Terapias Não-Farmacológicas utilizadas por Enfermeiros para o Controle da Dor e suas Implicações na Assistência ao Paciente Oncológico Karina Cardoso Meira¹; Juliano dos Santos²; Valéria Fernandes de Souza Pinho³; Renata Cabrelli 4 ¹Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Oncologia; ²Enfermeiro. Residente do Instituto Nacional de Câncer; ³Enfermeira. Central de Quimioterapia do CEMO; 4Enfermeira. Residente do Instituto Nacional de Câncer INTRODUÇÃO As terapias não farmacológicas para o controle da dor associadas á terapias farmacológicas proporcionam analgesia mais rápida e eficiente, contudo, são pouco utilizadas e conhecidas pelos profissionais de saúde que trabalham com o manejo da dor no câncer. OBJETIVO Descrever as técnicas/intervenções não farmacológicas, utilizadas por enfermeiros, para o controle da dor oncológica. MÉTODO Revisão de literatura sistematizada sem metanálise. O levantamento bibliográfico baseou-se no material indexado nas bases de dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e MEDlars on Line Literatura Internacional (MEDLINE), no período de 1995 a 2006, por meio dos descritores padronizados pelo DeCS/MeSH: “pain”, “nursing intervation”, “dor” e “intervenção de enfermagem”. Foram incluídos apenas estudos clínicos randomizados e controlados realizados por enfermeiros, utilizando técnicas não farmacológicas para o controle da dor oncológica. Foram excluídos estudos publicados em idiomas diferentes do português, inglês e espanhol, bem como periódicos internacionais de difícil acesso. RESULTADOS E DISCUSSÃO Identificou-se um total de 108 artigos, sendo que destes, apenas 07 (6,5%) atenderam os critérios de inclusão. Todos os estudos que fizeram parte da amostra estavam em língua inglesa; Quanto ao tipo de dor descritas nos estudos e nos quais foram empregadas as técnicas não farmacológicas, 4 eram dor crônica e 3 eram dor aguda pós-operatória; As técnicas não farmacológicas utilizadas foram programas educativos, massagem, relaxamento, técnicas cognitivas, musicoterapia e distração, isolados ou de forma combinada; Programas educativos permitiram maior controle da dor em todos os estudos, quando comparados os grupos controle e experimental; Relaxamento e Musicoterapia apresentaram efeitos benéficos no controle álgico, porém a combinação das duas técnicas foram mais eficientes; A Massagem permitiu melhor controle da dor no pós operatório imediato e mediato. CONCLUSÃO Os resultados sugerem efeito benéfico na utilização de intervenções não farmacológicas para o controle da dor, contudo estudos dessa natureza são escassos em nosso meio. Quadro1. Caracterização e Resultados dos Estudos Analisados 1.Arayhuzik D, 1994, EUA. Objetivos Amostra Tipos -24 mulheres com câncer de mama metastático dividas em três grupos respectivos aos objetivos. Dor -Avaliar se a implementação de programa educativo em pacientes oncológicos idosos melhoraria o manejo da dor. -36 pacientes idosos com câncer. Dor - Avaliar o efeito de programa educativo no alívio da dor de pacientes com câncer, bem como o papel das enfermeiras distritais no tratamento da dor. -115 enfermeiras distritais e 313 pacientes; -51 pacientes grupo experimental com enfermeiras distritais - 103 pacientes grupo experimental sem enfermeiras distritais -53 pacientes grupo controle com enfermeira distrital -103 grupo controle sem enfermeira distrital Dor - Avaliar o efeito de um programa educativo no controle da dor e descrever as características desta mudança -313 pacientes com câncer randomizados primeiramente por faixa etária, sexo e presença ou ausência de metástase em dois grupos: controle e intervenção. Dor - Avaliar o efeito de 3 intervenções de enfermagem no controle da dor pós-cirurgia ginecológica : relaxamento, musicoterapia e a combinação das duas técnicas. - 311 pacientes que foram divididos em 4 grupos: A) relaxamento B) música C) relaxamento + música D) grupo controle Dor 6.Kwekkeboom K, 2003 , EUA - Avaliar o efeito da utilização de musicoterapia e distração no controle da dor pós -operatória -60 pacientes submetidos a procedimentos cirúrgicos Dor 7.Forchuck C et al, 2004, Inglaterra - Avaliar o efeito de massagem na dor após dissecção de nódulo linfático e mobilização do braço e ombro do lado afetado. -59 mulheres submetidas à dissecção do nódulo linfático. 