4 6 MARCO TEÓRICO 6.1 Engenharia de confiabilidade 6.1.1 Introdução Até bem pouco tempo, a manutenção era definida como “o departamento responsável pela lubrificação e conserto das máquinas, bem como pela conservação dos equipamentos e edifícios” (MACHLLINE, 1987). Mas com o advento da revolução industrial, o número de equipamentos e sistemas utilizados pelas indústrias teve um aumento significativo, o advento da 1a guerra mundial trouxe à tona a questão da precisão e confiabilidade alcançadas pelos equipamentos até então utilizados, aviões e armas, segundo Moubray(1995), neste período as indústrias não estavam totalmente mecanizadas os equipamentos eram simples e de fácil reparo. As pressões provocadas pela 2a grande guerra geraram o aumento da demanda por produtos com uma boa qualidade, e como conseqüência desta, na década de 50, as máquinas tornaram-se mais complexas, o tempo de paralisação e os custos de manutenção tornaram-se importantes para a indústria, devido a este fato, já na década de 60 as manutenções eram feitas em períodos pré-determinados. Nota-se, portanto que historicamente e nos dias de hoje, principalmente, o crescimento praticamente exponencial da importância dada à área de manutenção, saindo de um papel meramente coadjuvante, para assumir um papel de ator principal no cenário industrial, motivado primeiramente pelas necessidades de qualidade e disponibilidade, e posteriormente por necessidades econômicas (KARDEC, 2002). Devido ao aumento da complexidade das plantas industriais e a crescente necessidade pela eficiência e eficácia dos processos dentro não só do ambiente industrial, mas no ambiente da prestação de serviços, é que se verificou a necessidade de políticas de análise sobre as falhas, pois questões como segurança também estavam envolvidas. Por outro lado, a satisfação do cliente soa como um ponto forte, os clientes querem ter produtos e serviços com qualidade, que tenham uma confiabilidade e disponibilidade necessárias para atender a sua necessidade. Estudos realizados nas décadas de 60 e 70 por empresas e pela agência de aviação comercial americana, revelaram que a curva de banheira não podia ser mais considerada como padrão único para a curva de vida dos equipamentos, como conseqüência, planos de manutenção preventiva clássica, com atividades meramente baseadas no tempo, e na crença de que há sempre uma relação entre a probabilidade de falha e o tempo de operação, traziam resultados inferiores aos esperados e tornavam onerosa a manutenção (CARVALHO E ISTANISLAU, 1993). Surgiu então uma nova metodologia gerencial, a manutenção centrada em confiabilidade, que leva em consideração, as funções de cada equipamento no sistema, seus modos de falha e estabelece um critério de priorização baseado em fatores econômicos, de segurança (risco) e ambientais, determinando a filosofia mais adequada e eficaz. (MOUBRAY, 1994) 6.1.2 Definições Conforme Barros (1995), todo processo sempre tem algum caráter probabilístico associado, traduzindo por um teor de incerteza quanto à previsão de resultados. O processo 5 da manutenção não poderia escapar desta regra. Para compreendermos então os objetivos e as várias definições de manutenção tem-se que definir primeiramente alguns conceitos operacionais relacionados com as atividades de manutenção. a) Cadeia de Markov É uma representação gráfica dos estados possíveis que um processo pode tomar e as probabilidades associadas. Na área de manutenção, um processo ou equipamento só poderá estar em dois estados distintos, Estado bom e Estado em falha. Podemos representar a cadeia de Markov na figura a seguir: PBB PFF PBF = 1- PBB BOM ( PB ) EM OPERAÇÃO (B) PFB = 1- PFF FALHA (PF = 1- PB ) EM CORRETIVA (F) Figura 6.1: Cadeia de Markov Onde: PB = Probabilidade do sistema se encontrar no estado “EM OPERAÇÃO” - BOM PF = Probabilidade do sistema se encontrar no estado “EM CORRETIVA” - FALHA PBB = Probabilidade do sistema se encontrar no estado “EM OPERAÇÃO” - BOM, e permanecer, no mesmo, durante um determinado intervalo de tempo. PBF = Probabilidade do sistema se encontrar no estado “EM OPERAÇÃO” - BOM, e mudar para o estado “EM CORRETIVA” - FALHA durante um determinado intervalo de tempo. PFF = Probabilidade do sistema se encontrar no estado “EM CORRETIVA” - FALHA e permanecer, no mesmo, durante um determinado intervalo de tempo. PFB = Probabilidade do sistema se encontrar no estado “EM CORRETIVA” - FALHA e mudar para o estado “EM OPERAÇÃO” - BOM durante um determinado intervalo de tempo b) Confiabilidade A confiabilidade de um dispositivo é definida como a probabilidade que um equipamento (componente, sistema ou subsistema) desempenhe corretamente a sua função num dado período de tempo sob condições especificadas, sendo definida simbolicamente R ( t ) = P (T ≥ t ) como (MARTZ,1982; O’CONNOR, 1989; CARTER,1986; MARTI,2001). 6 Uma outra definição que pode ser empregada : “probabilidade de um equipamento ou sistema , em perfeito funcionamento no instante inicial de observação t 0, não falhar dentro de um intervalo de tempo Δt” (BARROS FILHO, 1995). A confiabilidade corresponde à probabilidade Pbb identificada no gráfico de Markov, observa-se que a confiabilidade corresponde à qualidade intrínseca do fornecimento do fabricante, sendo para o cliente/consumidor o investimento realizado, correspondendo ao capital empregado. A freqüência com que as falhas ocorrem é usada como parâmetro para a formulação matemática da confiabilidade R(t) e é chamada de taxa de falhas (λ ). Esta é a probabilidade (instantânea) de falhas de um dado equipamento e corresponde às solicitações (ações) do sistema/equipamento à manutenção. Com relação às falhas, a confiabilidade significa que o dispositivo é incapaz de desempenhar a sua função requerida. Neste trabalho será considerado apenas o caso em que o dispositivo é capaz de desempenhar sua função ou não, sendo excluído o caso onde podem ocorrer vários graus de degradação do sistema. Segundo O’Connor(1988, p6), é necessário distinguir itens reparáveis e nãoreparáveis, para um adequado tratamento probabilístico da confiabilidade. Para um item não-reparável, confiabilidade é a probabilidade de sobrevivência durante sua esperança de vida, ou durante um período de sua vida útil, quando somente uma e única falha pode ocorrer. Durante o tempo de vida do item, a probabilidade instantânea é chamada de taxa de risco. Quando um componente de um sistema nãoreparável falha, o sistema geralmente falha, portanto, sua confiabilidade é função do tempo da primeira ocorrência. Para itens reparáveis, há a possibilidade de ocorrência de mais de uma falha num determinado intervalo de tempo. Esse fato é caracterizado por uma medida definida como taxa de falhas, que expressa a probabilidade instantânea de falhas por unidade de tempo. Figura 6.2 : Sistema reparável e não reparável. A figura 6.2 baseada em Almeida (1997, p8) ilustra a terminologia consagrada: - TTF (time to failure) corresponde ao tempo compreendido até a ocorrência da primeira falha para itens não-reparáveis; 7 - TBF (time between failure) corresponde ao tempo compreendido entre duas falhas consecutivas e seu emprego se dá para itens reparáveis. A esperança dos diversos TBF é denominada MTBF (mean time between failure); TTR (time to repair) significa o tempo utilizado para restabelecimento das condições operacionais do item, a esperança dos diversos TTR é denominada MTTR (mean time to repair) - f(t) A 1-A = R(∆ t) Figura 6.3 : Função de densidade de falhas (TBF). tempo (TBF/TTF) t F(t) 1-------------------- t ∆ R(∆ t ) Tempo (TBF/TTF) Figura 6.4 : Função de distribuição acumulada de falhas (TBF). No estudo da confiabilidade, a derivada de F(t), distribuição acumulada de falhas, resulta numa função que é equivalente a densidade de probabilidade, e por esta razão é denominada densidade de falhas, f(t), de acordo com Bilinton (1983,p126). Deste modo: dF ( t ) dR( t ) f (t ) = =− dt dt 8 Há também, um estudo sobre a formulação matemática da confiabilidade, que apresenta como resultado a taxa de falhas λ(t), que é a relação entre a função densidade de falhas f(t) e a função confiabilidade R(t): λ( t ) = f (t ) R( t ) Outro importante parâmetro associado à confiabilidade é o tempo médio para falhas (MTTF) que representa a vida média de um sistema, que corresponde à equação: ∞ MTTF = ∫ R( t ) dt 0 Bilinton(1983,p154) procura também, alertar para uma diferença conceitual entre o tempo médio para falha (MTTF) e o tempo médio entre falhas (MTBF). Ele salienta que o MTBF, que indica o ciclo entre falhas, excede o MTTF por uma margem que é atribuída ao tempo para reparo. Porém, como o tempo para reparo da maioria dos sistemas é, geralmente, muito pequeno em relação ao tempo de operação, os valores numéricos desses parâmetros são bastante próximos. c) Mantenabilidade A mantenabilidade é a probabilidade de que um item que tenha falhado possa ter sua condição operacional restabelecida, dentro de um período de tempo específico, quando a ação de manutenção é executada de acordo com um planejamento estabelecido. É característica definida previamente nas fases de projeto e instalação do item. O projetista tem que ponderar e avaliar, previamente, certas características do produto, tais como: tamanho, facilidade de montagem, pontos de teste, etc. (GOLDMAN,1997,p28). Um outra definição é encontrada em Barros Filho (1995), probabilidade de que um equipamento ou sistema, que se encontra em falha no instante inicial de observação to, ser reposto em perfeito estado de funcionamento dentro de um intervalo de tempo ∆ t. Corresponde à probabilidade PFB identificada na cadeia de Markov na figura 6.1. Observa-se então que a mantenabilidade corresponde ao atendimento das manutenções corretivas ou aleatórias, estando associada à duração das falhas, sendo para o cliente/consumidor os gastos com apoio logístico, tecnológico, entre outros, e principalmente recursos humanos responsáveis pela execução desta atividade. Corresponde, portanto, ao trabalho envolvido para garantir a disponibilidade especificada do sistema, ou seja, a capacidade de atender à demanda de falhas (BARROS FILHO, 1995). A mantenabilidade, conforme Almeida(1989,p2), está associada com os tempos envolvidos nas ações necessárias para o restabelecimento dos equipamentos à condição operacional. Goldman(1977,p50) classifica o tempo necessário para o restabelecimento de um equipamento em duas categorias: - Tempo de manutenção ativa, que corresponde às ações de localização da falha – estudo, análise e avaliação, reparo e testes; - Tempo administrativo associado aos processos administrativos, tais como, preparação das equipes, seleção de materiais, documentação técnica, deslocamentos, etc. 9 As observações que podem ser realizadas sobre a mantenabilidade de um equipamento ou sistema, são os tempos para reparo (TTR) e seus componentes. A partir do TTR se obtém o tempo médio para reparo (MTTR), tomando a média aritmética daqueles tempos. O tempo médio para reparo constitui o parâmetro que caracteriza a mantenabilidade. (BILINTON, 1983) f(t) A= M(∆ t) Figura 6.5 : Função de densidade de reparo (TTR). tempo (TTR) t F(t) ------------------------------------------------------M(∆ t ) ----------------------- t tempo (TTR) Figura 6.6 : Função de distribuição acumulada de reparo (TTR). A análise do processo de reparo permite observar que há uma grande variedade de cursos alternativos de ação