Saúde Coletiva ISSN: 1806-3365 [email protected] Editorial Bolina Brasil de Oliveira Duarte, Yeda Aparecida; Lebrão, Maria Lúcia Repensando o cuidado frente uma sociedade que envelhece Saúde Coletiva, vol. 5, núm. 20, 2008, p. 38 Editorial Bolina São Paulo, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=84202002 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto ensaios em saúde coletiva Duarte YAO, Lebrão ML. Repensando o cuidado frente uma sociedade que envelhece Repensando o cuidado frente uma sociedade que envelhece Yeda Aparecida de Oliveira Duarte Livre Docente do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgico da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo. [email protected] Maria Lúcia Lebrão Professora Titular do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo. Cordenadora do Estudo SABE – Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento. [email protected] O envelhecimento ocasiona mudança no perfil epidemiológico da população fazendo com que prevaleçam as condições crônicas que apontam para o repensar da assistência em torno do denominado gerenciamento do cuidado gerontológico. Descritores: Envelhecimento, Cuidado gerontológico, Gerenciamento do cuidado do idoso. Aging causes changes in the epidemiological profile of the population so that the conditions prevail chronic pointing to the rethinking of assistance around the so-called management of the gerontological care. Descriptors: Aging, Gerontological care, Gerontological management care. El envejecimiento provoca cambios en el perfil epidemiológico de la población haciendo que prevalezcan las condiciones crónicas que apuntan a la reformulación de la asisténcia en torno a la llamada gestión del cuidado gerontológico. Descriptores: Envejecimiento, Atención gerontológico, Gestión del cuidado gerontológico. P rojeções apontam para a existência de um contingente de cerca de dois bilhões de idosos no mundo no ano de 2050, sendo que dois terços estarão vivendo nos países em desenvolvimento1. A longevidade é acompanhada pela maior incidência e prevalência de doenças e condições crônicas, na maioria das vezes, coexistentes, e suas seqüelas representando um grande desafio para o sistema de atenção à saúde dado o ônus que ocasionam. Para as condições crônicas o tratamento clínico é adequado e necessário, porém não é suficiente. São necessárias mudanças no estilo de vida, adaptação às situações apresentadas, desenvolvimento de habilidades novas e interação com os diferentes componentes do sistema de saúde e recursos da comunidade. A questão que se coloca é: em que condições de saúde viverão os idosos? Como permitir o alcance da idade mais longeva com melhores condições de saúde e conseqüente qualidade de vida? Ou, em outras palavras: como ter qualidade de vida na ampliação da expectativa de vida? O “gerenciamento do cuidado gerontológico” surge como uma forma de repensar o cuidado frente essas novas demandas2,3. Ele: a) permitirá a identificação das demandas e dos serviços necessários para atendê-las; b) planejará conjuntamente com idosos, familiares e cuidadores, a utilização desses serviços; c) coordenará a prestação dos serviços elencados como necessários; d) estabelecerá uma comunicação eficiente entre todos os envolvidos permitindo assim o desenvolvimento de um cuidado integrado; e) coordenará a qualidade do cuidado prestado revisando a utilização dos recursos, o estabelecimento e a utilização de protocolos e analisando as respostas obtidas. Gerenciar o cuidado do idoso significa organizá-lo de forma integral buscando um equilíbrio entre as necessidades identificadas (idoso/família/cuidador) e os recursos disponíveis para atendêlas (individuais, familiares e comunitários). Envolve o monitorar dos cuidados necessários através do estabelecimento de uma rede de atenção interligada, minimizando soluções de continuidade, com soluções criativas para os problemas e coordenando continuamente as respostas. O resultado desse processo é uma atenção eficaz e eficiente, de alta qualidade, com o menor custo. A tríade envolvida nesse modelo é formada pelos idosos e familiares, pelo grupo de apoio da comunidade e pela equipe de atenção à saúde que devem, trabalhando em parceria, ser continuamente informados, motivados e capacitados, o que torna a atenção básica a principal responsável por tal gerenciamento, uma vez que é na comunidade que as pessoas idosas vivem a maior parte de suas vidas. Um sistema de atenção básica incapaz de gerenciar as doenças crônicas irá, em breve, tornar-se obsoleto. Ele deve ser reforçado para melhor prevenir e gerenciar as condições crônicas e guiar os idosos através da complexa rede de serviços assistenciais permitindo, por meio de decisão conjunta, decidir pelas opções mais apropriadas para cada caso. Embora simples e exeqüível, tal cuidado exige repensar o sistema vigente adequando-o às suas novas demandas. Essa reflexão, no entanto, necessita ser rápida pois rápido é o envelhecimento de nossa população. Se isso não acontecer, o envelhecimento ao invés de ser uma conquista será considerado um caos, e estaremos condenando os idosos a uma “era do não cuidado”, onde envelhecer poderá não valer a pena. ■ Referências 1. Organização Mundial de Saúde. Cuidados inovadores para condições crônicas: componentes estruturais de ação. Relatório Mundial. Brasília, 2003. 2. Duarte YAO, Lebrão ML. O cuidado gerontológico: um repensar sobre a assistência aos idosos. O mundo da Saúde 2006; 29:566-74. 3. Cress C. The handbook of Geriatric Care Management. Gaithersburg: Aspen Publisher, 2001.