Eventos adversos relacionados à assistência em serviços de saúde - Medicamentos Farmacêutico Sergio Matthies Junior Joinville – SC VII Seminário Nacional de Acreditação Assistência Segura ao Paciente: uma reflexão teórica aplicada à prática assistencial Hospital Dona Helena • Hospital geral e de alta complexidade, fundado em 1916 • Instituição beneficente mantido pela ABEJ • 186 leitos (18 leitos de UTI adulto, 6 leitos de UTI neonatal, 6 leitos de berçário médiorisco, 6 salas cirúrgicas e 4 salas obstétricas) • 1.200 internações/mês • 20.000 atendimentos no setor de EME • Recertificado pela ISO 9001 • Acreditado pela JCI-CBA em Março/2014 Alguns conceitos • Eventos adversos são danos resultantes do cuidado à saúde, em oposição aos desfechos adversos que são consequentes à doença de base. • Evento adverso relacionado ao medicamento é qualquer dano não intencional apresentado pelo paciente que possa ser atribuído aos medicamentos. Eventos adversos a medicamentos são muito comuns na prática assistencial e podem ocorrer em qualquer etapa do processo da terapia medicamentosa, possuindo natureza multiprofissional. Estes eventos podem variar em intensidade, desde os danos mais leves até a morte do paciente. Tratamento Farmacológico • Eficácia • Segurança intrínseca • Procedimentos envolvidos no processo de utilização OMS, 2004; OMS, 2005; Mendes et al., 2005; Gimenes, 2007; Wachter RM, 2010. Alguns conceitos • Os eventos adversos aos medicamentos podem ser classificados como: Eventos adversos evitáveis: causados por erros de medicação. São entendidos como qualquer evento passível de prevenção, decorrentes do uso inadequado (ex. via de administração incorreta) ou não utilização de medicamentos necessários (ex. omissão), portanto, possivelmente relacionados com falhas nos processos. Eventos adversos inevitáveis: causados por reações adversas aos medicamentos. Risco inerente frente à utilização adequada de medicamentos. Rosa e Perini, 2003; OMS, 2005. Erros de medicação • Definição: – “Qualquer evento evitável que, de fato ou potencialmente, pode causar dano ao paciente ou conduzir ao uso inadequado de um medicamento”. – O uso inadequado pode ou não lesar o paciente. • Mensuração dos erros: – Auto-notificação • Notificação voluntária e confidencial – Busca ativa (revisão dos prontuários) • Procurar evidências de erros x “Polimento do prontuário” – Ferramentas-gatilho (Global trigger tools) • Certos tipos de erros, em particular de prescrição de medicamentos, deixam marcas previsíveis, como a necessidade de uso de um antídoto ou a piora do resultado de um exame laboratorial, que podem ser rastreadas . ASHP, 1998; NCC MERP, 2001; Wachter RM, 2010. Erros de medicação – Global trigger tools Rozich JD, et al., 2003; Griffin FA & Resar RK, 2009. Tipos de erros de medicação Documento interno – RO FAR 004 Nossa experiência - HDH 1. Notificação no prontuário eletrônico ⇒ equipe multiprofissional Nossa experiência - HDH 2. Detalhamento e avaliação pelos farmacêuticos Nossa experiência - HDH Nossa experiência - HDH 3. Avaliação pelo grupo de análise de eventos relacionados aos medicamentos Nossa experiência - HDH Monitoramento 4. Indicador mensal Avaliação dos erros de medicação Análise da quantidade de erros de medicação dentro do hospital no ano de 2013, com enfoque no tipo de erro por omissão. Quantificado os erros de medicação por omissão, que teve o maior índice de ocorrência no 1º semestre e avaliar o resultado do trabalho no 2º semestre de 2013. Avaliação dos erros de medicação % Erros de medicação - 1º Semestre 2013 59% 41% 26% 15% • Demais tipos de erros • Erros de omissão • Omissão nos demais setores • Omissão na UIC e UID Definição de erro de medicação – omissão: Não administração de medicamento prescrito ao paciente; ausência de registro da execução da medicação. Análise de causa raiz de erro de medicação por omissão - UIC e UID Mão de obra Métodos Materiais Comunicação ineficaz Quadro de funcionário insuficiente