal!
Clarinha: é muito bom ter você aqui com a gente, é bom a gente fazer as coisas juntos..
Dudu: (meio desinteressado): hã, hã
Dudu tira o game do bolso
Clarinha: o que é isso?
Dudu: é um game, um jogo que meu pai me deu
Clarinha: que legal... (se aproximando) será que eu posso jogar com você?
Dudu: jogar comigo?
Clarinha: é
Dudu: não vai dar... esse jogo é pra jogar sozinho
Clarinha: sozinho?
Dudu: hum, hum
Clarinha: então, qual é a graça?
Nando entra na sala...
Nando: o almoço ainda vai demorar um pouquinho. A vovó disse que se atrasou porque tava
explicando umas coisas para as crianças de um acampamento chamado Moriah... eu, confesso
que não entendi nada
Clarinha: bom, se ainda vai demorar um pouquinho, vamos lá fora brincar mais?
Nando: ótima ideia. Vamos, Dudu?
Dudu: ah, não... vão vocês. Eu preciso fazer uma tarefa que eu ainda estou devendo na escola
Clarinha: poxa, mesmo de férias?
Dudu: é...
Nando: e que tarefa é essa?
Dudu: de matemática
Nando: ah, a Clarinha pode te ajudar, ela é ótima em matemática, né Clara?
Clarinha: claro, claro... dois mais dois, 4... 4 X 4= 16... 16 X 3 = 48... 48 ao quadrado...
Dudu: (interrompendo as contas de clara) ok, ok, entendi, você é realmente boa em
matemática... mas, não preciso de ajuda... eu posso me virar, posso fazer sozinho...
Clarinha: tá bom... mas, se precisar, é só chamar... Nando, vamos brincar, então?
Nando: vamos. Tchau, Dudu. Até daqui a pouco. Se precisar de ajuda, é só chamar.
Clarinha e Nando saem da sala. Dudu fica sozinho e tira da mochila um caderno e um lápis e se
senta no chão pra tentar fazer o exercício e fala sozinho
Dudu: imagina se eu vou precisar de ajuda... eu sempre consigo me virar sozinho... eu não
preciso de ninguém...
Toca música de fundo
Dudu vai escrevendo no caderno e rasgando e amassando folhas (cada vez que não consegue
acertar os exercícios)... ao lado dele vão se acumulando papéis amassados... Dudu vai
cansando... a música fica baixinha
Dudu: nossa, eu não estou conseguindo fazer... será que eu deveria ter aceitado a ajuda da
Clarinha? Não, não, não... se ela pode fazer, eu também posso...
Dudu rasga mais algumas folhas...
Dudu: ai, desse jeito eu vou gastar o caderno todo...
Dudu se deita e começa a bocejar
Dudu: ai, tá me dando um sono... acho que vou dar um cochilinho aqui e depois eu faço esse
exercício...
Dudu pega no sono...
O cenário muda (podem entrar pessoas e mudar mesmo... deixa com cara de uma floresta)
CENA 2
Dudu acorda e o cenário tá todo mudado. Ele esfrega os olhos e começa a olhar tudo ao redor,
sem entender nada. Se belisca pra ver se tá sonhando.
Dudu: ué, onde é que eu estou? Que lugar é esse??? Parece uma floresta...mas, eu tava
dormindo na sala da casa da vovó? Aliás, cadê a minha vó? Cadê a casa??
Dudu começa a gritar chamando pela avó
Dudu: vóoooooooooo, vóooooooooooo, ô vóooooooooooo
Dudu: e cadê meus primos? Clarinhaaaaaaaaaaaaaa, Nandoooooooo...
Dudu sai andando procurando pelos primos...
Dudu: Nandoooooooooooo, Clarinhaaaaaaaaaaaa
Clarinha e Nando entram em cena
Dudu: (já choroso): Clarinha! Nando!
Clarinha: Dudu, que gritaria é essa?
Dudu: que bom ver vocês...
Nando: e é? Eu achei que você não gostasse de estar junto da gente...
Dudu (se ajeitando, voltando à compostura, mas sem saber o que dizer e gaguejando): sim, é,
quer dizer, não, bem...
Clarinha: Nando, não deixe o Dudu sem graça
Dudu: gente, onde é que a gente tá? Que floresta é essa? Cadê a casa da vovó?
