UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO AVALIAÇÃO DO INFILTRADO DE CÉLULAS DO SISTEMA IMUNOLÓGICO NO ESTROMA DO COLO UTERINO DE PACIENTES COM NEOPLASIA INTRA-EPITELIAL CERVICAL GRAU II – III APÓS TRATAMENTO COM INTERFERON ALFA-2B INTRALESIONAL FERNANDA ALVES MACHADO UBERABA-MG 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO AVALIAÇÃO DO INFILTRADO DE CÉLULAS DO SISTEMA IMUNOLÓGICO NO ESTROMA DO COLO UTERINO DE PACIENTES COM NEOPLASIA INTRA-EPITELIAL CERVICAL GRAU II – III APÓS TRATAMENTO COM INTERFERON ALFA-2B INTRALESIONAL Dissertação apresentada ao curso de pós-graduação em Patologia, área de concentração Patologia Clínica, da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Eddie Fernando Cândido Murta Co-Orientadora: Prof.a Dr.ª Márcia Antoniazi Michelin Uberaba - MG Junho/2011 Dedicatória A Deus e a Jesus Cristo: Por sempre estarem presentes em minha vida e na minha jornada, me amparando em todos os momentos, e possibilitando que mais um dos meus sonhos fosse concretizado; Aos meus pais: Antunino A. Machado e Erli S. Alves, por terem me proporcionado todas as condições possíveis para os meus estudos e por terem acreditado em mim; a vocês meu muito obrigada; Aos meus irmãos: Por todo carinho, ajuda e incentivo; saibam que vocês contribuíram muito com esta conquista; Às minhas lindas sobrinhas: Tamiê e Maitê, pela alegria de tê-las por perto; obrigada por fazerem parte da minha vida; À minha querida avó: Izolda S. Alves, pelo exemplo de vida, pela fé e por toda dedicação; Ao meu namorado: Pelo amor, compreensão, carinho, paciência e constantes estímulos e incentivos para que este trabalho se realizasse; Ao meu orientador: Eddie Fernando C. Murta, pela oportunidade, apoio e confiança depositada em mim. Obrigada por proporcionar esta alegria na minha trajetória pessoal e profissional. iii Agradecimentos Agradeço à Universidade Federal do Triângulo Mineiro, pelo estímulo a pesquisa e por acreditar que o conhecimento transforma toda uma sociedade e realiza sonhos. Ao Prof. Dr. Eddie Fernando Cândido Murta, pela orientação e pelo exemplo de dedicação a pesquisa. À Prof.ª Dr.ª Márcia Antoniazi Michelin, pela co-orientação e pela inestimável contribuição ao meu aprendizado. À Prof.ª Dr.ª Sheila Jorge Adad, pela disposição e boa vontade em me auxiliar neste trabalho e pelos ensinamentos transmitidos. À Dr.ª Renata Margarida Etchebere, que se dispôs do seu tempo para enriquecer este trabalho, sendo sua contribuição inestimável. A todos os professores do curso de Pós-graduação em Patologia, pela contribuição ao ensino. Aos Doutores, Cléber Sérgio da Silva, Marília de Carvalho Mardegan e Paulo José Maluf, pela grandiosa contribuição das suas teses de mestrado e doutorado juntamente à disciplina de Ginecologia e Obstetrícia, para com a continuidade deste trabalho. Aos técnicos de laboratório Eliângela de Castro Côbo, pelo apoio técnico na realização dos testes de imunohistoquímica e principalmente pela amizade e carinho; e Celso Tadeu Barbosa dos Santos, pelo auxílio fornecido no Instituo de Pesquisa em Oncologia (IPON). Às funcionárias da citologia Heloísa Helena Vieira, Nilva Aparecida da Silva Aveiro, Zelma Rocha Camargos Pereira e Dóris Lima Dayrell de Carvalho pela amizade, auxílio jamais negado e agradável convivência. A todos os funcionários e residentes do departamento de Patologia Cirúrgica da UFTM, em especial, Juliano, Daniela e Alexandre, pelo auxílio e amizade. À secretária da disciplina de Ginecologia e Obstetrícia, Andréa Carneiro Bevilaqua Pinheiro, pelo auxílio sempre de imediato. Às secretárias da pós-graduação Nelma Aparecida Ferreira Salgado e Denise Teresinha Cardoso, pela atenção e colaboração. Á funcionária do departamento de prontuários Luciana Teixeira Fantini, pela atenção e boa vontade. Agradeço aos amigos da Pós-graduação em Patologia: Ariana Borges, Bethânea Peghini, Cláudia Mendonça, Bruna França, Nelson Ranieri, Marisa de Carvalho, Daniela Misson, Tânia de Oliveira, Jéssica Líver, Juliana Machado e Marcos Vinícius pela amizade, auxílio e respeito. v Às pacientes, por tornarem possível a realização deste trabalho, contribuindo diretamente pelo avanço da pesquisa, meu respeito e agradecimento. À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal e Ensino Superior (CAPES), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) e Fundação de Ensino e Pesquisa de Uberaba (FUNEPU), pelo apoio financeiro. E a todos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho. vi Sumário 1. Introdução..................................................................................................................... 20 1.1 - Papiloma Vírus Humano (HPV).......................................................................21 1.2 - Câncer de Colo Uterino e Lesões Precursoras..................................................22 1.3 - Relação entre HPV e Câncer de Colo de Útero................................................23 1.4 - Resposta Imune e Câncer..................................................................................24 1.5 - Imunidade do Sistema Reprodutor Feminino....................................................26 1.6 - Citocinas...........................................................................................................28 1.7 - Imunoterapia com Interferons – IFN................................................................30 2. Justificativa....................................................................................................................35 3. Hipótese..........................................................................................................................37 4. Objetivos.........................................................................................................................39 4.1 - Objetivo Geral..................................................................................................40 4.2 - Objetivos Específicos.......................................................................................40 5. Material e Métodos........................................................................................................41 5.1 – Material............................................................................................................42 5.1.1 - Pacientes............................................................................................42 5.1.2 - Aspectos Éticos.................................................................................43 5.2 – Métodos...........................................................................................................43 5.2.1 - Colposcopia e Anátomo Patológico..................................................43 5.2.2 - Aplicação do Interferon....................................................................44 5.2.3 - Método Imuno-histoquímico.............................................................45 5.2.4 - Técnica Imuno-histoquímica.............................................................46 5.2.5 - Critério de Análise............................................................................47 5.2.6 – Análise Estatística ...........................................................................48 6. Resultados.......................................................................................................................49 viii 7. Discussão.........................................................................................................................73 8. Conclusões......................................................................................................................91 9. Referências Bibliográficas............................................................................................93 10. Resumo..................................................................................................................107 11. Abstract.................................................................................................................110 Anexos Anexo A - Parecer consubstanciado aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Anexo B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido Anexo C - Distribuição das pacientes segundo a contagem de células ix Lista de Figuras Prancha 1. Imagens colposcópicas das lesões antes do tratamento e após o seu término. Prancha 2. Cortes histológicos de paciente que obteve boa resposta ao tratamento (paciente 4). A. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD3+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): A1 – Antes do tratamento, A2 – Após o tratamento. B. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD4+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): B1 – Antes do tratamento, B2 – Após o tratamento. C. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD8+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): C1 – Antes do tratamento, C2 – Após o tratamento. D. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação para CD16+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): D1 – Antes do tratamento, D2 – Após o tratamento. Prancha 3. Cortes histológicos de paciente que obteve boa resposta ao tratamento (paciente 4). E. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD20+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): E1 – Antes do tratamento, E2 – Após o tratamento. F. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD68+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): F1 – Antes do tratamento, F2 – Após o tratamento. G. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação iNOS coradas em marrom (aumento de 400 vezes): G1 – Antes do tratamento, G2 – Após o tratamento. H. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação Perforina coradas em marrom (aumento de 400 vezes): H1 – Antes do tratamento, H2 – Após o tratamento. Prancha 4. Cortes histológicos de paciente que obteve falha terapêutica (paciente 10). A. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD3+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): A1 – Antes do tratamento, A2 – Após o tratamento. B. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD4+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): B1 – Antes do tratamento, B2 – Após o tratamento. C. Corte xi histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD8+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): C1 – Antes do tratamento, C2 – Após o tratamento. D. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação para CD16+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): D1 – Antes do tratamento, D2 – Após o tratamento. Prancha 5. Cortes histológicos de paciente que obteve falha terapêutica (paciente 10). E. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD20+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): E1 – Antes do tratamento, E2 – Após o tratamento. F. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD68+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): F1 – Antes do tratamento, F2 – Após o tratamento. G. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação iNOS coradas em marrom (aumento de 400 vezes): G1 – Antes do tratamento, G2 – Após o tratamento. H. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação Perforina coradas em marrom (aumento de 400 vezes): H1 – Antes do tratamento, H2 – Após o tratamento. Prancha 6. A, B, C e D. Cortes histológicos de tecido corados através da técnica de imunohistoquímica, mostrando células positivas coradas em marrom (B, C e D), ilustrando o escore de Georgiannos (GEORGIANNOS et al, 2003) 0, 1, 2 e 3, respectivamente (aumento de 400 vezes). Figura 1. Indução, Produção e Ação do IFN Tipo I. xii Lista de Tabelas e Gráficos Tabela 1. Transformações imunológicas no estroma durante a carcinogênese ...................28 Tabela 2. Anticorpos utilizados, classes, diluições, marca e marcação proposta.................45 Tabela 3. Diagnóstico final e inicial por biópsia de todas as pacientes e conduta tomada em cada caso, após o término do tratamento...............................................................................50 Tabela 4. Idade da sexarca, número de gravidezes e estilo de vida de cada paciente..........51 Tabela 5. Distribuição de CD3, CD4. CD8, CD16, CD20, CD68, iNOS, Perforina no estroma cervical de pacientes com NIC II/III tratadas com interferon [n (%)]....................53 Tabela 6. Distribuição de CD3, CD4. CD8, CD16, CD20, CD68, iNOS, Perforina no estroma cervical de pacientes com NIC II/III tratadas com interferon que obtiveram boa resposta ao tratamento [n (%)].............................................................................................56 Tabela 7. Distribuição de CD3, CD4. CD8, CD16, CD20, CD68, iNOS, Perforina no estroma cervical de pacientes com NIC II/III tratadas com interferon que obtiveram má resposta ao tratamento [n (%)].............................................................................................58 Tabela 8. Distribuição de CD3, CD4. CD8, CD16, CD20, CD68, iNOS, Perforina no estroma cervical de pacientes com NIC II/III anterior ao tratamento com interferon, que obtiveram boa e má resposta ao tratamento [n (%)].............................................................61 Tabela 9. Distribuição de CD3, CD4. CD8, CD16, CD20, CD68, iNOS, Perforina no estroma cervical de pacientes com NIC II/III após o tratamento com interferon, que obtiveram boa e má resposta ao tratamento [n (%)].............................................................63 Gráfico 1. Distribuição proporcional (Forte/Fraca) de linfócitos T e perforina, em percentagem, antes e após o tratamento com IFN................................................................54 xiv Gráfico 2. Distribuição proporcional (Forte/Fraca) de células NK, linfócitos B, macrófagos e iNOS, em percentagem, antes e após o tratamento com IFN........................55 Gráfico 3. Distribuição proporcional (Forte/Fraca) de linfócitos T e perforina, em percentagem, antes e após o tratamento com IFN em pacientes que obtiveram boa resposta.................................................................................................................................57 Gráfico 4. Distribuição proporcional (Forte/Fraca) de células NK, linfócitos B, macrófagos e iNOS, em percentagem, antes e após o tratamento com IFN em pacientes que obtiveram boa resposta ........................................................................................................57 Gráfico 5. Distribuição proporcional (Forte/Fraca) de linfócitos T e perforina, em percentagem, antes e após o tratamento com IFN em pacientes que obtiveram má resposta.................................................................................................................................59 Gráfico 6. Distribuição proporcional (Forte/Fraca) de células NK, linfócitos B, macrófagos e iNOS, em percentagem, antes e após o tratamento com IFN em pacientes que obtiveram má resposta..........................................................................................................60 Gráfico 7. Distribuição proporcional (Forte/Fraca) de linfócitos T e