necessários para possibilitar o retorno de um item à condição normal de operação. O processo, em geral, requer que as equipes de manutenção se esforcem, de forma que um grande número de intervenções tenha curto tempo para reparo, enquanto poucos números tenham grandes tempos de reparo. Sendo previsível o comportamento padrão das freqüências de ocorrências dos tempos de interrupção. Quanto à distribuição dos tempos de manutenção, estes tendem a ser distribuídos pela função log-normal, pois está baseada na Lei de Weber-Fechner, que provou que o 1 tempo de resposta de animais e elementos humanos a simples estímulos físicos ou percepções são freqüentemente log-normal. Estudos experimentais mais recentes do tempo de reação de elementos humanos para modelos de percepção mais complicados, envolvendo algum grau de aprendizagem, indicaram que esses tempos de reação seguem uma distribuição log-normal. É também verdadeiro, que o processo de localização e retirada de uma falha em equipamentos, seguem um processo de partição caracterizado pela lógica. Desse modo, essas considerações indicam que os tempos de paralisação quando da manutenção de sistemas são lognormalmente distribuídos, visto que, a localização e correção de falhas em equipamentos são uma extensão do processo lógico de colocar coisas em categorias. Há, também, a variabilidade devida ao treinamento do pessoal, ou seja, pessoal com mais experiência tende a reduzir a média e o desvio padrão da distribuição do tempo de execução de manutenção. Em relação ao tempo médio para reparo, Lafraia cita que o método mais utilizado para estimar este é efetuar a média ponderada dos tempos de reparo de cada modo de falha, a ponderação é feita pela respectiva taxa de falha. MTTR = ∑λ.t ∑λ r d) Disponibilidade A disponibilidade é um atributo de um sistema associado ao seu estado operacional, que representa a probabilidade do mesmo estar disponível num determinado instante, considerando as duas situações possíveis: Operação ou Falha (SILVA, 2000,p16). Barros Filho (1995) define como a probabilidade de um equipamento ou sistema estar em condições de operar, dentro dos limites para o qual foi especificado, no instante em que for solicitado. Corresponde a probabilidade Pbb identificada na cadeia de Markov na figura 6.1. Observa-se então que a disponibilidade corresponde ao estado em operação (B), sendo para o sistema produtivo o equivalente ao estado em que o equipamento/máquina estaria servindo/produzindo (Bom), correspondendo, portanto, à Receita do sistema. Considerando o aspecto probabilístico associado à disponibilidade, deve ser evitada a utilização da expressão abaixo para avaliação deste atributo, esta induz a um raciocínio determinístico, proporcionando a falsa idéia de uma exatidão de valor. Tempo _ de _ operação Disponibilidade = Tempo _ de _ operação + Tempo _ de _ falha O correto seria obter-se um estimador para o citado atributo, dado o seu caráter probabilístico, que geralmente é feito com base na mantenabilidade e na confiabilidade. A mantenabilidade influencia diretamente na disponibilidade, pois o tempo empregado no restabelecimento das condições operacionais, necessariamente retira o item da condição de operação. Por outro lado, uma alta confiabilidade implica em menos necessidade de manutenção. Conseqüentemente, a disponibilidade é uma composição dos atributos confiabilidade e mantenabilidade. Numa extensão de conceitos, Goldman (1977 ,p26) classifica a disponibilidade em categorias, cujas expressões a seguir, podem ser utilizada como estimadores: 1 - Ai = Disponibilidade inerente (Ai): É a disponibilidade que um item apresenta, quando usado sob condições apropriadas, para poder operar satisfatoriamente durante um dado período de tempo, tendo disponível todo o suporte operacional necessário, e sem considerar qualquer tipo de manutenção programada. São admitidas, somente, manutenções corretivas. Também não são considerados os tempos administrativos de manutenção, nem o tempo de prontidão, em que o item está preparado para operar, mas não é requisitado. Sua expressão é: MTBF MTBF + MTTR - Aa = Disponibilidade alcançada Aa: é a disponibilidade que um item apresenta, quando usado sob condições apropriadas para poder operar satisfatoriamente durante um dado período de tempo, tendo disponível todo suporte operacional necessário e considerando o tempo usado nas manutenções preventiva e corretiva. Também não são considerados os tempos administrativos de manutenção nem o tempo de prontidão. Sua expressão é: MTBM MTBM + M Onde: MTBM – tempo médio entre manutenções M – tempo médio para manutenção ativa (corretiva+preventiva) - Ao = Disponibilidade operacional Ao: É a disponibilidade que um item apresenta, quando usado sob condições apropriadas, para poder operar satisfatoriamente durante um dado período de tempo, tendo disponível todo suporte operacional necessário. Sua expressão é: MTBM MTBM + MDT Onde: MTBM – tempo médio entre manutenções e prontidão no mesmo intervalo MDT – tempo médio de indisponibilidade, incluindo os tempos administrativos. Observa-se que o usuário de um equipamento geralmente está interessado na disponibilidade operacional, que depende de suas características (incluindo a confiabilidade e a mantenabilidade) e dos recursos logísticos para atendimento dos requisitos da manutenção. Almeida (1984, p116) enfatiza que a disponibilidade dá uma visão geral, porém, não indica diretamente quanto o equipamento ou a manutenção contribuem para o seu desempenho. É necessário incluir o fator suprimento de recursos dentro da 1 Mantenab. (M) TTR) mantenabilidade, para que seja englobada toda estrutura de manutenção: equipes e facilidades de apoio logístico. GOLDMAN/SLATTERY(1977) mostra que, para uma dada disponibilidade especificada, existe um compromisso entre a mantenabilidade (MTTR) e a confiabilidade (MTBF=1/λ ), conforme pode-se ver no gráfico a seguir. Veja que, pode-se gastar mais no investimento (Confiabilidade, Ponto A), ou, por outro lado, escolher-se gastar mais em trabalho (Mantenabilidade, Ponto B), obtendo-se a mesma disponibilidade especificada. Neste caso 95% (noventa e cinco por cento). 80% Disp. 90% Disp. 95% Disp Confiabilidade-1 1/MTBF) ( λ = Figura 6.7 : Compromisso entre Confiabilidade e Mantenabilidade. Convém salientar que com a competitividade mundial e conseqüente busca pela qualidade total, hoje existente, já se pode observar uma elevação da confiabilidade (melhoria da qualidade intrínseca) e equipamentos mais fáceis de manter, sem sensível elevação dos gastos, seja no investimento, seja na infra-estrutura de manutenção, principalmente no que concerne a indústria eletrônica. e) Qualidade de serviço É definida como a conformidade entre o grau de funcionamento e a capacidade do equipamento e/ou sistema, associada à degradação, quando o equipamento encontra-se em operação e não é produzido uma mudança nas características de funcionamento além do limite desejável para o qual o equipamento/sistema foi especificado e projetado. Para exemplificar, citam-se 2(dois) exemplos em telecomunicações: Qualidade de serviço funcional: Está associada à qualidade intrínseca para o qual o equipamento/sistema foi projetado. Em telecomunicações, chamada de qualidade de 1 transmissão, está associada à inteligibilidade, onde através de uma conversação telefônica se identifica perfeitamente com quem e o que se está falando, além da garantia de uma comunicação sem ruídos, interferências ou distorções. No caso de comunicações digitais consiste em garantir uma taxa de erro mínima especificada para o canal. É definida então como o critério de aceitabilidade (Conformidade) da qualidade intrínseca. Qualidade de serviço de capacidade: Está associada à capacidade máxima para o qual o equipamento/sistema foi projetado. Em telecomunicações, chamada de qualidade de tráfego, está associada com o estabelecimento de uma conexão entre dois pontos de comunicação. Está diretamente correlacionada com a receita. f) Defeito É um desvio inaceitável da especificação de um atributo ou medida da qualidade, é uma característica indesejável de um produto ou serviço. Defeito não significa perda da capacidade funcional. Ex.: Um automóvel 0 km com teto amassado. g) Falha É um defeito relacionado com a confiabilidade da performance, é a falta de capacidade funcional de uma unidade em realizar sua função quando requerida é um estado inoperável no qual um item não desempenha ou não desempenharia suas funções como especificado. Ex.: O freio não funciona. h) Custo É uma função de pessoal, energia, reserva técnica, equipamentos de suporte, ferramental, apoio logístico e estrutura de gerenciamento e planejamento, bem como do investimento inicial do sistema correspondendo assim ao custo do ciclo de vida útil do equipamento / sistema. Relacionado com a confiabilidade, deve ser visto numa visão de ciclo de vida do item englobando os custos diretamente relacionados ao programa de confiabilidade e aos custos associados ao uso do item. Os custos globais, MARTINS(1990), associados a manutenção corretiva podem ser classificados conforme se segue: Custos da falta de disponibilidade e/ou qualidade ou custo indireto: é aquele originado pela perda de produção/serviço enquanto a máquina /equipamento se encontra em manutenção corretiva, inclusive com conseqüente custo adicional (valor econômico) de substituição. Custos dos recursos de manutenção ou custo direto: são os custos da mão-de-obra, gerenciais e executivas, das atividades da manutenção (corretivas, programadas, diversas e reparo), dos instrumentos associados, dos materiais de apoio e ferramentais, sobressalentes e recursos de prontidão, etc. MONCHY(1989) e MARROW(1976) indicam que uma das decisões a ser tomada pelo gerente de manutenção é a decisão entre investir em força de trabalho e/ou recursos, 1 elevando-se os custos diretos e diminuindo-se os indiretos e vice-versa, gerando um compromisso de forma a otimizar os custos globais, maximizando os objetivos. Verificase, na figura 3.31, que existe um ponto de custo mínimo (Q0), que pode, ou não, coincidir com o custo ótimo. CUSTO TOTAL CUSTO DIRETO CUSTO INDIRETO Q0 QUANTIDADE DE RECURSOS Figura 6.8 : Custos Globais de manutenção. Em muitas ocasiões, o custo da falta de disponibilidade pode variar enormemente, a depender de fatores relacionados com vendas e armazenagem do produto, bem como a importância do serviço prestado pelo equipamento/sistema. Devendo, estas estimativas de custo serem utilizadas para apoio à tomada de decisão no confronto manutenção x produção na ocasião mais adequada. Em caso desses dados ainda não se encontrarem disponíveis deverá ser utilizado o conhecimento à priori dos especialistas que gerenciam o sistema, para que estes possam indicar as prioridades associadas à importância desse sistema e conseqüências da indisponibilidade. 6.1.3 Manutenção A manutenção está associada tanto com a produtividade na execução da tarefa ou trabalho para geração do produto ou prestação de serviço, como também na obtenção da qualidade, para uma primeira compreensão desta importante área de estudo, se faz necessário entender os significados a ela atribuídos: AFNOR - Association Française de Normalisation (NF X 60-010) “Conjunto de ações que permitam manter ou restabelecer, a um sistema, o estado de funcionamento”. 