Clarinha: ah, sei lá, acho que você tá sonhando, Dudu e... acho que estamos dentro do seu
sonho
Dudu: peraí, se isso é o meu sonho, como é que vocês vieram parar aqui?
Nando: ué, e eu que sei, você chamou, e a gente veio... foi você quem nos trouxe aqui
Dudu: e como é que a gente faz pra sair daqui?
Clarinha: aí, eu já não sei... o sonho é seu...
Dudu: mas, eu não tenho a mínima idéia...
Clarinha: nem eu
Nando: nem eu
Dudu: oh, e agora, quem poderá me defender?
Entra o Chapolim Colorado (ELI)
Chapolim Colorado: Eu! Chapolim Colorado
Clarinha: (surpresa) Chapolim Colorado? O que é você tá fazendo aqui?
Nando: Ei, ele é aquele personagem da televisão Clarinha, do programa do Chaves...
Nessa hora, Dudu está meio sem graça, tentando disfarçar
Chapolim Colorado: ah, ah, não contavam com a minha astúcia...
Nando: sim, mas como você veio parar aqui?
Chapolim Colorado: ué, é porque ele (aponta pro Dudu) me chamou.. o sonho não é dele? Ele
sempre assiste aos meus programas e gosta muito de mim...
Clarinha: peraí, quer dizer que as pessoas que estão no seu sonho são as pessoas que você
gosta?
Nando: quer dizer, então, que você gosta da gente?
Clarinha e Nando abraçam Dudu e fazem a maior festa. Mas, Dudu ainda não dá o braço a
torcer...
Dudu: querem parar com isso? A gente precisa encontrar um jeito de sair daqui... e quanto a
você (se virando para o Chapolin Colorado), achei que podia confiar em você, eu não gosto
mais de você, pode ir embora...
Chapolim Colorado: Suspeitei desde o início. Sigam-me os bons.
Chapolim olha pra os três... e os três estão olhando pra ele...
Nando, Dudu e Clarinha: tchau, Chapolim!
Chapolim Colorado: era exatamente isso que eu ia dizer!
Chapolim sai de cena
Clarinha: quer dizer que você gosta da gente, né?
Dudu: nem uma palavra sobre esse assunto
Nando: ok, ok.
Dudu: a gente precisa achar um jeito de sair daqui
Clarinha: talvez juntos, a gente consiga achar uma saída
Nando: é isso, junto a gente consegue. Como é mesmo aquela música que você vive cantando,
Clarinha
Clarinha: (cantando): todos juntos, somos fortes, somos flecha e somos arco, todos nós no
mesmo barco não há nada a temer, ao meu lado... (ela canta bem desafinada, como no
começo da peça)
Dudu: (interrompe a cantoria): querem parar com isso? Eu não agüento mais essa coisa de
vocês... junto, junto, junto... chega!!!
Os três congelam no palco. A avó entra.
Avó: é, parece que o Dudu finalmente vai ter que aprender a se relacionar com as pessoas, a
andar Junto com seus primos, mesmo sendo em sonho. Será que ele vai conseguir? Há um
segredo para sair da floresta, será que eles vão conseguir descobrir esse segredo? Como será
que essa história vai acabar? Bem, enquanto isso, vou para cozinha terminar o almoço e
esperar que meu netinho acorde dessa aventura... E pelo jeito, esse almoço ainda vai demorar,
porque o resto dessa história a gente só vai saber amanhã!
3º ATO
CENA 1
Cenário: floresta
Dudu, Clarinha e Nando estão no palco, congelados como a última cena (cena do dia
anterior)...
Avó: então, vocês lembram como terminou o capítulo de ontem da nossa história? Vamos
lembrar, então:
(o finalzinho do dia anterior é repetido):
Dudu: a gente precisa achar um jeito de sair daqui
Clarinha: talvez junto a gente consiga achar uma saída
Nando: é isso, junto a gente consegue. Como é mesmo aquela música que você vive cantando,
Clarinha
Clarinha: (cantando): todos juntos, somos fortes, somos flecha e somos arco, todos nós no
mesmo barco não há nada a temer, ao meu lado... (ela canta bem desafinada, como no
começo da peça)
Dudu: (interrompe a cantoria): querem parar com isso? Eu não agüento mais essa coisa de
“junto, junto, junto”... chega!!!