perforina, em percentagem, em pacientes que obtiveram boa e má resposta, ambas antes do tratamento com IFN................................................................................................................................62 Gráfico 8. Distribuição proporcional (Forte/Fraca) de células NK, linfócitos B, macrófagos e iNOS, em percentagem, em pacientes que obtiveram boa e má resposta, ambas antes do tratamento com IFN....................................................................................62 Gráfico 9. Distribuição proporcional (Forte/Fraca) de linfócitos T e perforina, em percentagem, em pacientes que obtiveram boa e má resposta, ambas após o tratamento com IFN........................................................................................................................................64 xv Gráfico 10. Distribuição proporcional (Forte/Fraca) de células NK, linfócitos B, macrófagos e iNOS, em percentagem, em pacientes que obtiveram boa e má resposta, ambas após o tratamento com IFN.......................................................................................65 xvi Lista de Abreviaturas APCs - Células Apresentadoras de Antígenos CD - Cluster Diferentiation cm - Centímetro CTL - Linfócito T citotóxico DAB – Diaminobenzidine-tetrahidrocloridro DNA - Ácido desoxirribonucléico E – Early EDTA: Ácido etileno diamino tetracético et al: e colaboradores HIV: Vírus da imunodeficiência humana HPV: Papiloma Vírus Humano HSIL: Lesão intra-epitelial escamosa de alto grau IFN: Interferon IFNAR1: Receptor de Interferon tipo 1 IFNAR2: Receptor de Interferon tipo 2 IL: Interleucina INCA: Instituto Nacional de Câncer iNKRs: Receptores inibidores de células natural killer iNOS: Enzima óxido nítrico sintase induzida IPON: Instituto de Pesquisa em Oncologia ISGF3: Fator genético 3 estimulador de IFN ISRE: Elemento responsável pela estimulação do interferon JAK: Janus-quinases KB: Kilobases L: Late xvii LAK cells: Células natural killer ativadas por linfocinas LCR: locus control region LSIL: Lesão intra-epitelial escamosa de baixo grau MHC: Complexo de Histocompatibilidade Principal mL – Mililitro mRNA - Ácido ribonucleico mensageiro n: Número NIC I: Neoplasia intra-epitelial cervical grau I NIC II: Neoplasia intra-epitelial cervical grau II NIC III: Neoplasia intra-epitelial cervical grau III NIC: Neoplasia intra-epitelial cervical NK: Célula Natural Killer NO: Óxido nítrico NOS: Óxido nítrico sintase Overnight: Durante a noite p53: Proteína 53 PBS: Solução salina tamponada com fosfato PCR: Reação em Cadeia da Polimerase Ph: Potencial hidrogeniônico PMNs: leucócitos polimorfonucleares RR: Risco relativo RT-PCR: Reação em Cadeia da Polimerase com Transcrição Reversa Stats: transdutor de sinal e ativador da família de transcrição TCR: receptor de células T TGF-β: Fator de Crescimento Transformante-β xviii Th: Linfócito T helper Treg: Células T reguladoras TIL - Linfócitos infiltração tumoral TNF-α: Fator de Necrose Tumoral α TYK: Enzima tirosina - quinase U: Unidade universal %: Porcento °C: Grau Celsius 2´,5´OAS: 2´5´ Oligoadenilato sintetase α: Alfa β: Beta γ: Gama κ: Kappa ω: Ômega λ: Lambda xix Introdução 21 1 1. Introdução 2 3 1.1 Papiloma Vírus Humano (HPV) 4 5 O HPV é um DNA vírus de dupla fita, com aproximadamente 8000 pares de bases, 6 pertencente à família Papovaviridae, que é transmitido pela relação sexual com parceiro 7 portador ou através de fômites, infectando a pele ou a mucosa adotando uma forma de 8 verrugas (BAFVERSTEDT, 1967; DE VILLIERS et al., 2004). É uma das causas mais 9 comuns de doenças sexualmente transmissíveis e continua a ser um tema bastante atual e 10 importante, pois as taxas de infecção não param de aumentar. Em uma pesquisa realizada 11 por FERENCZY et al. (1990) verificou-se que em 17% dos casos, independentemente do 12 tipo viral, foi detectado DNA do HPV na roupa íntima das pacientes com verrugas genitais. 13 Na década de 80, através da técnica de biologia molecular foi descoberto que havia 14 mais de 60 subtipos diferentes de HPV e que alguns desses tipos tinham natureza 15 oncogênica, e atualmente Stanley (2008) já descreve 130 tipos de HPV, dos quais 25 16 aproximadamente infectam a região ano genital feminina. Baseado em sua associação com 17 câncer de colo de útero e lesões precursoras os HPVs podem ser agrupados em HPVs de 18 alto risco (16,18,31,33,34,35,39,45,51,52,56,58,59,66,68 e 70) e HPVs de baixo risco 19 (6,11,42,43 e 44) (BURD, 2003). 20 Os vírus do HPV possuem como material genético uma dupla fita de DNA de 21 aproximadamente 8KB, com três regiões principais. A primeira contendo genes LCR que 22 regulam a expressão dos genes virais; a segunda região dos genes E (E1-E7) que controlam 23 o ciclo de vida do vírus, e a terceira cujos genes (L1 e L2) codificam proteínas do capsídio. 24 Os genes mais estudados são o E6 e o E7 presente no subtipo 16, que é o mais prevalente 25 (DeVILLIERS et al., 2004). 22 1 Este vírus de cadeia dupla é responsável pelos condilomas genitais e lesões epiteliais 2 proliferativas. A maioria desses tipos manifesta lesões epiteliais benignas (condilomas). 3 Entretanto, alguns tipos específicos (16 e 18) têm uma tendência a provocar Neoplasias 4 Intra-epiteliais Cervicais (NIC) e representam papel essencial na gênese do câncer genital 5 feminino. A incidência de HPV é maior em indivíduos imunodeprimidos por conta de 6 transplantes, uso de corticosteróides, rádio ou quimioterapia, bem como nos pacientes 7 HIV-soropositivos (BELSITO et al., 1982; CHOPRA & TYRING, 1997; SOUTHERN & 8 HERRINGTON, 1998). 9 10 1.2 Câncer de Colo Uterino e Lesões Precursoras 11 12 O segundo tipo de câncer mais comum no Brasil em mulheres é o câncer de colo de 13 útero (INCA, 2010), e nos outros países em desenvolvimento é muitas vezes o câncer mais 14 comum entre as mulheres e podem chegar até 25% de todos os tipos de cânceres do sexo 15 feminino (HARRO et al., 2001). Durante as últimas décadas a prevalência de NIC de alto 16 grau tem aumentado nos países subdesenvolvidos. Atualmente, a incidência de NIC de alto 17 grau tem alcançado proporções significativas sendo que a maioria desses casos afeta 18 mulheres em idade reprodutiva, muitas das quais ainda não haviam completado suas 19 famílias, provocando assim um impacto social. 20 A evolução das neoplasias intra-epiteliais pré-malignas e pré-invasivas pode levar ao 21 desenvolvimento dos carcinomas do colo uterino e, conseqüentemente, do câncer de colo 22 uterino, pois esta está intimamente associada à infecção pelo HPV. 23 A NIC é subdividida em graus 1, 2 e 3 correspondendo respectivamente à displasia 24 leve, moderada e grave (RICHART, 1968). A NIC I é a displasia confinada ao terço 25 inferior do epitélio; a NIC II é a displasia que afeta os dois terços inferiores do epitélio, e a 23 1 NIC III é uma lesão intra-epitelial escamosa na qual as alterações de maturação e as 2 anomalias nucleares afetam mais de dois terços da espessura do epitélio. Para adaptar o 3 sistema de classificação citológica de BETHESDA recomendou-se que as lesões 4 relacionadas com HPV e NIC I seriam incluídos em uma mesma categoria denominada 5 lesões intra-epiteliais escamosas de baixo grau (LSIL) e a displasia moderada e acentuada, 6 NIC II e NIC III, englobariam as lesões intra-epiteliais escamosas de alto grau (HSIL) 7 (KURMAN, 1994). Utilizam-se as expressões LSIL e HSIL para referir-se ao espectro de 8 lesões 9 (WASHINGTON, 2004). intra-epiteliais escamosas, classificadas de outro modo como NIC 10 A identificação da NIC é realizada através do exame microscópico das células cervicais 11 em um esfregaço citológico corado pela técnica de Papanicolaou e sua confirmação é 12 realizada pelo estudo anatomopatológico, classificando-a. 13 A gestação e o parto não influenciam a história natural de NIC. Não se tem apresentado 14 progressão histológica da NIC até o câncer invasivo durante a gravidez (LAPOLLA et al., 15 1988; PAJTLER et al., 1990). A presença de NIC, independentemente do grau, não 16 constitui uma contra-indicação para o parto normal por via vaginal. 17 18 1.3 Relação entre HPV e Câncer de Colo de Útero 19 20 MEISELS & FORTIN (1976) analisando exames de Papanicolaou de portadoras de 21 displasias cervicais, descreveram células escamosas aumentadas, multinucleação, 22 hipercromasia, halos perinucleares e anfofilia, e as chamou de coilócitos. Dois anos após, 23 detectaram partículas virais em lesões cervicais que apresentavam atipia coilocitótica 24 (MEISELS et al., 1979). Contudo, mesmo MEISELS et al (1979) e HILLS & LAVERTY 25 (1979) detectando a presença de partículas virais agregadas à cromatina nuclear em lesões 24 1 cervicais que apresentavam atipia coilocitótica, somente esta análise morfológica não 2 permitia um diagnóstico seguro da infecção pelo HPV e outros testes confirmatórios eram 3 desejáveis. A GISSMANN & ZÜR HAUSEN (1980) couberam, através de biologia 4 molecular, isolar e caracterizar os primeiros tipos de HPV em NIC (HPV tipo 6). 5 As características da NIC de baixo e alto grau e sua relação com o HPV têm diferenças 6 nos perfis epidemiológicos. O número de parceiros sexuais durante a vida se relacionou 7 com um maior risco relativo (RR) em caso de NIC de baixo e alto grau (HARRIS et al., 8 1980; CUZICK et al., 1990; BRISSON et al., 1994). Em caso de hábito tabagístico e uso 9 de anticoncepcionais orais, demonstra uma relação com NIC de alto grau. A presença de 10 DNA de HPV 16 se relaciona significativamente com NIC de alto grau (BRISSON et al., 11 1994). 12 As técnicas de biologia molecular aprimoraram o conhecimento sobre o perfil 13 epidemiológico da infecção por HPV e permitiram seqüenciar o DNA-HPV, bem como 14 reconhecer os diferentes subtipos do vírus (KOUTSKY et al., 1988). Atualmente, a PCR é 15 considerada o método mais sensível para a detecção da infecção pelo HPV, uma vez que a 16 hibridização in situ é limitada pelo número de cópias de HPV (ZEHBE et al., 1996; 17 MERKELBACH - BRUSE et al., 1999). Os estudos por meio de técnicas de biologia 18 molecular têm sugerido que, apesar de uma citologia normal, 40% das mulheres jovens 19 sexualmente ativas possuem o DNA de HPV e que sua prevalência diminui com a idade 20 (LEY et al., 1991; BAUER et al., 1991-1993; MELKERT et al., 1993). 21 22 1.4 Resposta Imune e Câncer 23 24 Os tumores expressam antígenos que são reconhecidos pelo sistema imune, mas a 25 maioria dos tumores é fracamente imunogênica e as respostas imunes com freqüência não 25 1 previnem o crescimento de tumores. A principal razão para o interesse em uma abordagem 2 imunológica é que as terapias atuais contra o câncer se baseiam em medicamentos que 3 destroem as células que se dividem ou bloqueiam a divisão celular, e esses tratamentos têm 4 efeitos graves nas células normais em proliferação dos pacientes com câncer. Como 5 conseqüência, o tratamento contra cânceres causa morbidade e mortalidade significativas. 6 Respostas imunes contra tumores podem ser específicas para antígenos tumorais e não irão 7 causar danos à maior parte das células normais. Assim, a imunoterapia tem o potencial de 8 ser o tratamento mais específico para tumores que pode ser elaborado. Avanços na 9 compreensão do sistema imune e na definição de antígenos em células tumorais têm 10 motivado muitas novas estratégias (ABBAS, LICHTMAN & PILLAI, 2008). 11 O sistema imunológico tem um importante papel na prevenção de tumores, pois ele 12 pode especificamente identificar e eliminar as células tumorais, com base na sua expressão 13 de tumor-antígenos específicos ou moléculas induzidas por estresse celular. Este processo 14 é denominado vigilância imunológica, onde o sistema imunológico identifica e elimina 15 células cancerosas e/ou pré-cancerosas antes que elas possam causar danos (SWANN & 16 SMYTH, 2007). DUNN e colaboradores (2002) acreditam que o sistema imunológico pode 17 proteger alguns patógenos assim como células tumorais, propiciando o desenvolvimento de 18 infecções e tumores. 19 A imunidade celular mediada por células T tem um importante papel na erradicação 20 das células infectadas pelo HPV. Falhas na indução ou manutenção da resposta das células 21 T podem levar à infecção persistente e ao desenvolvimento de neoplasias malignas 22 (STIEPCICH, 2000). Os linfócitos T CD4 auxiliam na resposta imune promovendo a 23 secreção de citocinas e mediadores que ativam células da resposta imune, tais como os 24 macrófagos e linfócitos B. Os linfócitos T CD8 promovem a morte de células infectadas ou 25 tumorais, por meio da ação dos seus grânulos tóxicos (TERR & STITES, 1992). 26 1 No interior dos grânulos linfocitários, a perforina permanece armazenada na forma de 2 monômeros e quando é liberada dos grânulos na fenda sináptica, os monômeros entram em 3 contato com altas concentrações de cálcio extracelulares e sofrem polimerização (KAGI et 4 al., 1994; LOWIN et al., 1994). Esta polimerização ocorre preferencialmente na membrana 5 plasmática da célula alvo, onde a perforina polimerizada forma um poro de 5 a 20nm 6 (SAUER et al., 1991). Quando um número suficiente destes canais é reunido, a célula se 7 torna incapaz de eliminar íons e água, o que determina a morte celular. 8 Vários estudos descrevem como o HPV interage com o sistema imune (STANLEY, 9 2001) e como o vírus inativa a resposta imune adaptativa (TINDLE, 2002). Há diminuição 10 na expressão das moléculas do complexo de histocompatibilidade principal (MCH) de 11 classe I e das cadeias dos receptores de células T (TCRs), prejudicando a apresentação dos 12 antígenos às células T. Desta forma diminui o reconhecimento imunológico dos linfócitos 13 CD8+ do hospedeiro às células infectadas pelo HPV. Além disso, o vírus não tem uma fase 14 de disseminação sanguínea, não causa lise dos queratinócitos e, portanto não induz uma 15 resposta inflamatória e a produção e liberação do vírus ocorre nas células escamosas 16 diferenciadas que estão distantes das células imunocompetentes e citocinas na submucosa 17 (STANLEY, 2001; STERN et al., 2000; KONYA & DILLNER, 2001). 18 19 1.5 Imunidade do Sistema Reprodutor Feminino 20 21 A imunologia tumoral é uma promissora área de investigação em câncer e atualmente, 22 está presente na terapia médica (KOHLBERGER & GITSCH, 2001). Respostas imune 23 tumor-específica são observadas em pacientes com câncer, visto que na massa tumoral 24 estão presentes infiltrados com linfócitos T citotóxicos (CTLs) e células Natural Killer 25 (NK). Padrões alterados de moléculas do complexo de histocompatibilidade principal 27 1 (MHC) classe I e II são observadas na superfície de células tumorais (CLERICI et al., 2 1998; JANEWAY & TRAVERS, 1997) . 3 A primeira linha de defesa, a resposta inata, se origina no estroma, mas também está 4 presente no epitélio ou próximo deste (UTHAISANGSOOK et al., 2002). Esta resistência 5 não específica ocorre quando agentes patogênicos apresentam mecanismos de evasão do 6 sistema imunológico, evitando uma resposta imune do tipo adaptativo (específica). A 7 resposta imune inata é mediada por diversos mecanismos, incluindo a indução de 8 interferon (IFN), ativação de macrófagos e células NK podendo levar à ativação de uma 9 resposta específica. 