Colectivo de Curadores
Carpe Diem Arte e Pesquisa
16 de Maio de 2013
www.projectomap.net
O ProjectoMap é um projecto de investigação, divulgação e reflexão sobre a arte contemporânea em Portugal, inédito a
nível nacional, realizado pelo Colectivo de Curadores – Alda Galsterer, Felipa Almeida, Moritz Elbert e Verónica de Mello.
A plataforma online www.projectomap.net, lançada em 2011, apresenta um mapa dinâmico, interactivo e em constante
crescimento dos artistas e das suas ligações, oferecendo uma ferramenta essencial de exposição e pesquisa da produção
artística contemporânea.
No dia 16 de Maio na Carpe Diem Arte e Pesquisa pelas 18 30h, o Colectivo de Curadores apresenta o seu percurso
curatorial e propõe o visionamento de dois filmes sobre o ProjectoMap, o primeiro realizado em colaboração com o artista
João Paulo Serafim, o segundo contando com as contribuições dos artistas Ana Pérez-Quiroga, Joana Craveiro, Joana
Linda, Cristina Ataíde, Luciana Fina, Miguel Bonneville, Paula Roush, Raquel Melgue, Rodrigo Oliveira, Sara & André e
Bárbara Assis Pacheco.
A metodologia curatorial do ProjectoMap onde cada artista convida outros dois a participar e assim sucessivamente,
inspira-se na exposição Friends, Freunde, d’Frund, inaugurada em 1969, nas Kunsthallen de Berna e Dusseldorf. Nesse
ano, os quatro artistas Daniel Spoerri, André Thomkins, Karl Gerstner e Dieter Roth, em colaboração com os curadores
Harald Szeemann e Karl Ruhrberg, criaram uma exposição a partir das suas ligações de amizade, convocando os seus
amigos e os amigos dos amigos, com o propósito de apresentar o seu universo pessoal.
Em 2011 o Colectivo de Curadores convidou os artistas Ana Pérez-Quiroga, João Paulo Serafim, Pedro Barateiro e Sara &
André, a relevar dois nomes da própria rede de referências e amizades, dando início ao processo de nomeações
sucessivas que resultaria na plataforma online projectomap.net. Dois anos mais tarde o site conta com uma rede de 138
artistas, que reflecte a diversidade das ligações pessoais e profissionais no panorama artístico português, incluindo figuras
como Alberto Carneiro, Alexandre Estrela, Ângela Ferreira, Fernanda Fragateiro, Helena Almeida, João Queiroz, Pedro
Cabrita Reis, Rui Chafes entre outros. Cada artista é representado no mapa com uma biografia, uma pequena entrevista
em português e inglês e uma selecção representativa de imagens da sua obra.
Mesa Redonda
Cristina Ataíde, artista
Duarte Amaral Netto, artista
Celina Brás, Making Art Happen
Colectivo de Curadores
Será abordada a natureza da plataforma virtual pensada como ferramenta, catálogo, base de dados em constante
crescimento e como porta de entrada virtual para uma exploração do universo do trabalho dos artistas. Uma reflexão sobre
a curadoria no mundo contemporâneo e a comunicacao nas plataformas digitais no mundo da arte, mais especificamente
em Portugal,
para mais informações [email protected]
Discurso inaugural de Daniel Spoerri, exposiçaõ Friends, ..., 30 de Abril de 1969
[extracto]
[...]
Já devem ter percebido que nós e os nossos amigos, apresentamos uma aglomeração solta de obras, que não pertencem
a nenhum grupo como Pop, Op, Hard Edge ou sei lá o quê. Já todos nós fomos colocados neste ou naquele a grupo, com
ou sem ou nosso consentimento, sendo que constatámos cada vez, que nesses grupos poucos dos nossos colegas nos
interessavam pessoalmente. Por isso tivemos a ideia, de fazer desta vez uma exposição que junta todos aqueles que por
razões insondáveis já se conheciam pessoalmente há muito tempo.
Daí o nome Freunde, Friends, d’Fründ, [os amigos] e os seus amigos.