1 ABNT - Associação Brasileira de Normalização Técnica (NBR - 5462) “Conjunto de ações destinadas a manter ou recolocar um item no estado no qual pode executar sua função requerida”. Larousse, 1999 “Ação ou efeito de manter, de substituir, conservar. Ação de manter, de conservar em bom estado, trabalhos de pessoas necessários para chegar a isso. Serviço de conservação, fiscalização em certas empresas, oficinas. Conjunto de operações que permitem manter (ou restabelecer) um material, um aparelho, um veículo, etc. em (ou até) estado determinado, ou restituir-lhe característica de funcionamento especificada”. FERREIRA, 1975 “As medidas necessárias para a conservação ou permanência de alguma coisa ou de uma situação. Os cuidados técnicos indispensáveis ao funcionamento regular e permanente de motores e máquinas”. GOLDMAN; SLATTERY, 1977 “Todas as ações necessárias para manter um item ou restaurá-lo à condição de serviço. A manutenção inclui reparo, modificação, modernização, vistoria, inspeção e determinação de condição”. BARROS FILHO, 1995 “Um conjunto de atividades, gerenciais e executivas, com a finalidade de garantir e melhorar a disponibilidade [f(confiabilidade, mantenabilidade)], a qualidade de serviço e eficiência dos trabalhos no setor produtivo e de escritório, com a finalidade de otimização de custos, contribuindo com a obtenção de eficácia e elevação da produtividade da empresa”. Segundo Smith(1993), o histórico da manutenção industrial, através das duas décadas passadas, apresenta alguns clássicos problemas de manutenção que se encontram listados abaixo, tendo estes problemas ocorridos em algumas empresas: a. Insuficiência de manutenção pró-ativa – este problema é claramente simples, por causa dos grandes gastos dos recursos de manutenção na planta com a manutenção corretiva, devido a algumas vezes a equipe de manutenção operar de modo reativo. b. Repetição freqüente de problemas – este tem um vinculo direto com o precedente relativo ao modo de operação reativa que apenas tem tempo para restaurar a operabilidade, não deixando tempo ou informação suficiente que se saiba a causa da falha do equipamento e qual a maneira correta de corrigir este problema permanentemente. c. Erro de manutenção – a humanidade é passível de erros e estes podem ocorrer durante as atividades de manutenção (preventiva ou corretiva). O 1 d. e. f. g. h. i. j. mínimo erro tolerado nos programas de manutenção irá depender das conseqüências causadas pelos mesmos, podendo variar em 1 em 100 para 1 em 1 milhão. Manutenção prática, sólida, não institucionalizada – um caminho para resolver erros humanos é, o iniciante, saber os procedimentos e as práticas que podem garantir que não sejam cometidos erros e então institucionalizálas nos hábitos de trabalho diários da planta. Manutenção preventiva desnecessária e conservativa – à primeira vista, pode parecer um conflito com o item um, mas a evidência histórica mostra que alguma atividade de manutenção preventiva é desnecessária. O segundo problema, manutenção conservativa, ocorre devido a algumas ações de manutenção preventiva possuírem evidências suficientes, sugerindo o desempenho prematuro destas ações. Vaga racionalidade para manutenção preventiva – a ausência de informação sobre a origem da tarefa de manutenção preventiva ou documentação desta tarefa na planta é uma regra e não uma exceção. Ausência de rastreamento/visibilidade nos programas de manutenção – se a planta não desempenha rotina de análise de causa nos equipamentos em falha, negligenciando registro de manutenção preventiva, são perdidas as informações significativas na área de rastreamento e visibilidade. Aceitação cega dos dados fornecidos pelo fabricante – o fabricante quase sempre fornece um manual de operação e manutenção na entrega do equipamento. Do ponto de vista da manutenção preventiva, há dois problemas com estes dados fornecidos: o 1o, o fabricante não pensa necessariamente na questão da manutenção preventiva do equipamento de maneira compreensiva e preço eficaz; 2o, o fabricante vende os equipamentos para vários consumidores que os operam em diferentes aplicações, por exemplo: ciclo de uso e umidade, possuindo diferentes perfis de operação. Variação entre unidade igual / similar na manutenção preventiva – uma dada companhia que possui múltiplas plantas / unidades envolvidas na produção são freqüentemente idênticas virtualmente, possuindo um grande número de equipamentos idênticos ou similares. Assim, sob estas circunstâncias, poderia ser razoável a utilização de um programa de manutenção preventiva que pudesse assumir procedimento padronizado, não sendo algumas vezes assumidos devido a características de operação e manutenção que algumas plantas podem ter. Escassez de aplicação de manutenção preditiva – há uma área inteiramente nova na tecnologia da manutenção desenvolvida por vários anos chamada manutenção preditiva, também conhecida pelo nome de monitoração e diagnose e monitoração de desempenho. Elas descrevem a medição de um parâmetro de modo não-intrusivo que informa o estado do equipamento impedindo uma manutenção prematura e desnecessária. 6.1.4 Ações da manutenção 1 Podemos agrupar as atividades de manutenção em três grandes grupos: as atividades de manutenção corretiva, preventiva e preditiva. a) Manutenção corretiva A manutenção corretiva não pode ser programada, dada à natureza aleatória da falha e as incertezas que cercam a tomada de decisões correspondentes. Este tipo de manutenção não ocorre apenas na decorrência de uma falha, como também quando há indicação por critérios de acompanhamento de condição. Assim as alternativas em se tratando de um item de reposição complexa são: reparo no local ou substituição, definidos em função de critérios como custo da indisponibilidade, tempo de reparo e de substituição, e indisponibilidade de recursos envolvidos. (GOLDMAN; SLATTERY, 1977) “É aquela que se conduz quando o equipamento à falha ou cai abaixo de uma condição aceitável quando em operação.” “Manutenção efetivamente realizada em um item, quando o defeito já foi identificado, restituindo-se a condição admissível” (MIRSHAWKA; OLMEDO,1993) b) Manutenção preventiva Ações preventivas podem ser programadas e executadas sob a forma de um plano de manutenção preventiva. Qualquer que seja a definição tomada para manutenção preventiva, esta sempre incorpora uma característica comum através de uma ação no sentido de tentar evitar a ocorrência da falha do equipamento ou sistema. Aquela manutenção executada para conservar um item na condição operacional satisfatória através de inspeção sistemática, detecção e prevenção de falhas iniciais. (GOLDMAN; SLATERRY,1977) “Todos os serviços de inspeção sistemática, ajustes, conservação e eliminação de defeitos, visando evitar falhas”. “Manutenção preventiva por tempo – Serviços preventivos estabelecidos através de programação (preventiva, sistemática, lubrificação, inspeção ou rotina), definidos por unidade-calendário (dia, semana) ou por unidade não-calendário (horas de funcionamento, quilômetros rodados, etc)” “Manutenção preventiva por estado – Serviços preventivos executados em função da condição operativa do equipamento (reparos de defeitos, preditiva por monitoramento e reforma / revisão geral)”. (TAVARES, 1996) c) Manutenção preditiva Mirshawka e Olmedo em 1993 definiram manutenção preditiva como sendo aquela manutenção preventiva baseada no conhecimento do estado / condição de um item, através de medições periódicas ou contínuas de um ou mais parâmetros significativos. A intervenção de manutenção preditiva busca de detecção precoce dos sintomas que precedem uma avaria. 6.1.5 Papel da administração da manutenção A atividade da manutenção está diretamente ligada à capacidade produtiva e bem organizada e administrada, melhorando o desempenho do equipamento para garantir uma 1 boa qualidade e durabilidade dos produtos e/ou serviços, tornando a empresa mais competitiva. A administração da manutenção procura tratar como a empresa efetua os seus serviços, procurando abordar tarefas, problemas e decisões tomadas pelo gerente de manutenção que proporcionam os serviços necessários à empresa. Por papel, entende-se a razão básica da função ou a principal razão de sua existência. Assim, para a função manutenção existem três papéis importantes a serem considerados, são eles: - - - Apoio à estratégia – Procura desenvolver seus recursos fornecendo as condições necessárias para permitir que a organização atinja os seus objetivos estratégicos. Por exemplo, se uma empresa de telefonia celular deseja ser a primeira no mercado, deve organizar, treinar e desenvolver procedimentos para que seus funcionários resolvam de maneira eficaz o problema. Implementação para a estratégia – Coloca em prática a estratégia estabelecida para a empresa. No caso da empresa de telefonia celular, deveria existir uma boa área de cobertura geográfica para que possa atrair o maior número de clientes, o marketing deve estabelecer o preço apropriado e promoções para as ligações e a manutenção deve proporcionar uma disponibilidade dos serviços para seus clientes. Impulsão estratégica – tem a função de impulsionar a estratégia dando vantagem competitiva a longo prazo. No caso de uma empresa possuir um serviço de manutenção relapso e custo elevado, poderá a longo prazo ocasionar o declínio da empresa pela elevada insatisfação que irá provocar aos usuários. Slack apresenta um modelo de quatro estágios que é adaptado à administração da manutenção para que possa ser usado na avaliação do papel competitivo e a sua contribuição: - - - Neutralidade interna – é o nível mais fraco de contribuição, onde a manutenção é considerada como um mal necessário e, a sua contribuição é considerada como um prejuízo à eficácia competitiva da organização. Neutralidade externa – neste nível a função manutenção é comparada com outras organizações similares. A função manutenção não está prejudicando a empresa, mas estará sendo adotada a melhor prática de suas concorrentes, seguindo as melhores idéias e normas para desempenho. Apoio interno – Neste estágio, a empresa atingiu a primeira divisão do mercado. Pode não ser melhor que as concorrentes em todos os aspectos de desempenho, mas está junto às melhores. Assim, organiza e desenvolve os recursos para manutenção e assume o papel implementando a estratégia. Apoio externo – A função manutenção é vista como provedora, base para o sucesso competitivo, tornando-se o ponto central para a preparação da estratégia (manutenção pró-ativa). 