Avó: Pois é... Dudu, Clarinha e Nando estão presos na floresta, dentro do sonho de Dudu... e
estão tentando pensar em um jeito de sair desse lugar... mas, essa não vai ser uma tarefa
fácil... há um segredo para sair da floresta...
Enquanto a avó fala, as crianças percebem a avó no palco e interrompem a fala dela
Clarinha, Nando e Dudu: vó????????? (surpresos)
Dudu: (esfregando o olho, como se estivesse tentando acordar): vó, você também está no meu
sonho?
Avó: não, não, meus amores, eu estou só contando essa história pra eles (aponta para a
platéia)
Clarinha, Nando e Dudu: ahhhhhhhh
Nando: ô vó, será então, que a gente pode continuar a história?
Avó: ah, sim claro, claro, que cabeça a minha... fiquem à vontade
E a avó sai do palco
Nando: então, onde é que a gente tava mesmo?
Clarinha: no sonho do Dudu
Nando e Dudu: dãaaaaaaa
Nando: isso a gente sabe... eu to perguntando “do que é que a gente tava falando mesmo?”
Clarinha: ahhhhhh... bom, eu tava dizendo que talvez junto a gente consiga achar um jeito de
sair daqui e você concordou comigo... já o Dudu...
Dudu: (interrompendo a fala da Clarinha) pois é... esse negócio de fazer as coisas juntos não dá
pra mim...
Clarinha: mas, por que Dudu? Por que você prefere fazer tudo sozinho? É tão bom ter amigos,
saber que se a gente precisar tem com quem contar... ter alguém pra conversar, pra brincar,
pra alegrar a gente quando a gente está triste... e pra gente ajudar também quando ele
precisa...
Dudu: e também pra ficar falando demais no seu ouvido, quebrar seu brinquedo, ter que
dividir seu chocolate.... (irônico)
Nando: que nada... quando a gente tá junto, a gente fica até mais sabido...
Dudu: oxe, como assim?
Nando: é porque a gente aprende um com o outro
Dudu: e aprende os defeitos, também, né? (irônico)
Clarinha: ah, Dudu, mas defeito todo mundo tem... a gente aprende a amar o outro do jeitinho
que ele é... principalmente quando a gente tem Deus...
Dudu: que é que Deus tem a ver com isso?
Nando: é Deus quem nos ensina a amar o próximo mesmo com os defeitos dele... e além do
mais, a gente passa a entender que a gente também tem defeito, mas que precisa ser amado...
precisa ser cuidado...
Clarinha: e é tão bom quando as pessoas amam e cuidam da gente apesar dos nossos
defeitos...
Nando: sem contar com outra coisa...
Dudu: que outra coisa?
Nando: todo mundo tem defeito, mas com certeza todo mundo também tem qualidades...
habilidades... e aquilo que eu não sei fazer, o meu amigo talvez saiba e pode me ajudar...
Clarinha: e a gente pode ajudar o nosso amigo com aquilo que a gente sabe fazer e ele não
sabe. É por isso que eu acho que, junto, a gente consegue encontrar a saída desse seu sonho...
Nando: e então, Dudu? Vamos descobrir juntos um jeito de sair daqui?
Clarinha: até porque eu to morrendo de fome e eu acho que o almoço da vovó deve estar
quase pronto...
Dudu hesita e quase diz sim... mas, acaba dizendo não...
Dudu: não!!! Se vocês querem descobrir junto um jeito de sair aqui, que façam... mas, eu vou
procurar uma saída sozinho... deve ser fácil sair daqui... afinal, o sonho é meu
Dudu vai saindo do palco como quem vai procurar uma saída e deixa os primos no palco... de
longe, ele ainda grita (das coxias):
Dudu: eu não preciso de ninguém...
Clarinha: mas, a gente precisa de você, Dudu
Mas, é tarde demais, Dudu já saiu do palco. Clarinha e Nando continuam em cena
Clarinha: e agora, Nando?
Nando: já que o Dudu não quer ajudar a gente, nem quer a nossa ajuda, vamos tentar achar
uma saída...
Os dois saem de cena.
CENA 2
Dudu volta para o palco. E fala sozinho
Dudu: imagina... que história de que o amigo ama a gente do jeito que a gente é, mesmo com
todos os defeitos... isso é porque eles não conhecem meus defeitos... aí ficam com esse papo
“de um ajuda o outro” . Francamente!! Eu não preciso de ajuda... eu sempre me virei sozinho e
posso muito bem continuar assim... além do mais... isso é meu sonho, então, ninguém melhor
do que eu pra achar um jeito de sair daqui... deixa eu pensar!