Desvio de atenção Muitos profissionais em fase de aprendizado Dúvidas sobre o processo Realização de atividades simultâneas Não cumprimento das rotinas Preparo inadequado da equipe de enfermagem Interrupção da atividade em execução Manipulação excessiva da prescrição Espaço físico para preparo de medicação inadequado Ruídos no ambiente de preparo de medicação (setor agitado/excesso de pessoas) Máquinas Organização do ambiente de preparo de medicação inadequada Meio Ambiente Medidas Erro de medicação por omissão na UIC e UID Plano de ação What? (O que fazer?) Why? (Por que fazer?) How? (Como fazer?) Who? (Quem faz?) When? (Quando?) Início Término Where? (Onde?) Status - Treinamento pratico e/ou teórico e registro em ferramenta específica no TASY Garantir os funcionários tenham conhecimento da Intensificar treinamento rotina de boas práticas para e monitoramento preparação e administração de medicamentos (9 certos) Buscar potenciais falhas na administração de medicamentos - Acompanhamento os processos pelo Programa de Educação PEC Continuada (PEC) juntamente com a Coordenadora de Enfermagem, realizando as devidas orientações no momento em que for percebida o erro de medicação Melhorar a dinâmica no preparo de administração de Utilizar a ferramenta FMEA medicamentos Já iniciado Contínuo Gerenciamento de Agosto Risco + Grupos Já iniciado 2014 envolvidos UIC e UID Em andamento Todo o hospital Em andamento Encerrado Minimizar causa de erros de medicação relacionadas a mão de obra Adequar o número de técnico de enfermagem para Contratação de funcionários atender a demanda (profissional x leitos) Gerência de Enfermagem + REH Dezembro Julho 2013 2013 UIC e UID Aumento de: UIC : 8 técnicos 3 enfermeiros UID : 5 técnicos 2 enfermeiros Assegurar qualidade e Melhorar o ambiente de segurança no preparo de preparo de medicações medicações Criar barreira física com vidro limitando a área de preparo Ampliar espaço da área de preparo Gerência de Enfermagem + Manutenção Novembro Dezembro 2013 2013 UIC Finalizada a obra em Janeiro 2014 Análise de dados de erros de medicação por omissão - 2º Semestre de 2013 % Erros de medicação - 2º Semestre 2013 75% 25% 19% • Demais tipos de erros • Erros de omissão • Omissão Demais Setores 6% • Omissão na UIC e UID Resultados Erros de medicação por omissão 2013 - UIC e UID 26% 30 25 20 15 6% 10 5 0 1º Semestre 2º Semestre • No total de erros de medicação, houve redução de 29,9%. • Houve uma redução de 20% nos erros de medicação por omissão na UIC e UID • No segundo semestre de 2013 não houveram erros de medicação por omissão na UIC. Reação adversa a medicamentos (RAMs) • Definição: – “Qualquer resposta prejudicial ou indesejável e não intencional que ocorre com medicamentos em doses normalmente utilizadas no homem para profilaxia, diagnóstico, tratamento de doenças ou para modificação de funções fisiológicas ”. • Classificação das RAMs – Natureza (Rawlins & Thompson) – tipo A ou B – Gravidade (OMS) – leve, moderada, grave ou letal – Causalidade (Karch & Lasagna) – definida, provável, possível, condicional ou não definida. OMS, 2002. Monitoramento das RAMs Quantificação, identificação e monitoramento das reações adversas aos medicamentos prescritos ou administrados na instituição no 2º semestre de 2013. Os dados são obtidos através da busca ativa (relatórios) e das notificações realizadas pelos profissionais de saúde. Monitoramento das RAMs Monitoramento das RAMs Resultado 2º Semestre 2013 140 126 120 100 92 95 80 71 3º Trimestre 4º Trimestre 60 52 45 40 20 0 Notificações RAM Medicamentos envolvidos Análise das RAMs – 3º Trimestre Reações Adversas a Medicamentos - 3º Trimestre 2013 PDCA Fase Identificação do problema Observação P Análise Objetivo • • • • • • • • • • Minimizar o risco de agravamento das RAM’s que encontram-se em 92 notificações no 3º trimestre Minimizar a gravidade das RAM’s quando tratadas adequadamente Existe o risco inerente de problemas com os medicamentos quando usados