1 6.1.6 Processos de falha Segundo Kelly, 1980, as falhas em equipamentos/sistemas, quanto à origem, podem ser classificadas em: a) Falhas causais ou introduzidas: - Especificação não conforme: Falta de visão sistêmica, bem como uma especificação sem participação dos órgãos responsáveis pelo setor produtivo (Pósoperacional - Manutenção e Operação) pode trazer, em conseqüência, falhas que deveriam ser eliminadas utilizando o conhecimento desses órgãos (aprendizado com o sistema), além de problemas de compatibilização com outros sistemas dependentes. - Projeto inadequado: Falta de robustez e mau dimensionamento das peças, locais de difícil acesso e/ou circulação, componentes ou partes difíceis de serem trocadas, induzindo a trocas errôneas, sistema de segurança em local inadequado, peças não padronizadas que causam esforços ou sobrecargas inadequadas reduzindo-se o rendimento e vida útil do equipamento, introduzindo falhas adicionais ao sistema e/ou equipamento. - Má qualidade da fabricação: São originárias da deficiência ou inexistência do controle de qualidade durante a fabricação da máquina, equipamento ou unidade, onde ocorrem negligências de um modo geral. Mudanças não autorizadas de projeto ou até pressa na entrega levam à introdução de “arranjos” (“gambiarras”) que inevitavelmente irão se manifestar com o passar do tempo, produzindo problemas futuros. Alinhamentos, soldas, rebitagens e uma infinidade de operações mal feitas. Controle de qualidade do fabricante inadequado, onde não se eliminam as falhas precoces (mortalidade infantil) antes da entrega do produto (testes de burn-in), o que trarão, como conseqüência, a elevação das taxas de falhas (demanda de corretivas) durante a fase inicial de operação. - Má qualidade da instalação: Instalações executadas em ambientes inadequados, erros de montagem e cabeações, testes com instrumentos não aferidos e não calibrados, pressa na entrega ocasionando improvisações, não cumprimento das recomendações dos fabricantes, etc. Todas, conseqüentemente, introduzirão defeitos futuros. - Má qualidade de operação: O desconhecimento e desprezo do operador com uma determinada máquina, equipamento ou unidade poderá introduzir defeitos por falha humana, elevando-se a demanda de corretiva. Também improvisações e sobrecargas impostas para atender a uma produção superior à projetada (perda da qualidade de capacidade). Falta de supervisão e controle, falta de orientação, pressa, além de influências ambientais sobre o operador e máquina como: poluição, insalubridade, temperatura, fadiga, monotonia, bem como uma atmosfera de relações humanas precárias pode levar o operador a se “vingar” na máquina. - Má qualidade de manutenção: Não cumprimento do plano de manutenção programada ou um plano de manutenção programada inadequado ou até inexistência do deste, ferramentas indevidas, equipe não qualificada, falta de supervisão e controle, poluição, insalubridade, temperatura, fadiga, monotonia e uma atmosfera de relações humanas precárias trazem em conseqüência serviços mal feitos e uma séria contribuição 2 para falhas e quebras das unidades. Também no que se refere à troca de componentes fora de especificação, como também casos em que o executor de manutenção fica com a preocupação de eliminar o sintoma (o que se “vê”) não se preocupando com a causa (o que é), deixando esta última latente, originando novamente defeito, causando retrabalho. b) falhas casuais ou aleatórias São as falhas que deveriam ocorrer normalmente, se todas as condições anteriores estivessem atendidas, tornando assim mínima a demanda gerada por falhas esperadas, dentro de certa previsibilidade, para as quais devem ser estruturadas a organização e administração dos recursos humanos e materiais de suporte e atendimento. Portanto deve ficar claro que a mantenabilidade começa desde a concepção do equipamento, na sua especificação, bem como tecnologia do produto, pois a ergonomia define as facilidades de manutenção do equipamento (interface homem X máquina); a função para o qual o mesmo foi concebido; sua confiabilidade, assim como os procedimentos de manutenção corretiva e sua filosofia de ação a posteriori. Por exemplo: se na concepção definiu-se que o equipamento é descartável (irreparável) então a ação de manutenção corretiva será de substituição; por outro lado se os módulos forem reparáveis será necessário preparar o apoio logístico para função reparo, pois se necessitará da mesma após ação de manutenção corretiva, etc. Vê-se, por exemplo, o caso de aviação, onde a vantagem de se investir em uma alta confiabilidade, bem como as ações preventivas, é de fundamental importância para que as manutenções corretivas (mantenabilidade) fiquem, obviamente, em pequenos reparos que não interferem na sua disponibilidade operacional. Também o projeto do sistema implantado define a topologia do sistema que vai influenciar diretamente nas ações envolvidas. Vê-se então, a natureza multidimensional da mantenabilidade. Deve-se utilizar as informações nas ações de mantenabilidade como um sistema adequado de aprendizagem, que consiste em reunir e divulgar estas informações sobre problemas detectados, principalmente os mais significativos para se chegar a um nível ótimo de manutenção de um sistema em funcionamento. Como também, deve-se dar retorno aos fabricantes para que estes possam buscar melhorias na confiabilidade em seus novos produtos (Controle Inicial), pois, só desta forma poderia se conseguir resultados satisfatórios numa abordagem terotecnológica. Fonte : J. Moubray 2 Figura 6.9 : Curva da banheira. EVOLUÇÃO DAS VISÕES DOS PROCESSOS DE FALHAS 3 a . G e ra ç ã o 2 a . G e ra ç ã o 1 a . G e ra ç ã o 1 9 40 1 9 5 0 1980 1960 1990 2000 1970 CURVA DA BANHEIRA A Curva A é a própria Curva da Banheira. A Curva B mostra uma taxa de falha constante ou quase constante durante um certo período de tempo, terminando em uma fase de desgaste. A Curva C mostra uma taxa de falha que aumenta gradativamente, sem que se possa identificar uma fase distinta de envelhecimento. A Curva D representa uma taxa de falha que é praticamente nula assim que o produto sai da fábrica, seguida de um aumento significativo para um patamar constante ou quase constante. A Curva E ilustra uma taxa de falha constante no tempo. Por fim, a Curva F é representativa de um componente sujeito à mortalidade infantil, o qual após o período inicial, passa a ter uma taxa de falhas constante ou praticamente constante. Como pode ser visto, os três últimos padrões não apresentam uma fase de envelhecimento (a rigor, tampouco a Curva C apresenta uma fase de desgaste distinta). Para equipamentos desses tipos, não faz sentido a especificação de tarefas de Manutenção Preventiva baseadas em um intervalo de tempo fixo. 6.1.7 Distribuição de probabilidades em confiabilidade Uma análise no histórico de manutenção de um equipamento revela que itens iguais, de um mesmo lote de fabricação, não falham ao mesmo tempo. Em geral, a falha desses itens obedece a uma distribuição de probabilidade. A determinação da distribuição de probabilidade que rege o comportamento operacional de um equipamento, até que o mesmo venha a falhar, pode ser determinado através de um teste de amostragem. As distribuições de probabilidade, que possibilitam esse estudo, podem ser agrupadas em dois tipos básicos: discretas e contínuas. 2 Em seguida, são apresentados os comentários sobre as principais distribuições ligadas à confiabilidade, tomando como base O’Connor(1985 ,cap.2). a) Distribuições discretas São aquelas associadas às variáveis aleatórias que somente podem assumir valores discretos. As mais importantes para o estudo da confiabilidade são: i. Distribuição binomial Focaliza uma situação em que há somente dois resultados possíveis, como por exemplo, o estado e um equipamento: em manutenção ou operação. Acrescenta-se o fato de que todos os possíveis resultados subseqüentes tenham as mesmas probabilidades. Sua função de distribuição de probabilidades é regida pela seguinte expressão: f ( xΙn, p ) = n! ( n −x ) p x (1 − p ) x!( n − x )! A expressão acima fornece a probabilidade de se obter x casos favoráveis e não-x casos desfavoráveis em n observações, em que p é a probabilidade associada aos casos favoráveis e 1-p, aos desfavoráveis. O valor esperado E(x) e o desvio padrão DP dessa função são respectivamente: E ( x ) = np DP = np (1 − p ) ii. Distribuição de Poisson Esta distribuição está associada a eventos que ocorrem a uma taxa média constante, em que apenas um de dois possíveis resultados é considerado. Sua função de distribuição de probabilidade é caracterizada pela seguinte equação: f ( xΙλ) = (λt ) n exp(−λx ) n! O valor esperado E(x) e o desvio padrão DP dessa função são respectivamente: E ( x) = λx DP = (λ x) 2 1 Essa função pode ser utilizada, por exemplo, para estudar o número de equipamentos recebidos para manutenção em determinado período. b. Distribuições contínuas i. Distribuição normal 2 Esta função de distribuição apresenta grande aplicação na descrição de fenômenos que ocorrem na vida real, sendo amplamente empregada em controle de qualidade. Uma grande razão para aplicação desta função é que, quando se aumenta o tamanho da amostra de uma população, a distribuição das médias amostrais tende para a distribuição normal, conforme estabelece o teorema do limite central. Sua expressão é: f ( xΙµ, σ ) = 1 x − µ 2 1 exp − σ 2π 2 σ O valor esperado E(x) e o desvio padrão DP desta função são respectivamente μ e σ. No caso particular em que μ = 0 e σ = 1, tem-se a função densidade de probabilidade normal padronizada, que é facilmente encontrada em forma de tabela. ii. Distribuição lognormal É a função de distribuição de probabilidade adequada para a análise de confiabilidade, pois permite representar o comportamento de sistemas reparáveis que apresentam características de desgastes decorrentes do ciclo operacional. Sua expressão é: f ( xΙµ, σ ) = (ln x − µ ) 2 1 exp − para x ≥ 0 e f(x) = 0 para x < 0 2σ 2 σx 2π O valor esperado E(x) e o desvio padrão DP desta função são respectivamente: σ2 E ( x ) = exp µ + 2 DP = exp(2 µ + 2σ 2 ) −exp(2 µ +σ 2 ) iii. Distribuição exponencial negativa Esta função de distribuição de probabilidade é por demais empregada no estudo de confiabilidade, pois possibilita mostrar a função de vida útil de um equipamento reparável, representando, portanto, a densidade de falha. Sua expressão é: f ( xΙλ) = λe −λx para x ≥ 0 e f ( xΙλ) = 0 para x < 0 O valor esperado E(x) de o desvio padrão DP desta função são: E(x) = 1/λ e DP = 1/λ O valor esperado expressa o tempo médio para falha e o parâmetro λ representa a taxa de falhas do equipamento. Pelo fato da distribuição exponencial negativa representar a vida útil de um equipamento, pode-se obter uma expressão matemática que descreva a expectativa de vida útil do mesmo, ou seja, a função confiabilidade. Ela corresponde à probabilidade de não ocorrer falha no equipamento até o tempo x. 2 Considerando o tempo como variável , a função confiabilidade é obtida integrando a função f ( xΙλ) = λe −λx de 0 até t e subtraindo o resultado de 1, ou seja: t R (t ) =1 − ∫ λe −λt dt 0 A distribuição exponencial negativa apresenta a propriedade de “não possuir memória”. (BILLINTON, 1983,p153) e considerando que muitos equipamentos formados por componentes eletrônicos têm esta característica, tal fato reforça a condição da utilização da distribuição exponencial negativa na análise da confiabilidade dos mesmos. iv. Distribuição de Weibull Expressão semi-empírica desenvolvida por Ernest Hjalmar Wallodi Weibull, físico sueco, que em 1939 apresentou o modelo de planejamento estatístico sobre fadiga de material. Como citado anteriormente, sua utilidade decorre do fato, de permitir: - Representar falhas típicas de partida (mortalidade infantil), falhas aleatórias e falhas devido ao desgaste; Obter parâmetros significativos da configuração das falhas; Representação gráfica simples. a) Principais Expressões Matemáticas - Probabilidade de falhas de um item, num dado intervalo de tempo "t" de operação. F(t) ==> Função Distribuição Cumulativa - Probabilidade a qual o equipamento não irá falhar para um dado período de tempo "t"de operação (Confiabilidade) - Tempo Médio Entre falhas (TMEF) - Desvio Padrão 2 "Γ " => Símbolo da Função Gama b) Significado dos parâmetros da Distribuição de Weibull "t0" => Vida Mínima ou Confiabilidade