3.Wit D, 2001, Holanda 4.Wit D, 2001, Holanda 5.Good M et al, 2002, EUA Características pós-intervenção de Dor -Avaliar o efeito de três intervenções na redução da dor: A) relaxamento + visualização; B) relaxamento + visualização + técnicas cognitivas; C) grupo controle 2.Clotfelter CE, 1999, EUA Características pré-intervenção crônica - Não havia diferenças significativas entre os três grupos com relação as variáveis sócio- demográficas e ao estado de saúde; - 50% dos sujeitos no grupo de intervenção (combinação relaxamento e visualização com técnicas cognitivas) recebiam opióides fortes; - Não havia diferenças entre a intensidade da dor no três grupos: A) relaxamento+ visualização – EVA = 4.375; B) relaxamento + visualização + técnicas cognitivas - EVA = 4,875; C) grupo controle - EVA = 4,5. - Não houve diferenças significativas na redução da intensidade da dor, sofrimento ou humor nos três grupos (p= 0,08); - A média de dor dos pacientes do grupo experimental era de 14,2; - A média nos pacientes do grupo controle era de 17,5. - Pacientes do grupo experimental obtiveram uma média de dor de 16,3; -Pacientes do grupo controle uma média de 29,4. - A análise de covariância mostrou uma diferença estatisticam ente significativa entre os 2 grupos (p=0,021) -Em relação á experiência dolorosa não havia diferenças significativas , o mesmo ocorrendo com as dimensões sensoriais , afetivas de avaliação e pontuação total de palavras escolhidas. - O grupo de intervenção tinha mais medicações analgésicas prescritas ( p<0.001) ; - Diferenças significativas na qualidade de vida eram vistas nos pacientes que necessitavam de enfermeiras distritais (p<0,05), pois encontravam-se prejudicados na maioria das escalas funcionais (funcionamento físico, “papel social”, e qualidade de vida geral); - Adesão à medicação, efeitos colaterais, tolerância e utilização de terapias não farmacológicas eram os aspectos em que os pacientes tinham mais falta de conhecimento nos dois grupos. - Qualidade de vida: ocorreu aumento significativo para pacientes sem enfermagem distrital nas áreas de funcionamento físico, “papel social” (p=0,005) e emocional enquanto que para pacientes com enfermagem distrital foi constatado aumento nas áreas de funcionamento cognitivo e emocional (p<0,001). - Escala de sintomas: Todos os pacientes tiveram menos dor e distúrbio do sono. Pacientes com enfermagem distrital tiveram menos fadiga (p= 0,01), perda de apetite (p<0,001) e diarréia (p<0,001). - Avaliação da dor: Pacientes do grupo de intervenção com enfermagem distrital tiveram a intensidade de sua dor melhor avaliada do que o grupo controle (p <0,1), e obtiveram melhora no nível de conhecimento sobre a dor comparada ao grupo controle. Três quartos dos pacientes leram todo o livro, 26,2% deles relataram receber i nformações novas; 50% dos familiares e amigos também o leram, 55,7% ouviram a fita e 85,6% preencheram o diário de dor. - Não havia diferenças significativas entre o grupo de intervenção e grupo controle com relação às variáveis sóciodemográficas e clínicas -60% dos pacientes no pré-teste tinham a sua dor mal controlada no hospital. - O grupo controle foi menos tratado em relação à dor em 2 semanas ( 56 % x 41%), e em 4 semanas ( 62 % x 57%) - Pacientes do grupo de intervenção tiveram melhora no nível de conhecimento sobre a dor comparada ao grupo controle. - Em relação ao APMI observamos um score mais alto para os pacientes do grupo de intervenção comparado ao grupo controle o que comprova que o tratamento no grupo controle foi mais inadequado ( p<0,001) - O nível de dor inadequadamente tratado no grupo controle permaneceu estático enquanto que no de intervenção este nível foi aumentando gradativamente no seguimento. - Não havia diferenças entre os quatro grupos em relação as variáveis sócio-demográficos e clínicos; - Os sujeitos foram avaliados no pré-operatório e primeiro e segundo dia pós-operatório durante o repouso e deambulação; -A intensidade da dor foi avaliada através da escala EVA. - As mulheres que faziam parte dos grupos de intervenção apresentaram menos dor quando comparadas ao grupo controle que recebeu apenas analgesia medicamentosa (p = 0.01 e 0.026 respectivamente). - As três intervenções produziram efeitos similares no controle da dor. Mas houve melhor efeito das técnicas combinadas X técnicas isoladas (p<0.001). - Não havia diferenças entre os grupos em relação às variáveis sóciodemográficas e clínicas. - Os resultados obtidos com a musicoterapia não diferiram dos alcançados com a distração. - A intensidade da dor no grupo controle não foi estatisticamente significativa quando comparada com os grupos de intervenção. Sendo X 2,33 (SD =0,37) no grupo da música, X 2,76 (SD= 0.49) no grupo da distração e X 1,47 (SD= 0,40). - Não havia diferenças significativas nos dois grupos com relação às variáveis sócio-demográficas e clinicas. - Os resultados mostraram que o grupo de intervenção apresentou menor intensidade da dor em relação ao grupo controle no 1º e 2º dias pós -operatório ( p<0.05), mas essas diferenças não foram significativas a partir do 3º dia.( p=0.06) - O grupo controle possuía relacionamento familiar melhor que o grupo de intervenção (p<0,05). Contudo no grupo de intervenção havia um tempo maior de diálogo quando comparado ao grupo controle (p<0.05). - Não houve diferenças significativas entre os dois grupos com relação à movimentação do ombro (p=0.53) . - Não houve diferença nos dois grupos nos custos e utilização de serviços de saúde (p=1,104). crônica crônica crônica aguda aguda Dor aguda Projeto Gráfico: Seção de Edição Técnico-Científica / DIETC / CEDC / INCA Estudo (Autor, ano e país)