A experiência do Comitê Estadual de Pernambuco no enfrentamento da mortalidade materna Sandra Valongueiro CEEMM/PE Belo Horizonte, 2008 Composição CEEMM-PE (estadual e interinstitucional) Coordenação colegiada • • • • Gigi Bandler – Loucas e Rede Feminista Hérika Dantas – Saúde da Mulher, SES-PE Glaucius Nascimento – SOGOPE Núbia Melo – sanitarista e feminista independente (suplente) Grupo Técnico • • • • • • • Sandra Valongueiro – UFPE, Rede Feminista Lúcia Souza – VE, SES-PE Socorro Ribas – VE, SES-PE Paula Graça – UFPE Waléria Mafra – VE da I GERES e da PCR Sônia Figueiredo – IMIP Representantes de Comitês Regionais e/ou Municipais onde não existem comitês O Comitê Estadual de Estudos de Mortalidade Materna CEEMM-PE foi criado em 1991 como resultado de uma articulação entre profissionais de saúde da área de epidemiologia do estado, do movimento de mulheres e professores das faculdades de medicina. As ações políticas e técnicas Magnitude vêm sendo estruturadas com base Subinformaçào em quatro dimensões da Evitabilidade mortalidade materna (ajustadas ao Violação dos direitos humanos das mulheres longo do tempo) Dinâmica das ações políticas /técnicas do CEEMM – PE (resposta às mudanças político-adminstrativas) Magnitude, subinformação e evitabilidade 1995 – uma Portaria Estadual (Nº 087/95) 1997 - implantação da vigilância do OMIF Julho 1999 – avaliação da vigilância do OMIF Regulamentou as atividades do Comitê e definiu a obrigatoriedade da notificação e investigação dos OMIF. Capacitação de 80% dos técnicos de VE dos municípios Primeiro Relatório de Mortalidade Materna do estado por GERES. Dinâmica das ações políticas do CEEMM – PE (resposta às mudanças político-adminstrativas) Magnitude, subinformação e evitabilidade 1991 a 1995 definição política (e técnica) 1991 a 1995 institucionalização Início dos estudos no estado e no Recife criação do CMEMR; Implantação da VE OMIF, política oficial de redução da mm (feministas nas instituições). Dinâmica das ações políticas do CEEMM – PE (resposta às mudanças político-adminstrativas) vulnerabilidade dificuldade de acesso e má qualidade da assistência negação de direito à saúde e à vida Feministas na coordenação CEEMM-PE, mas com autonomia 2000 a 2008 CONTROLE SOCIAL Conflitos com a SES – PE (Saúde da Mulher, VE) Caso Barreiros – Relatório DHESCA Parceria com Ministério Público Estadual Distribuição dos Comitês de Mortalidade Materna (regionais e municipais) por mesorregiões - Pernambuco Mata *Paulista * Camaragibe *Olinda * OURICURI *Vitória Sertão * CARURARU Agreste * GARANHUNS *PETROLINA *Recife *Cabo Mata RMR Vigilância dos Óbitos de Mulheres em Idade fértil •Todos os municípios do estado pactuaram notificar e investigar OMIF 80% acima 100.000 hab e 100% abaixo 100.000 hab. •Embora pactuado, a cobertura da investigação dos OMIF ainda persiste como um problema para o sistema de vigilância e para os comitês. •A investigação dos óbitos maternos é conduzida nos locais de ocorrência dos óbitos: hospitais, serviços do IML e SVO (Recife), nos domicílios, PACS /PSF, etc. Fluxograma da Vigilância Epidemiológica dos OMIF- Pernambuco Óbito de mulheres de 10 a 49 anos Notificação (1) Investigação epidemiológica (2) Secretaria Municipal de Saúde SES- Gerência Regional de Saúde SES- Nível Central Ministério da Saúde GT - Comitês Municipais de Mortalidade Materna Discussão dos óbitos. Análise e uso da informação GT - Comitês Regionais de Mortalidade Materna Discussão dos óbitos. Análise e uso da informação GT- Comitê Estadual de Mortalidade Materna Discussão dos óbitos. Análise e uso da informação GT- CEEMM-PE Discute os óbitos maternos (declarados e presumíveis) ocorridos onde não há comitês semanalmente; Conclusão dos casos: 1. (Re)classifica o óbito materno /não materno; obstétrico/ não materno; 2. Define evitabilidade (adaptação ao Manual dos Comitês); 3. Identifica as falhas na assistência (quando existem); 4. Faz recomendações para que o CEEMM as encaminhe aos gestores municipais, aos profissionais, CES, CRM, COREN, MP. Distribuição dos OMIF (total e investigados) Pernambuco 2000 - 2007 4.000 3139 3.000 2950 3018 3011 2902 3098 3045 2842 2659 2874 2495 2915 2480 2139 2.000 1631 1293 1.000 0 2000 2001 2002 OMIF 2003 2004 2005 2006 OMIF INVESTIGADOS 2007 Oficina para discutir as Atribuições da VE do Óbito Materno e do GT- CEEMM-PE • Insuficiência de Comitês Regionais e Municipais em cidades com população acima de 100 mil hab. • Falta de capacitação técnica das equipes de investigação municipais /regionais e dos profissionais do PSF. • Definição de prazos para receber investigações dos municípios e para devolução aos municípios (feed-back) Portaria • Dificuldade de acesso aos prontuários MAGNITUDE E SUBINFORMAÇÃO Razões de Mortalidade Materna total* (100.000n.v.) Pernambuco 1997- 2006** RMM 88,3 81,1 80 72,4 71,1 64,3 81,1 80 71 67 RMMt Linear (RMMt) 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Fonte: SIM/SINASC/UNIEP/GGVS/SES-PE. *Precoces e tardias.