Intrínseca (tempo de operação o qual o equipamento passa a apresentar falhas, ou seja, intervalo de tempo que o equipamento não apresenta falhas). "η " => Vida Característica ou Parâmetro de Escala (intervalo de tempo entre "t0" e "t" no qual ocorrem 63,2% das falhas, restando portanto, 36,8% de itens sem falhar). "β " => Fator de Forma (indica a forma da curva e a característica das falhas). "β < 1" mortalidade infantil "β = 1" falhas aleatórias (função exponencial negativa) "β > 1" falhas por desgaste c) Observações relativas ao Fator de Forma "β " A escolha apropriada de "t0", "β " e "η " na Distribuição de Weibull pode ser usadas para representar uma larga faixa de distribuições, incluindo tanto distribuições randômicas (exponencial negativa) quanto distribuições aproximadamente normal. Embora a experiência tenha mostrado que a distribuição de Weibull possa ser usada para representar a grande maioria de modelos de falha, é essencial notar que é uma função semi-empírica, e pode não ser capaz de representar algumas distribuições particulares encontradas na prática. Com relação ao Fator de Forma "β ", temos que: - Se "β = 1" (taxa de falha constante), pode ser uma indicação que modos de falhas múltiplos estão presentes ou que os dados coletados dos tempos para falhar são suspeitos. Este é freqüentemente o caso dos sistemas os quais diferentes componentes têm diferentes idades, e o tempo individual de operação dos componentes não estão disponíveis. Uma taxa de falhas constante pode também indicar que as falhas são provocadas por agentes externos, tais como: uso inadequado do equipamento ou técnicas inadequadas de manutenção. O modo de falhas por desgaste é caracterizado por "β > 1", mas podem ocorrer situações as quais as falhas por desgaste ocorram depois de um tempo finito livre de falhas, e um valor de "β = 1" é obtido. Isto pode ocorrer quando uma amostragem contém uma proporção de itens imperfeitos, acarretando falhas antes de um tempo finito livre de falhas. Os parâmetros da Distribuição de Weibull dos modos de falhas por desgaste podem ser deduzidos se forem eliminados os itens imperfeitos e analisados os seus dados separadamente. (QUALYTEC) 2 d) Observações relativas à vida mínima t0 t0 é o parâmetro de vida inicial da distribuição de Weibull e representa a distância da origem até o início da primeira falha. Na maioria dos casos é igual a zero, significando que no tempo 0 (zero) a probabilidade de ter-se falha é zero. 6.2 Manutenção centrada na confiabilidade Importante metodologia para a gestão da manutenção em uma empresa a manutenção centrada na confiabilidade fornece métodos baseados na confiabilidade dos equipamentos envolvidos que visam manter estes sempre com uma elevada confiabilidade. a) Prática da manutenção preventiva tradicional Segundo Moubray(1990), historicamente, a seleção e o planejamento das tarefas de Manutenção Preventiva (MP) têm freqüentemente sido baseadas na idéia de que a mesma pode evitar a grande maioria dos modos de falhas dos equipamentos mas, infelizmente, isso não é verdade. Tarefas específicas de MP têm sido usualmente identificados na base do que “pode ser feito” e não, necessariamente, do que “deveria ser feito e porque”. O paradigma central na manutenção tradicional é a preservação do equipamento, sem uma preocupação consciente das suas funções no sistema e de suas prioridades em termos de alocação de recursos com vistas a uma otimização dos gastos em manutenção. A maioria dos programas de MP tem sido gerados a partir de uma série de processos mais ou menos intuitivos que, tipicamente, incluem um ou mais dos seguintes argumentos: Experiência "Tem sido feito desse modo nos últimos 15 anos, portanto, deve ser bom". Esta é a justificativa mais comum para o uso de determinada tarefa de MP. Na realidade, ninguém parou para perguntar se de fato o que vinha sendo feito era o que deveria ser feito. Pode ser que no início da operação do equipamento, a tarefa fosse de fato a mais indicada. Depois de todas as modificações introduzidas na instalação nos últimos 15 anos, tais tarefas podem ter ficado totalmente sem sentido. A adoção de novas técnicas de MP poderia ser muito mais custo - eficiente na atualidade. Isto não significa que “experiência” não seja importante, mas sim que a experiência tem que ser constantemente analisada para se poder tirar proveito dos resultados positivos e negativos. Julgamento "Eu acho que isso deve ser uma boa coisa a fazer" 2 Muito semelhante à “experiência”. Na maioria das vezes, não há qualquer documentação que indique as bases do julgamento. Recomendação "O fabricante disse que deveríamos fazer assim" Esta pode ser uma forma adequada no início da operação do equipamento, mas pode não ser “ótima” para as suas reais condições de operação em uma determinada planta. O fabricante não tem como saber as reais condições operacionais a que o equipamento será submetido ao longo de toda a sua vida. Evidentemente, estes processos não são otimizados, pois não há uma racionalidade, nem uma sistemática estruturada, para a seleção de tarefas de manutenção e, portanto, nenhum modo de se saber efetivamente se as tarefas definidas são tecnicamente corretas ou representam uma alocação eficiente de recursos. Pior ainda é que, em alguns casos, tarefas de MP introduzem falhas no equipamento. b) Histórico Historicamente, a atividade de manutenção passou por três fases distintas (Moubray 1991), verificadas abaixo: 1a geração – 1940 a 1950 - Conserte quando quebrar 2a geração – 1950 a 1970 - Recuperações globais programadas. Sistemas para planejamento e controle de trabalho. Computadores grandes e lentos. 3a geração – 1970 aos tempos atuais - Monitoração de condição. - Projetos mais preocupados com confiabilidade e mantenabilidade. - Análises de risco. - Computadores pequenos e rápidos. - Análise de modos e efeitos de falhas (FMEA). - Sistemas especialistas. - Multidisciplinaridade e trabalho em grupo. Diversos fatores motivaram a passagem das funções de manutenção por estas gerações, dentre eles podem-se destacar: - O aumento da demanda por produtos industriais; - Baixa confiabilidade dos equipamentos; - Segurança na indústria aeronáutica; - Necessidade de diminuição dos custos; 2 - Aumento de produtividade, entre outros. Ainda segundo Moubray(1990), hoje na Indústria Aeronáutica Mundial a metodologia amplamente utilizada para elaboração de um plano de manutenção preventiva baseado em confiabilidade, é conhecida como MSG-3. O MSG-3, introduziu diversos conceitos novos, e em especial mudou a abordagem dos métodos anteriores de estabelecer processos de manutenção para uma abordagem de estabelecer tarefas que sejam aplicáveis e efetivas. Com a utilização do MSG-3 na Industria Aeronáutica, assim como o RCM II na Industria em geral, se conseguiu otimizar bastante a manutenção preventiva e evitar as conseqüências sérias de falhas, em relação a segurança e ao ambiente. Muitas empresas hoje devem se adaptar a estes padrões. Esta questão é complexa, e envolve estratégias de sobrevivência em um cenário cada vez mais competitivo, onde é necessário assegurar o máximo retorno sobre o investimento e se manter FUNCIONANDO EFICIENTEMENTE. Os custos de manutenção, tanto preventiva como corretiva, passaram a ter uma grande importância. Em algumas indústrias, estão entre os mais altos custos operacionais. Este fato se torna extremamente relevante se considerarmos que na maioria das vezes, este é um dos poucos pontos que pode ser ajustado, e por isso hoje em dia estão entre as mais altas prioridades dos custos a serem controlados. Na Indústria Aeronáutica, somente a uns dez anos atrás, se começam os estudos sobre custos de manutenção. Os grandes fabricantes como Boeing e Airbus, começam a explorar os fatores de custo e usá-los comparativamente. Isto levou a uma preocupação a mais durante a fase de projeto de uma aeronave, além dos fatores de segurança e operacionalidade. O pessoal de manutenção, agora passa a atuar junto com projeto, para definir a melhor localização, instalação e acesso de um componente, bem como a melhor forma de mantê-lo. Numa primeira fase ainda, não havia a necessidade de garantir estes custos, o que surgiu depois com o aumento da concorrência. Hoje, até mesmo na aviação regional, o fator custo operacional, aliado ao seu fator custo de manutenção vem sendo garantido, e é um fator de disputa entre os concorrentes. c) Definições A MCC é um novo método para o planejamento da manutenção que, apesar de utilizar as diversas técnicas de manutenção existentes, exige que algumas das práticas correntes de MP, incutidas durante anos, sejam modificadas drasticamente. Sem grandes preocupações formais, podemos afirmar que a MCC envolve: uma consideração sistemática das funções do sistema, o modo como estas funções falham e um critério de priorização explícito baseado em fatores econômicos, operacionais e de segurança para a identificação das tarefas de manutenção que são aplicáveis e custos eficientes. Em essência, a MCC pode ser apresentada de uma forma bem simples enfocando os seus quatro elementos exclusivos que a distinguem da prática tradicional, a saber: Preservação da função do sistema Identificação das falhas funcionais e dos modos de falha dominantes Priorização das falhas funcionais de acordo com as suas conseqüências 2 Seleção de tarefas de manutenção aplicáveis e custo-eficientes, por meio de um diagrama de decisão. Em contraposição ao planejamento tradicional, o paradigma central da MCC é a preservação da função do sistema. É importante frisar que preservar a função do sistema não é o mesmo que preservar a operação do equipamento. É óbvio que preservamos a função do sistema por meio da preservação da operação de todos os seus equipamentos. Mas, será que todos os equipamentos são igualmente importantes? Vejamos uma ilustração simples: Três bombas idênticas (A, B e C) estão operando em dois sistemas de refrigeração de uma planta petroquímica. No caso da bomba A, sua indisponibilidade implica na parada do sistema. As bombas B e C, por outro lado, atuam de forma redundante. Ou seja, a indisponibilidade de uma delas não causa a parada do sistema. Neste caso, não parece razoável que a bomba A tenha um plano de manutenção diferente das bombas B e C? Para preservar a função, devemos analisar a perda da função, ou seja, as falhas funcionais. O importante é que após a análise das falhas funcionais a transição do sistema para os equipamentos é feita por meio de FMEA's (Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos). Uma FMEA fornece as informações básicas de causa e efeito e identifica as condições específicas (modos de falhas de equipamentos) que ocasionam as falhas funcionais. Os outros dois elementos exclusivos da MCC serão tratados nas seções que se seguem.