UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE PSICOLOGIA
Ana Paula Prudêncio de Oliveira
Maria Aparecida da Silva
Patrícia Cunha Mafra
A SOCIALIZAÇÃO COMO UM FATOR TERAPEUTICO
DA PSICOTERAPIA DE GRUPO
GOVERNADOR VALADARES
NOVEMBRO/2008
6
Ana Paula Prudêncio de Oliveira
Maria Aparecida da Silva
Patrícia Cunha Mafra
A SOCIALIZAÇÃO COMO UM FATOR TERAPEUTICO
DA PSICOTERAPIA DE GRUPO
Monografia apresentada ao curso de
Psicologia da Faculdade de Ciências
Humanas e Sociais, da Universidade Vale do
Rio Doce, com o requisito parcial à obtenção
do título de graduação em Psicologia.
Orientadora: Valéria Chequer de Miranda
Trindade
GOVERNADOR VALADARES
NOVEMBRO/2008
7
Ana Paula Prudêncio de Oliveira
Maria Aparecida da Silva
Patrícia Cunha Mafra
A SOCIALIZAÇÃO COMO UM FATOR TERAPEUTICO
DA PSICOTERAPIA DE GRUPO
Monografia apresentada ao curso de
Psicologia da Faculdade de Ciências
Humanas e Sociais, da Universidade Vale do
Rio Doce, com o requisito parcial à obtenção
do título de graduação em Psicologia.
GOVERNADOR VALADARES, ______ de ___________________ de _______
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________
Valéria Chequer de Miranda Trindade – Orientadora
____________________________________________
Luis Carlos Nebenzahl - Professor
____________________________________________
Omar de Azevedo Ferreira – Professor
8
MAFRA, Patrícia Cunha; OLIVEIRA, Ana Paula Prudêncio; SILVA, Maria Aparecida. A
Socialização como um fator Terapêutico da Psicoterapia de Grupo. Curso de
Psicologia da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Vale do Rio
Doce; Governador Valadares; 2008, p. 46.
RESUMO
Devido a grande necessidade que o indivíduo tem de se relacionar com outras
pessoas, e devido às rápidas e bruscas mudanças sociais ocorridas na sociedade atual,
observa-se que os indivíduos têm passado por várias crises sociais acarretando em
instabilidades e incertezas, que gera uma insegurança social. Através destes fatores
podemos perceber a importância da socialização, pois o indivíduo precisa não só de
uma identidade individual, como também de uma identidade grupal e até mesmo social.
Portanto, a psicoterapia de grupo tem se mostrado um importante recurso terapêutico
na reabilitação do sujeito, pois além de se relacionar com outras pessoas e compartilhar
experiências, pode promover educação, suporte, desenvolvimento emocional e
treinamento de habilidades sociais e vocacionais, proporcionando ao membro uma
melhor qualidade de vida. Contudo, temos a seguinte pergunta: O fator socialização
desenvolvido na psicoterapia de grupo favorece a superação da insegurança
social?
Palavras-Chave: Insegurança Social; Psicoterapia de Grupo e Socialização.
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...........................................................................................................05
1. PSICOTERAPIA DE GRUPO................................................................................08
1.1 CONSTRUÇAO DE UM GRUPO.........................................................................11
1.2 FUNÇÃO DA PSICOTERAPIA DE GRUPO........................................................14
1.3 OBJETIVO DA PSICOTERAPIA DE GRUPO......................................................16
2. INSEGURANÇA SOCIAL......................................................................................19
2.1 CONCEITO DE INSEGURANÇA SOCIAL...........................................................19
2.2 FATORES GERADORES DA INSEGURANÇA SOCIAL.....................................22
2.3 PATOLOGIAS DECORRENTES DA INSEGURANÇA SOCIAL..........................26
2.3.1 Fobia Social.....................................................................................................26
2.3.2 Agorafobia........................................................................................................29
2.3.3 Fobias Específicas..........................................................................................30
2.3.4 Ataques de Pânico e Transtornos de Pânico...............................................31
3. PSICOTERAPIA DE GRUPO E O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO DE PESSOAS
COM INSEGURANÇA SOCIAL..............................................................33
3.1 PROCESSO DE TRATAMENTO FOCADO NA SOCIALIZAÇÃO.......................33
3.2 RESULTADOS E BENEFÍCIOS...........................................................................37
CONCLUSÃO............................................................................................................44
REFERÊNCIAS..........................................................................................................45
10
INTRODUÇÃO
Para a sobrevivência do indivíduo a necessidade de se relacionar com outras
pessoas é tão básica quanto qualquer necessidade biológica. O presente trabalho
relata a importância da socialização dentro de um grupo, e como o seu processo pode
atuar sendo fator terapêutico da psicoterapia de grupo.