10 A parte alta do trato genital feminino tem tanto uma resposta imune inata 11 (ROBERTSON, 1998) quanto adquirida (AGRAWAL et al., 2008), que o mantém em um 12 estado predominantemente asséptico. No início da doença cervical, as células infectadas 13 pelo HPV necessitam escapar do sistema imunológico. 14 Durante a progressão da doença há diminuição das citocinas do tipo Th1 e citocinas do 15 tipo Th3/Treg tornam-se predominantes (ALCOCER-GONZALEZ et al., 2006). Além 16 disso, pacientes com NIC apresentaram redução na expressão de receptores para IFN-α 17 com relação ao tecido normal. Baixos níveis de cópias IFN-γ mRNA são vistos em 18 biópsias tumorais e relacionadas com prognóstico (TARTOUR et al., 1998) . 19 LEE et al. (2004) demonstraram que mulheres com diagnóstico de HSIL apresentaram 20 diminuição acentuada na produção de citocinas do perfil Th1, sugerindo que também pode 21 ter ocorrido um comprometimento na função citolítica das células T CD8+. 22 Em resumo, a infecção pelo vírus HPV induz respostas imunes inata e adquirida no 23 estroma do hospedeiro. Esta defesa imunológica é delicada, equilibrada e nem sempre é 24 possível prevê-la. O tratamento clínico é principalmente determinado pelo risco, evolução 25 e prognóstico. Dados são demonstrados na tabela II. 28 1 Tabela 1 - Transformações imunológicas no estroma durante a carcinogênese. Infecção HPV Inflamação/infecção Fatores de risco para resistente carcinogênese Aumento Diminuição CD4+ Progressão NIC Prognóstico câncer invasivo Diminuição CTL ou células TIL macrófagos CD8+ Células NK Aumento células NK Diminuição Aumento CD3 CD4+ Aumento iNKRs Diminuição IL-10 Perda Aumento IFN Diminuição IFN progressiva Aumento IL-1 Diminuição citocinas tipo 1 citocinas tipo 1 Diminuição citocinas tipo2 Baixa atividade IFN de MHC I prejudicado 2 3 Células do câncer cervical podem promover a expressão de receptores inibidores de 4 células natural killer (iNKRs) via IL-15 e, possivelmente, por mecanismo mediado por 5 TGF-β e pela anulação citotóxica antitumoral dos TILs (linfócitos infiltração tumoral) 6 (SHEU et al., 2005) . A compreensão dos mecanismos do sistema imunológico, a definição 7 de antígenos em células tumorais e seus respectivos escapes são de fundamental 8 importância na concepção de novas estratégias terapêuticas. 9 10 1.6 Citocinas 11 12 As citocinas são glicoproteínas secretadas por células não imunes e principalmente por 13 células imunes. Hoje, sabe-se que vários tipos celulares têm a capacidade de sintetizar e 14 liberar essas proteínas. Estes mediadores são responsáveis pelas respostas biológicas de 29 1 células imunes e estão envolvidos no crescimento, na motilidade, na diferenciação e 2 principalmente na função desempenhada pela célula (EAD, 2008). 3 As respostas imunes são mediadas pela liberação de diferentes citocinas. Estas, 4 secretadas por linfócitos T CD4+ foram originalmente classificadas em padrão T helper 1 5 (Th1), T helper 2 (Th2), T helper 3 (Th3) ou T regulatório (Treg) e recentemente 6 descobriu-se uma nova população, que é o tipo T helper 17 (Th17). As citocinas mais 7 importantes do padrão Th1 são IL-2, IL-12, IFN-γ e TNF-α que são responsáveis por ativar 8 a resposta imune celular. O padrão Th2, como por exemplo, IL-4, IL-10 e TGF-β estão 9 diretamente relacionadas na ativação da resposta imune humoral. Já o tipo Treg é 10 caracterizado pela presença de IL-10 e TGF-β que podem suprimir a resposta imunológica 11 indiretamente, pela diminuição da expressão de co-estimuladores nas APCs, ou 12 diretamente nas células T. Este padrão parece estar envolvido na indução de tolerância. As 13 células do perfil Th17 secretam IL-17 (IL-17a e IL-17f), além de também secretarem IL- 14 10, IL-21 e IL-22. Elas são responsáveis ou participam, na indução de muitas reações 15 inflamatórias ricas em neutrófilos. Assim, as células do perfil Th17 podem ser importantes 16 mediadores de dano tecidual em doenças inflamatórias imunomediadas (ZHU & PAUL, 17 2008; ABBAS, LICHTMAN & PILLAI, 2008). 18 Os subconjuntos mais bem definidos de células T efetoras da linhagem auxiliar CD4+ 19 são as células Th1 e Th2. As células Th1 podem mediar respostas imunes contra patógenos 20 intracelulares (MOSMANN & COFFMAN, 1989; PAUL & SEDER, 1994). Nos seres 21 humanos, desempenham um papel particularmente importante na resistência a infecções 22 por micobactérias. A principal citocina produzida é o IFN- γ, sendo esta a citocina de 23 identificação do perfil de células Th1. O IFN- γ ativa macrófagos e IL-2 que estimula o 24 crescimento de células T antígeno-específico, resultando em doença mais branda ou cura 25 (ABBAS, LICHTMAN & PILLAI, 2008; ZHU & PAUL, 2008). 30 1 As células Th2 medeiam a defesa contra parasitas extracelulares, incluindo helmintos 2 (MOSMANN & COFFMAN, 1989; PAUL & SEDER, 1994; ABBAS, LICHTMAN & 3 PILLAI, 2008; ZHU & PAUL, 2008). As células Th2 produzem: IL-4, IL-5, IL-9, IL-10, 4 IL-13, IL-25, sendo que a IL-4 e IL-5 são as citocinas que definem o perfil de células Th2 5 (ZHU & PAUL, 2008; ABBAS, LICHTMAN & PILLAI, 2008). A IL-4 estimula a 6 produção de IgE e ambas, IL-4 e IL-10 estimulam células B e inibem ativação de 7 macrófago, resultando em infecção progressiva (SIELING & MODLIN, 1994). 8 A regressão da infecção pelo HPV tem sido associada a uma resposta imunológica 9 mediada por citocinas de padrão Th1 e o desenvolvimento do NIC parece ser mediado por 10 citocinas de padrão Th2 (MICHELIN & MURTA, 2008). A inflamação, que desempenha 11 um papel central na imunidade inata, é estimulada por citocinas, como a IL-1 e o TNF-α, 12 que são sintetizados por queratinócitos após uma agressão por infecção viral (ANSEL et 13 al., 1990). Essas citocinas estimulam mudanças na aderência das moléculas e 14 permeabilidade capilar, bem como a liberação de outras citocinas (KYO et al., 1994). A 15 inflamação aguda leva à eliminação da infecção e reparo tecidual, e é responsável por 16 desencadear a imunidade adquirida. Alterações nos perfis Th1 e Th2 de citocinas foram 17 demonstradas em humanos com doenças neoplásicas (SHARMA et al., 2007). Além disso, 18 a inflamação crônica, que ocorre em caso de persistência da infecção, tem sido considerada 19 um fator de risco que pode acionar a carcinogênese (GONDA & WANG, 2009). 20 21 1.7 Imunoterapia com Interferons – IFN 22 23 Os interferons foram descobertos e isolados por ISAAC & LINDENMANN em 1957 e 24 desde então vários estudos com estas citocinas foram realizados, tanto in-vitro quanto em 25 animais, demonstrando a eficácia do interferon contra tumores. Assim, nas duas últimas 31 1 décadas, o tratamento das neoplasias cervicais intra-epiteliais com interferon tem sido 2 bastante discutido, estudado e analisado (BYRNE et al., 1986; DI ROMA et al., 2001; 3 DUNHAM, 1990; FRAZER et al., 1999; FROST et al., 1990; MICHELETTI et al., 1992; 4 MURTA & TAVARES, 2004; ROTOLA et al., 1995; SCHIFFMAN, 1995; SIKORSKI & 5 ZRUBEK, 2003). 6 Interferon é um grupo de citocinas que tem importantes atividades antivirais, 7 antiangiogênicas, antitumoral e imunomoduladoras no sistema imune e são classificados 8 em IFN tipo I, IFN tipo II e IFN tipo III. Ambos os tipos de IFN inibem a expressão de 9 mRNA a partir das proteínas E6 e E7 em células imortalizadas pelo HPV 10 (WOODWORTH et al., 1993; JOHNSON et al., 1999; KHAN et al., 1993; PEREA et al., 11 1995; FONTAINE et al., 2001; NAWA et al., 1990). 12 O IFN tipo I consiste do IFN-α, IFN-β, IFN-ω e IFN-κ; tipo II consiste do IFN-γ como 13 único representante e o tipo III é representado pelos IFNs λ1, λ2 e λ3 (referidos 14 respectivamente como IL-29, IL-28A e IL-28B) (NOMELINI et al., 2007; ANK et al., 15 2006; UZÉ & MONNERON, 2007). Entretanto os mais importantes e estudados são IFN- 16 α, IFN-β e IFN-γ. 17 O tipo I que inclui o IFN-α e β são produzidos pelos leucócitos (fagócitos 18 mononucleares), células epiteliais e fibroblastos, e contribuem para a primeira linha de 19 defesa antiviral, inibindo a proliferação e induzindo apoptose das células infectadas por 20 vírus (DE MARCO et al., 1999). O INF tipo II que inclui o IFN-γ é induzido por linfócito 21 T CD4 (Th1), sendo produzido principalmente por células T CD8 ativadas estimuladas por 22 antígenos estranhos e células Natural Killer (TAKAOKA et al., 2006). 23 Todos os interferons tipo I se ligam a receptores IFN tipo I e IFN-γ se liga a receptores 24 IFN tipo II (STARK et al., 1998). Os receptores de interferons (IFNRs) podem ser 25 divididos em dois tipos: IFNR1 e IFNR2, e ambos são capazes de mediar os efeitos 32 1 biológicos dos IFNs (UZÉ et al., 1992). Estes receptores também são encontrados em 2 células de origem hematopoiética (NOMELINI et al., 2007). 3 O receptor do IFN tipo I (α/β) é membro da família classe II dos receptores de 4 citocinas, são formados por duas subunidades compostas por cadeias polipeptídicas 5 denominadas IFNAR1 e IFNAR2. IFNAR1 é uma glicoproteína de 557 aminoácidos e 6 IFNAR2 existe em três formas distintas, IFNAR-2a (forma curta), IFNAR-2b (forma 7 solúvel) e IFNAR-2c (forma longa) contendo 515 aminoácidos e age como o principal 8 receptor funcional para IFN. Os IFNs tipo II são constituídos por duas subunidades: 9 IFNGR1 e IFNGR2 (CHIEUX, 1999; NOVICK et al., 1994). 10 Os IFNs tipo I (α/β) se ligam ao mesmo receptor, composto de duas subunidades 11 IFNAR1 e IFNAR2 (SCHRODER et al., 2004). Os receptores de IFN tipo I estão 12 associados à enzima tirosina - quinase (TYK) que são fosforiladas em outras tirosina- 13 quinases, Janus-quinases (JAK), que por sua vez fosforilam Stat 1 e Stat 2 (MURRAY, 14 2007). Essas Stats (transdutor de sinal e ativador da família de transcrição) recrutadas, 15 formam o complexo denominado fator genético 3 estimulador de IFN (ISGF3), que é 16 direcionado ao núcleo e induz a transcrição dos genes portadores do elemento responsável 17 pela estimulação do IFN (ISRE) (SCHINDLER & PLUMLEE, 2008). 18 33 1 2 Figura 1. Indução, Produção e Ação do IFN Tipo I 3 4 Com os grandes avanços tecnológicos, os mecanismos de ação para IFN tornaram-se 5 mais fáceis de visualizar. Os efeitos antitumor resultam de uma ação direta sobre a 6 proliferação ou composição antigênica das células tumorais, ou a partir do efeito de 7 modulação em populações de células imunes efetoras com células tumorais específicas 8 (KUFE et al., 2003). O IFN pode induzir a apoptose, ativando a cascata de caspases 9 (MUSCAT et al., 2006; SAIDI et al., 2006). A apoptose induzida por IFN-α foi associada 10 à ativação de caspases 1, 2, 3, 8 e 9 (THYRELL et al., 2002). 11 A imunoterapia tem como objetivos induzir a ativação da resposta imune, resgatando a 12 sua natural eficiência, detendo a multiplicação das células malignas, erradicando tumores 13 de forma seletiva sem provocar lesões ao paciente. Já se encontra no mercado a vacina 14 contra certos tipos de HPV, que pode contribuir para a diminuição da frequência do câncer 15 de colo uterino, porém, não se deve associar esta vacina à prevenção deste câncer e sim a 34 1 proteção contra alguns tipos de HPV de baixo e alto risco (MURTA, 2007). Recentemente 2 têm-se utilizado a imunoterapia com IFN em lesões intra-epiteliais cervicais e invasoras do 3 colo uterino, com resultados promissores (MURTA & TAVARES-MURTA, 2004; 4 FERRANTINI, CAPONE & BELARDELLI, 2008). 5 Murta e colaborador (2004) demonstraram a eficiência do IFN com bons resultados, 6 obtendo resposta completa no tratamento com uma paciente com carcinoma vaginal 7 invasivo usando IFNα-2b intralesional, com remissão total da lesão observada por meio de 8 colposcopia e citologia; a paciente engravidou 3 anos após o tratamento sem qualquer sinal 9 de recidiva durante o seu acompanhamento. Outro caso foi de uma paciente com neoplasia 10 intra-epitelial na vulva, vagina e colo uterino com a utilização do mesmo IFN utilizado 11 anteriormente, concluindo-se que a lesão foi reduzida em todos os sítios e, no caso do colo 12 uterino, apresentou remissão completa da doença (SLOTMAN et al., 1988). 13 Os IFNs também são utilizados no tratamento de pacientes com HPV, porém alguns 14 indivíduos ainda respondem parcialmente ao tratamento visto que, pacientes com baixos 15 níveis de proteína E7 respondem melhor ao tratamento (ARANY et al., 1995). 16 Em um trabalho realizado pelo grupo de estudos do IPON – UFTM demonstrou-se que 17 o IFN é um citocina bastante eficaz no tratamento de NIC II e NICIII, sendo que 62,5% 18 das pacientes obtiveram resposta ao tratamento, ou seja, houve o desaparecimento 19 completo da lesão de alto grau confirmado em estudo histológico (MARDEGAN, 2008). Justificativa 36 1 2. Justificativa 2 3 O Interferon é um grupo de citocinas que tem importantes funções no sistema imune e 4 vários estudos com estas citocinas foram realizados, tanto in-vitro quanto em animais, 5 demonstrando a eficácia do interferon contra tumores. Assim, nas duas últimas décadas, o 6 tratamento das neoplasias cervicais intra-epiteliais com interferon tem sido bastante 7 discutido, estudado e analisado. Desta forma, a principal finalidade do tratamento com 8 interferon intralesional da NIC, é ser uma opção terapêutica de pacientes em idade fértil 9 por não alterar a anatomia do colo uterino. O tratamento cirúrgico pode levar a alterações 10 do colo uterino, que é um fator de complicações durante a gestação. 11 Sabe-se também que existe a participação de vários mediadores e moléculas no 12 processo de defesa contra o câncer de colo uterino, pois o sistema imunológico tem um 13 importante papel na prevenção de tumores, denominado vigilância imunológica. Portanto, 14 conhecer a intensidade e os diferentes infiltrados locais de células imunes é fundamental 15 para entender os mecanismos envolvidos nos tumores cervicais, pois, pelos nossos 16 conhecimentos não há estudo de relação entre resposta imune local antes e após tratamento 17 com interferon. Hipótese 38 1 3. Hipótese 2 3 Nos fragmentos coletados por biópsias de pacientes com neoplasia intra-epitelial 4 cervical após tratamento com interferon e que tiveram má resposta ao tratamento, estará 5 presente um maior infiltrado de linfócitos T CD3, observando uma resposta imune contra o 6 tumor ou o tumor em desenvolvimento, por este respectivo mediador. Objetivos 40 1 4. Objetivos 2 3 4.1 Objetivo Geral 4 5 O presente trabalho tem por objetivo estudar, através do estudo imuhistoquímico, 6 fragmentos coletados por biópsias de pacientes com neoplasia intra-epitelial cervical antes 7 e após tratamento com interferon, o infiltrado de células imunes. 8 9 4.2 Objetivos Específicos 10 11 12 Com o objetivo de avaliarmos as biópsias coletadas das pacientes com neoplasia intraepitelial cervical submetidas ao tratamento com interferon, iremos investigar: 13 14 15 1. Qual o infiltrado de células imunes será predominante nas amostras das pacientes antes e após tratamento com IFN; utilizando a técnica de imunohistoquímica. 