**Dados sujeitos à revisão 2005 2006 Razões de Mortalidade Materna precoce (100.000 n.v.) - Pernambuco 1997-2006* RMM 86,3 74,4 75,5 73 62 61,2 63,4 67,2 62,2 64 RMMp Linear (RMMp) 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Fonte: SIM/SINASC/UNIEP/GGVS/SES-PE. *Dados sujeitos à revisão 2003 2004 2005 2006 Razões de Mortalidade Materna total e precoce (100.000 n.v.) - Pernambuco 1997-2006* RMM 88,3 86,3 80 81,1 74,4 72,4 71,1 62 73 67 64,3 61,2 63,4 81,1 80 67,2 62,2 71 75,5 64 RMMt RMMp 1997 1998 1999 2000 2001 2002 Fonte: SIM/SINASC/UNIEP/GGVS/SES-PE. *Dados sujeitos à revisão 2003 2004 2005 2006 Razões de Mortalidade Materna (total) brutas e corrigidas Pernambuco, 1997 – 2006. 100 88,3 81,1 80,6 72,4 71,7 75 64,3 60,2 50 55,2 57,1 50,8 71,0 67,0 54,8 50,6 81,1 80,0 53,4 56,1 60,3 52,2 25 0 1997 1998 1999 2000 2001 RMM (bruta) Fonte: SIM/SINASC/UNIEP/GGVS/SES-PE. *Dados sujeitos à revisão. 2002 2003 2004 RMM (corrigida) 2005 2006 Distribuição das Causas de Óbitos Maternas de acordo com seus grandes grupos, Pernambuco, 2004-2006* Causas de óbitos maternos ( redução das obstétricas diretas) Hipertensão da gravidez /eclampsias Hemorragias Doenças do aparelho cardiovascular /hipertensão pré-existente Doenças do aparelho respiratório Infecções Embolias Abortamento Obstétricas n /especificadas Outras Total (n=343) Fonte: SIM/SINASC/UNIEP/GGVS/SES-PE. *Dados sujeitos à revisão. % 20,7 15,5 11,9 6,1 5,8 5,8 3,6 4,8 25,6 100,0 Quem são essa mulheres.... Mulheres de baixa renda, entre 20-30 anos, agricultoras, domésticas; negras (pardas e pretas), residentes nas pequenas cidades ou na periferia das cidades maiores. Maioria fez pelo menos três consultas de pré-natal e teve parto hospitalar. 95% foram classificadas como evitáveis Onde estão os avanços? • Investigação dos OMIF atribuição da VE, desde o início via Portaria Estadual (1995). • Coordenação colegiada com independência institucional; • Papel de controle social presença do movimento social (mulheres /feministas) e parceria com Ministério Público. Onde estão os problemas? Vigilância do OMIF: • Articulação com os municípios na alimentação do sistema de vigilância dos OMIF; • Qualidade dos dados produzidos nas investigações dos municípios; • Monitoramento e avaliação Ação política: • Coordenação colegiada com independência institucional (instância consultiva). • Adesão de médicos (as) Portanto, • CEEMM-PE vem transformando o caráter do óbito materno: de um problema de saúde pública numa violação dos diretos humanos das mulheres; • tem contribuído para reduzir mm: relação OMIF investigados/ RMM) e crescimento relativo das causas obstétricas indiretas. • Entre 1994 a 2006 redução em torno de 25 a 30% (Valongueiro, 2006) • Transição epidemiológica da mm – crescimento das causas obstétricas diretas (82% em 2003 para 70% em 2006); Paradoxos... Embora independente (sem sede) e não institucional o CEEMM tem contribuído muito para estruturar a vigilância dos OMIF e maternos, inclusive o processo de trabalho. Legitimidade estadual, mas só agora que inicia parceria com a gestão. Paradoxos... Retorno ao paradigma do acesso à assistência ao parto: modelo medicocêntrico incapacidade de resposta das redes municipais centralização e retardo do cuidado superlotação de leitos obstétricos aumento das taxas de cesarianas (46% em 2006). Regulação de leitos rompe com o principio da humanização. Nascidos vivos por tipo de partos e hospital de ocorrência Recife, 2006 Tipo de parto Hospital de ocorrência Vaginal Cesário Total % cesário IMIP 2775 2168 4943 43,9 HAM 1014 1538 2552 60,3 HBL 1430 1530 2960 51,7 CISAM 2341 1570 3911 40,1 692 1183 1875 63,1 UM BARROS LIMA 3732 1335 5067 26,3 UM BANDEIRA FILHO 2009 835 2844 29,4 UM ARNALDO MARQUES 2330 864 3194 27,1 HOSP PORTUGUÊS 31 496 527 94,1 HOSP MEMORIAL SAO JOSÉ 16 232 248 93,5 HOSP SANTA JOANA 71 748 819 91,3 HOSP ESPERANÇA 96 1880 1976 95,1 14379 30916 46,5 HC Total Fonte: SINASC/GOIMN/SMS-PCR 16537