Atualmente, vivemos numa sociedade individualista, onde o indivíduo é
reconhecido por si mesmo, não dependendo de sua inscrição em grupos ou
coletividade. As mudanças sociais, ocorridas tão rapidamente, podem dar origem às
crises sociais, ocasionando instabilidade e promovendo incertezas, gerando, então,
uma desenfreada insegurança social. Tais inseguranças que ocasionam os medos
sociais podem levar o indivíduo a desenvolver patologias como: fobias sociais,
agorafobia, fobias específicas, bem como ataques de pânico.
Com isso, a socialização se faz necessária, pois desde o nascimento, o indivíduo
participa de diferentes grupos, primeiramente, na família e posteriormente em escolas,
creches e outros grupos relacionados, onde o mesmo busca não só sua identidade
individual como também a necessidade de uma identidade grupal e social.
Segundo Yalom (2006):
“As pessoas necessitam de pessoas – para sua sobrevivência inicial e
contínua, para a socialização, para a busca da satisfação. Ninguém – nem os
moribundos, nem os excluídos, nem os poderosos – transcende a necessidade
de contato humano” (YALOM 2006, p. 41).
A psicoterapia tem se mostrado um importante recurso terapêutico na
reabilitação do indivíduo, podendo atuar no nível psíquico, interpessoal e social. A
psicoterapia de grupo pode, dependendo de seus objetivos e do contexto em que se
11
insere promover educação, suporte, desenvolvimento emocional ou treinamento de
habilidades sociais e vocacionais.
Na terapia de grupo é surpreendente o quanto o paciente é o agente de sua
própria mudança ou recuperação. O terapeuta assiste e promove a mudança,
auxiliando o cliente a mobilizar e a utilizar, de modo eficaz, seus próprios recursos para
seu ajuste e restabelecimento. Universalidade, aprendizado por intermédio do outro,
auto-revelação, instilação de esperança, aprendizado interpessoal e etc., são
mecanismos que potencializam o processo de elaboração das mudanças psíquicas.
O primeiro capítulo trata do conceito de psicoterapia de grupo, a forma como se
dá a construção do grupo e como é realizada a psicoterapia, seus objetivos e seus
principais benefícios para o grupo como um todo, sempre em busca de um processo
real de socialização.
O segundo capítulo define o conceito de insegurança social; os fatores geradores
dessa insegurança, como as incivilidades, os comportamentos dos indivíduos e a
evolução das proteções (civis e sociais); bem como as patologias decorrentes destes
fatores.
E, por fim, o terceiro capítulo refere-se à psicoterapia de grupo e o processo de
socialização de pessoas com insegurança social, a importância do terapeuta e do
indivíduo na construção desse processo.
O presente trabalho foi desenvolvido através de uma pesquisa bibliográfica
descritiva, buscando a ampliação de conceitos como: psicoterapia de grupo;
socialização e a compreensão da aplicabilidade das técnicas de psicoterapia grupal no
processo de superação da insegurança social, onde o levantamento bibliográfico foi a
partir de livros de psicologia, artigos acadêmicos, e Internet (através de Sites) dentro
dos padrões e normas científicas.
12
A partir do exposto acima temos o seguinte problema científico: O fator
socialização desenvolvido na psicoterapia de grupo favorece a superação da
insegurança social?
13
1. PSICOTERAPIA DE GRUPO
Os Seres Humanos, desde o seu nascimento, se desenvolvem realizando suas
potencialidades na medida em que se descobrem na relação com o outro. Por exemplo,
uma criança desenvolve a fala na medida em que se relaciona com outros Seres
Humanos que já a tenham desenvolvido (BECHELLI E SANTOS, 2002).