16 2. Verificar a presença de linfócitos T (CD3+, CD4+, CD8+, Perforina), linfócitos B 17 (CD20), NK (CD16), macrófagos (CD68) e a presença de células que expressam a 18 enzima óxido nítrico sintase induzida (iNOS) 19 imunohistoquímica. nas amostras utilizando a Material e Métodos 42 1 5. Material e Métodos 2 3 5.1 Material 4 5 5.1.1 Pacientes 6 7 O grupo de estudo foi composto de 13 pacientes com idade entre 23 e 50 anos com 8 diagnóstico de Neoplasia Intra-epitelial Cervical graus II e III submetidas ao tratamento 9 com interferon. De cada paciente foi obtida informações sobre idade, hábitos e condições 10 de vida (tabagismo, uso de drogas terapêuticas, número de parceiros), métodos 11 contraceptivos usados, história de doenças sexualmente transmissíveis e uso de terapia de 12 reposição hormonal. Todos os procedimentos realizados obedeceram aos critérios 13 propostos pelo Comitê de Ética. O estudo realizado foi prospectivo transversal com a 14 participação do Ambulatório Maria da Glória da Universidade Federal do Triângulo 15 Mineiro, das Disciplinas de Ginecologia e Obstetrícia e Patologia, do departamento de 16 Patologia Cirúrgica e do Instituto de Pesquisa em Oncologia (IPON). 17 Os critérios para inclusão foram: ausência de sangramento durante o exame; lesão 18 maior que 1cm²; colposcopia satisfatória; não utilização de antibióticos orais, fungicidas ou 19 cremes vaginais durante os 30 dias anteriores; não utilização de antiinflamatórios ou 20 imunodepressores 15 dias antes do início do tratamento até o término do mesmo; nenhuma 21 atividade sexual por pelo menos dois dias antes do dia da coleta das amostras; e nenhuma 22 história prévia de tratamento para NIC. 23 Os critérios para exclusão foram: pacientes portadoras de doenças imunodepressoras, 24 cardiopatias graves ou com alteração da função hepática ou renal; gestantes; relato de 25 intolerabilidade ao interferon; pacientes cujo uso de antiinflamatórios ou imunodepressores 43 1 não poderiam ser suspensos durante o tratamento com interferon e ausência de lesão 2 visível à colposcopia ou lesão muito pequena (inferior a 1 cm²). 3 4 5.1.2 Aspectos Éticos 5 6 Respeitando todos os aspectos éticos em pesquisa que envolve diretamente seres 7 humanos e com o intuito de garantir o bem-estar destas pacientes, este trabalho foi enviado 8 ao Comitê de Ética da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, sendo aprovado pelo 9 mesmo (Anexo A). Além disso, foi obtido o consentimento livre e esclarecido, por escrito, 10 de cada paciente ou de seus familiares (Anexo B). 11 12 5.2 Métodos 13 14 5.2.1 Colposcopia e Anátomo Patológico 15 16 As pacientes selecionadas de acordo com os critérios descritos anteriormente foram 17 encaminhadas pelo ambulatório de Colposcopia da Universidade Federal do Triângulo 18 Mineiro (UFTM) e já tinham biópsia positiva para lesão de alto grau. 19 As pacientes com alterações no exame colposcópico foram submetidas, mediante 20 consentimento livre e esclarecido, a coleta da biópsia do estroma cervical. O critério para a 21 realização da primeira biópsia foram os achados colposcópicos mais alterados; e para a 22 segunda, o mesmo local da primeira biópsia (pacientes com boa resposta) ou achados 23 colposcópicos alterados (pacientes com má resposta). 44 1 Antes da primeira e da última aplicação, as pacientes foram submetidas a exame 2 colposcópico e tiveram as imagens fotografadas através de videocolposcópico (Programa 3 “Software” Vídeo Diagnose ®). 4 Foi realizado estudo anátomo-patológico dos fragmentos de biópsia de colo uterino 5 embebidos em parafina, pelo Serviço de Patologia Cirúrgica do Hospital Escola – UFTM, 6 sendo que todos os dados clínicos, laboratoriais e histológicos foram arquivados em banco 7 de dados específico para o estudo. 8 9 5.2.2 Aplicação do Interferon 10 11 Foi usado neste trabalho o Interferon alfa-2b humano recombinante 3.000.000 U R- 12 (Blauferon B Blausiegel). A caixa da medicação é composta de um frasco-ampola com 13 pó liófilo acompanhado de ampola com diluente de 1,0 ml, acondicionada em geladeira à 14 temperatura 4°C. 15 As aplicações foram realizadas utilizando seringa de 1,0 ml e agulha 13 x 0,45 três 16 vezes por semana em dias alternados (segundas, quartas e sextas-feiras), por 6 semanas 17 consecutivas, perfazendo um total de 18 aplicações, sendo que em cada aplicação era 18 administrada a dose de 3.000.000 U . 19 A exposição do colo uterino foi realizada através da introdução de espéculo vaginal 20 com antissepsia do colo e paredes vaginais com gaze embebida em polvidine tópico 21 usando, para isso, pinça de Cherron. Procedia-se então à aplicação da medicação. Em 22 lesões múltiplas ou ocupando mais de um quadrante do colo, as aplicações foram feitas 23 alternadamente em cada lesão (no caso de lesões isoladas) ou em cada quadrante (no caso 24 de lesões contínuas). 25 45 1 5.2.3 Método Imuno-histoquímico 2 3 Neste estudo utilizamos os anticorpos CD3, CD8, CD4, CD20, CD68, CD16, perforina 4 e a enzima óxido nítrico sintase induzida (iNOS) para caracterizar infiltrados de células 5 imunes no estroma cervical de biópsias de pacientes com neoplasia intra-epitelial cervical 6 graus II e III tratatadas com interferon. Realizamos cortes histológicos com 4μm de 7 espessura, em lâminas silanizadas ATPS (Silano), Sigma® A3648, e estes corados 8 empregando-se a técnica de imuno-histoquímica (Técnica de Polímeros). A tabela 2 mostra 9 os anticorpos utilizados, seus clones, diluição utilizada, marca e células marcadas. 10 11 Tabela 2 - Anticorpos utilizados, classes, diluições, marca e marcação proposta. Anticorpo Clone Diluição Marca Marcação CD3 Policlonal 1:3.200 Dako PAN Linfócito T CD4 Monoclonal 1:300 DBS Linfócito T auxiliar CD8 Monoclonal 1:200 Novo Castra Linfócito T citotóxico CD16 Monoclonal 1:50 Santa Cruz Natural Killer CD20 Monoclonal 1:6.000 Novo Castra PAN Linfócito B CD68 Monoclonal 1:3.000 Dako Macrófago NOS Policlonal 1:500 Santa Cruz Enzima NOS Induzida Perforina Policlonal 1:100 Santa Cruz Linfócito T e Natural Killer 12 46 1 5.2.4 Técnica Imuno-histoquímica 2 3 4 A resposta inflamatória local foi verificada através da técnica de imuno-histoquímica nas amostras emblocadas em parafina, através da Técnica de Polímeros. 5 As lâminas contendo cortes histológicos com 4μm de espessura permaneceram na 6 estufa a 56ºC por um período de 24 horas, em seguida foram desparafinizadas em 3 banhos 7 de xilol, permanecendo cerca de 5 minutos em cada, e hidratadas em 3 banhos de álcool 8 absoluto e 1 banho de álcool a 80%, cerca de 10 segundos em cada. 9 Posteriormente as lâminas permaneceram em um banho de solução salina tamponada, o 10 phosat busser saline (PBS) – pH 7,2, durante 5 minutos para hidratação. Logo depois, o 11 excesso de tampão foi removido e a borda do corte secada, cuidadosamente, com papel 12 absorvente. As lâminas foram colocadas em uma bandeja, onde foi adicionada água 13 oxigenada a 3% sobre cada corte, durante 10 minutos, para que houvesse bloqueio da 14 peroxidase endógena. Novamente procedeu-se a lavagem em PBS. 15 A seguir foi realizada a recuperação dos antígenos utilizando a panela Pascal Dako ®; 16 foram adicionados na cuba 45 mL do tampão (TRIS/EDTA – CD4 pH 9,0 e Citrato pH 6,0 17 para os demais anticorpos), com tempo de fervura de três minutos e mais trinta minutos em 18 repouso para baixar a pressão e temperatura da panela. Após essa etapa as lâminas foram 19 novamente lavadas em 3 banhos de 5 minutos no tampão PBS e incubadas com seus 20 respectivos anticorpos primários em torno de 18 horas, em câmara úmida com temperatura 21 de 3 a 4ºC. 22 23 Os anticorpos primários foram diluídos em soro de albumina bovina (Sigma®) de acordo com as indicações presentes em suas especificações. 24 Após a incubação overnight, as lâminas foram colocadas em temperatura ambiente, em 25 torno de 15 minutos, lavadas em PBS e secadas como anteriormente. O reagente pós- 47 1 primário (Técnica de polímeros - Novolink - Novocastra®) foi adicionado em cada lâmina, 2 permanecendo por 30 minutos à temperatura ambiente, em câmara úmida. Em seguida 3 foram feitas 3 lavagens de 5 minutos cada uma em PBS e secaram-se como anteriormente. 4 Logo depois, o reagente Polímero (Técnica de polímeros - Novolink - Novocastra®) foi 5 adicionado permanecendo por 30 minutos nas mesmas condições acima. 6 Após 3 lavagens em PBS, por 5 minutos em cada uma, as lâminas foram reveladas, 7 através da adição de uma solução cromógena (Liquid DAB, DAKO®, Carpinteria, CA) por 8 5 minutos; em seguida, as lâminas foram lavadas em água corrente e contra-coradas em 9 Hematoxilina de Harris por 2 segundos. 10 Finalmente as lâminas foram imersas em 3 banhos de álcool absoluto por cerca de 10 11 segundos cada um para retirada do excesso de água, 1 banho de xilol fenicado para retirada 12 do excesso de álcool e 3 banhos de xilol, por 5 minutos cada um para tornar as lâminas 13 brilhantes e transparentes (diafanização) e, a seguir, foram adicionadas lamínulas com 14 entellan. 15 16 5.2.5 Critério de Análise 17 18 Através da técnica de imuno-histoquímica foram avaliados os linfócitos T, linfócitos B, 19 células Natural Killer, macrófagos e a presença de células que expressam a iNOS presentes 20 no estroma cervical de biópsias de pacientes com NIC II e III. Inicialmente as células 21 foram observadas em pequeno aumento (100 vezes) para avaliarmos a distribuição geral, e 22 em seguida, examinada em detalhes (aumento de 400 vezes) no estroma subjacente abaixo 23 da lesão de NIC II ou NIC III (biópsias anteriormente ao tratamento) ou NIC I, NIC II, 24 NIC III ou infecção pelo HPV (biópsias posteriormente ao tratamento) para obtermos a 25 pontuação final. 48 1 2 Para a contagem das células linfóides utilizamos o critério de pontuações descrito por GEORGIANNOS et al., 2003, que gradua a quantidade de células inflamatórias em: 3 4 0 - ausência de células inflamatórias; 5 1 - raras células inflamatórias; 6 2 - moderado número de células inflamatórias; 7 3 - numerosas células inflamatórias. 8 9 5.2.6 Análise Estatística 10 11 A análise de todos os casos foi realizada por dois observadores independentes. A 12 concordância entre os dois observadores foi calculada utilizando o coeficiente de Kappa 13 (ARANGO, 2001). O coeficiente de Kappa para os 8 marcadores foi de 0,80 (concordância 14 forte). O resultado final foi obtido após avaliação conjunta dos casos discordantes, 15 mostrando um valor único por consenso. 16 17 Para fins estatísticos, consideramos como marcação fraca as pontuações 0 e 1 e como marcação forte as pontuações 2 e 3. 18 As proporções foram comparadas por meio do teste exato de Fisher. Os resultados 19 foram considerados significativos quando a probabilidade de rejeição da hipótese de 20 nulidade foi menor que 5% (p < 0,05). Os gráficos foram construídos através da utilização 21 do Programa GRAPHPAD PRISM versão 5.0. Resultados 50 1 6. Resultados 2 3 4 Participaram deste trabalho 13 pacientes com idade mínima de 23 anos e máxima de 50, com média de 33,9 anos. 5 No diagnóstico inicial 53.85% (n=7) das pacientes eram NIC II (1,2,5,6,7,8 e 13) e 6 46.15% (n=6) eram NIC III (3,4,9,10,11 e 12). Deste total 46.15% (n=6) tiveram boa 7 resposta ao tratamento com IFNα-2b e 53.85% (n=7) tiveram falha terapêutica. 8 O diagnóstico inicial e final de todas as pacientes tratadas com IFN α -2b, bem como a 9 idade (anos), a resposta clínica ao tratamento e a conduta tomada em cada caso estão 10 presentes na tabela 3. 11 12 Tabela 3 – Diagnóstico final e inicial por biópsia de todas as pacientes e conduta tomada em 13 cada caso, após o término do tratamento. 14 Paciente Idade (anos) Diagnóstico Inicial Diagnóstico Final 1 30 NIC II 2 3 4 50 23 36 NIC II NIC III NIC III 5 23 NIC II 6 28 NIC II 7 8 9 10 11 12 13 31 25 38 45 30 48 34 NIC II NIC II NIC III NIC III NIC III NIC III NIC II Infecção HPV NIC I NIC I Infecção HPV Infecção HPV Infecção HPV NIC II NIC III NIC II NIC III NIC II NIC III NIC II Resposta/Falha Conduta Terapêutica pelo Resposta Seguimento Resposta Resposta pelo Resposta Seguimento Seguimento Seguimento pelo Resposta Seguimento pelo Resposta Seguimento Falha Falha Falha Falha Falha Falha Falha Conização Conização Conização Conização Conização Conização Conização 51 1 Quanto aos hábitos e condições de vida questionados no protocolo inicial (idade da 2 sexarca, paridade e tabagismo) constatou-se que 53,85% (n=7) eram multíparas (3 ou mais 3 partos) e tabagistas sendo a idade média da sexarca de 17,4 anos (mínima de 13 e máxima 4 de 33 anos). Das pacientes que tiveram falha terapêutia 66,6% eram multíparas e 85,7% 5 (n=6) eram fumantes, e das pacientes que tiveram boa resposta 57,14% não eram 6 multíparas e 83.3% não eram fumantes. Os dados estão presentes na tabela 4. 7 8 Tabela 4 – Idade da sexarca, número de gravidezes e estilo de vida de cada paciente. Paciente 9 10 Idade Número Estilo de da de Vida Sexarca gravidezes (Tabagismo) 1 17 4 não - fumante 2 17 3 não - fumante 3 15 0 não - fumante 4 19 7 fumante 5 13 4 não - fumante 6 17 0 não - fumante 7 15 1 fumante 8 14 4 fumante 9 17 3 fumante 10 15 5 fumante 11 15 1 fumante 12 19 2 fumante 13 33 0 não - fumante 52 1 Prancha 1: Imagens colposcópicas das lesões antes do tratamento e após o seu término 2 (MARDEGAN, 2008; RAMOS, 2010). 3 4 5 Paciente 4 - Antes do Tratamento Paciente 4 - Após o Tratamento (resposta) 6 7 Paciente 9 - Antes do Tratamento Paciente 9 - Após o Tratamento (falha) 8 9 No Anexo C estão descritos, individualmente, a quantificação dos linfócitos T (CD3+, 10 CD4+, CD8+, Perforina), linfócitos B (CD20), NK (CD16), macrófagos (CD68) e a 11 presença de células que expressam a enzima óxido nítrico sintase induzida (iNOS) das 12 pacientes segundo o diagnóstico histológico. 13 14 A Tabela 5 mostra a distribuição da quantificação intensa e fraca dos linfócitos T 15 (CD3+, CD4+, CD8+, Perforina), linfócitos B (CD20), NK (CD16), macrófagos (CD68) e 53 1 a presença de células que expressam a enzima óxido nítrico sintase induzida (iNOS) antes 2 e após o tratamento com IFN α-2b em relação ao diagnóstico histológico. 3 4 Tabela 5 – Distribuição de CD3, CD4. CD8, CD16, CD20, CD68, iNOS, Perforina no 5 estroma cervical de pacientes com NIC II/III tratadas com interferon [n (%)]. A 6 apresentação está demonstrada através da marcação imunohistoquímica forte (2 e 3)/fraco 7 (0 e 1). N total =13 exceto antes do tratamento com n=12. Antes Após Valor de p Tratamento Tratamento (Teste Exato de n (%) n (%) Fisher) CD3+ 9/3 (75/25) 11/2 (84.6/15.4) 0,6447 CD4+ 1/11 (8.3/91.6) 1/12 (7.7/92.3) 1,00 CD8+ 10/2 (83.3/16.6) 11/2 (84.6/15.4) 1,00 CD16+ 0/12 (0/100) 0/13 (0/100) 1,00 CD20+ 3/9 (25/75) 2/11 (15.4/84.6) 0,6447 CD68+ 0/12 (0/100) 1/12 (7.7/92.3) 1,00 iNOS 3/9 (25/75) 0/13 (0/100) 0,0957 Perforina 0/12 (0/100) 0/13 (0/100) 1,00 8 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (antes do 9 tratamento em relação após o tratamento) 10 11 12 Não se observa nesta tabela diferença estatisticamente significante entre o grupo anterior e posterior ao tratamento com IFNα-2b. 13 O Gráfico 1 mostra a distribuição proporcional (Forte/Fraca) de linfócitos T e 14 perforina, em percentagem, antes e após o tratamento com IFN, marcados pela 54 1 imunohistoquímica de acordo com protocolo de GEORGIANNOS et al. (2003), segundo 2 diagnóstico histológico. 