Dudu anda de um lado pro outro, pensando numa maneira de sair dali
Dudu: já sei... se eu to sonhando, é porque eu to dormindo... se eu to dormindo, eu preciso
acordar... e pra eu acordar, é só fazer bem muito barulho... então, eu vou gritar e eu mesmo
vou me acordar...
E Dudu começa a gritar:
Dudu: Dudu, acorrrrrrrrrrrrda... acorrrrrrrrrrrrrrda, Dudu... êeeeeeeeeeeeei...
alooooooooooooo
Dudu: humpf, não deu certo...
Dudu volta a andar de um lado pro outro, tentando achar uma outra saída...
Dudu: já sei! Vou me beliscar... assim, eu consigo me acordar...
E Dudu dá um beliscão nele mesmo
Dudu: aiiiiiiiiiiiii... poxa, não deu certo... e agora, o que eu faço?
Dudu senta cansado
Dudu: (já um pouco com medo): ai, meu Deus, pra que eu fui dizer aos meus primos que eu
não precisava deles? Agora, não consigo achar uma saída... será que eles estavam certos? Será
que juntos iríamos conseguir sair daqui? Ai, eu to tão cansado
E Dudu se deita e pega no sono. Nessa hora, a avó entra (mas, aqui ela faz outro personagem –
da guardiã da floresta)... e começa a falar com doçura
Guardiã: Dudu, úuuuuuu... Duduzinhoooooooooo
Dudu vai acordando, se espreguiçando e abrindo a boca
Dudu: que sonho estranho... eu sonhei que tava numa floresta e meus primos vinham com
aquele papo de amizade, de andar junto... eu quase acreditei...
De repente, ele percebe que ainda está na floresta... e dá um salto
Dudu: ai, meu Deus não era um sonho.
Olha para guardião da floresta e diz:
Dudu: vixe, quem é você? Você não estava no meu sonho
Guardiã: eu sou a guardiã da floresta imaginária.
Dudu: Guardiã? Engraçado, você parece a minha avó
Guardiã: mas, não sou não (e faz sinal pras crianças de “silêncio”, “não contem que sou eu”).
Eu sou a Guardiã da Floresta Imaginária e eu estou no seu outro sonho.
Dudu: como assim, outro sonho?
Guardiã: você pegou no sono, dentro do seu sonho. Agora você esta tendo outro sonho,
dentro do sonho, entendeu?
Dudu: mais ou menos. Quer dizer que eu vou ter que acordar duas vezes?
Guardiã: exatamente.
Dudu: me ferrei... eu já não tava conseguindo sair de um sonho... imagine agora, sair do sonho
do sonho...
Guardiã: não se preocupe... eu vim para lhe ajudar... isso, se você quiser ajuda... pelo que eu
andei observando aqui, você não gosta muito de receber ajuda, né? Prefere fazer tudo
sozinho...
Dudu (sem graça): er... mas, desta vez eu vou aceitar a ajuda
Guardiã: que bom, Dudu!
Dudu: o que eu preciso fazer pra sair daqui?
Guardiã: há um segredo para sair da floresta. Um segredo que você precisa descobrir.
Dudu: e onde eu descubro esse segredo?
Guardiã: dentro de você mesmo.
Dudu: ah, que bom... não dava pra ser mais fácil, não? (irônico)
A guardiã entrega pra ele o caderno dele (aquele mesmo que ele estava tentando fazer os
exercícios de matemática, antes de adormecer, na sala da casa da avó)
Dudu: oxe, mas esse é meu caderno com o exercício de matemática da escola...
Guardiã: exatamente... nele você encontrará o segredo da floresta... e assim, achará a saída
pra o seu mundo
Dudu fica folheando o caderno
Dudu: mas, aqui só tem o exercício que eu tava tentando fazer... como é que eu vou achar um
segredo aqui??
Guardiã: você encontrará. Agora, durma.
Dudu: não, eu não quero dormir de novo... se eu dormir eu vou acabar sonhando que estou no
sonho do sonho do sonho...