corretamente, denominado RAM 126 RAM’s, envolvendo 95 medicamentos. O medicamento que mais apresentou reação foi a Morfina (N=31), seguido do Cetoprofeno (N=10). A reação mais frequente foi prurido (N=54) O gênero feminino foi onde mais aconteceram reações (N=69) O grupo de idade de predominante foi de 31-50 anos (N=46) Os setores onde mais tivemos ocorrências CEO (27), UIC (18), UIB (16) A classificação quanto a: - Natureza foi de RAM tipo A (N=78) e RAM tipo B (N=14). - Casualidade da reação à prevalência ficou como provável 85,9% dos casos. - Gravidade foi considerada baixa em 63,1% dos casos e moderada em 32,6%. Fornecer materiais de divulgação e treinamentos aos profissionais que estão em contato direto com o paciente, com a finalidade de adequá-los aos cuidados e ações quanto aos cuidados aos pacientes Medicamentos com algo grau de desenvolver RAM’s e as quais já são conhecidas, administrar medicamentos que minimizem os riscos de desenvolver as reações apresentadas Treinamentos através de cartilhas, folhetos, relatando como identificar o problema e como agir Incluir medicamentos em prescrição para que sejam utilizados em caso de haver RAM, que se encaixe com os sintomas mais prevalentes de RAM que o medicamento possa causar Neste trimestre 17 casos não adicionaram medicamentos em prescrição, estes ficaram em observação quanto à reação apresentada e outros 75 pacientes adicionaram medicamentos à prescrição, ou já continham prescritos como (SN), devido a RAM apresentada. Profissionais médicos já incluem como Se Necessário (SN) medicamentos que possam auxiliar em casos de RAM em medicamentos prescritos que são previsíveis para a reação apresentada 92 notificações Morfina (N= 31), seguido do Cetoprofeno (N= 10) Prurido (N= 54) • Orientação quanto à importância do preenchimento do histórico de saúde • Plano de Ação (RAM) e a •verificação do mesmo antes da anestesia e/ou prescrição médica. • D C • Treinamento conjunto com os médicos frente aos medicamentos com alto • grau de desenvolver RAMs e a necessidade da inclusão de medicamentos SN • Verificação em prescrição. Execução • Padronização • A • Conclusão Contato profissional direto com o corpo clínico que possa orientar a ação frente a medicamentos que causam RAM por mecanismos desconhecidos, agindo diretamente sobre os sintomas apresentados Os profissionais estão aptos a agir frente a RAM, identificando o problema e realizando juntamente com a equipe médica um plano de ação para que o paciente possa ter o menor impacto possível frente a RAM apresentada Análise das RAMs – 4º Trimestre PCDA Reações Adversas a Medicamentos – 4º Trimestre 2013 PDCA Fase Identificação do problema Observação P Análise Plano de Ação Objetivo • • • • • • • • • • • • • D 45 notificações Morfina (N= 16), seguido do Tramadol (N= 6) Náusea (N= 8) e rubor (N= 6) • Intensificação das ações propostas no 3º trimestre. • no número de RAMs • Redução Execução • C Minimizar o risco de agravamento das RAM’s que encontram-se em 45 notificações no 4º trimestre Minimizar a gravidade das RAM’s quando tratadas adequadamente Existe o risco inerente de problemas com os medicamentos quando usados corretamente, denominado RAM 71 RAM’s, envolvendo 52 medicamentos. O medicamento que mais apresentou reação foi a Morfina (N=16), seguido do Tramadol (N=6). A reação mais frequente foi prurido (N=22), aparecendo em seguida de náusea (N=8) e rubor (N=5). O gênero feminino foi onde mais aconteceram reações (N= 34) O grupo de idade de predominante foi de 31-50 anos (N=22), seguido da faixa etária de 14-30 anos (14). Os setores onde mais tivemos ocorrências UIC (13), CEO (12), UID (9). A classificação quanto a: - Natureza foi de RAM tipo A (N=40) e RAM tipo B (N=5). - Casualidade da reação à prevalência ficou como provável 91,2% dos casos. - Gravidade foi considerada baixa em 53,3% dos casos e moderada em 42,2%. Fornecer materiais de divulgação e treinamentos aos profissionais que estão em contato direto com o