Para a sobrevivência do individuo a necessidade de se relacionar intimamente
com outras pessoas é tão básica quanto qualquer necessidade biológica. “A criança em
desenvolvimento, na busca por segurança, tende a cultivar e enfatizar os traços e
aspectos do self1 que tem aprovação e silenciar ou negar aqueles que são
desaprovados. Finalmente, o individuo desenvolve um conceito de self com base em
sua percepção das avaliações de outras pessoas importantes” (YALOM 2006, p. 38).
“Pode-se dizer que o self é feito de avaliações refletidas. Se elas forem
principalmente negativas, como no caso de uma criança indesejada que nunca
foi amada ou de uma criança que caiu nas mãos de pais adotivos que não tem
interesse real nela como criança, como costumo dizer, se o dinamismo do self
for principalmente formado por experiências negativas, ele facilitara avaliações
depreciativas de outras pessoas e produzira avaliações depreciativas e hostis
de si mesmo” (MULLAHY apud YALOM 2006, p.22).
A natureza fornece a potencialidade, porém essa potencialidade só é realizada
na medida em que o indivíduo vai descobrindo suas possibilidades na troca com o outro
e se enriquecendo com suas descobertas. O outro funciona como um espelho no qual a
pessoa pode se ver. Este é o processo natural de desenvolvimento humano e o espaço
terapêutico é um espaço preparado para facilitar este movimento (BECHELLI E
SANTOS, 2002).
1
O Self (si-mesmo), como um princípio unificador dentro da psique humana, ocupa a posição central de
autoridade com relação à vida psicológica e, portanto, do destino do indivíduo.
14
Conceitua-se
psicoterapia
de
grupo
como
um
processo
conduzido
por
especialistas no qual o indivíduo amplia a consciência que tem de si mesmo,
aprendendo com seus sintomas e se desenvolvendo como pessoa.
Diversas pesquisas foram realizadas dentro do assunto e muitas delas revelam
que a psicoterapia de grupo é eficaz para o desenvolvimento individual e coletivo. Para
o autor Yalom (2006, p. 23) “... a terapia de grupo é uma forma bastante efetiva de
psicoterapia e que ela é pelo menos igual à psicoterapia individual em sua capacidade
de proporcionar benefícios significativos”.
Segundo Yalom (2006) é conhecido como “Fatores Terapêuticos” o processo
complexo que ocorre na interação entre indivíduos e suas experiências. A Psicoterapia
de Grupo atua diretamente neste processo, como se segue:
“A terapia é um processo complexo e obviamente envolve muito mais do que o
simples reconhecimento e a alteração deliberada e consciente do
comportamento social. Contudo, esses ganhos são muito mais do que
benefícios extras, eles muitas vezes são instrumentos nas fases iniciais da
mudança terapêutica. Eles permitem que os pacientes entendam que existe
uma discrepância enorme entre sua intenção e o seu impacto verdadeiro sobre
os outros” (YALOM 2006, p. 35).
Segundo Zimerman, Osório e colaboradores (1997) uma das características que
diferencia a terapia individual da grupal é que esta ultima oportuniza excelentes
condições de os indivíduos interagirem de uma forma menos egoísta e defensiva, como
comumente acontece. Com isso, contribui para o desenvolvimento da socialização o
fato de se sentirem compreendidos um pelo outro em razão de compartilharem uma
mesma linguagem, o que facilita o importante processo de comunicação.
Segundo Moreno (1999, p. 70) a Psicoterapia de Grupo é definida como “... um
método que trata, conscientemente, as relações interpessoais e os problemas psíquicos
de vários indivíduos de um grupo dentro de um quadro científico empírico”.
15
A psicoterapia, em seu sentido etimológico, é cura da alma e, como tal, e pode
beneficiar todo aquele que deseja aprofundar o conhecimento de si mesmo, a partir da
interação interpessoal. É necessário adotar critérios de seleção para que se efetive o
trabalho de psicoterapia de grupo e se obtenha sucesso com o mesmo (BECHELLI E
SANTOS, 2002).
Mas há uma diferenciação dos termos terapia e psicoterapia de grupo. A utilização
do termo “terapia de grupo” pelo autor ocorre quando os efeitos terapêuticos são
secundários, sem o consentimento explícito dos membros, de serem tratados, e sem
um plano científico. Diferentemente do termo “psicoterapia de grupo”, onde é apenas
utilizado quando a meta única e imediata é a saúde do grupo e de seus membros, e
quando essa meta é atingida através de métodos científicos, como a análise,
diagnóstico e prognóstico (MORENO 1999).