Mas, a guardiã sopra (ou joga algum véu) em cima de Dudu e ele adormece. A guardiã sai de
cena. Dudu, então acorda e começa a falar pra platéia, sem perceber que ainda permanece na
floresta
Dudu: oxe... que sonho mais doido... primeiro eu sonhei que tava numa floresta, preso dentro
do meu sonho, sem conseguir sair... aí, depois eu dormia no meu sonho e sonhava dentro do
sonho outro sonho, mais sonhado do que o sonho... entendeu? Eu também não tava
entendendo não... mas, o sonho era numa floresta
De repente, ele percebe que ainda está na floresta
Dudu: essa floresta tinha um monte de árvore... (e ele olha pras árvores)... oh, oh... tinha um
monte de passarinho (ele olha pra cima como se estivesse olhando os passarinhos), oh, oh... (a
partir de agora, histérico, mas um histérico engraçado): socorro !!!! não era sonho, era
verdade, quer dizer o sonho é verdade, o sonho do sonho é que era sonho... não, quer dizer...
sei lá... eu só sei que eu ainda estou preso nessa floresta... (e começa a procurar a tal guardiã)
Dona Guardiã? Psiu, ei, cadê a senhora? Me tira daqui... Me diz aí o que é que eu faço com
esse caderno...
Mas, ninguém responde... Dudu vai se acalmando... e resolve sentar e pensar... e pega o
caderno...
Dudu: (pegando e analisando o caderno): Como é que eu vou achar o segredo aqui? Só tem o
exercício que eu tava tentando fazer... hum, talvez o segredo esteja aí... em tentar resolver o
exercício... o resultado deve ser o código, o segredo, a senha de alguma porta secreta daqui...
é isso...
E Dudu tenta fazer o exercício, mas de novo, não consegue... erra uma, duas, três vezes (igual
ao começo da peça)... até que cansa e começa a chorar...
Dudu: eu não estou conseguindo... eu nunca mais vou sair daqui...
Então, Dudu se ajoelha e ora
Dudu: Oh, meu Deus, eu não sei se o Senhor é Deus também nos sonhos, nas florestas
imaginárias, ou só na vida real... eu sei que eu não gosto muito de ajuda, mas acho que dessa
vez eu tô precisando... Se o Senhor tiver me escutando, me ajude a achar uma saída daqui... eu
não agüento mais ficar aqui... Sem contar, que a minha avó tá fazendo um almoço delicioso e
eu estou com tanta fome.... amém!
Dudu pega o caderno de novo e pensa em voz alta:
Dudu: se pra sair daqui eu preciso fazer esse exercício, já vi que eu to ferrado mesmo... se ao
menos a Clarinha tivesse aqui... ela é ótima em matemática...
De repente, a ficha de Dudu cai...
Dudu: é isso!!! Como eu não percebi isso antes? Já sei qual é o segredo... já sei como sair
daqui! Mas, antes, eu preciso achar meus primos
Dudu sai correndo e sai do palco. Entra a Guardiã da Floresta, que vira a narradora
Guardiã: será que o Dudu realmente descobriu o segredo da floresta? Será que ele já sabe
como sair desse sonho? E que segredo será esse? Amanhã, vocês descobrirão tudo. Não
percam o último capítulo dessa história.
4º ATO
CENA 1
Cenário: floresta
Dudu entra no palco correndo. Ele está procurando pelos primos.
Dudu: Nandoooooo.... Clarinhaaaaaaaa.. . cadê vocês??? Eu já sei como sair daqui...
Nandoooo... Clarinha....
Dudu sai do palco, gritando e procurando pelos primos. A avó entra no palco
Avó: Será que o Dudu descobriu mesmo como sair da floresta encantada? Como sair desse
sonho maluco?? Vocês lembram né? Ele ontem tem um sonho, dentro do sonho, e uma
guardiã da floresta disse que ele precisava descobrir o segredo para conseguir voltar pra casa...
O que será que aquele caderno tem a ver com isso tudo? E que segredo é esse? Você sabe?
(aqui eu sugiro interagir com a platéia e ouvir a opinião das crianças sobre que segredo é
esse)... vocês vão descobrir agora...
Avó sai do palco
Nando e Clarinha entram no palco, conversando e meio desanimados
Nando: poxa, Clarinha, a gente já tentou de tudo pra encontrar um jeito de sair daqui, mas até
agora nada... eu não sei mais o que fazer
Clarinha: Nando, eu estou preocupada com o Dudu... como será que ele tá se virando sozinho,
hein?