3 4 5 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (antes 6 do tratamento em relação após o tratamento) 7 8 O Gráfico 2 mostra a distribuição proporcional (Forte/Fraca) de células NK, linfócitos 9 B, macrófagos e iNOS, em percentagem, antes e após o tratamento com IFN, marcados 10 pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de GEORGIANNOS et al. (2003), 11 segundo diagnóstico histológico. 12 55 1 2 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (antes do 3 tratamento em relação após o tratamento) 4 5 A Tabela 6 mostra a distribuição da quantificação intensa e fraca dos linfócitos T 6 (CD3+, CD4+, CD8+, Perforina), linfócitos B (CD20), NK (CD16), macrófagos (CD68) e 7 a presença de células que expressam a enzima óxido nítrico sintase induzida (iNOS) nas 8 pacientes com boa resposta, antes e após o tratamento com IFN α-2b, em relação ao 9 diagnóstico histológico. 10 11 Tabela 6 – Distribuição de CD3, CD4. CD8, CD16, CD20, CD68, iNOS, Perforina no 12 estroma cervical de pacientes com NIC II/III tratadas com interferon que obtiveram boa 13 resposta ao tratamento [n (%)]. A apresentação está demonstrada através da marcação 14 imunohistoquímica forte (2 e 3)/fraco (0 e 1). N total=6. 15 16 17 18 56 Boa Resposta Boa Resposta Valor de p (antes trat.) (após trat.) (Teste Exato de n (%) n (%) Fisher) CD3+ 4/2 (66.6/33.3) 4/2 (66.6/33.3) 1,00 CD4+ 1/5 (16.6/83.3) 0/6 (0/100) 1,00 CD8+ 5/1 (83.3/16.6) 4/2 (66.6/33.3) 1,00 CD16+ 0/6 (0/100) 0/6 (0/100) 1,00 CD20+ 1/5 (16.6/83.3) 0/6 (0/100) 1,00 CD68+ 0/6 (0/100) 0/6 (0/100) 1,00 iNOS 1/5 (16.6/83.3) 0/6 (0/100) 1,00 Perforina 0/6 (0/100) 0/6 (0/100) 1,00 1 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (Boa resposta antes 2 do tratamento em relação após o tratamento) 3 4 5 Não se observa nesta tabela diferença estatisticamente significante entre o grupo que obteve boa resposta, anterior e posterior ao tratamento com IFNα-2b. 6 7 O Gráfico 3 mostra a distribuição proporcional (Forte/Fraca) de linfócitos T e 8 perforina, em percentagem, antes e após o tratamento com IFN em pacientes que 9 obtiveram boa resposta, marcados pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de 10 GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. 57 1 2 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (Boa 3 Resposta - antes do tratamento em relação após o tratamento) 4 5 O Gráfico 4 mostra a distribuição proporcional (Forte/Fraca) de células NK, linfócitos 6 B, macrófagos e iNOS, em percentagem, antes e após o tratamento com IFN em pacientes 7 que obtiveram boa resposta, marcados pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de 8 GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. 9 10 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (Boa 11 Resposta - antes do tratamento em relação após o tratamento) 58 1 A Tabela 7 mostra a distribuição da quantificação intensa e fraca dos linfócitos T 2 (CD3+, CD4+, CD8+, Perforina), linfócitos B (CD20), NK (CD16), macrófagos (CD68) e 3 a presença de células que expressam a enzima óxido nítrico sintase induzida (iNOS) nas 4 pacientes com má resposta, antes e após o tratamento com IFN α-2b, em relação ao 5 diagnóstico histológico. 6 7 Tabela 7 – Distribuição de CD3, CD4. CD8, CD16, CD20, CD68, iNOS, Perforina no 8 estroma cervical de pacientes com NIC II/III tratadas com interferon que obtiveram má 9 resposta ao tratamento [n (%)]. A apresentação está demonstrada através da marcação 10 imunohistoquímica forte (2 e 3)/fraco (0 e 1). N total=7 exceto antes do tratamento com 11 n=6. Má Resposta Má Resposta Valor de p (antes trat.) (após trat.) (Teste Exato de n (%) n (%) Fisher) 0,4615 CD3+ 5/1 (83.3/16.6) 7/0 (100/0) CD4+ 0/6 (0/100) 1/6 (14.3/85.7) CD8+ 5/1(83.3/16.6) 7/0 (100/0) 0,4615 CD16+ 0/6 (0/100) 0/7 (0/100) 1,00 CD20+ 2/4 (33.3/66.6) 2/5 (28.6/71.4) 1,00 CD68+ 0/6 (0/100) 1/6 (14.3/85.7) 1,00 iNOS 2/4 (33.3/66.6) 0/7 (0/100) 0,1923 Perforina 0/6 (0/100) 0/7 (0/100) 1,00 1,00 12 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (Má resposta antes do 13 tratamento em relação após o tratamento) 14 59 1 2 Não se observa nesta tabela diferença estatisticamente significante entre o grupo que obteve má resposta, anterior e posterior ao tratamento com IFNα-2b. 3 4 O Gráfico 5 mostra a distribuição proporcional (Forte/Fraca) de linfócitos T e 5 perforina, em percentagem, antes e após o tratamento com IFN em pacientes que 6 obtiveram má resposta, marcados pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de 7 GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. 8 9 10 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (Má Resposta - antes do tratamento em relação após o tratamento) 11 12 O Gráfico 6 mostra a distribuição proporcional (Forte/Fraca) de células NK, linfócitos 13 B, macrófagos e iNOS, em percentagem, antes e após o tratamento com IFN em pacientes 14 que obtiveram má resposta, marcados pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de 15 GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. 60 1 2 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (Má 3 Resposta - antes do tratamento em relação após o tratamento) 4 5 A Tabela 8 mostra a distribuição da quantificação intensa e fraca dos linfócitos T 6 (CD3+, CD4+, CD8+, Perforina), linfócitos B (CD20), NK (CD16), macrófagos (CD68) e 7 a presença de células que expressam a enzima óxido nítrico sintase induzida (iNOS) nas 8 pacientes com boa e má resposta antes do tratamento com IFN α-2b, em relação ao 9 diagnóstico histológico. 10 11 Tabela 8 – Distribuição de CD3, CD4. CD8, CD16, CD20, CD68, iNOS, Perforina no 12 estroma cervical de pacientes com NIC II/III anterior ao tratamento com interferon, que 13 obtiveram boa e má resposta ao tratamento [n (%)]. A apresentação está demonstrada 14 através da marcação imunohistoquímica forte (2 e 3)/fraco (0 e 1). N total=6. 15 16 17 18 61 Boa Resposta Má Resposta Valor de p (antes trat.) (antes trat.) (Teste Exato de n (%) n (%) Fisher) CD3+ 4/2 (66.6/33.3) 5/1 (83.3/16.6) 0,99 CD4+ 1/5 (16.6/83.3) 0/6 (0/100) 0,99 CD8+ 5/1 (83.3/16.6) 5/1(83.3/16.6) 0,99 CD16+ 0/6 (0/100) 0/6 (0/100) 1,00 CD20+ 1/5 (16.6/83.3) 2/4 (33.3/66.6) 0,99 CD68+ 0/6 (0/100) 0/6 (0/100) 1,00 iNOS 1/5 (16.6/83.3) 2/4 (33.3/66.6) 0,99 Perforina 0/6 (0/100) 0/6 (0/100) 1,00 1 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (Boa resposta antes do 2 tratamento em relação má resposta antes do tratamento) 3 4 5 Não se observa nesta tabela diferença estatisticamente significante entre o grupo que obteve boa resposta e o que obteve má resposta, anterior ao tratamento com IFNα-2b. 6 7 O Gráfico 7 mostra a distribuição proporcional (Forte/Fraca) de linfócitos T e 8 perforina, em percentagem, em pacientes que obtiveram boa e má resposta, ambas antes do 9 tratamento com IFN, marcados pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de 10 GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. 62 1 2 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (Boa e Má 3 Resposta - antes do tratamento) 4 5 O Gráfico 8 mostra a distribuição proporcional (Forte/Fraca) de células NK, linfócitos 6 B, macrófagos e iNOS, em percentagem, em pacientes que obtiveram boa e má resposta, 7 ambas antes do tratamento com IFN, marcados pela imunohistoquímica de acordo com 8 protocolo de GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. 9 10 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (Boa e Má 11 Resposta - antes do tratamento) 63 1 A Tabela 9 mostra a distribuição da quantificação intensa e fraca dos linfócitos T 2 (CD3+, CD4+, CD8+, Perforina), linfócitos B (CD20), NK (CD16), macrófagos (CD68) e 3 a presença de células que expressam a enzima óxido nítrico sintase induzida (iNOS) nas 4 pacientes com boa e má resposta após o tratamento com IFN α-2b, em relação ao 5 diagnóstico histológico. 6 7 Tabela 9 – Distribuição de CD3, CD4. CD8, CD16, CD20, CD68, iNOS, Perforina no 8 estroma cervical de pacientes com NIC II/III após o tratamento com interferon, que 9 obtiveram boa e má resposta ao tratamento [n (%)]. A apresentação está demonstrada 10 através da marcação imunohistoquímica forte (2 e 3)/fraco (0 e 1). N total=7 exceto após o 11 tratamento, nas pacientes com boa resposta, com n=6. Boa Resposta Má Resposta Valor de p (após trat.) (após trat.) (Teste Exato de n (%) n (%) Fisher) CD3+ 4/2 (66.6/33.3) 7/0 (100/0) 0,19 CD4+ 0/6 (0/100) 1/6 (14.3/85.7) 0,99 CD8+ 4/2 (66.6/33.3) 7/0 (100/0) 0,19 CD16+ 0/6 (0/100) 0/7 (0/100) 1,00 CD20+ 0/6 (0/100) 2/5 (28.6/71.4) 0,46 CD68+ 0/6 (0/100) 1/6 (14.3/85.7) 0,99 iNOS 0/6 (0/100) 0/7 (0/100) 1,00 Perforina 0/6 (0/100) 0/7 (0/100) 1,00 12 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (Boa resposta após do 13 tratamento em relação má resposta após do tratamento) 14 64 1 2 Não se observa nesta tabela diferença estatisticamente significante entre o grupo que obteve boa resposta e o que obteve má resposta, posterior ao tratamento com IFNα-2b. 3 4 O Gráfico 9 mostra a distribuição proporcional (Forte/Fraca) de linfócitos T e 5 perforina, em percentagem, em pacientes que obtiveram boa e má resposta, ambas após o 6 tratamento com IFN, marcados pela imunohistoquímica de acordo com protocolo de 7 GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. 8 9 10 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (Boa e Má Resposta - após o tratamento) 11 12 O Gráfico 10 mostra a distribuição proporcional (Forte/Fraca) de células NK, linfócitos 13 B, macrófagos e iNOS, em percentagem, em pacientes que obtiveram boa e má resposta, 14 ambas após o tratamento com IFN, marcados pela imunohistoquímica de acordo com 15 protocolo de GEORGIANNOS et al. (2003), segundo diagnóstico histológico. 65 1 2 Fisher: Resultados não significativos com P>0,05 (Boa e Má 3 Resposta - após o tratamento) 4 5 Prancha 2. Cortes histológicos de paciente que obteve boa resposta ao tratamento 6 (paciente 4). A. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica 7 mostrando células positivas com marcação CD3+ coradas em marrom (aumento de 400 8 vezes): A1 – Antes do tratamento, A2 – Após o tratamento. B. Corte histológico corado 9 através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD4+ 10 coradas em marrom (aumento de 400 vezes): B1 – Antes do tratamento, B2 – Após o 11 tratamento. C. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica 12 mostrando células positivas com marcação CD8+ coradas em marrom (aumento de 400 13 vezes): C1 – Antes do tratamento, C2 – Após o tratamento. D. Corte histológico corado 14 através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação para 15 CD16+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): D1 – Antes do tratamento, D2 – Após 16 o tratamento. 17 66 1 Prancha 3. Cortes histológicos de paciente que obteve boa resposta ao tratamento 2 (paciente 4). E. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica 3 mostrando células positivas com marcação CD20+ coradas em marrom (aumento de 400 4 vezes): E1 – Antes do tratamento, E2 – Após o tratamento. F. Corte histológico corado 5 através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação 6 CD68+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): F1 – Antes do tratamento, F2 – Após 7 o tratamento. G. Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica 8 mostrando células positivas com marcação iNOS coradas em marrom (aumento de 400 9 vezes): G1 – Antes do tratamento, G2 – Após o tratamento. H. Corte histológico corado 10 através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação 11 Perforina coradas em marrom (aumento de 400 vezes): H1 – Antes do tratamento, H2 – 12 Após o tratamento. 13 14 15 16 17 18 19 20 67 1 2 A1 A2 3 4 B1 B2 5 6 C1 C2 7 8 D1 D2 68 1 2 E1 E2 3 4 F1 F2 5 6 G1 G2 7 8 H1 H2 69 1 Prancha 4. Cortes histológicos de paciente que obteve falha terapêutica (paciente 10). A. 2 Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células 3 positivas com marcação CD3+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): A1 – Antes do 4 tratamento, A2 – Após o tratamento. B. Corte histológico corado através da técnica de 5 imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD4+ coradas em marrom 6 (aumento de 400 vezes): B1 – Antes do tratamento, B2 – Após o tratamento. C. Corte 7 histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas 8 com marcação CD8+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): C1 – Antes do 9 tratamento, C2 – Após o tratamento. D. Corte histológico corado através da técnica de 10 imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação para CD16+ coradas em 11 marrom (aumento de 400 vezes): D1 – Antes do tratamento, D2 – Após o tratamento. 12 13 Prancha 5. Cortes histológicos de paciente que obteve falha terapêutica (paciente 10). E. 14 Corte histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células 15 positivas com marcação CD20+ coradas em marrom (aumento de 400 vezes): E1 – Antes 16 do tratamento, E2 – Após o tratamento. F. Corte histológico corado através da técnica de 17 imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação CD68+ coradas em marrom 18 (aumento de 400 vezes): F1 – Antes do tratamento, F2 – Após o tratamento. G. Corte 19 histológico corado através da técnica de imunohistoquímica mostrando células positivas 20 com marcação iNOS coradas em marrom (aumento de 400 vezes): G1 – Antes do 21 tratamento, G2 – Após o tratamento. H. Corte histológico corado através da técnica de 22 imunohistoquímica mostrando células positivas com marcação Perforina coradas em 23 marrom (aumento de 400 vezes): H1 – Antes do tratamento, H2 – Após o tratamento. 70 1 2 A1 A2 3 4 B1 B2 5 6 C1 C2 7 8 D1 D2 71 1 2 E1 E2 3 4 F1 F2 5 6 G1 G2 7 8 H1 H2 72 1 Prancha 6. A, B, C e D. Cortes histológicos de tecido corados através da técnica de 2 imunohistoquímica, mostrando células positivas coradas em marrom (B, C e D), ilustrando 3 o escore de Georgiannos (GEORGIANNOS et al., 2003) 0, 1, 2 e 3, respectivamente 4 (aumento de 400 vezes). 5 6 7 A B 8 9 10 C D Discussão 74 1 7. Discussão 2 3 Com valores aproximados de 500 mil casos novos por ano em todo o mundo e 230 mil 4 óbitos, o câncer cervical é o segundo mais comum entre as mulheres só perdendo, portanto, 5 para o câncer de mama que ocupa a primeira posição (INCA, 2010). 6 Para o ano de 2010 a estimativa do número de novos casos de câncer do colo do útero 7 para o Brasil foi de 18.430, com risco estimado de 18 casos a cada 100 mil mulheres. O 8 câncer do colo do útero é o mais incidente na região Norte (23/100.000). Nas regiões 9 Centro-Oeste (20/100.000) e Nordeste (18/100.000) ocupam a segunda posição e, nas 10 regiões Sul (21/100.000) e Sudeste (16/100.000), a terceira posição (INCA, 2010). Em 11 Minas Gerais, a taxa estimada para o câncer cervical, para o ano de 2010, foi de 12,93 12 casos para cada 100 mil mulheres (INCA, 2010), sendo a estimativa mais baixa de todo o 13 país. Esses números poderiam ser menores, visto que o câncer de colo uterino é uma 14 doença que pode ser evitada através da detecção e tratamento das lesões pré-neoplásicas. 