Yalom em seu livro Psicoterapia de Grupo Teoria e Pratica (2006) utiliza o termo
terapia de grupo como sinônimo de psicoterapia conforme a conceituação referida por
Moreno.
A terapia de grupo é uma modalidade potente que produz benéficos significativos
para seus participantes. Uma boa terapia de grupo começa com uma boa revelação de
pacientes. É improvável que pacientes designados incorretamente para um grupo
composto de forma inadequada pode estar fadado ao fracasso desde o princípio, nunca
vindo a desenvolver um modo de tratamento viável para nenhum de seus membros
(YALOM, 2006).
Conforme citado por Yalom (2006) a constituição do grupo e a correta estratégia
terapêutica é um fator fundamental para que o processo tenha sucesso.
16
1.1 CONSTRUÇÃO DE UM GRUPO
Uma das características essenciais do ser humano é o fato de reunir-se em
grupos. Pessoas nascem, crescem e morrem inseridos em grupos sociais. Bechelli e
Santos (2005) fazem a seguinte afirmação:
“No decorrer de todo o processo de civilização, os homens organizam-se
socialmente nas mais variadas atividades. Ao longo do ciclo vital, é em grupo
que atravessam experiências de alegria e tristeza, saúde e doença, sucesso e
fracasso. As sociedades humanas dependem do funcionamento eficiente dos
grupos para proporcionar o bem-estar psíquico, espiritual, social e material aos
seus membros. Em grupo se desenvolvem as habilidades interpessoais, o
desempenho de papéis designados pela cultura, a participação nos processos
coletivos e as soluções para os problemas” (BECHELLI E SANTOS 2005, p.
01).
O grupo é conhecido como uma coletividade, em que a interação entre os
indivíduos é dinâmica e se orienta dentro de um determinado objetivo. O primeiro grupo
em que o ser humano se insere é a família. Segundo Gameiro (1987) a “... família é um
grupo primário por excelência. As características que ela imprime em cada
personalidade, mesmo que se encontrem latentes, tendem a acordar nos participantes
de qualquer outro grupo” (GAMEIRO 1987, p. 29).
É inato ao ser humano a necessidade de fazer parte de um grupo. A afiliação e o
apego a um determinado grupo são características comuns a todos. Segundo Yalom
(2006, p. 63), é de fundamental importância “... o compartilhamento afetivo do mundo
interior do indivíduo e a aceitação dos outros”.
Em geral, a maioria das pessoas soluciona seus problemas de forma satisfatória
no dia-a-dia. Todavia, em circunstâncias especiais, de acordo com a natureza da
situação, um indivíduo pode se ver diante de um dilema ou conflito e sentir-se
incapacitado para alcançar a resolução individual ou grupal, neste extremo, e diante do
sofrimento psíquico vivenciado, parte em busca de apoio: geralmente um amigo, um
familiar, um religioso ou de um processo psicoterápico (BECHELLI E SANTOS, 2002).
17
Na psicoterapia individual, o vínculo profissional entre o terapeuta e o paciente é
mediado por formas verbais e não-verbais de intervenção. Seu objetivo é a busca por
alivio do sofrimento mental e para isso modifica o comportamento desajustado e
encoraja o desenvolvimento e o amadurecimento da personalidade do indivíduo. Na
psicoterapia de grupo o processo é realizado na interação entre paciente e terapeuta,
na intervenção do terapeuta com os demais membros do grupo e na interação do grupo
como um todo. Para Bechelli e Santos (2005, p. 01) “Além das intervenções aplicadas
pelo terapeuta, o grupo e sua matriz interativa são instrumentos empregados para a
obtenção da mudança”.
Em busca de um critério para seleção de um grupo, Bechelli e Santos (2002, p.
385) descrevem que a “... indicação de psicoterapia, independentemente de suas
especificidades, (...) se trata de uma técnica destinada a toda e qualquer pessoa que
pretende expandir sua auto-consciência, e não apenas às consideradas doentes”.
