161 FORMULAÇÕES ALTERNATIVAS PARA A CONJECTURA DE COLLATZ Antônio Carlos da Silva Filho INTRODUÇÃO A Conjectura de Collatz também é conhecida como “Problema 3n+1, “Conjectura de Ulam” e “Problema de Siracusa”. Seu enunciado é: “Dado um número natural, N, que segue uma determinada lei para a formação de uma sequência, esta sequência terminaria sempre em 1”. A lei em questão estabelece que: (a) se N for par, o próximo termo 162 na sequência será N/2 ; (b) se N for ímpar, o próximo termo será igual à metade de 3N + 1. Esta conjectura não foi provada até hoje. Encontra-se na literatura duas versões das regras de iteração [1], uma em termos da função de Collatz (C), e outra em termos da função 3n + 1 (T). A função de Collatz é definida por: C(n) = n/2 3n + 1 se n é par se n é ímpar A função 3n + 1 é definida por: T(n) =n/2 (3n + 1)/2 A FUNÇÃO DE COLLATZ se n é par se n é ímpar 163 Neste trabalho foi utilizada somente a função de Collatz, ou seja, C(n). Com estas considerações, a conjectura de Collatz pode ser enunciada como: Dado qualquer número natural n, se o mesmo for iterado de acordo com a função C(n), ou seja, se for calculado C(C(n)),C(C(C(n))), e assim por diante, sempre chegará em 1. Chama-se de órbita do número n à sequência de números gerada através deste processo até chegar a 1. Seguem alguns exemplos nas figuras : Figura 1. Órbita do número 3, que tem 8 elementos. 164 Figura 2. Órbita do número 9, que tem 20 elementos. Uma órbita interessante é a do 27, pois possui 112 elementos, sendo o maior deles 9232, de onde é possível ver que não é necessário números grandes para se obter órbitas extensas. A órbita do 27 é: 27, 82, 41, 124, 62, 31, 94, 47, 142, 71, 214, 107, 322, 161, 484, 242, 121, 364, 182, 91, 274, 137, 412, 206, 103, 310, 155, 466, 233, 700, 350, 175, 526, 263, 790, 395, 1186, 593, 1780, 890, 445, 1336, 668, 334, 167, 502, 251, 754, 377, 1132, 566, 283, 850, 425, 1276, 638, 319, 958, 479, 1438, 719, 2158, 1079, 3238, 1619, 4858, 2429, 7288, 3644, 1822, 911, 2734, 1367, 4102, 2051, 6154, 3077, 9232, 4616, 2308, 1154, 577, 1732, 866, 433, 1300, 650, 325, 976, 488, 244, 122, 61, 184, 92, 46, 23, 70, 35, 106, 53, 160, 80, 40, 20, 10, 5, 16, 8, 4, 2, 1. 165 Figura 3. Órbita do número 27, que tem 112 elementos. Será que há alguma relação entre um dado número e o número de elementos em sua órbita. As figuras (4-6) a seguir ilustram a dificuldade de se extrair tal relação, caso ela exista: 166 Figura 4. Número de elementos na órbita em função do número gerador, desde n = 1 até n = 10. Figura 5. Número de elementos na órbita em função do número gerador, desde n = 1 até n = 1000. 167 Figura 6. Número de elementos na órbita em função do número gerador, desde n = 1 até n = 1000. Neste gráfico os pontos sucessivos não estão unidos, o que revela uma estrutura subjacente. RESULTADOS Propomos as seguintes formulações alternativas à Conjectura de Goldbach: Formulação Alternativa (1): “Dado qualquer número natural n, se o mesmo for iterado de acordo com a função C(n), ou seja, se for calculado C(C(n)),C(C(C(n))), e assim por diante, sempre chegará à sequência N = 2k, com k inteiro não negativo” Justificativa: Todos os números da forma N = 2k, com k inteiro não negativo, terminarão em 1, sob as regras acima, porque são formados pela multiplicação de 2 168 por ele mesmo k vezes. Assim, a cada divisão, ou o resultado é 1 ou é uma outra potência de 2; se for uma outra potência de 2, repete-se o procedimento. Formulação Alternativa (2): “Dado qualquer número natural n, escrito na base 2 se o mesmo for iterado de acordo com a função C(n), ou seja, se for calculado C(C(n)),C(C(C(n))), e assim por diante, sempre chegará a algum elemento da sequência: 1 10 100 1000 10000 ... ” CONCLUSÃO As formulações alternativas apresentadas acima não resolvem, automaticamente, a Conjectura de Collatz. Mas podem representar um objetivo diferente, embora equivalente, ao de se fazer o processo de iteração de Função de Collatz terminar em 1. O objetivo passa a ser provar que as iterações acabam em um dos membros da sequência 2k. Formulada na base 2, passa a ser provar que as iterações inevitavelmente produzirão, em algum instante, um número com o dígito 1 na primeira posição e somente dígitos zeros em todas as outras posições. 169 REFERÊNCIAS AKIN, E. (2004), Why is the 3x + 1 Problem Hard?, In: Chapel Hill Ergodic Theory Workshops (I. Assani, Ed.), Contemp. Math. 356, Amer. Math. Soc. 2004, pp. 1–20. ALVES, J. F., Graca, M. M., M. E., Sousa Dias, M. E e Ramos, J. S. , A linear algebra approach to the conjecture of Collatz, Lin. Alg. Appl. 394 (2005), pp. 277–289. ANDALORO, P., On total stopping times under 3X + 1 iteration, Fibonacci Quarterly 38 (2000), pp. 73–78. ANDALORO, P., The 3X +1 problem and directed graphs, Fibonacci Quarterly 40 (2002), pp. 43–54. ANDREI, S., KUDLEK, M. e NICULESCU, R. S., Some results on the Collatz problem, Acta Informatica 37 (2000), pp. 145–160.