Nando: não sei... será que ele já encontrou um jeito de sair daqui? Será que ele já voltou pra
casa?
Clarinha: será que aconteceu alguma coisa com ele? Meu Deus, será que um bicho
enoooooorme pegou o Dudu?
Nando: misericórdia!!! Eu não tinha pensado nisso... (ficando triste e preocupado)
Clarinha (chorando e soluçando): buáaaaaaaaaaaa... eu gos -ta-va tan-to do Dudu...
Nando: (já chorando também): eu também.... a gente não devia ter deixado ele ir embora
sozinho... buáaaaaaaaaaaa
Os dois se abraçam chorando (essa cena é pra ser engraçada e não triste... é bem caricato esse
choro)
Enquanto os dois estão se abraçando, Dudu entra no palco e vê a cena. Então, fala
Dudu: Nando, Clarinha
Os dois escutam, mas continuam abraçados. Ainda não viram Dudu
Clarinha: poxa, eu já estou com tanta saudade do Dudu que até ouvi a voz dele
Nando: eu também
Dudu chama os primos de novo
Dudu: Clarinha, Nando
Nando e Clarinha se entreolham
Clarinha: você ouviu de novo?
Nando: hum, hum (confirma com a cabeça)
Dudu: Clarinha, Nando
Clarinha e Nando se viram bem devagar (com medo) na direção de Dudu e de repente dão um
grito de pavor
Clarinha e Nando: ahhhhhhhhhhhhhhh
Clarinha: ai, meu Deus é o fantasma do Dudu
Nando: ele vai pegar a gente
Clarinha e Nando: SO-COR-RO
Clarinha e Nando saem correndo e Dudu corre atrás dele (bem pastelão mesmo)
Dudu: gente, gente, sou eu, o Dudu... eu não morri não, eu to vivo
Clarinha e Nando param de correr
Clarinha: não morreu?
Dudu: hum, hum (negando com a cabeça)
Nando: e o bicho enorme que te pegou?
Dudu: que bicho? Não teve bicho nenhum
Clarinha: Dudu, é você mesmo? (vai se aproximando dele, meio temerosa e cutuca o braço
dele pra ter certeza que é ele)
Dudu: sou eu mesmo Clarinha
Clarinha e Nando então pulam em cima dele de alegria
Nando: Dudu, que bom que você voltou
Clarinha: a gente tava preocupado com você
Nando: eu cheguei a pensar que você tinha descoberto como sair daqui
Dudu: e descobri!!! Mas, eu preciso da ajuda de vocês
Clarinha e Nando: Como é que é? (espantados)
Clarinha: Você disse AJUDA??? Peraíiiiiiiiii... o Dudu nunca pede ajuda
Nando: Quem é você? O que você fez com meu primo Dudu?
Clarinha: sai deste corpo que não te pertence, oh ser alienígena dos sonhos dos outros
Dudu: gente, sou eu o Dudu...
Nando e Clarinha fazem cara de dúvida
Dudu: eu sei, eu sei... vocês estão acostumados com aquele Dudu que não gosta da ajuda de
ninguém, que quer fazer tudo sozinho... (Dudu fala isso com um certo pesar, como quem está
arrependido de ter sido assim)
Clarinha e Nando: hã, hã... (concordam com a cabeça)
Dudu: mas, isso mudou... eu entendi que eu preciso de ajuda, sim... que todo mundo precisa.
Fazer as coisas, sozinho, é muito mais difícil, muito mais triste...
Clarinha: que bom, Dudu... Mas, como foi que você percebeu isso?
Nando: é, boa pergunta
Dudu: depois que a guardiã da floresta me disse que eu precisava encontrar o segredo para
poder sair daqui
Clarinha e Nando: Guardiã da Floresta?
Dudu: é que eu tive um sonho
Nando: Dudu, a gente está num sonho... no seu sonho
Dudu: eu sei, eu sei... mas, aqui no sonho eu tive outro sonho... aí, a apareceu essa mulher, a
guardiã da floresta encantada, que era a cara da nossa avó,
Clarinha: e o que foi que ela disse, o que foi que ela disse? (empolgada com a história da
guardiã)
Clarinha está acreditando e interessada na história. Já Nando não está acreditando muito
Dudu: Ela disse que eu precisava descobrir o segredo para sair daqui...