A aceitação dos membros de um grupo é interdependente, tanto dos grupos em
si mesmos quanto a aceitação dos outros membros do grupo. Para Yalom (2006, p. 68),
a “... auto-aceitação não apenas depende basicamente da aceitação por outras
pessoas, como somente é possível aceitar os outros após o indivíduo aceitar a si
mesmo”.
Os membros de um grupo se beneficiam ao serem confrontados, de uma forma
objetiva, com imediatas observações de seu próprio comportamento e de seu efeito
sobre os outros. Esses confrontos fortalecem o grupo e orientam seus membros sobre
estilos interpessoais de cada um, sobre as respostas dos outros e sobre o
comportamento do grupo como um todo (YALOM, 2006).
O grupo de psicoterapia deve ter previsto a quantidade de pessoas, e garantir
um mínimo de conforto visual entre seus membros. Com isso, pode-se ter um controle
otimizado da discussão e das informações do grupo. É indicado que o grupo contenha
18
entre 12 a 15 participantes, número este que é comum na literatura especializada.
Segundo relatos de experiências, os grupos com muitos participantes requerem
atenção redobrada do terapeuta em função do volume de informações registradas e
analisadas. Ao definir o número de participantes, o terapeuta garante um vínculo com o
grupo e a preservação da integração do mesmo, já que o movimento de cada grupo é
único, independente do número de vezes em que este se reúna (MUNARI,
ESPERIDIÃO, MEDEIROS E GARCIA, 2007).
Os grupos devem ser reunidos em um ambiente arejado, confortável e
acolhedor, observando-se a limitação de estímulos ambientais oferecidos, pois podem
propiciar constrangimento ou dispersão dos participantes. É importante que se evite
ambientes ruidosos, principalmente quando se faz uso de equipamentos de gravação
em uma sala vazia, que pode ser completamente modificado com a sala lotada e
pessoas falando, pois isso pode comprometer o desempenho do equipamento
(MUNARI et al, 2007).
Para Munari et al (2007 p. 03) a duração da psicoterapia de grupo “... dependerá
da dinâmica estabelecida no grupo, devendo ter flexibilidade relativa, pois cada grupo
tem ritmo e movimentos próprios”. Parte do trabalho realizado no grupo deve ser
destinado ao aquecimento do mesmo, sendo que o tempo total, de modo geral, deve
ser de, no mínimo, uma hora e no máximo três horas.
Todas essas observações devem ser cuidadosamente estudadas, pois são
fatores que interferem no objetivo da psicoterapia de grupo. Segundo Munari et al
(2007) o local dos encontros
“... deve prover condições de infra-estrutura física e materiais necessários,
como cadeiras, almofadas, papel, canetas, outros materiais, que atendam a
todos e facilitem não só a acomodação das pessoas, mas evite contratempos
que possam colocar em risco o manejo do grupo e, conseqüentemente, a
pesquisa” (MUNARI et al 2007, p. 03).
19
A terapia de grupo é um processo complexo que envolve muito mais do que o
reconhecimento do comportamento social. Segundo Yalom (2006) existem evidências
consideráveis de que os terapeutas influenciam os padrões de comunicação em que
seus grupos, modelando certos comportamentos, por exemplo: revelações pessoais ou
apoio. Ao observar os outros, os membros do grupo aprendem a lidarem com seus
próprios problemas.
Diferentemente da psicoterapia individual, o terapeuta no grupo está inserido
lado a lado dos membros do grupo, como parte do mesmo. Precisa ter a experiência e
os conhecimentos da Psicologia. Segundo Bechelli e Santos (2005, p. 01) precisa ter
“... a presença de espírito e a coragem de colocar em jogo toda sua personalidade no
momento preciso para preencher o âmbito terapêutico com calor, empatia e expansão
emotiva”.
“Não se pode definir psicoterapia sem incluir a figura do terapeuta. Seu papel
sempre será fundamental. Ocupa-se com aspectos da vida emocional e
afetiva, trabalha no sentido do esclarecimento das dificuldades apresentadas
pelo paciente, auxiliando-o a remover obstáculos que perturbam o curso do
desenvolvimento. O que muda na psicoterapia de grupo é o modo como o
terapeuta atua, valendo-se do grupo como agente que permite processar as
informações e experiências necessárias para incentivar as mudanças”
(BECHELLI E SANTOS 2002, p. 01).