15 Dados da literatura demonstram que a resposta imune sistêmica e local tem um 16 importante papel na progressão da NIC. Há evidências de que a imunidade local é mais 17 importante e eficiente que a sistêmica, para controlar a infecção pelo HPV e o 18 desenvolvimento das NICs. Sendo que pacientes com deficiência de imunidade celular 19 apresentam freqüência aumentada para o desenvolvimento de lesões cervicais (PETRY et 20 al., 1994; ELLERBROCK et al., 2000). 21 A multiparidade, sexarca precoce e o tabagismo são considerados fatores de risco para 22 o desenvolvimento do câncer de colo uterino (CASTELLSAGUÉ & MUÑOZ, 2003; 23 AULT, 2006). MURTA (1999) através de um estudo retrospectivo onde analisou a 24 paridade e a sexarca de 362 casos de câncer de colo uterino invasivos, entre o período de 25 1978 e 1995, concluiu que a multiparidade está relacionada com o câncer invasivo de colo 75 1 uterino. Apesar de, atualmente, a paridade estar diminuindo, e que a maioria destas 2 mulheres teve a sexarca aos 18 anos, independente do período estudado. 3 Neste trabalho, todos esses fatores foram observados: 53,85% eram multíparas (3 ou 4 mais partos) e tabagistas, e a idade média de sexarca foi de 17,4 anos (mínima de 13 e 5 máxima de 33 anos). Das pacientes que tiveram falha terapêutica 66,6% eram multíparas e 6 85,7% eram fumantes, e das pacientes que tiveram boa resposta 57,14% não eram 7 multíparas e 83.3% não eram fumantes. 8 Desde o início dos anos 80, vários estudos têm utilizado o interferon no tratamento do 9 câncer ginecológico com respostas variadas (BORDEN et al., 2007; NOMELINI, et al., 10 2007), sendo a maioria dos trabalhos realizados nesta década. As ações do interferon, tais 11 como antiproliferativa e imunorreguladora, são hoje, o centro de interesse da maioria dos 12 investigadores. Nos estudos com IFN-α a remissão das NICs variam de 30 a 80% dos casos 13 (CHOO et al., 1986; DUNHAM et al., 1990; STELLATO, 1992) porém, BYRNE et al. 14 (1986) usando gel de interferon α topicamente em NICs e FROST et al. (1990) aplicando 15 interferon alfa-2b intralesional obtiveram resultados semelhantes ao placebo. DUNHAM et 16 al. (1990) em um estudo com 14 pacientes com NIC, sendo destas 7 controle e 7 tratadas 17 duas vezes por semana durante um mês com injeções intralessionais de IFN alfa-2b, 18 observou uma melhora de 6 das 7 pacientes do grupo de estudo, com duas curas completas. 19 Somente 3 pacientes do grupo controle mostrou melhora, mas não houve cura completa de 20 nenhum caso; a coilocitose, célula característica da infecção pelo HPV, desapareceu em 21 todos os casos tratados com o IFN – alfa. Ambos os grupos foram monitorados por 22 colposcopia, esfregaços cervicais e biópsias para histologia. 23 Murta e Tavares (2004) demonstraram a eficiência do interferon com bons resultados, 24 obtendo resposta completa no tratamento com uma paciente com carcinoma vaginal 25 invasivo usando IFNα-2b intralesional, com remissão total da lesão observada por meio de 76 1 colposcopia e citologia; a paciente engravidou 3 anos após o tratamento sem qualquer sinal 2 de recidiva durante o seu acompanhamento. Outro caso foi de uma paciente com neoplasia 3 intra-epitelial na vulva, vagina e colo uterino com a utilização do mesmo interferon 4 utilizado anteriormente, concluindo-se que a lesão foi reduzida em todos os sítios e, no 5 caso do colo uterino, apresentou remissão completa da doença (SLOTMAN et al., 1988). 6 Os interferons também são utilizados no tratamento de pacientes com HPV, porém 7 alguns indivíduos ainda respondem parcialmente ao tratamento visto que, pacientes com 8 baixos níveis de proteína E7 respondem melhor ao tratamento (ARANY et al., 1995). A 9 proteína E6 do HPV-16 é direcionada contra a proteína supressora de tumor (p53) 10 formando um complexo e causando sua degradação (WERNESS et al., 1990), a habilidade 11 da E6 em mediar essa degradação é muito importante, considerando que a p53 é 12 responsável pela apoptose e prevenção da proliferação de células anormais (ASHCROFT 13 et al., 1997) e sua falta assegura a sobrevivência de células anormais e infectadas, 14 permitindo que o vírus escape da resposta antiviral normal (RONCO et al., 1998; 15 HISCOTT et al., 1999). ARANY & TYRING (1996) analisaram a resposta imune local de 16 pacientes com HPV tratadas com IFN. As biópsias de pacientes que não responderam bem 17 ao tratamento com IFN houve níveis acentuadamente baixos de células de Langerhans, 18 levando a diminuição da expressão de MHCII e, portanto diminuindo a atração de células 19 T CD4. Houve também queda na expressão de MHCI com diminuição dos níveis de 20 células T CD8. Já analisando biópsias de pacientes que responderam bem ao tratamento 21 verificaram células NK e macrófagos (CD16) e células T CD4 ativados havendo um 22 recrutamento dessas células T contra as células infectadas pelo HPV, ocorrendo, portanto 23 uma resposta imune celular. 24 Observamos neste trabalho através do grupo de estudo (n= 13) que 46,15% das 25 pacientes apresentaram boa resposta ao tratamento com desaparecimento da lesão de alto 77 1 grau, enquanto que 53,85% das pacientes tiveram falha terapêutica, ou seja, o diagnóstico 2 inicial e final foi observado HSIL. 3 Vários trabalhos nos últimos anos foram realizados pelo grupo de estudos do Instituto 4 de Pesquisa em Oncologia (IPON – UFTM) demonstrando que o interferon é um citocina 5 bastante eficaz no tratamento de NIC II e NICIII (HSIL). TIRONE, 2009 avaliou por RT- 6 PCR a expressão do RNAm do IFN-α, dos receptores de Interferon alfa (IFNAR1 e 7 IFNAR2) e a expressão de um dos elementos responsivos pelo estímulo de interferon 8 (ISRE) presente nas regiões dos genes induzidos pelo IFN-α; através da expressão do 9 RNAm da enzima 2´5´ Oligoadenilato sintetase (2´,5´OAS) em biópsias de pacientes com 10 NIC I, II e III, concluindo que as amostras de NIC apresentavam o DNA do HPV em 50% 11 (14/28) das pacientes, apresentando uma baixa expressão do RNA mensageiro do receptor 12 de interferon subunidade 1 e 2. A expressão simultânea das duas subunidades dos 13 receptores foi encontrada apenas no grupo controle e não houve diferença significativa da 14 expressão do RNA mensageiro do IFN-α e da enzima 2´5´OAS entre os grupos controle e 15 NIC. 16 O IFN-α interage com os receptores de interferon alfa (IFNAR 1 e 2) que são expressos 17 em vários tipos de células do organismo incluindo células tumorais e do sistema imune, 18 sendo fundamentais para a resposta clínica. MARDEGAN, 2008 utilizando IFNα-2b 19 intralesional, verificou que 62,5% das pacientes tratadas com esta citocina obtiveram 20 resposta ao tratamento, ou seja, houve o desaparecimento completo da lesão de alto grau 21 confirmado em estudo histológico; já a concentração de IL-6 e TNF-α na secreção vaginal, 22 durante o tratamento foi bem mais elevada no grupo de pacientes que apresentaram falha 23 terapêutica quando comparado com o grupo que obteve resposta, sendo estas citocinas 24 avaliadas pela citometria de fluxo. A média de concentração de IL-6 e TNF-α foi 25 significativamente maior na sexta aplicação do grupo que apresentou falha terapêutica 78 1 quando comparado com o grupo que obteve resposta na mesma aplicação, além do que 2 comparando-se a carga viral, antes do tratamento e após o término do mesmo, através da 3 técnica de captura híbrida, observou-se uma queda significativa da mesma no grupo das 4 pacientes que obtiveram boa resposta ao tratamento. Já RAMOS, 2010 utilizando o mesmo 5 tipo de interferon, porém em grupo maior de pacientes, obteve resposta clínica satisfatória 6 em 60% das pacientes com NIC de alto grau, sendo que a resposta imune Th1 (IFN-γ, 7 TNF-α, IL-2) esteve relacionada com a diminuição do grau da NIC após o tratamento com 8 IFNα-2b nas pacientes com boa resposta, havendo também uma diminuição significativa 9 na carga viral do HPV de alto risco nas pacientes que responderam ao tratamento, sendo 10 esta carga avaliada pela técnica de captura híbrida. Observou-se também, através da 11 técnica de PCR e posteriormente eletroforese, que as pacientes com falha terapêutica 12 tiveram expressão concomitante de IL-12/TGF-β2 e IL-4/TGF-β3, sugerindo que a 13 resposta imune Th3 pode ter modulado a resposta imune Th1 e Th2 durante o tratamento 14 com IFN e por isso houve falha terapêutica. A expressão de TGF-β, após o tratamento com 15 IFN α-2b nas pacientes com falha terapêutica, sugere um papel imunomodulador desta 16 citocina inibindo a resposta protetora Th1. MISSON, 2010 através da avaliação da 17 quantificação de citocinas no soro de pacientes com NIC de alto grau tratadas com IFNα- 18 2b intralesional observou que 50% tiveram resposta terapêutica e 50% falha terapêutica, 19 sendo que das que tiveram resposta terapêutica apenas 16,6% eram tabagistas e das que 20 tiveram falha terapêutica 66,6% eram tabagistas, associando desta forma o uso do tabaco a 21 indução da falha ao tratamento; ao passo que, no grupo de pacientes com sucesso 22 terapêutico houve aumento significativo de citocinas do perfil Th1 que estimularam a 23 queda das citocinas do perfil Treg. A análise das citocinas, feitas por ELISA, evidenciou 24 que a média da concentração da IL-12 no soro das pacientes que apresentaram sucesso 25 terapêutico mostrou-se significativamente bem elevada no décimo segundo dia de 79 1 aplicação do IFNα-2b apresentando diferença estatística quando comparadas com as 2 pacientes que tiveram falha terapêutica. Já a concentração de IL-10 e TGF-β apresentou 3 queda significativa a partir deste mesmo dia nas pacientes que obtiveram sucesso 4 terapêutico, mostrando que o aumento da citocina do perfil Th1 estimulou a queda das 5 citocinas do perfil Th3. No total foram 18 aplicações do IFNα-2b intralesional em dias 6 alternados. É importante ressaltar que quanto mais estados de diferenciação de células T 7 CD4 são descobertos, mais a sua flexibilidade também está sendo reconhecida. 8 Componentes que regulam a estabilidade das células T e plasticidade podem ser divididos 9 em quatro categorias: as condições, o circuito, clonalidade e cromatina. Condições, tanto 10 de citocinas e co-estimulação, são os principais fatores de diferenciação, mas também 11 afetam a estabilidade. Circuito, ou seja, a rede de interações entre fatores de transcrição, 12 afeta a estabilidade, diferenciação e plasticidade. A questão da clonalidade das células T 13 deve ser considerada quanto à diferenciação das células T. Finalmente, as modificações da 14 cromatina associadas aos genes ativos ou reprimidos podem controlar o fenótipo e, como 15 reconheceu, mais recentemente, a sua plasticidade (MURPHY & STOCKINGER, 2010). 16 GIANINI et al. (1998), usando imunohistoquímica verificaram a presença da IL-12 em 17 SIL e IL-10 na zona de transformação e biópsias SIL. Ambas as células produtoras dessas 18 citocinas foram localizadas no estroma. Além disso, neste estudo observaram que a região 19 do colo do útero que é mais sensível para o desenvolvimento da lesão, a zona de 20 transformação, foi associada com maiores níveis médios dos imunossupressores IL-10 e 21 TGF-β1. Já KOBAYASHI et al. (2004) caracterizaram o microambiente imunológico local 22 na HSIL verificando um aumento nos níveis de células do sistema imune, tanto da 23 imunidade inata como da adquirida (células T e B, macrófagos e NK), além da produção 24 de IFN-γ por linfócitos T CD4/CD8 e NK indicando assim a ativação dessas células no 25 sistema imunológico. Houve também a presença de TGF-β e IL-10 indicando que a HSIL 80 1 está associada a um aglomerado de células imunes que produzem uma mistura de citocinas 2 pró-inflamatórias e regulatórias. 3 Observa-se através desses estudos que a resposta imune é delicada e complexa, onde 4 muito ainda deve ser compreendido entre as interações celulares, citocinas e seus 5 receptores para poder atingir o sucesso terapêutico. Porém, avanços como estes na 6 compreensão do sistema imune e na definição de imunoterapias específicas têm motivado 7 muitas novas estratégias através de mecanismos envolvidos na imunidade mediada por 8 citocinas como o IFN. 9 Febre, cefaléia, mialgia e astenia foram efeitos colaterais observados em 100% das R- 10 pacientes durante o tratamento com Blauferon B Blausiegel, sendo esses efeitos 11 abordados em outros trabalhos (MAHER et al., 2007; STELLATO, 1992). Efeitos 12 colaterais como diarréia, náusea, erupção cutânea, eritema, mielodepressão, cardiopatia e 13 alteração no sistema nervoso central não foram observados em nenhum caso. 14 Trabalhos avaliando o infiltrado de células imunes no estroma cervical de pacientes 15 com neoplasia intra-epitelial cervical de alto grau, antes e após tratamento com IFN α-2b 16 intralesional, não existem na literatura. Também não há nenhum estudo da relação entre 17 resposta imune local antes e após tratamento com interferon, independente do tipo de 18 tumor. Portanto, conhecer a intensidade e os diferentes infiltrados locais de células imunes 19 é fundamental para entender os mecanismos envolvidos nos tumores cervicais, pois, pelos 20 nossos conhecimentos não há estudo de relação entre resposta imune local antes e após 21 tratamento com interferon. 22 A presença de células imunocompetentes tem estado associada com a melhora do 23 prognóstico. Muitos tumores e suas metástases são circundados por infiltrados de 24 leucócitos incluindo linfócitos T e B, células NK e macrófagos, observando uma resposta 81 1 imune contra o tumor ou o tumor em desenvolvimento, por estes respectivos mediadores 2 (BETHWAITE et al., 1996). 3 Demonstramos nesse estudo a existência de linfócitos T CD3+ e CD8+, com ausência 4 de marcação fraca 0 pelo critério de Georgiannos, que representa ausência total destas 5 células, em todas as pacientes, independentes se tiveram boa ou má resposta ao tratamento 6 ou se foi anterior ou posterior ao tratamento. Observamos também que 100% das pacientes 7 com má resposta após o tratamento apresentaram marcação forte para CD3+ e CD8+, 8 enquanto que as pacientes com boa resposta após o tratamento apresentaram marcação 9 forte em 66,66% dos casos para os mesmos marcadores (com p=0,19). 10 Sugerimos em nossa hipótese que haveria infiltrados imunes de linfócitos CD3+ nas 11 biópsias analisadas das pacientes com má resposta posteriormente ao tratamento com IFN 12 alfa, com números significativos, porém, provavelmente pelo “n” restrito não foi possível 13 confirmar tal hipótese. Apesar de presentes em grande número nas lesões de alto grau NIC 14 II ou III (lesões posteriores ao tratamento), estes linfócitos T CD3+ e CD8+ falham em 15 impedir a progressão da NIC. Talvez haja alguma falha na sua ativação, na produção de 16 citocinas ou até mesmo esse infiltrado possa não estar relacionado a uma resposta 17 específica ao tumor. Há também os vários mecanismos de escapes pelos quais os tumores 18 se beneficiam devido ao seu microambiente como: falência de células efetoras, perda das 19 moléculas do complexo de histocompatibilidade principal (MHC), expressão de genes anti- 20 apoptóticos, produção de fatores supressores, disfunção e supressão de linfócitos T por 21 células imunes reguladoras; desta forma o sistema imune não reconhece os antígenos 22 tumorais como não próprios e não os destroem (DANERI-NAVARRO et al., 2005). 