Nando (interrompendo a fala de Dudu): hunft, guardiã da floresta encantada, era só o que
faltava
Dudu: você não está acreditando, né Nando?
Dudu fica triste e de repente lembra
Dudu: espera, eu posso provar
Nando: como?
Dudu: Aqui! (e puxa o caderno que estava na cintura, embaixo da camisa e mostra pra os
primos)
Clarinha: seu caderno de matemática!!!! Mas, ele não estava aqui antes... você não o trouxe
pro sonho
Nando: mas, o que isso tem a ver com a guardiã?
Dudu: Foi ela quem me deu. A Guardiã me disse que através dele eu descobriria o segredo pra
sair da floresta encantada. E agora, você acredita?
Nando: Acredito!!! Mas, então, vamos abrir esse caderno e descobrir logo esse segredo
Dudu: eu já fiz isso
Nando: Já?
Clarinha: e então, o que você descobriu?
Dudu: eu descobri o tal segredo
Clarinha e Nando: e qual é?
Nando pega o caderno e começa a folheá-lo
Dudu: um segredo que vocês já sabiam há muito tempo e já tinham me dito, mas eu não quis
ouvir
Nando: não estou entendendo. Não tem nada aqui. Só o seu exercício de matemática. E um
bocado de página faltando, arrancada
Dudu: deixa eu explicar. Você lembra quando eu fui fazer o exercício e você disse que se eu
quisesse a Clarinha poderia me ajuda?
Nando: lembro. Ela é muito boa em matemática
Clarinha: sou mesmo... dois mais dois, 4... 4 X 4= 16... 16 X 3 = 48... 48 ao quadrado...
Dudu interrompe Clarinha
Dudu: então... eu não aceitei a ajuda... e foi aí que tudo começou... eu tentei fazer o exercício
e não consegui... de tão cansado, peguei no sono e a gente veio parar nessa floresta encantada
Nando: eu ainda não entendi
Dudu: quando a guardiã me deu o caderno, eu achei que eu tinha que resolver o exercício...
que o resultado seria uma senha, um código, qualquer coisa assim... aí, eu tentei fazer a tarefa
e de novo eu não consegui. E desejei muito que a Clarinha tivesse comigo pra me ajudar
Clarinha: ô, Dudu, você está querendo minha ajuda? (emocionada)
Dudu: sim... ajuda de vocês dois
Clarinha dá um abraço em Dudu e já pega o caderno da mão dele e já vai fazendo o exercício
Nando: poxa, primo, eu fico tão feliz em saber que você quer a nossa ajuda, a nossa
companhia,
Clarinha pega o caderno e já vai fazendo o exercício
Nando: você acha que se a Clarinha resolver o exercício, a gente volta pra o mundo real?
Dudu: não exatamente, eu acho o segredo é na verdade...
Clarinha interrompe a fala dos dois
Clarinha: pronto, o exercício tá pronto
Os três começam a sentir o chão tremer e começam a rodar
Dudu: o que está acontecendo?
Nando: eu não sei
Clarinha: eu acho que é um terremoto
Clarinha, Dudu, Nando: socorrooooooooo
Os três continuam rodando... e assim, rodando, Nando e Clarinha saem do palco e Dudu cai
“desmaiado” no mesmo lugar onde ele adormeceu (ele vai acordar do sonho)
CENA 2
O cenário muda de novo. Volta a ser a sala da casa da avó. Pode entrar gente e trocar o
cenário mesmo. Sem problemas.
Dudu acorda assustado (dá um pulo)
Dudu: Onde é que a gente tá? Ué, cadê a floresta? Peraí, essa é a sala da casa da minha avó...
(fica feliz, eufórico)... a gente conseguiu, a gente conseguiu!!! Nando, Clarinha, cadê vocês???
a gente conseguiu, a gente conseguiu!!! Iupyyyyy!!!
Nando e Clarinha entram na sala, voltando da brincadeira, sem entender o que está
acontecendo
Nando: Dudu, o que é que você conseguiu?
Dudu: a gente, Nando... a gente conseguiu... junto, lembra?
Dudu abraça Nando e Clarinha e os dois acham essa atitude estranha
Clarinha: Dudu, tá tudo bem? Você tá estranho... Tá sentindo alguma coisa?