(MOUBRAY,1990) d) Etapas do Processo de MCC Na MCC, cada tarefa de um programa de MP é gerada a partir da avaliação das conseqüências das falhas funcionais do sistema, seguida do exame explícito da relação entre cada tarefa e as características de confiabilidade dos modos de falha do equipamento para determinar se a tarefa é: Essencial do ponto de vista de segurança e ambiental Desejável do ponto de vista de custo-benefício (perda de capacidade operacional e indisponibilidade são consideradas custos) A figura a seguir mostra uma visão geral do processo de Manutenção Centrada em Confiabilidade (MCC). Definição do sistema Fronteiras Interfaces Modularização Funções & Análise das Falhas Funcionais Análise dos Modos de Falha e seus Efeitos (FMEA) Formulação e Implementação do Plano de Manutenção Baseado na MCC Diagrama de Decisão para a Seleção de Tarefas de Manutenção 3 Figura 6.10 : Visão Geral do Processo de MCC. Estas etapas são cumpridas em reuniões dos chamados grupos de trabalho da MCC. Os participantes destes grupos devem ser selecionados levando-se em conta o conhecimento necessário para a análise do sistema em questão. Tais grupos devem SEMPRE incluir pessoal de operação e de manutenção. Em geral, o operador é quem percebe a ocorrência dos modos de falha, enquanto o mantenedor conhece a fundo os equipamentos e componentes. Para o bom desenvolvimento das reuniões de MCC, sugerese que os grupos sejam limitados a, cerca de 5 participantes. Em reuniões específicas, entretanto, alguns especialistas podem ser convidados (um exemplo comum é a presença de pessoal de instrumentação em reuniões de FMEA). e) O Diagrama de Decisão da MCC O Diagrama de Decisão da MCC (DD) utiliza um conjunto de perguntas do tipo "sim ou não" para classificar as conseqüências dos modos de falha e, em seguida, buscar tarefas de manutenção que sejam aplicáveis e eficazes na prevenção ou mitigação destas falhas. A figura a seguir mostra a primeira parte do DD onde, inicialmente, as conseqüências dos modos de falha são divididas em evidentes ou ocultas. As ocultas são separadas, pois merecem um tratamento diferenciado. Em seguida, as conseqüências são priorizadas como: ♦ Segurança & Ambientais Público e pessoal de operação podem ser atingidos e/ou qualquer legislação ambiental pode ser violada. ♦ Operacional Continuidade operacional diretamente afetada (produção, qualidade, custos). ♦ Econômicas Conseqüências associadas diretamente com o reparo da falha 3 Em condições normais, os operadores ficam sabendo da ocorrência da falha? Sim (1) Evidente ? Não D (2) Segurança ? Este modo de falha tem implicações na segurança da planta? A Falha oculta Sim Não (3) Continuidade Operacional ? Este modo de falha causa uma parada total ou parcial da planta? Problema de Segurança Sim Não Problema operacional Problema econômico B C Figura 6.11 : Diagrama de Decisão. Após a priorização dos modos de falha, tarefas de manutenção dos tipos BT (baseadas no tempo), BC (baseadas na condição/preditivas), TDF (testes para descobrir falhas ocultas) e corretiva são avaliadas (ver Figura a seguir), levando em conta as características de confiabilidade dos modos de falha, e a selecionada deve satisfazer os seguintes critérios: A relação entrid adeco nfiabSlida eparim estafl haécon Nãohecida? astreEpc fasBTique Sim E sexital japlicgumt ável?rfaBT que Nã o a Especiftar iquesBC Sim E xistealg umat refaBC quesj aplicá vel? Acate goriade staflh NãaéD(o oculta)? Sim N ão asE tarefspciq ueTDF Sim qExis uesjatlg aplicávmtref el?aTDF Alg madu staref Nãsepc oifcads éefica z? Sim Orepo jetopd ersol verop Nãoblema? Esp ecifqu eastr fas N ão Sim BT/C /TDF Manute nçãoC oretiva Exe cutare projet Figura 6.12 : Diagrama de Decisão - Seleção de Tarefas Aplicável A tarefa previne ou mitiga a falha, detecta o início do processo de falha, ou descobre uma falha oculta. Custo-Eficiente A tarefa é a opção mais eficaz as tarefas candidatas. 6.2.1 FTA e FMEA introdução Segundo Moubray(1994), a FTA(fault tree analisys – análise da árvore de falhas) e a FMEA(failure mode and effects analisys – análise do modo e efeito das falhas) são métodos de análise de produtos e processos que permitem uma avaliação sistemática e padronizada de possíveis falhas, estabelecendo suas conseqüências e orientando a adoção de medidas corretivas e preventivas. 3 Estes métodos não são usados apenas como meios de prever falhas em produtos e processos, mas também com técnicas de solução de problemas e ferramentas auxiliares no processo de desdobramento da função qualidade. O campo de aplicação destes métodos é bastante amplo, pois eles nos fornecem pistas para a execução de melhorias nos sistemas, mediante a descobertas de pontos problemáticos, com uma análise minuciosa dos elementos do sub-sistema e relaciona as possíveis falhas e suas conseqüências no sistema como um todo. Na aplicação destes métodos, é possível hierarquizar as causas das falhas quanto a sua importância, risco e facilidade de detecção, e podem-se estabelecer parâmetros para se adotar medidas preventivas (se os problemas potenciais) ou corretivas (bloqueando as causas das falhas que já ocorreram). Na análise de falhas (problemas), deve-se chegar às causas fundamentais que normalmente estão nos componentes de um dado sistema (produto ou processo) ou nas peças e componentes, estas causas podem ser externas ao sistema (variações de voltagem, condições ambientais, vibrações, etc). Podemos destacar, portanto algumas situações aplicáveis desta metodologia: - Para aperfeiçoamento de um produto que já existe ou processo já em operação, a partir da identificação das causas das falhas ocorridas e seu posterior bloqueio; Na detecção e bloqueio das causas de falhas potenciais (antes que aconteçam) em produtos ou processos em operação; Na detecção e bloqueio das causas de falhas potenciais (antes que aconteçam) em produtos ou processos, ainda na fase de projeto e Alterações nos projetos e/ou processos existentes. Deve-se destacar que a confiabilidade do produto ou processo aumenta quando as causas de falhas são bloqueadas à montante, ou seja, começando pelo bloqueio na etapa de projeto (condição ideal) e prosseguindo até a situação em que se tem a rotina implantada. As técnicas de análise têm, portanto os seguintes objetivos: - Garantia e melhoria da confiabilidade do produto, serviço, processo ou sistema; Criar mentalidade preventiva; Análise, identificação e bloqueio de falhas potenciais; Identificação de pontos fracos; Crescimento da capacitação e Elevação da produtividade. E como conseqüências da utilização das técnicas, podemos ter: - Relações interdepartamentais; Melhoria da capacitação e motivação; Organização da documentação; Conhecimento do sistema; Visão sistêmica e Melhoria da eficiência. a) FTA 3 A FTA é um método sistemático e padronizado, capaz de fornecer bases objetivas para funções diversas, tais como: a análise de modos comuns de falhas em sistemas, justificação de alterações em sistemas e demonstrações de atendimento a requisitos regulamentares e/ou contratuais, dentre outras. Seu emprego resulta particularmente útil para: - Auxiliar o analista a identificar dedutivamente as falhas do sistema; - Assinalar os aspectos do sistema mais relevantes em relação a uma falha em particular e - Fornecer ao analista um meio de compreensão do comportamento do sistema. A análise das falhas pode ser feita do nível hierárquico superior do sistema para o nível inferior do sistema completo até seu componente mais simples. Esse é o método empregado pela FTA. Na FTA, raciocina-se de cima para baixo (“top down”). A falha do sistema é denominada de evento de topo e é decomposta a partir do nível superior para os inferiores, fazendo-se seqüências ou combinações de fatos capazes de conduzir ao tal evento. A árvore de falha é um modelo gráfico que permite mostrar de uma maneira simples, o encadeamento dos diferentes eventos que podem dar por resultado o evento de topo. Podem-se destacar os seguintes objetivos específicos da FTA - Estabelecer um método padronizado de análise de falhas ou problemas, verificando como ocorrem em um equipamento ou processo; Análise da confiabilidade de um produto ou processo; Compreensão dos modos de falha de um sistema usando uma maneira dedutiva; Priorização das ações corretivas que serão tomadas; Análise e projeto de sistemas de segurança ou sistemas alternativos em equipamentos; Compilação de informações para manutenção de sistemas e elaboração de procedimentos de manutenção; Indicação clara e precisa de componentes mais críticos ou condições críticas e operação; Compilação de informações para treinamento na operação de equipamentos; Compilação de informações para planejamento de testes e inspeção; Simplificação e otimização de equipamentos e A estrutura da árvore de falhas é apresentada abaixo, onde se pode observar que o evento indesejado aparece no topo, ligado a eventos mais básicos por meio de símbolos de eventos e portas lógicas. FALHA DO SISTEMA (EVENTO DE TOPO) A ÁRVORE DE FALHAS CONSTA DE UMA SEQÜÊNCIA DE EVENTOS QUE PODEM CONDUZIR AO EVENTO DE TOPO 3 EVENTOS QUE TEM UMA CAUSA MAIS BÁSICA SÃO COLOCADOS EM RETÂNGULOS CONTENDO A DESCRIÇÃO DOS MESMOS OS EVENTOS QUE COMPÕEM A SEQÜÊNCIA ESTÃO LIGADOS POR MEIO DE PORTAS LÓGICAS E, OU OUTRAS. A SEQÜÊNCIA FINALIZA NAS CAUSAS BÁSICAS INDICADAS EM CÍRCULOS A ELIMINAÇÃO DAS CAUSAS BÁSICAS TEM COMO CONSEQÜÊNCIA A ELIMINAÇÃO DO EVENTO DE TOPO Figura 6.13 : Estruturação da árvore de falhas. Neste trabalho esta técnica será aplicada a um conjunto de equipamentos chave para qualidade do serviço, onde o objetivo será o levantamento das árvores de falha primárias para os equipamentos, sendo que o nível inferior será retratado pelos equipamentos / sistemas / componentes que são passíveis de gerar algum tipo de alarme para a central de comutação, onde se procurará identificar os principais efeitos destes alarmes na qualidade do serviço prestado. b) FMEA FMEA = FMA + FEA FMA = failure mode analisys Estudo de um sistema e as interações funcionais de seus componentes sob várias condições preestabelecidas de operação (normais e anormais) de modo a determinar a localização de uma provável falha, tipo e mecanismo de ocorrência. A técnica FMA é utilizada normalmente na revisão de projetos e/ou processos de forma a evitar a reocorrência dos tipos de mecanismos de falhas. FEA=failure effects analisys Estuda as falhas potenciais que podem ocorrer em alguma parte do sistema, objetivando determinar a severidade de cada falha em termos de riscos relacionados a segurança ou perdas inaceitáveis de performance, operação ou disponibilidade do sistema. Podemos definir então FMEA como um método de análise de projetos, usado para identificar todos os possíveis modos potencias de falha e determinar o efeito de cada uma sobre o desempenho do sistema, mediante um raciocínio basicamente dedutivo, esta ferramenta busca, em princípio, evitar, por meio da análise das falhas potenciais e 3 propostas de ações de melhoria, que ocorram falhas no projeto do produto ou do processo. Pode-se dizer que com sua utilização, se está diminuindo as chances do produto ou processo falhar, ou seja, estamos buscando aumentar a confiabilidade. Os objetivos específicos da FMEA são: - A integração de diversos órgãos da empresa pela identificação e análise conjunta dos tipos de falhas em potencial e proposição de alternativas que minimizem os riscos envolvidos; Perfeita compreensão e registro dos critérios utilizados na revisão de um projeto ou processo; Prevenção ao invés de detecção e conseqüentemente redução dos custos da qualidade; Para diminuir a probabilidade da ocorrência de falhas em projetos de novos produtos ou processos; Para diminuir a probabilidade de falhas potenciais (ou seja, que ainda não tenham ocorrido) em produtos / processos já em operação; Para aumentar a confiabilidade de produtos ou processos já em operação por meio da análise das falhas que já ocorreram; Para diminuir os riscos de erros e aumentar a qualidade em procedimentos administrativos e