23 Portanto, existe infiltrado de células T com marcação forte em mulheres com HSIL após o 24 tratamento, que obtiveram má resposta, nada podendo ser afirmado em relação à 82 1 capacidade citotóxica desses linfócitos, principalmente pela negatividade da perforina, que 2 é uma proteína citolítica presente nos linfócitos T citotóxicos e células NK. 3 Recentemente concluiu-se que há fortes indícios relacionando a presença de linfócitos 4 T (CD3) em neoplasia intra-epitelial cervical grau III (NIC III) de pacientes recidivos que 5 realizaram o procedimento de conização, onde através da técnica de imunohistoquímica e 6 pelo critério de Georgiannos, 100% das mulheres com NIC III recidivo apresentaram alto 7 grau de linfócitos CD3 na contagem de células (MALUF et al., 2008). SILVA et al. 8 (2010), analisando 60 cortes histológicos (20 controle, 20 NIC III e 20 carcinoma invasor) 9 através da técnica de imunohistoquímica e pelo critério de Georgiannos, identificou 10 infiltrado inflamatório de linfócitos T CD3+ e CD8+ em todos os casos do grupo controle, 11 NIC III e carcinoma invasor, sendo sempre maior nos últimos, nada podendo ser afirmado 12 em relação à capacidade citotóxica desses linfócitos. Demonstramos nesse estudo 13 marcação fraca para perforina em todos os casos, independente da resposta clínica, o que 14 pode ser a confirmação para a inatividade destes linfócitos. A perforina está presente em 15 células T e NK, onde através da formação de poros na célula alvo possibilita a entrada de 16 enzimas tóxicas (granzimas) em células cancerígenas ou que foram infectadas por algum 17 vírus; ou torna a célula incapaz de eliminar íons e água, o que causa sua morte. Cientistas 18 australianos observaram pela primeira vez a descrição da estrutura molecular e o 19 funcionamento desta proteína que é capaz de destruir células cancerígenas de seu interior; 20 estudo que permitirá avançar no tratamento contra o câncer (LAW et al., 2010). 21 Demonstramos neste estudo que em pacientes com HSIL houve maior proporção de 22 infiltrado celular intenso de linfócitos T CD3+ do que de linfócitos B CD20+. Estes dados 23 também foram confirmados por SILVA et al. (2010). As lesões neoplásicas do colo uterino 24 se associam fortemente à infecção pelo HPV e há claras evidências de que a resposta 25 imune celular desenvolve o principal papel no controle e curso da infecção pelo HPV. Esta 83 1 resposta varia de acordo com o grau da lesão e o potencial oncogênico do HPV 2 (RIETHMULL ER & SEILLES, 2000). 3 Encontramos nesse estudo expressão da enzima iNOS no estroma cervical das biópsias 4 das pacientes com HSIL, em 20% do total das 25 biópsias, sendo que desses 20%, 80% 5 foram registrados anteriormente ao tratamento, independente da resposta ao tratamento, 6 concluindo que a resposta imune mediada por esta enzima está deficiente nestas pacientes 7 e que a ação do IFN parece estar envolvida na ausência de expressão desta enzima após o 8 tratamento, sendo o menor “p” encontrado em nossos resultados (0,09), mesmo esse não 9 sendo significativo provavelmente pelo “n”. Desta forma o IFN pode estar envolvido na 10 supressão da produção do NO por células tumorais. O NO foi avaliado por FERNANDES 11 e colaboradores (2007) confirmando sua liberação por células tumorais, assim como outros 12 mediadores circulantes solúveis. O NO pode interferir na capacidade inicial de migração 13 dos neutrófilos prejudicando a resposta imune. Os neutrófilos podem apresentar atividade 14 antitumoral e sua migração é de grande importância para a resposta inflamatória. O NO é 15 um mensageiro biológico sintetizado pelo aminoácido L-arginina pela ação da enzima 16 sintase de óxido nítrico (NOS). NOS é induzida em macrófagos, células endoteliais e 17 outros tipos celulares após estimulação por lipopolissacarídeo (LPS) ou citocinas como 18 interferon (IFN)-γ, fator de necrose tumoral (TNF) e interleucina (IL)-1β. O NO, nessas 19 condições, tem sua liberação prolongada e é produzido em maiores concentrações 20 (MONCADA et al., 1991). O NO pode apresentar um duplo papel no desenvolvimento 21 tumoral. Evidências sugerem que ele é citotóxico e citostático contra microrganismos e 22 células malignas. Mas a produção de NO por células neoplásicas promove a angiogênese, 23 essencial ao crescimento e manutenção do tumor, podendo aumentar seu comportamento 24 metastático. NO é uma molécula sinalizadora biológica, mas quando produzida por longo 84 1 período de tempo, seu excesso poderia levar a mutações e ao câncer (OHSIMA et al., 2 1994). 3 Também encontramos nesse estudo expressão de macrófagos (CD68+) no estroma 4 cervical das biópsias das pacientes com HSIL, em 56% do total das 25 biópsias, sendo 5 distribuídos igualmente antes e após tratamento, independente da resposta ao tratamento. 6 Um importante componente da resposta imune inata consiste nas células fagocíticas. 7 ZUR HAUSEN (1986) tem descrito um sistema de sobrevivência intracelular nas infecções 8 persistentes por HPV. A hipótese é que o câncer cervical resulta de uma deficiência no 9 controle celular da expressão dos genes do HPV, e que o controle normal é mediado por 10 fatores liberados por macrófagos. Vários estudos descrevem que macrófagos estão 11 aumentados em infecções por HPV ou NIC (AL-SALEH et al., 1998) e no carcinoma 12 cervical (DAVIDSON et al., 1997) e que estas células estão presentes em ambos, epitélio e 13 estroma, sendo capazes de fagocitar células transformadas por HPV-16. 14 Em um estudo com noventa e quatro biópsias de tecido cervical com lesão intra- 15 epitelial escamosa de alto grau (HSIL), foram examinados para a presença de células de 16 Langerhans e subpopulações de macrófagos do estroma através da técnica de 17 imunohistoquímica, sendo que a HSIL e tecidos metaplásicos foram significativamente 18 associados com a depleção de células Langerhans intra-epiteliais quando comparado com o 19 epitélio normal. Em contrapartida, houve um aumento significativo de macrófagos do 20 estroma em biópsias HSIL em comparação com colo normal (MOLLER et al., 1992). As 21 células T e NK produzem o IFN γ, uma citocina que ativa os macrófagos colaborando, 22 assim, com a reatividade antitumoral. Os macrófagos ativados são eficazes na destruição 23 de células tumorais in vitro; o CD68 é um dos marcadores de macrófagos mais usado 24 sendo bastante sensível (ALVES et al., 1999). 85 1 No caso das células NK (CD16+) e perforina (Perforin) obtivemos em 96% dos casos 2 ausência destes infiltrados e nos 4% restantes marcação fraca 1, baseada no critério de 3 Georgiannos, que representa a presença rara destas células. Contrariamente ao nosso 4 trabalho, a linhagem de células NK foi encontrada no estroma de NIC (TAY et al., 1987). 5 A lise de células infectadas com HPV, pelas células NK é deficiente em pacientes que tem 6 lesões pré-cancerosas ou câncer induzido pelo vírus, segundo MALEJCZYK et al. (1989). 7 Estes dados indicam que a infecção por HPV poderia ser controlada por resposta eficiente 8 das células NK, que são linfócitos capazes de destruir células tumorais sem uma 9 sensibilização anterior. 10 Estudos prévios da população linfocitária infiltrando a cérvix displásica tem usado 11 imunohistoquímica e tem demonstrado significantes infiltrados T citotóxicos (CD3+ 12 CD8+), auxiliares (CD4+) e linfócitos B (CD20+) no estroma abaixo da lesão (BELL et 13 al., 1995). Porém, nosso trabalho avaliou estes infiltrados em células imunes no estroma 14 cervical de pacientes com neoplasia intra-epitelial cervical de alto grau, antes e após 15 tratamento com IFN α-2b intralesional, demonstrando a existências destas células imunes, 16 entretanto sendo números não significativos ao compararmos antes e após o tratamento e 17 também ao dividirmos os grupos em boa e má resposta. O mesmo ocorreu com a expressão 18 da enzina iNOS, macrófagos (CD68+), células NK (CD16+) e perforina (Perforin). 19 Por haver vários critérios de inclusão e exclusão das pacientes, que foram citados na 20 metodologia deste trabalho, houve certa dificuldade na seleção das pacientes, sendo, assim 21 o nosso “n” restrito. Acreditamos que se este número alcançasse proporções maiores, mais 22 avaliações poderiam ser feitas em relação à resposta imune frente ao tratamento com IFN- 23 α2b. 24 Avaliamos neste trabalho, os infiltrados de células imunes através das biópsias que 25 foram coletadas antes da primeira aplicação com IFN-α2b intralesional e após a última 86 1 aplicação (18ª), ou seja, verificamos as células antes e após o tratamento; pode ser que 2 estas células atuem durante o mesmo, porém a biópsia foi realizada no final e elas podem 3 não estar mais presentes. MISSON (2010), analisando praticamente este mesmo grupo de 4 pacientes, a nível sistêmico, verificou o aumento do perfil das citocinas do perfil Th1 5 estimulando a queda das citocinas do perfil Treg, nas pacientes com boa resposta no 12º 6 dia de aplicação e não ao final do tratamento. O mesmo ocorreu com os trabalhos de 7 MARDEGAN (2008) e RAMOS (2010), que avaliaram o nível de citocinas à nível 8 sistêmico durante todo o tratamento. Nosso trabalho, por avaliar a intensidade e os 9 diferentes infiltrados localmente, através da coleta de biópsias, se torna restrito quanto às 10 avaliações periódicas, pois causaria vários incômodos à paciente envolvida nesta 11 imunoterapia. 12 Em nosso estudo, portanto, o tratamento com IFN-α2b intralesional nas pacientes com 13 HSIL, não modificou o infiltrado peritumoral. Provavelmente o mecanismo de ação do IFN 14 não influencia o achado de células peritumorais após o tratamento, independente da 15 resposta clínica. Pode ser que com a diminuição da carga viral do HPV nas pacientes com 16 boa resposta clínica ou através da ação de mecanismos diretos do IFN, como a apoptose 17 sobre as células neoplásicas, estejam induzindo a regressão. 18 MARDEGAN, 2008 e RAMOS, 2010 analisaram a carga viral deste mesmo grupo de 19 pacientes por nós estudado, porém com um número menor (8 e 10 pacientes 20 respectivamente), antes do tratamento com IFN alfa 2B intralesional e após o término do 21 mesmo, através da técnica de captura híbrida, observando uma queda significativa na carga 22 viral do HPV de alto risco nas pacientes que responderam ao tratamento, o que não foi 23 observado no grupo que apresentou falha terapêutica. Desta forma a ação antiviral do IFN 24 alfa pode estar relacionada à regressão da lesão. Outros estudos também demonstram um 87 1 aumento da carga viral do HPV de acordo com a progressão da NIC (WOODMAN et al., 2 2007; SWAN et al., 1999). 3 A maioria dos tecidos sofre um constante processo de renovação celular graças ao 4 equilíbrio entre proliferação e morte das células, caracterizada por um processo ativo de 5 alterações morfológicas e bioquímicas, a apoptose. A apoptose é também um mecanismo 6 de defesa, que é ativado sempre que ocorre uma invasão por agentes patogênicos, ou ainda 7 quando o DNA for lesado. A compreensão dos mecanismos e das alterações nos 8 componentes das vias apoptóticas e sua correlação com a ocorrência do câncer são 9 importantes para o desenvolvimento de novas terapias e métodos de prevenção do câncer 10 (GRIVICICH et al., 2007). 11 As células malignas geralmente apresentam defeitos de morte celular programada e 12 apoptose. O IFN pode agir para induzir a apoptose, e o mecanismo para isso consiste em 13 ativar a cascata das caspases (ASHKENAZI & DIXIT, 1998; EARNSHAW et al., 1999; 14 BARTON et al., 2005; MUSCAT et al., 2006; SAIDI et al., 2006). A apoptose induzida 15 por IFN-α foi associada com a ativação das caspases 1,2,3,8 e 9 (THYRELL et al., 2002). 16 Os iniciadores da cascata das caspases são 8 e 9, e o principal efetor é a caspase 3 17 (THORNBERRY & LAZEBNIK, 1998). Entre os diversos substratos das caspases pode-se 18 citar a mdm-2 (murine double minute), uma proteína que se liga à p53, mantendo-a no 19 citoplasma. Ao ser clivada pelas caspases, essa proteína libera a p53 que se transloca para 20 o núcleo, ativando a transcrição de genes pró-apoptóticos como o Bax (SCHULER, 2003). 21 O IFN alfa induz a uma apoptose caspase-dependente que está associado com a ativação do 22 Bax, sendo esta ativada e translocada para a mitocôndria, diante este processo (THYRELL, 23 2004; PANARETAKIS, 2003). 24 A imunomodulação e a inibição da angiogênese são mecanismos indiretos antitumorais 25 mediados por apoptose. No que se refere à imunomodulação, IFNs podem ter efeitos 88 1 antitumorais através do aumento das células T citotóxicas, células Natural Killer e células 2 dendríticas. A inibição da angiogênese pode resultar na apoptose de células endoteliais. 3 Esse fator é importante na gênese do tumor e inibição da formação de metástases 4 (LINDNER, 2002). O objetivo de um método de Imunoterapia ideal é a destruição 5 completa de todas as células neoplásicas, sem prejudicar as células normais em divisão, 6 porém estudos adicionais ainda são necessários para alcançar plena compreensão do 7 mecanismo de ação do IFN. Isso é de fundamental importância para descobrir novas 8 estratégias sobre o tratamento do câncer, isoladamente ou em associação com outras 9 estratégias terapêuticas, como a cirurgia e a quimioterapia (NOMELINI et al., 2007). 10 A demonstração de que a apoptose é um mecanismo inato de defesa antineoplásica e 11 que vários agentes quimioterápicos agem através da indução desse tipo de morte celular 12 levou a uma intensa investigação dos mecanismos moleculares da apoptose e sua aplicação 13 no tratamento do câncer (NICHOLSON, 2000). Portanto, apesar da enorme variabilidade 14 do câncer, evidências demonstram que a resistência a apoptose é uma das características 15 mais marcantes da maioria dos tumores malignos (OKADA & MAK, 2004). De fato, a 16 análise do processo de tumorigênese revela que a capacidade de resistir à morte pode ser 17 adquirida por diferentes mecanismos e acontecer em vários momentos do desenvolvimento 18 tumoral. Entre estes, a resistência à morte por apoptose em células que escapam do 19 controle do crescimento e da diferenciação normais exercidos por fatores solúveis ou até 20 aquela induzida por lesões no DNA (ZORNIG et al., 2001). A apoptose na prática clínica é 21 alvo para um potencial uso terapêutico da morte celular programada ou para a 22 compreensão dos mecanismos de resistência à radioterapia e à quimioterapia 23 (NICHOLSON, 2000; DEBATIN, 2004). 24 O interferon alfa tem sido utilizado no tratamento de vários tipos de câncer há quase 30 25 anos, mas o (s) mecanismo (s) responsável por sua ação antitumoral permanece 89 1 desconhecido. Uma variedade de respostas celulares, incluindo a inibição do crescimento 2 celular, a imonumodulação, ação antiviral e a indução de apoptose são induzidas por IFNs. 3 A indução de apoptose e ação antiviral por esta citocina tem sido as propostas de maior 4 importância para ambos os seus efeitos antitumorais. 