IMIGRANTES REFUGIADOS NO BRASIL: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO Julye Jiacomin (Extensão) Ramone Mincato (Orientador(a)) Obstrab1 INTRODUÇÃO Os processos migratórios que ligam os países de origem aos países de destino resultam da combinação entre imigração, o movimento de entrada num país para fixar residência, e emigração, o movimento de saída de um país para residir em outro. Os processos migratórios não são um fenômeno novo. Porém, no contexto contemporâneo, a sua intensificação, como parte do processo de integração global, tem constituído a imigração numa questão política muito importante em muitos países em virtude de seus efeitos culturais, econômicos e sociais. O Brasil, nos últimos anos, tem recebido imigrantes e refugiados de diversas partes do mundo, principalmente de países dos continentes africano e asiático, que buscam refúgio (proteção) de uma série de circunstâncias, os chamados “fatores de expulsão”. Os “fatores de expulsão” são aqueles que forçam as pessoas a emigrarem, envolvendo catástrofes climáticas, crises econômicas, pobreza extrema, trabalho escravo, opressão política, apartheid social e ditaduras. Ao lado desses fatores também são levados em consideração os chamados “fatores de atração” dos países de destino. Os “fatores de atração” são aqueles que atraem os imigrantes, como a língua, a legislação, a qualidade de vida e a situação do mercado de trabalho, entre outros. OBJETIVO Diante da intensificação dos processos migratórios no mundo e do crescente fluxo de imigrantes ao Brasil, o objetivo geral deste trabalho é apresentar os resultados preliminares de um estudo exploratório sobre o fenômeno imigratório no Brasil no contexto atual. Busca especificamente (a) analisar o crescimento imigratório, por meio de análise de dados secundários referentes aos pedidos e vistos de permanência de refugiados no país. Também trata de (b) verificar como são feitas as concessões; (c) os desdobramentos para quem não recebe o visto; (d) a origem dos refugiados e imigrantes e (e) os principais motivos dos estrangeiros terem escolhido o Brasil como país de destino. CONSIDERAÇÕES FINAIS Para finalizar, é importante ressaltar a dinâmica contraditória dos processos migratórios em curso no Brasil e também no mundo. Num contexto de economia globalizada, os processos migratórios tendem, no campo político, a fortalecer os laços econômicos e culturais entre países, fortalecendo, do ponto de vista geopolítico, suas posições no cenário mundial. Por outro lado, a intensificação dos processos migratórios tem servido de justificativa para a adoção de políticas restritivas, acompanhadas de reforço do nacionalismo e também da xenofobia em determinados países. No campo econômico, a migração nos países em fase/desenvolvimento tem contribuído para a expansão do crescimento econômico e, ao mesmo tempo, gera um conjunto de novas demandas de políticas públicas e de garantia de direitos de cidadania. No campo cultural os processos migratórios contribuem para a maior aceitação das diferenças culturais, étnicas e raciais, aumentando a diversidade cultural. Referências Bibliográficas: ACNUR/Governos. Refugio no Brasil, uma análise estatística (2010-2013). Disponível <http://www.acnur.org/t3/fileadmin/scripts/doc.php?file=t3/fileadmin/Documentos/portugues/Estatisticas/Refugio_no_Brasil_2010_2013> em: 19 jul. 2014. em: Acesso ACNUR/Governos. Direitos e deveres dos solicitantes de refugio no Brasil. Disponível em: <http://www.acnur.org/t3/fileadmin/scripts/doc.php?file=t3/fileadmin/Documentos/portugues/Publicacoes/2011/Direitos_e_deveres_dos_solicitantes _de_refugio_no_Brasil > Acesso em: 18 jul. 2014. GIDDENS, Anthony. Sociologia/ Anthony Giddens; tradução Sandra Regina Netz.- 6ª Ed, Porto Alegre: Artmed, 2005. METODOLOGIA O estudo foi feito por meio de revisão bibliográfica e de pesquisa de dados secundários nos sites da ACNUR (Agência da ONU para refugiados) e CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados). RESULTADOS Figura 1: O crescimento exponencial dos pedidos de permanência de refugiados no país e das concessões de permanência. *Fonte: Conare Em 2010, foram feitos 566 pedidos de refúgio e 126 concessões de permanência, o equivalente a 22,26% dos pedidos. Em 2013, o número de pedidos de refúgio chegou a 5.256 e de concessões de visto de permanência a 649, o equivalente a 12, 34% dos pedidos. Em 2013 houve um acréscimo de pedidos 8,3 vezes maior do que em 2010 e a concessão de vistos de permanência praticamente quintuplicou. DISCUSSÃO As concessões de permanência no país são feitas pela Polícia Federal. Os vistos são válidos somente por um ano, mas podem ser renovados. Segundo o Ministério da Justiça, só podem solicitar refúgio os estrangeiros que possuem temor comprovado de perseguição. Aos candidatos a refúgio, não enquadrados no perfil de refugiados, foi possível identificar o esforço das autoridades brasileiras e das Nações Unidas em analisar caso por caso e a preocupação de não deixá-los ilegalmente no país, concedendo três tipos de vistos, dependendo do caso: autorização de permanência provisória; autorização permanente, dependendo da estabilidade econômica; ou um visto especial humanitário, como no caso dos haitianos, que migraram em decorrência de um desastre ambiental. Os refugiados e imigrantes acolhidos são oriundos de diversos países, com predomínio de angolanos, colombianos e congoleses, conforme ranking da Conare (Comitê Nacional para os Refugiados). Tabela 1: Ranking de Refugiados por nacionalidade no Brasil País de procedência Total de Refugiados no Brasil Angola 1.062 Colômbia 794 Rep. Democ. Congo 616 Síria 333 Libéria 258 Iraque 216 Bolívia 143 Demais nacionalidades 1.273 Total 4.695 *Fonte: Conare A escolha do Brasil como país de destino deve-se, sobretudo as restrições à entrada de imigrantes nos Estados Unidos e na Europa. Os principais fatores que contribuem para que o Brasil receba um exponencial número de estrangeiros são as baixas taxas desemprego e o crescimento econômico. No que concerne à ocupação no mercado de trabalho, a maioria dos refugiados e imigrantes estão inseridos no setor de prestação de serviços e, em menor medida, no setor comercial. São os setores pouco visados pela população local e que envolvem alta rotatividade, trabalho noturno e em finais de semana.