Dudu: não, Clarinha, eu to feliz porque a gente conseguiu sair da floresta encantada
Clarinha e Nando: Floresta encantada?
Dudu: sim... vocês estavam lá comigo, não lembram?
Clarinha a e Nando: não
Clarinha: Dudu, eu acho que você teve um sonho
Dudu: sim, sim, era um sonho... mas, era tão real... a gente tava lá acordado, tentando sair...
mas, no começo eu não queria ajuda de vocês, queria fazer tudo sozinho...
Nando: Dudu, eu acho que a gente precisa lhe pedir perdão... a gente acabou pressionando
vocês demais com essa história de estar junto... e você acabou tendo um sonho, um
pesadelo...
Dudu: não, não foi um pesadelo... quer dizer, no começo parecia um pesadelo, mas apareceu a
guardiã da floresta e me deu meu caderno de matemática para que eu encontrasse o segredo
para sair da floresta
Clarinha: no exercício de matemática? (Achando estranho)
Dudu: não... no começo eu achava que era... tentei fazer o exercício, mas não consegui... aí,
lembrei que você era boa de matemática e procurei vocês pra pedir ajuda...
Nando: você pedindo ajuda?
Dudu: pois é, não é estranho?
Clarinha: e o que aconteceu depois que você pediu ajuda?
Dudu: você fez o exercício e a gente conseguiu sair
Nando: o segredo para sair da floresta era o exercício de matemática?
Dudu: não. No começo eu achava que era, mas só depois eu entendi...
Clarinha: qual era o segredo, então?
Dudu: Aquilo que vocês têm tentado me ensinar e eu não tenho ouvido... o segredo é estar
junto...
Nando: (incrédulo) Não acredito... você falando em estar junto. Dudu, você tá bem? Tá com
febre? (pega na testa de Dudu, testando pra ver se ele está com febre)
Dudu: doente eu estava antes, quando não percebia o que vocês tanto me falavam... mas,
agora eu sei o quanto é importante estar junto, como a gente pode ajudar ao próximo e ser
ajudado... como a gente pode unir força, talentos, dons, habilidades...
Clarinha: Dudu, que lindo o que você tá dizendo...
Dudu: eu aprendi isso com você, Clarinha... e aprendi mais... aprendi que Deus nos ensina a
amar ao próximo do jeito que ele é, com todos os defeitos e personalidade... e o que é melhor,
que a gente é amado do jeito que a gente é... eu não preciso mais esconder meus defeitos pra
isso
Nando: Dudu, eu não sei nem o que dizer
Dudu: que tal dizer o que você sempre me costumava dizer?
Nando: e o que era?
Dudu: (imitando Nando): Dudu, vamos fazer alguma coisa junto?
Nando (rindo) “demorô”!!!!”
Clarinha: acho que agora a gente pode cantar aquela música que eu adoro
Os três começam a cantar, Clarinha, como sempre, é bem desafinada
Clarinha, Nando e Dudu (cantando): “Todos juntos somos fortes, somos flecha e somos arco,
todos nós no mesmo barco, não há nada a temer, ao meu lado há um amigo que é preciso
proteger...”
Nando: Viu, Dudu, só o amor pelo próximo e a vontade de estar junto faz a gente agüentar
alguém assim tão desafinado
Os três caem na gargalhada
A avó entra no palco...
Avó: crianças, o almoço está pronto
Nando, Clarinha e Dudu: obaaaaaaaaaa
Os três vão andando, mas antes de saírem do palco, Dudu fala
Dudu: Ah, Clarinha, será que depois você me ajudar a fazer a tarefa de matemática?
Clarinha: Claro, Dudu
Clarinha pega o caderno e olha
Clarinha: ué, mas já está feita e está perfeita... aliás, sua letra é muito parecida com a minha
Clarinha devolve o caderno a Dudu e Nando e Clarinha saem do palco. Dudu pega o caderno
incrédulo e vê que a tarefa foi feita e fala para ele mesmo
Dudu: tá feita... com a letra da clarinha... então, não foi um sonho... foi tudo verdade! Foi tudo
verdade (feliz e “histérico”)
Dudu percebe que todos já saíram de cena para ir almoçar... joga o caderno no chão e grita:
Dudu: esperem por mim!!!!!! Vamos almoçar JUNTOS!!!
E sai do palco
FIM
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Todos juntos somos fortes