paciente Medicamentos com algo grau de desenvolver RAM’s e as quais já são conhecidas, administrar medicamentos que minimizem os riscos de desenvolver as reações apresentadas Treinamentos profissionais que estão em contato com os pacientes nos setores correspondentes, através de cartilhas, folhetos, relatando como identificar o problema, como agir frente à situação Administrar medicamentos para prevenção de RAM’s Medicamentos já inclusos em prescrição para que sejam utilizados em caso de haver RAM, que se encaixe com os sintomas mais prevalentes de RAM que o medicamento possa causar • Aumento da adesão na prescrição de medicamentos SN que possam • No 4º Trimestre de 2013 do total de notificações (N=45), 10 não adicionaram medicamentos em prescrição, estes em de observação à reação apresentada e prescritos outros 35 pacientes adicionaram medicamentos à Verificação auxiliar emficaram casos RAMsquanto em medicamentos onde são previsíveis prescrição, ou já continham prescritos como (SN,) devido a RAM apresentada. para a reação apresentada. • Profissionais médicos já incluem como Se Necessário (SN) medicamentos que possam auxiliar em casos de RAM Padronização A Conclusão • • em medicamentos prescritos que são previsíveis para a reação apresentada Contato profissional direto com o corpo clínico que possa orientar a ação frente a medicamentos que causam RAM por mecanismos desconhecidos, agindo diretamente sobre os sintomas apresentados Os profissionais estão aptos a agir frente a RAM, identificando o problema e realizando juntamente com a equipe médica um plano de ação para que o paciente possa ter o menor impacto possível frente a RAM apresentada Referências American Society of Healthy-System Pharmacists (ASHP). Suggested definitions and relationships among medication misadventures, medication errors, adverse drug events, and adverse drug reactions. 1998 [on line] [cited 1998 Jan. 21]. Available on http://www.ashp.org/public/proad/mederror. Gimenes, FRE. A segurança do paciente na terapêutica medicamentosa: análise da redação da prescrição médica nos erros de administração de medicamentos em unidades de clínica médica. Dissertação (Mestrado) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2007, p:112. Griffin FA & Resar RK. IHI Global Trigger Tool for Measuring Adverse Events. (Second Edition). IHI Innovation Series white paper. Cambridge, MA: Institute for Healthcare Improvement; 2009. (Available on www.IHI.org) Mendes W et al. Revisão dos estudos de avaliação da ocorrência de eventos adversos em hospitais. Rev. Bras. Epidemiol. 2005;8(4):393-406. Mendes W, et al. The assessment of adverse events in hospitals in Brazil. Int J Qual Health Care. 2009;21(4):279-284. National Coordinating Council for Medication Error Reporting and Prevention [NCC MERP]. Taxonomy of medication errors 1998-1999 [on line] [cited 1998 Jan 21]. Available on http://www.nccmerp.org/aboutMedErrors.html Organização Mundial da Saúde (OMS). The importance of pharmacovigilance: safety monitoring of medicinal products. Genova: World Health Organization, 2002. Organização Mundial da Saúde (OMS). Segurança dos medicamentos: um guia para detectar e notificar reações adversas a medicamentos. Por que os profissionais de saúde precisam entrar em ação / Organização Mundial da Saúde. Brasília: OPAS/OMS, 2004.18 p. Organização Mundial de Saúde (OMS). Departamento de Medicamentos Essenciais e Outros Medicamentos. Monitorização da segurança de medicamentos: diretrizes para criação e funcionamento de um Centro de Farmacovigilância. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005. 28 p. Rosa MB e Perini E. Erros de medicação: quem foi?. Rev Assoc. Med. Bras. 2003;49:335-341. Rozich JD, et al. Adverse drug event trigger tool: a practical methodology for measuring medication related harm. Qual Saf Health Care. 2003;12:194-200. Wachter RM. Compreendendo a segurança do paciente. 1ªed. Porto Alegre: Artmed, 2010. Obrigado! Obrigado [email protected]