Comprovação da execução das atividades preventivas para a qualidade de um produto ou serviço, relacionados com: Responsabilidade Civil do Fabricante, código de defesa do consumidor e normas ISO série 9000. c) Etapas da análise Para se fazer uma análise via FMEA é necessário que se faça algumas perguntas básicas, tais como: - Que tipo de falhas são observadas? Que partes do sistema são afetadas? Quais são os efeitos da falha sobre o sistema? Qual é a importância da falha? Como preveni-la? Esta análise é basicamente dedutiva, e não necessita de cálculos mais sofisticados. Os resultados da FMEA são registrados em um formulário padronizado. Seqüência de procedimentos para elaboração da FMEA - Definir a equipe responsável pela execução; Definir os itens do sistema que serão considerados; Preparação prévia: coleta de dados; Análise preliminar; Identificação dos tipos de falhas e seus efeitos; Identificação das causas das falhas; Identificação dos controles atuais; 3 - Análise das falhas para determinação de índices; Análise das recomendações Revisão dos procedimentos; Preenchimento dos formulários da FMEA e Reflexão sobre o processo. Na fase de avaliação dos índices, são definidos os seguintes índices para os riscos de falhas: - Índice de gravidade (G) - Índice de detecção (D) - Índice de ocorrência (O). Estes índices vão compor uma média ponderada, na qual os pesos para cada índice variam de acordo com as necessidades do produto / processo, ex.: - Gravidade – peso 6 - Ocorrência – peso 3 - Detecção – peso 1 De acordo com os seguintes critérios: GRAVIDADE (G) Índice Gravidade Critério 1 Mínima O cliente mal percebe que a falha ocorre 2 Pequena Ligeira deterioração no desempenho com leve 3 descontentamento do cliente 4 Moderada Deterioração significativa no desempenho de um sistema 5 com descontentamento do cliente 6 7 Alta Sistema deixa de funcionar e grande descontentamento 8 do cliente 9 Muito alta Idem ao anterior, porém afeta a segurança. 10 Tabela 6.1 : Índice de Gravidade. OCORRÊNCIA (O) Índice 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1 Ocorrência Remota Pequena Moderada Alta Muito alta Proporção 1 : 1.000.000 1 : 20.000 1 : 4.000 1 : 1.000 1 : 400 1 : 80 1 : 40 1 : 20 1:8 1:2 3 0 Tabela 6.2 : Índice de ocorrência. DETECÇÃO (D) Índice detecção Critério 1 Muito Certamente será detectado 2 grande 3 Grande Grande probabilidade de ser detectado 4 5 Moderada Provavelmente será detectado 6 7 Pequena Provavelmente não será detectado 8 9 Muito Certamente não será detectado 10 pequena Tabela 6.3 : Índice de detecção. Quando o grupo estiver avaliando um índice, os demais não podem ser levados em conta, ou seja, a avaliação de cada índice é independente. O formulário FMEA é um documento vivo, ou seja, uma vez realizada uma análise para um produto/processo qualquer, esta deve ser revisada sempre que ocorrerem alterações neste produto/processo. Além disso, mesmo que não haja alterações, deve-se regularmente revisar a análise, confrontando as falhas potenciais imaginadas pelo grupo com as que realmente vem ocorrendo no dia-a-dia do processo e uso do produto, de forma a permitir a incorporação de falhas não previstas, bem como a reavaliação, com base em dados objetivos das falhas já previstas pelo grupo. 6.4 Confiabilidade de sistemas A confiabilidade de sistemas é uma área da engenharia de confiabilidade que cuida da análise da confiabilidade de sistemas compostos por vários componentes e/ou subsistemas, em que a confiabilidade total é fruto da associação dos seus componentes de modo que se possa verificar a influência dos mesmos na totalidade do sistema. Dependendo da forma como os componentes estejam interligados, os sistemas podem ser classificados como: a. Sistemas em série A característica principal do sistema em série é a de que a falha em qualquer um dos seus componentes, resulta na falha do sistema, supondo que as probabilidades de falha dos seus componentes sejam estatisticamente independentes. Pode ser representado pelo esquema abaixo: 1 2 3 n 3 Figura 6.14: Sistema com n elementos ligados em série. A probabilidade de sobrevivência do sistema é dada pelo produto da n probabilidades dos respectivos elementos. Rs(t) = R1(t) x R2(t) x ..... x Rn(t) b. Sistemas em paralelo A característica principal do sistema em paralelo é a de que a falha em todos os seus componentes é que resulta na falha do sistema, supondo que as probabilidades de falha dos seus componentes sejam estatisticamente independentes. Pode ser representado pelo esquema abaixo: 1 2 3 n Figura 6.15: Sistema com n elementos ligados em paralelo. A probabilidade de sobrevivência do sistema é dada pela equação abaixo. Rs(t) = (1-R1(t)) x (1-R2(t)) x ..... x (1-Rn(t)) c. Sistemas mistos Muitos sistemas são constituídos por uma combinação de subsistemas em série e em paralelo. A confiabilidade destes pode ser calculada usando as fórmulas vistas anteriormente. 3 1 4 5 6 m 2 3 n Figura 6.16: Sistema misto. d. Sistemas complexos São sistemas onde os componentes não estão ligados nem em série e nem em paralelo. Existem diversos métodos para determinação da confiabilidade destes sistemas, tais como: Método da decomposição, Método tie-set e cut - set, Método da tabela booleana. 6.4 A empresa TIM Nordeste A TIM nasceu na Itália em 14 de julho de 1995 e em curto espaço de tempo, tornou-se a operadora líder em telefonia celular de toda a Europa. Com mais de 50 milhões de clientes na Europa e na América Latina, a TIM é uma das principais operadoras de telefonia móvel do mundo. Só na Itália, são 22,7 milhões de linhas. As operações da TIM no mundo podem ser mais bem visualizadas na figura 6.17 abaixo: 4 Figura 6.17: Operação da TIM pelo mundo. Na América Latina (incluindo o Brasil), os celulares com tecnologia TIM já somam mais de 8,8 milhões de clientes. Em solo brasileiro, a TIM começou a funcionar em 1998, com uma concessão para operar através de 03 holding's: Tele Nordeste Celular (Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí), Tele Celular Sul (Paraná, Santa Catarina e Região de Pelotas) e Maxitel (Minas, Bahia e Sergipe). Em 2003, a TIM ampliou a sua atuação em todo o país, tornando-se a única operadora de telefonia celular a atender a todo o território nacional, conforme podemos visualizar na figura 6.18 seguinte: 4 Figura 6.18: Operação da TIM no Brasil. De acordo com o novo modelo proposto pela ANATEL os usuários da telefonia móvel celular serão atendidos pelo Serviço Móvel Pessoal (SMP) em substituição ao Serviço Móvel Celular (SMC). As diferenças básicas entre os dois modelos são mostradas na tabela 6.4 abaixo: Tabela 6.4: Diferença entre SMC e SMP. 4 Visando expandir as suas atividades em território nacional a TIM adquiriu concessões do SMP, nas bandas D e E, para operar em todas as regiões do Brasil a partir de 2002. Para isto ocorrer, a TIM antecipou as metas da ANATEL nas operadoras fixas onde a TIM possuía participação acionária. Ainda de acordo com as novas regras, as regiões do SMP estão divididas conforme é mostrado na figura 6.19: Figura 6.19: Futuras regiões do SMP. As subsidiárias que fazem parte da área 10 no Nordeste foram separadas das empresas de telefonia dos respectivos estados em Janeiro de 1998, e detêm a concessão para exploração dos serviços de telefonia móvel celular na chamada Banda A nesses estados. O prazo destas concessões é de 15 anos sendo obtidas entre 1993 e 1994. As mesmas podem ser renovadas por iguais períodos de 15 anos, mediante o cumprimento de certas condições e sob a regulamentação e fiscalização da Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL). A tecnologia de telefonia celular utiliza ondas de rádio freqüência, que são semelhantes às de rádio comum, para fazer as ligações. O Governo Brasileiro, que é responsável pela concessão da mesma, determinou que a faixa de freqüência concedida para telefonia móvel celular (serviço SMC) estivesse em torno de 800 MHz (as ondas de rádio FM comercial estão entre 88 e 108 MHz). Contudo, foram divididas em duas subfaixas, formando assim as conhecidas Banda A e Banda B. A Banda A foi disponibilizada para empresas estatais que foram privatizadas em 1998. Também neste ano a concessão da banda B foi leiloada a empresas privadas. 4 As empresas concessionárias são chamadas de operadoras e determinam a tecnologia de rede a ser utilizada para disponibilizar os seus serviços ao mercado. A TIM atualmente possui três tecnologias: analógica (AMPS), digital (TDMA) e digital (GSM). Em março de 1999 a Tele Nordeste Celular e suas operadoras, adotaram o nome comercial TIM, ressaltando a marca da sua controladora, a Telecom Italia Mobile. A área de manutenção dos equipamentos de telecomunicações celular abrange atividades tanto de operação da planta como manutenção desta, a manutenção é executada apenas quando há a falha do equipamento, mas aos poucos estão sendo introduzidas algumas políticas de manutenção preventiva e preditiva, onde estas têm como foco principal o acompanhamento de indicadores e atuação preventiva em campo, estas políticas também atuam de forma que se descubram problemas antes que estes afetem a qualidade da planta e conseqüentemente o cliente. Quanto a distribuição das equipes de manutenção, o Estado de Pernambuco é dividido em 3 áreas onde a área 1 compreende a Região Metropolitana de Recife e cidades do interior do Estado até uma distância de 120km, a área 2 compreende as estações e cidades do interior do Estado acima de 120 km de distância de Recife até aproximadamente 270km e a área 3, estações e cidades com distância acima de 270km. 6.5 Sistema de telefonia móvel celular 6.5.1 Breve descrição do sistema Neste tópico são apresentadas as principais definições sobre o sistema móvel celular necessárias ao entendimento das funções dos equipamentos que serão objeto deste estudo. a) Termos básicos Na Figura 6.20 está ilustrado um sistema automático de Telefonia Móvel Celular (CMS) controlado por uma única central telefônica, com os seguintes elementos: - Central de Comutação de Serviços Móveis (CMS) ou Central de Comutação e Controle (CCC) - Estação Rádio Base (ERB) - Estação Móvel (EM) 4 RTP M AXE T S MSC CCC MTS Subsistema de Telefonia Móvel ERB ERB EM ERB Área de Serviço RTP Rede Pública de Comutacão Telefônica AXE Central Telefônica AXE`10 Figura 6.20: Sistema de telefonia celular. Quando uma chamada entre um assinante móvel e um assinante comum for estabelecida, a conversação será transmitida via um canal de rádio entre a Estação Móvel e um canal de voz da Estação Rádio Base situada mais próxima do móvel. Em seguida, esta conversação seguirá através de uma linha de voz até a central, daí, será comutada para a Rede Pública de Telecomunicações onde estará situado o assinante fixo. Quando a qualidade de transmissão de uma chamada em Progresso deteriora, devido a uma estação móvel se afastar da Estação Rádio Base, será executada uma mudança automática de Estação Rádio Base (ou de forma mais precisa ocorrerá uma mudança de célula), processo este que recebe o nome de Handoff ou Handover. Esta troca implica em uma mudança na linha de voz, o que levará a uma reseleção de um novo caminho de comutação no terminal de controle. b) Estação rádio base e célula A Estação Rádio Base é capaz de estabelecer comunicação com qualquer estação móvel que esteja se deslocando em uma área em torno dela. A Estação Rádio Base ou simplesmente ERB é conectada ao MSC através de circuitos ponto a ponto. Esta estação tem como atividade principal trabalhar como repetidora da informação de voz e de dados, bem como supervisionar a qualidade do enlace de transmissão durante a conversação. Esta supervisão é realizada através do tom TAS e pela medição do nível de intensidade dos sinais recebidos das estações móveis. Uma Estação Rádio Base normalmente possui equipamentos para servir a uma célula omnidirecional ou a três células setorizadas. Do ponto de vista de instalação as Estações Rádio Base podem ser acomodadas em prédios comuns ou em "containers". 