HABITAÇÃO Neste capítulo apresentam-se os dados relativos à produção de unidades habitacionais concluídas em 2000 pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo – CDHU e o número de unidades habitacionais comercializadas no mesmo ano, assim como dados sobre domicílios levantados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – PNAD em 1999. Esses dados da PNAD, publicados neste capítulo do Anuário, referem-se aos domicílios particulares permanentes e seus moradores, segundo condição de ocupação, aspectos construtivos e os tipos de domicílios. Além desses, há dados sobre algumas características e serviços existentes ou não nos domicílios particulares permanentes, tais como: banheiro ou sanitário de uso comum ou partilhado por dois ou mais domicílios; iluminação e telefone; e densidade de ocupação dos cômodos usados para dormir. Todas essas informações estão distribuídas por faixas de renda de seus ocupantes. Sendo esta PNAD a última da década, considerou-se oportuno observar aqui a evolução daqueles dados desde o levantamento de 1992 e salientar alguns de seus aspectos atinentes às condições de habitabilidade, acesso a serviços, características construtivas dos domicílios e condição de ocupação. Ao longo da década todos os dados mostraram que as condições habitacionais evoluíram para níveis mais adequados de habitabilidade (materiais duráveis substituindo materiais não-duráveis tanto nas paredes quanto na cobertura; maior acessibilidade aos serviços públicos; a quase totalidade dos domicílios com banheiro ou sanitário e de caráter exclusivo) de apropriação, segundo a metodologia e os conceitos adotados, considerando-se que houve aumento da condição de ocupação "Próprio", sobre as condições de alugado, cedido e outra tanto para o total do Estado quanto da Região Metropolitana de São Paulo. As variações da evolução das condições habitacionais, quando observadas ano a ano, apresentam percentuais encontrados sempre ou quase sempre dentro das margens de erro da pesquisa, mas sempre ascendentes. Tal fato que se torna mais evidente quando se comparam os dados referentes a 1992 com aqueles de 1999. Quanto à condição de ocupação, verifica-se uma crescente participação dos domicílios próprios sobre as outras condições de ocupação – alugado, cedido e outro – de 64,2% para 69,6%, para o total do Estado, e de 64,2% para 70,7%, para a Região Metropolitana de São Paulo. Considera-se que essa evolução deve ser vista dentro dos limites que os conceitos encerram. O conceito de domicílio próprio refere-se à edificação, independentemente da forma de apropriação do terreno, estando, então, contidos aqui os domicílios localizados em favelas, em loteamentos clandestinos, irregulares, etc., que têm, geralmente, características construtivas inadequadas e situação urbanística precária. Em relação ao tipo de domicílio, observa-se que, para o total do Estado, houve um leve acréscimo na participação de apartamentos (de 9,3% para 10,2%), inversamente proporcional ao decréscimo havido na participação de domicílios tipo cômodo (de 1,2% para 0,3%). Para a Região Metropolitana de São Paulo os percentuais são: casa, de 84,6% para 85,0%; apartamento, de 13,7% para 14,6%; cômodo, de 1,7% para 0,4%. Como já foi comentado neste capítulo em anos anteriores, há uma discrepância entre o número obtido pela PNAD e por outras pesquisas e estimativas, e.g. Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas – Fipe (1994), devida, possivelmente, às dificuldades de identificação prévia deste tipo de domicílio. Quando se procede à seleção amostral, em que são sorteados os domicílios pela face do quarteirão, não são levados em conta todos os domicílios existentes, eventualmente, num mesmo endereço. Sobre as condições de habitabilidade e os serviços, verificou-se que a presença de banheiro e sanitário nos domicílios paulistas atinge a quase totalidade deles (99,7%), mas as alterações mais significativas ocorreram quando eles são partilhados por dois ou mais domicílios. Em 1992, havia na Região Metropolitana 3,8% de domicílios nessas condições e, em 1999, 1,4%. Naqueles domicílios contidos nas faixas de renda de 1 a 3 salários mínimos e sem rendimentos, os percentuais foram de 8,2% em 1992 e de 3,2% em 1999. Para o total do Estado, o comportamento desses índices foi análogo. Outra característica que reflete as condições de habitabilidade é a densidade de moradores por dormitório. O conceito de dormitório utilizado pela PNAD considera aqueles cômodos usados permanentemente como dormitórios, referindo-se, portanto, ao uso e não à adequação, não sendo o cômodo necessariamente de uso exclusivo para dormir. Na Região Metropolitana de São Paulo os domicílios adequados, ou seja, com cômodos usados permanentemente para dormir por até duas pessoas eram, em 1992, 60,0% e em 1999, 68,0%. Nas faixas de renda que compreendem aqueles domicílios sem rendimentos até 3 salários mínimos, os percentuais foram de 54,3% e 59,4%, respectivamente. No entanto, quando se toma a variável moradores em domicílios particulares permanentes, tais valores são maiores: a evolução total entre 1992 e 1999 foi de 47,6% para 57%, e nas faixas de renda agregadas de 0 a 3 salários mínimos foi de 37,3% para 42,9%, respectivamente. Já os domicílios onde existe uma situação muito inadequada, ou seja, acima de três moradores por dormitório, o percentual reduziu-se de 16% para 12,5%, e naqueles de faixa agregada de menor renda, foi de 21,3% para 19,9%. E quando se considera o número de moradores em domicílios, a redução foi de 23,1% para 18,3%, e na faixa de sem rendimentos até 3 SM, de 32,7% para 31,5%, mostrando que nesta faixa de renda a capacidade das pessoas de produzir melhorias com seus próprios meios é muito reduzida. Para o total do Estado de São Paulo nos domicílios com até dois moradores por dormitório, a evolução percentual foi de 64,9 para 73,4, e naqueles domicílios compreendidos entre as faixas de sem rendimentos até 3 SM foi de 61,3% para 68,5%. Já quando se toma a variável moradores em domicílios os índices foram de 53,6% para 63,3% e na faixa de 0 a 3 salários mínimos, de 46% para 53,2%. O percentual de domicílios com ocupação de três ou mais moradores por dormitório – a situação mais inadequada – era 12,5 em 1992 e 9,1 em 1999. Na faixa de renda compreendida entre 0 e 3 SM, 15,8% em 1992 para 13,4% em 1999. Quanto ao número de moradores em domicílio, nesta condição mais inadequada, em 1992 era 18,1% e em 1999, de 13,7% do total de moradores. Quanto aos moradores de menor renda, até 3 SM, estavam nesta situação, em 1992, 24,6% dos moradores e em, 1999, 22,2%, confirmando também para o total do Estado de São Paulo que se houve uma melhora geral das condições habitacionais, para os moradores desta faixa de rendimentos compreendida entre 0 e 3 salários mínimos, foi muito pouco perceptível.