5 A indução de apoptose por IFN-α é um mecanismo de atividade antitumoral altamente 6 atraente, e que pode também desempenhar um papel na “limpeza” de células infectadas por 7 vírus. IFN-α pode realmente induzir a apoptose em algumas linhagens celulares 8 transformadas, bem como em células tumorais (SANGFELT et al., 1997; CAI & JONES, 9 1998; DAI & KRANTZ, 1999; THYRELL et al., 2002). Além disso, em mieloma, bem 10 como em linhagens de células de glioma, o tratamento em longo prazo com o IFN-α tem 11 sido sugerido para sensibilizar as células a apoptose induzida por FAS (SPETS et al., 1998; 12 ROTH et al., 1998). Além disso, o FAS ligante (FASL)/FAS receptor (FASR) podem 13 mediar efeitos do IFN-α2 em tumores sólidos (BUECHNER et al., 1997). De fato, após 14 injeção de IFN-α2 em tumores sólidos, FASR e apoptose foram induzidos, e os tumores 15 regrediram. 16 Os detalhes moleculares da indução de apoptose por IFN-α ainda permanece obscura, 17 mas foi demonstrado que envolve a ativação de caspases e da via mitocondrial, por 18 exemplo, a via c do citocromo (cit c) e perda de liberação do potencial de membrana 19 mitocondrial (PMM) (THYRELL et al., 2002). 20 PANARETAKIS et al. demonstraram, que a apoptose induzida por IFN-α ocorre 21 juntamente com a ativação da pró-apoptótica Bcl-2, relacionada as proteínas Bak e Bax. 22 Na verdade eles descobriram que o IFN-α induz a ativação dos dois membros pró- 23 apoptóticos da família Bcl-2, Bak e Bax e mostraram que células apoptóticas tinham altos 24 níveis de Bak ativado, e que a maioria das células apoptóticas também cotinham um alto 25 nível de Bax na sua conformação ativa, sugerindo seu envolvimento direto de morte celular 90 1 induzida por IFN-α. No entanto, a ativação da Bak ocorre no início da resposta apoptótica, 2 antes liberação cit c e a perda PMM, considerando que a ativação da Bax é posterior a 3 esses eventos (PANARETAKIS et al., 2003). 4 Um gene supressor de tumor especificamente ativado após um estresse genotóxico é a 5 p53. TAKAOKA et al. demostraram que a transcrição do gene p53 é induzida por IFN-α/β, 6 acompanhada por um aumento no nível da proteína p53. Nestas condições experimentais 7 de indução do gene p53 pelo IFN-α/β, esse contribuiu para a supressão do tumor e 8 impulsionou respostas da p53 frente a sinais de stresse (TAKAOKA et al., 2003). 9 A compreensão dos mecanismos moleculares que regulam a transdução de sinal 10 mediada por IFN-α, dos mecanismos de escape ativadas em células do câncer e 11 mecanismos de resistência do tumor frente ao IFN-α são de grande utilidade para a 12 concepção de novas estratégias terapêuticas baseadas na utilização de IFN-α, tendo em 13 vista ampliar os efeitos terapêuticos dessa citocina. Conclusões 92 8. Conclusões 1. O tratamento das NICs graus II e III com Interferon alfa-2b intralesional apresentou boa resposta clínica em 46,15% das pacientes; 2. Todas as pacientes com NIC II ou NIC III demonstraram nesse estudo a existência de linfócitos T CD3+ e CD8+, no entanto, após o tratamento 100% dos casos com má resposta tinham CD3+ com marcação forte; 3. O tratamento com IFN-α2b intralesional nas pacientes com HSIL, não modificou o infiltrado peritumoral. Provavelmente o mecanismo de ação do IFN não influencia o achado de células peritumorais após o tratamento, independente da resposta clínica. Referências Bibliográficas 94 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 9. Referências ABBAS, A.K.; LICHTMAN, A.H.; PILLAI, S. Imunologia celular e molecular. 6. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 576 p. AGRAWAL, T.; VATS, V.; WALLACE, P.K.; SALHAN, S.; MITTAL, A. Role of cervical dendritic cell subsets, co-stimulatory molecules, cytokine secretion profile and beta-estradiol in development of sequalae to Chlamydia trachomatis infection. Reprod Biol Endocrinol, v. 6, n. 46, p. 1-10, Oct. 2008. 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Recentemente, a imunoterapia com interferon (IFN) no tratamento da neoplasia intra-epitelial cervical grau II e III (NIC II e NIC III) tem sido bastante utilizado. Objetivos: Caracterizar o infiltrado de células imunes no estroma do colo uterino obtidos pela coleta de biópsias de pacientes com diagnóstico de NIC II ou III que foram tratadas através da imunoterapia com IFN utilizando a técnica de imunohistoquímica para linfócitos T (CD3,CD4,CD8), B (CD20), macrófagos (CD68), óxido nítrico sintase induzida (iNOS), células natural killer (CD16) e perforina (PERFORIN). Metodologia: Nosso grupo de estudo consiste de 13 pacientes com média de idade de 33,9 anos que foram diagnosticadas com NIC II ou NIC III que foram submetidas ao tratamento com IFN intralesional (3.000.00 U). Duas biópsias foram coletadas de cada paciente, um após o diagnóstico de NIC II ou III e um após o tratamento com IFN. As lâminas foram examinadas por microscopia de luz comum com objetiva 400x por imunohistoquímica. A análise estatística foi feita pelo software GraphPad Prism 5.0 pelo teste exato de Fisher. 109 Resultados: Quanto à resposta ao tratamento, 46.15% das pacientes apresentaram boa resposta ao tratamento e 53.85% falha terapêutica. Não houve variação estatisticamente significativa antes e após o tratamento entre as células estudadas. Discussão e Conclusão: O perfil das células estudadas em pacientes com NIC II ou III manteve-se, independentemente do tratamento com IFN e do grau da lesão. Todas as pacientes com NIC II ou NIC III demonstraram nesse estudo a existência de linfócitos T CD3+ e CD8+, independentes se tiveram boa ou má resposta ao tratamento ou se foi anterior ou posterior ao tratamento. Em pacientes com HSIL houve maior proporção de infiltrado celular intenso de linfócitos T CD3+ do que de linfócitos B CD20+. O tratamento não modificou o infiltrado peritumoral. Provavelmente o mecanismo de ação do INF não influencia o achado de células peritumorais após o tratamento, independente da resposta clínica. O sucesso terapêutico do tratamento pode ser pela diminuição da carga viral do HPV nas pacientes com boa resposta, ou por mecanismos diretos de IFN em células neoplásicas através da indução de apoptose por meio de regressão. Palavras-chave: papilomavírus humano; neoplasia intra-epitelial cervical; imunoterapia, interferon, apoptose. Abstract 111 11. Abstract Introduction: Infection by human papillomavirus (HPV) induces innate and acquired immune responses in the uterine cervical stroma, which are a delicate, balanced and generally unpredictable immunological defense. Due to the immunological breaks that HPV virus causes, eradication of infected cells does not occur, potentially leading to development of intraepithelial and invasive lesions. Advances in our understanding of the immune system and in the definition of antigens on tumor cells have led to many new treatment strategies. As a result, immunotherapy has the potential to be the most specific treatment for tumors, and one that requires elaboration. Recently, immunotherapy with interferon (IFN) for the treatment of cervical intraepithelial neoplasia grade II and III (CIN II and CIN III) has been used. Objectives: Characterize the immune cells infiltrated uterine cervical stroma obtained from biopsies collected from patients diagnosed with CIN II or III that were treated with IFN immunotherapy using the technique of immunohistochemistry for T (CD3,CD4,CD8), B lymphocytes (CD20), macrophages (CD68), inducible nitric oxide synthase (iNOS), natural killer cell (CD16) and perforin (PERFORIN). Methodology: Our study group consisted of 13 patients with an age group of 33.9 years old who were diagnosed with CIN II or III and subjected to treatment with intralesional IFN (3.000.000 U). Two biopsies were collected from each patient, one after the diagnosis of CIN II or III and one after therapy with IFN. The slides were examined by common light microscopy with 400x ocular by immunohistochemistry. The statistical analysis was made by the 5.0 GraphPad Prism software by Fisher's exact test. 112 Results: As to the answer to the treatment, 46.15% of the patients presented good response to the treatment and 53.85% therapy failure. There was no statistically significant variation before and after treatment between the cells studied. Discussion and Conclusion: The profile of the studied cells from patients with CIN II or III remained, regardless of treatment with IFN and from lesion degree. All patients with CIN II or CIN III in this study demonstrated the existence of T lymphocytes CD3+ and CD8+, independent if they had good or poor response to treatment or whether it was before or after the treatment. In patients with HSIL there were more intense cellular infiltrate of CD3+ T lymphocytes than B lymphocytes CD20+. The treatment did not modify the peritumoral infiltrate. Probably the mechanism of action of IFN does not influence the finding of peritumoral cells after treatment, regardless of clinical response. Therapeutic success of treatment may be by decreasing the viral load of HPV in patients with good response, or by direct mechanisms for IFN in cancer cells by inducing apoptosis through regression. Keywords: human papillomavirus; cervical intraepithelial neoplasia; immunotherapy, interferon, apoptosis. Anexos 114 Anexo A - Parecer consubstanciado aprovado pelo CEP (folha 1/3) 115 Anexo A: Parecer consubstanciado aprovado pelo CEP (folha 2/3) 116 Anexo A: Parecer consubstanciado aprovado pelo CEP (folha 3/3) 117 Anexo B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (folha 1/2) TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Você tem um tipo de doença denominada neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) de alto grau e está sendo convidada a participar do estudo “Avaliação da resposta imunológica e clínica de pacientes com Neoplasia Intra-epitelial Cervical de alto grau tratadas com Interferon alfa-2b intralesional”. Os avanços na área de saúde ocorrem através de estudos como este, por isso sua participação é importante. O objetivo do estudo é: • Tratar esta doença com uma medicação denominada interferon alfa-2b que será administrada dentro da lesão no colo do útero com auxílio de uma seringa e agulha. • Será avaliada a resposta ao tratamento (por exemplo, se houve melhora ou não da lesão) e se analisará a importância do sistema de defesa durante o tratamento. E caso você participe, será necessário coletar material para o estudo que estamos propondo, alem dos que já são normalmente coletados para os exames de rotina. É também importante saber que: • A medicação será aplicada 3 vezes por semana em dias alternados por 6 semanas (total de 18 aplicações); • É de suma importância o comparecimento nos dias das aplicações para não prejudicar o tratamento; • Você deverá usar método anticonceptivo durante o tratamento, pois a medicação pode acarretar vários danos para o bebê em caso de gestação no curso do tratamento. • Esta medicação pode levar a alterações em algumas substâncias presentes no organismo como desidrogenase lática, hemoglobina, leucócitos, plaquetas e fosfatase alcalina, por isso essas substâncias serão dosadas durante o tratamento. Para dosagem é necessário a coleta de sangue que será realizada no laboratório do Hospital Escola; • A medicação pode ocasionar alguns efeitos colaterais como: Febre, calafrios, mal esta geral, mialgia, diminuição do apetite, diminuição dos leucócitos e das plaquetas. • No caso de não ocorrer melhora da doença ou mesmo se houver apenas melhora parcial você será prontamente encaminhada para tratamento cirúrgico complementar. Você poderá ter todas as informações que quiser e poderá não participar da pesquisa ou retirar seu consentimento a qualquer momento sem prejuízo no seu atendimento. Pela sua participação no estudo, você não receberá qualquer valor em dinheiro, mas terá a garantia de que todas as despesas necessárias para a realização da pesquisa não serão de sua responsabilidade. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo, pois você será identificada com um número. 118 Anexo B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (folha 2/2) TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE, APÓS ESCLARECIMENTO Eu, _______________________________________________, li e/ou ouvi o esclarecimento acima e compreendi para que serve o estudo e qual procedimento a que serei submetido. A explicação que recebi esclarece os riscos e benefícios do estudo. Eu entendi que sou livre para interromper minha participação a qualquer momento, sem justificar minha decisão e que isso não afetará meu tratamento. Sei que meu nome não será divulgado, que não terei despesas e não receberei dinheiro para participar do estudo. Eu concordo em participar do estudo. Uberaba,......./......./...... ________________________________ ____________________ Assinatura do voluntário ou seu Documento de identidade Representante legal ___________________________________ Assinatura do pesquisador Responsável ___________________________________ Assinatura do pesquisador Orientador Prof. Dr. Eddie Fernando Cândido Murta Telefone de contato dos pesquisadores: 3318-5326/3318-5565 Em caso de dúvida em relação a este documento, você pode entrar em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, pelo telefone 3318-5854. 119 Anexo C – Distribuição das pacientes segundo a contagem de células antes e após tratamento (folha 1/2) Paciente CD3 2 1 3 1 1 2 2 2 3 3 2 3 3 4 1 4 3 5 1 5 1 6 3 6 3 7 3 7 3 8 2 8 * 9 2 9 2 10 3 10 3 11 3 11 1 12 2 12 2 13 2 13 * sem material suficiente CD4 0 0 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 1 1 2 * 0 0 0 0 0 0 1 1 0 CD8 2 2 2 2 3 2 3 1 2 1 1 3 2 2 2 2 * 2 2 2 3 3 1 2 2 2 CD16 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 CD20 1 0 1 0 3 0 1 0 0 0 0 1 2 1 1 0 * 0 0 3 2 1 0 0 1 2 CD68 1 1 0 1 0 1 0 0 1 1 1 1 1 0 1 0 * 0 0 0 0 0 1 0 1 2 iNOS 0 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 0 0 0 * 0 1 0 0 1 0 0 2 0 Perforina 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 * 0 0 0 0 0 0 0 0 0 120 Anexo C – Distribuição das pacientes segundo a contagem de células antes e após tratamento (folha 2/2) Paciente CD3 CD4 Forte Fraca 1 Forte Fraca 1 Fraca Fraca 2 Forte Fraca 2 Forte Forte 3 Forte Fraca 3 Forte Fraca 4 Fraca Fraca 4 Forte Fraca 5 Fraca Fraca 5 Fraca Fraca 6 Forte Fraca 6 Forte Fraca 7 Forte Fraca 7 Forte Fraca 8 Forte Forte 8 * * 9 Forte Fraca 9 Forte Fraca 10 Forte Fraca 10 Forte Fraca 11 Forte Fraca 11 Fraca Fraca 12 Forte Fraca 12 Forte Fraca 13 Forte Fraca 13 * sem material suficiente CD8 Forte Forte Forte Forte Forte Forte Forte Fraca Forte Fraca Fraca Forte Forte Forte Forte Forte * Forte Forte Forte Forte Forte Fraca Forte Forte Forte CD16 Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca * Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca CD20 Fraca Fraca Fraca Fraca Forte Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Forte Fraca Fraca Fraca * Fraca Fraca Forte Forte Fraca Fraca Fraca Fraca Forte CD68 Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca * Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Forte INOS Fraca Fraca Forte Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Forte Fraca Fraca Fraca * Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Forte Fraca Perforina Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca * Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca Fraca 121