DESENVOLVIMENTO DE TÉCNICA ESPECTROSCÓPICA PARA AS AULAS PRÁTICAS DO ENSINO MÉDIO Cauê Mateus Finkler; Francisco Catelli; Mara Regina Rizzatti (Orientador). [email protected] Grupo de Física das Radiações-GFR / Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Física Faculdade de Física - PUCRS Av. Ipiranga 6681, Prédio 96 A / 104 - CEP 90619-900 - Porto Alegre/RS – Brasil INTRODUÇÃO As cores geradas pela decomposição da luz sempre fascinaram o ser humano, e pesquisas nesta área tiveram uma grande importância nos últimos tempos. Atualmente, estamos cercados de fontes, naturais ou artificiais, que emitem radiação em diversos comprimentos de onda, como, por exemplo: o Sol e aparelho de TV. Independentemente da natureza das fontes, essas podem emitir radiação em qualquer região do espectro eletromagnético. Cabe lembrar que o termo luz refere-se à radiação emitida pelo sol, a qual corresponde a região do infravermelho, visível e ultravioleta do espectro eletromagnético. O ensino da Física ainda aparece nas escolas de ensino médio como sendo o vilão dos alunos. Embora aulas centradas em atividades práticas sejam atraentes para iniciação de conceitos novos aos alunos, os atuais equipamentos de óptica para laboratórios escolares como: rede de difração, espectroscópio, prisma, e outros, ainda são caros para o orçamento das escolas, principalmente as da rede pública de ensino. Sendo assim, o objetivo deste trabalho foi desenvolver e caracterizar um espectroscópio de baixo custo (EBC) para demonstrar aplicações de conceitos de óptica em escolas de ensino médio. METODOLOGIA A confecção do EBC deu-se da seguinte forma: os dois fundos de uma caixa de creme dental foram retirados e em um deles colocado um pedaço de CD sem a “fita metálica”, em forma retangular, para funcionar como rede de difração. No outro fundo da caixa fez-se uma fenda estreita, com auxílio de fita isolante, para a entrada de um pequeno feixe de luz, como mostra a figura 1. Figura 1: Espectroscópio de Baixo Custo (EBC). Um esquema da construção do espectroscópio utilizando materiais de baixo custo está ilustrado na figura 2. CD-R Caixa de papelão Fenda para entrada de luz Figura 2: Esquema do espectroscópio construído pelos alunos em aula. Desta forma o observador pode olhar pela rede de difração (CD), direcionando a parte que contém a fenda para a fonte luminosa a ser estudada observando, assim, o espectro da luz projetado nas paredes internas da caixa, que funciona como anteparo (Figura 3). Figura 3: Esquema do funcionamento do EBC. RESULTADOS Por meio do EBC foram observadas diferentes fontes luminosas, sendo selecionados para esse trabalho a fonte ou lâmpada incandescente e a fonte ou lâmpada fluorescente. O espectro da fonte incandescente, figura 4, apresenta visualmente cores da região azul até a região do vermelho do espectro eletromagnético, sendo este de caráter contínuo. O espectro da fonte fluorescente, figura 5, apresenta visualmente cores distintas e bem definidas, características da presença de materiais constituintes na fonte que emitem um espectro discreto, não contínuo. Figura 4: Espectro emitido por uma lâmpada incandescente de tungstênio observado pelo EBC Figura 5: Espectro emitido pela lâmpada fluorescente visto através do EBC Os espectros qualitativos de emissão das fontes luminosas obtidos por meio do EBC, foram comparados com os espectros quantitativos, onde o eixo x corresponde ao comprimento de onda da fonte, em nanômetros, e o eixo y corresponde a intensidade, em W/m2, para um dado comprimento de onda. O espectro da fonte incandescente, figura 6, apresenta caráter contínuo na região do visível, a partir de 450 nm a 780 nm, e na região do infravermelho, de 780-1100 nm. Na região do infravermelho, a emissão apresenta maior intensidade, explicando a origem do aquecimento desse tipo de fonte. A fonte fluorescente, figura 7, apresenta banda contínua, bem definida, na região do visível do espectro eletromagnético, juntamente com as bandas características, não contínuas e discretas, geradas pela descarga elétrica no gás, existente no interior da fonte. Os picos característicos estão em 310nm e 365nm , na região ultravioleta, e na região visível, em 400nm, 435 nm, 545 nm e 575 nm, especificamente violeta, azul, verde e amarelo, respectivamente. Figura 6: Espectro da fonte incandescente. Figura 7: Espectro da fonte fluorescente. CONCLUSÃO Neste trabalho verificou-se que o espectroscópio confeccionado com materiais de baixo custo gera espectros qualitativos satisfatórios para o entendimento da natureza das fontes de radiação, seja de espectro contínuo e discretos, sendo esses bastante acessíveis para apresentar os conceitos de óptica em escolas da rede pública de ensino. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] Catelli, Francisco; Pezzini, Simone. Laboratório Caseiro: Observando Espectros Luminosos – Espectroscópio Portátil. Caderno Brasileiro de Ensino de Física. Volume 19 Nº. 2, Santa Catarina 2002. [2] Okuno, Emico; Vilela, Maria Apparecida Constantino. Radiação Ultravioleta: Características e Efeitos, Editora SBF, São Paulo, 2005. [3] Halliday, David; Resnick, Robert. Física. 4ª Edição, Editora LTC, Volume 2, Rio de Janeiro, 1979. [4] Paraná, Djalma. N. Física: Eletricidade. 7ª Edição. Editora Ática. Volume 2, São Paulo, 1999.