Mas porque nós os quatro? Todos nós temos com certeza amigos, que consideramos os melhores, os que nos
acompanham mais tempo, e os de maior confiança. Não se dá o caso de nos termos uma mesa marcada, ou passarmos
todas as noites juntos, ou vivermos juntos ou de até constituirmos um clube; simplesmente prezamo-nos. E isso em media
há mais ou menos 15 anos.
Diter Rot conheci-o primeiro, em Berna, quando ainda era um coitadinho a tentar sobreviver com trabalhos de desenho
gráfico, enquanto me dizia que eu não tinha necessidade de andar aos pulinhos como bailarino solista nas operetas do
Teatro Municipal de Berna.
André Thomkins apareceu mais
ou menos na mesma altura, quando me enviou uma fita sonora com música de
barulhos, que achava muito indicada como sonoplastia para a minha encenação da peça de Picasso “O desejo pego pelo
rabo”.
De Gerstner, já tinha ouvido umas histórias abstrusas: só se vestia de branco, que era o mais teimoso das pessoas, e que
não era de todo possível falar com ele. Quando finalmente o encontrei em Paris – num café com esplanada –
e só lhe tinha escrito que a forma de me reconhecer seria o meu casaco branco. Ele confirmou quase todos os
preconceitos: notou que o meu casaco não era propriamente branco, mas que segundo a escala de cores de Oswald era
um tom mais cinzento entre o D e o E.
O primeiro encontro com o André também foi estranho. Acabei por não utilizar a sua música. Storrer, um turbulento
conhecido dele, veio buscar a fita sonora aos berros, induzindo-me o pensamento óbvio, que o próprio André também era
um brutamontes antipático. Mais tarde tive que constatar que ele é a pessoa mais amável que alguma vez conheci; o que
toda a gente que o conheceu pessoalmente poderá confirmar.
Apesar disso, tínhamos grandes amigos. Mas então porque nos os quatro? André mora há 15 anos em Essen, Gerstner
estava desde sempre em Basel – a propósito, uma circunstância que o faz rir, quando lê nos seus catálogos “nascido em
Basel, vive em Basel”.
Diter esteve muito tempo na Islândia, onde casou e teve filhos, mais tarde em Nova Iorque, onde retomamos os nossos
contactos durante um ano, e eu passei mais tempo com as minhas mudanças que outros trabalham para comprar um carro.
Agora aconteceu algo de estranho. Gerstner abriu uma filial da sua agência em Dusseldorf, Diter é professor na Academias
de Belas Artes, Thomkins já estava nas redondezas, e eu deixei-me convencer que Dusseldorf era o sítio mais indicado
para realizar uma minha velha ideia: abrir um restaurante.
Assim estávamos, 15 anos depois, sem nunca ter perdido os contactos, no mesmo sítio, cada um por iniciativa própria,
enrolado noutras direcções, e estranhávamos que apesar de tudo éramos ainda amigos.
Esta circunstância deu nos a ideia de fazer uma exposição, sem saber se esta relação humana, que nos uniu durante tanto
tempo, pudesse, representada visualmente, mostrar uma ligação.
E desejo deixar em aberto esta questão, para deixar-vos julgar, minhas Senhoras e Senhores, se existe uma conexão entre
as nossas obras.
[...]
O Colectivo de Curadores foi fundado em 2008 por Alda Galsterer, Felipa Almeida, Moritz Elbert e Verónica de
Mello, equipa multidisciplinar que escolheu Lisboa como plataforma para a sua actividade, após diversas
experiências internacionais.
O colectivo desenvolve um projecto curatorial de investigação e divulgação nacional e internacional da arte contemporânea
com o objectivo de criar uma ferramenta de informação e reflexão sobre a cena artística portuguesa.
Alda Galsterer, Alemanha 1978.
Curadora e Galerista
Felipa Almeida, Portugal 1979.
Curadora independente
Moritz Elbert, França/Alemanha/Italia 1976.
Designer e Curador independente
Verónica de Mello, Portugal 1976.
Arquitecta e Curadora independente
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folha de sala CARPE DIEM