4 Na planta da empresa em estudo, temos duas versões de equipamentos, uma mais antiga, versão 882, e uma posterior a esta chamada versão 884. Uma das maiores diferenças existentes entre a nova geração e a geração anterior reside no tamanho do equipamento. O tamanho do equipamento atual corresponde a 50% do tamanho do anterior. A Estação Rádio Base compreende as seguintes unidades funcionais: Grupo de Canal de Rádio (RCG), Interface Rádio-Central (ERI) e fonte de alimentação, segundo a figura 6.12 abaixo. ERB Para o MSC ERI RCG ERB Alimentação Figura 6.21: Unidades funcionais da Estação Rádio Base versão 882. 4 Figura 6.22: Unidades funcionais da Estação Rádio Base versão 884 Na versão 884, a parte do ERI foi substituída pelo CRI e o RCG pelo TCB ATCC. A Interface Rádio-Central (ERI) trabalha como um adaptador dos sinais entre o MSC e a Estação Rádio Base. Assim este equipamento recebe dados das unidades de canais e envia estas informações para o MSC através do enlace de controle dedicado. Já na direção oposta, o equipamento recebe dados do MSC através do enlace e os envia para a unidade de canal correspondente. A tensão empregada pelas Estações Rádio Base é de +26,4V que pode ser suprida por um conversor AC/DC. No caso de interrupção de alimentação é necessário que exista uma forma de backup, que normalmente é realizada através de baterias. + 26,4 V ALIMENTAÇÃO AC/DC 0V BATERÍA DE BACK-UP Figura 6.23: Fonte de alimentação. 4 Se no local existir a disponibilidade de -48V, a tensão de +26,4V é obtida através de conversores DC/DC. A figura 6.24 apresenta um diagrama funcional do RCG. Esta configuração, (que é constituída de 1 canal de controle, alguns canais de voz e um receptor de intensidade de sinal) é típica daquela empregada por uma célula padrão. CANAL DE CONTROLE UC TX + 26,4 V RX UC VOZ CCRS VC1 VC2 VC3 A N-1 CANAL DE VOZ 1 TX CC + 26,4 V VCN COMBINADOR PMU TX RX CANAL DE VOZ 2 A N-1 CANAL DE VOZ N UC TX CC VC1 + 26,4 V VC2 A N-1 RX RECEPTOR DE INTENSIDADE DE SINAL Dados VCN SR MULTIACOPLADOR RX + 26,4 V UC CC VC1 RX TESTADOR DE CANAL UC TX + 26,4 V VC2 A N-1 VCN SR MULTIACOPLADOR RX RX Figura 6.24: Diagrama de blocos de um RCG. O RCG contém todas as unidades necessárias para realizar a comunicação com as estações móveis, ou seja, este grupo contém: - unidade de canal - combinador (TX) - multiacoplador (MCA e MCB) - receptor de intensidade de sinal (SR) - oscilador de referência (obrigatório somente no CMS 8810) - comutador do canal de controle redundante (CCRS) - testador de canais (CT) - unidade de supervisão de potência (PMU) - sistema de antena 4 As unidades dos canais de controle e dos canais de voz são idênticas, ou seja, cada unidade apresenta um transmissor (TX), um receptor (RX), uma unidade de controle (UC) e um amplificador de potência (PA), que está conectado à saída do transmissor. Estes amplificadores podem ser encontrados em três diferentes versões, a saber: - 10 W - 25 W - 50 W A potência de saída determina o tamanho da área de cobertura do canal em questão. De modo a obtermos a cobertura desejada, deve-se selecionar a unidade de potência mais indicada, bem como deve-se realizar um ajuste manual no local de instalação para a versão 882, na versão 884 o ajuste é através de comando no MSC. As unidades de canais de um mesmo RCG podem ser atribuídas a diferentes células através de comandos enviados no MSC. Da mesma maneira podemos fazer com que as unidades de canal passem a operar como canais de voz, canais de controle ou como receptor de intensidade de sinal. Com o multiacoplador (MCA ou MCB) podemos conectar a uma antena até 48 canais de voz e 2 receptores de intensidade de sinal. O ganho do multiacoplador é suficiente para compensar as perdas das redes de híbridas para divisão de potência (Power-Split) que irão distribuir o sinal recebido para os receptores do sistema. O receptor de intensidade de sinal é constituído de um receptor e uma unidade de controle. Este receptor de intensidade de sinal tem por finalidade medir a intensidade do sinal recebido das estações móveis em qualquer canal alocado nas células vizinhas. Os números dos canais a serem investigados serão fornecidos pelo MSC. Os canais são continuamente amostrados um a um e o resultado destas medições é armazenado na unidade de controle do receptor. Estes resultados são utilizados durante o procedimento de handoff, de modo que o MSC determine se a chamada em progresso deve ser comutada para a célula em questão. O combinador conecta até 16 transmissores a uma única antena, o que nos é de grande valia uma vez que atualmente os mastros encontram-se em processo de congestionamento. A título de exemplo, podemos citar que em casos extremos, um mastro pode conter até 100 canais. O combinador é constituído dos seguintes elementos: • • • Um circulador com baixa perda no sentido direto de transmissão e alta perda na direção reversa. Cavidades ressonantes de alta eficiência para filtrar outras freqüências Redes de transmissão conectadas em estrela. O filtro interno do combinador permite que exista para cada antena, somente um único transmissor operando a uma dada freqüência. Em freqüências fora da freqüência de ressonância do filtro, os transmissores estão isolados. A eficiência e a isolação 4 obtidas a partir da cavidade ressonante aumentam à medida que a separação de freqüência aumenta. Quanto ao sistema irradiante, devemos dizer que dependendo do tipo empregado de células, existirá um tipo de antena a ser utilizado, ou seja, células circulares exigirão antenas unidirecionais enquanto que células setorizadas necessitarão de antenas direcionais. A figura 6.25 mostra o tipo de antenas empregado. Omnidirecional RX RX TX TX Direcional Figura 6.25: Tipos de antenas empregadas. Devido à diversidade em espaço é necessário duas antenas de recepção espaçadas de 3 a 5 metros. Os receptores são equipados com diversidade rápida, para reduzir a degradação da qualidade de conversação devida ao fading causado pela propagação múltipla. c) Grupo de módulos de extensão EMG é o equipamento que controla a Estação Rádio Base. Este equipamento está localizado no bastidor ou nos bastidores ERI e consiste de STR (ou um par de STRs) e de um número de EMRPs. Cada par EMRP (ou um EMRP) forma um módulo de extensão (EM). Daí o nome Grupo de Módulos de Extensão. Conseqüentemente cada módulo de extensão controla as UCs (ou teleimpressora, etc.). Um EMG é normalmente dedicado para controlar uma Estação Rádio Base, ou seja, uma célula omnidirecional ou três células setorizadas. Por isso, quando conectarmos uma nova Estação Rádio Base (por comandos), o EMG deve ser especificado por um único nome ou número, assim como todos os EMs e os equipamentos controlados por estes. A especificação envolve a configuração do enlace de controle (se duplicado ou não), conforme figura 6.26 abaixo. 5 EMG EMG EMG Enlaces de Controle MSC Figura 6.26: Exemplo de enlaces de controle e EMGs 6.5.2 Equipamentos constituintes de uma Estação Como visto no capítulo anterior, a estação rádio base, equipamento que interfaceia a comunicação entre o aparelho celular e a central de comutação e controle, é constituído da parte de controle, e da parte de rádio transmissor, porém existem ainda equipamentos acessórios que servem de apoio ao perfeito funcionamento, podemos listar os seguintes equipamentos e suas funções: a) Equipamentos de transmissão Cada RBS possui um canal de comunicação com a central de comutação e controle (CCC), por onde trafegam os controles sobre os elementos da RBS e a comunicação de voz de um assinante que esteja sendo atendido por esta. Como a comutação digital na CCC é baseada na comutação de time slots de um ou dois canais PCM de 32 time slots, onde o time slot 16 é o de controle e o 0 de alinhamento de quadro e sinalização, no caso de RBS com maior quantidade de canais de voz. O sistema de transmissão entre a RBS e a CCC é baseado neste tipo de transmissão, onde os 30 time slots que sobram transportam sinais digitalizados da voz do assinante quando operando no modo analógico, e 3 sinais de voz multiplexados, ou seja três conversações multiplexadas em um único time slot, que é a tecnologia TDMA, quando operando no modo digital. 5 Figura 6.27: Transmissão via Mini-link. 1 – unidade indoor 2 – unidade outdoor 3 – unidade outdoor 2 4 – cabo coaxial O sistema de mini-link é um rádio enlace composto por dois equipamentos principais, o indoor que serve de interface com a RBS/CCC, multiplexa os canais de PCM em um único canal de transmissão e também serve de apoio para o gerenciamento e manutenção do rádio enlace; e o outdoor que é o transmissor propriamente dito acoplado à antena, atualmente na TELPE celular, três tipos de produtos são utilizados, os mini-links E e C da Ericsson e o SRAL da Siemens, todos têm em comum a mesma configuração descrita anteriormente, do ponto de vista de manutenção, os tipos utilizados permitem uma medição de performance do link, podendo obter, no caso dos produtos da Ericsson informações sobre a taxa de erro, tempo fora de serviço, medição do nível de campo recebido, entre outras. b) Climatização A climatização é a área que cuida dos equipamentos que têm a finalidade de conservar as condições ambientais internas da estação rádio base, dentro das especificações de perfeito funcionamento dos equipamentos internos, portanto aparelhos de ar condicionado tipo janela e wall mounted, equipamentos de controle das máquinas, plc’s, sensores de temperatura, inversores de tensão dc/ac e quadros de monitoração, fazem parte desta área. c) Energia 5 A área de energia engloba todos os equipamentos que sirvam de fonte de alimentação secundária para os equipamentos de transmissão, comutação e todos aqueles que são alimentados em corrente contínua, portanto, fonte de corrente contínua, banco de baterias estacionárias, estantes de bateria, quadro de distribuição para os consumidores em corrente contínua, conversores DC/DC, fazem parte desta área. 6.5.3 Fontes geradoras de alarmes Em cada central de comutação e controle tem sua listagem de alarmes que indica ao operador os alarmes atualmente ativos em quais estações, inclusive o próprio equipamento de comutação e controle possui seus órgãos que no caso de falha ou degradação da qualidade enviam alarmes para esta listagem. Temos, portanto fontes geradoras de alarmes na planta de equipamentos a citar: O equipamento de comutação e controle; A estação rádio base; A fonte de corrente contínua; O CLP (Controlador lógico programável); O quadro de distribuição de corrente contínua. O objeto de estudo desta monografia, portanto restringe-se aos equipamentos constituintes da estação de telecomunicações móveis celular, que popularmente chamamos de ERB: A estação rádio base; A fonte de corrente contínua; O CLP (Controlador Lógico Programável) e O quadro de distribuição de corrente contínua.