1.2 FUNÇÃO DA PSICOTERAPIA DE GRUPO
Estar inserido em um grupo é de fundamental importância para o ser humano. É
necessário que haja compartilhamento afetivo para a estabilidade emocional e a
aceitação do indivíduo em grupos sociais. Segundo Yalom (2006):
“A necessidade de fazer parte é inata em todos nós. A afiliação no grupo e o
apego no cenário individual tratam dessa questão. Os grupos de terapia
produzem um circuito de auto-reforço positivo: confiança, auto-revelação,
empatia, aceitação, confiança. O grupo aceitará um indivíduo desde que ele
siga as regras de procedimento do grupo independente de experiência de vida,
20
transgressões ou fracassos sociais passados. Estilos de vida fora dos padrões,
histórico de prostituição, perversão sexual, crimes hediondos, tudo isso pode
ser aceito pelo grupo de terapia, desde que as normas imparciais de aceitação
e indução sejam estabelecidas no começo do grupo” (YALOM 2006, p. 63).
Participar de um grupo, ser aceito e aprovado pelo mesmo, são fatores
importantes na evolução humana. Surpreende o quanto o paciente, na terapia de grupo,
é o agente de sua própria mudança ou recuperação. O terapeuta possui um papel
fundamental em todo o processo, pois é ele quem assiste e promove a mudança, e
também auxilia o cliente a mobilizar e utilizar seus próprios recursos de modo eficaz,
tendo em vista seu ajuste e restabelecimento (BECHELLI E SANTOS, 2002).
Um fator importante para o crescimento individual do ser humano é sua autotransformação. A psicoterapia de grupo interfere neste fator, pois favorece muito o
trabalho do paciente como agente de sua própria mudança. A interação social entre os
participantes é um forte agente transformador, pois segundo Bechelli e Santos (2002)
“... são eles próprios que desenvolvem a terapia e rompem o modelo médico, no qual o
terapeuta é o expert, aquele que está em condições de definir o correto e o errado, e de
estabelecer e aplicar o procedimento ou a intervenção” (BECHELLI E SANTOS 2002, p.
05).
Quando a psicoterapia de grupo se encontra em condições favoráveis, os
participantes, gradualmente, passam a assumir papel ativo. Os assuntos discutidos em
grupo e as suas prioridades são definidos pelos integrantes do grupo, já que são eles
os responsáveis pelos temas escolhidos. Cabe aos participantes encontrar auxílio entre
si, com a clareza de que qualquer um dos membros poderá se manifestar a qualquer
momento, o que reforça a espontaneidade do grupo (BECHELLI E SANTOS, 2002).
A psicoterapia de grupo tem como função a integração social e o
desenvolvimento dos participantes. Segundo Yalom (2006, p. 56-57) “Uma das coisas
que torna o grupo de terapia real é que ele elimina os jogos sociais, sexuais e de status.
21
Os membros passam por experiências de vida cruciais juntos, derrubam juntos
fachadas que distorcem a realidade e tentam ser honestos uns com os outros”.
Desta forma, os grupos psicoterápicos estabelecem diálogos, escutam de forma
empática e formulam perguntas que estimulam o esclarecimento dos assuntos em
pauta. E também promovem uma reflexão e análise dos temas sob diferentes
perspectivas. Da mesma forma, os grupos psicoterápicos oferecem entre si diversos
recursos, como por exemplo, a troca de informações e de idéias, interpretações e apoio
ao grupo, feedback do temas discutidos, conselhos e sugestões de estratégias e
procedimentos a serem seguidos. Assim, cada membro do grupo estabelece a direção
que lhe seja mais produtiva, dentro de suas próprias perspectivas (BECHELLI E
SANTOS, 2002).
Pode-se observar então que os membros de um grupo de terapia, de diversas
maneiras, passam a significar muito uns para os outros. O grupo que, inicialmente,
tinha a visão de um grupo artificial e poucas possibilidades de crescimento, passa a
percebê-lo como algo de grande importância em sua vida (YALOM, 2006).
1.3 OBJETIVO DA PSICOTERAPIA DE GRUPO
Toda patologia tratada na maneira relacional traz ao individuo um acolhimento do
grupo e a socialização de suas idéias e angústias, entende-se que o objetivo do grupo
psicoterápico é o alívio do sofrimento que é substituído por novos objetivos, de natureza
inter-pessoal. Tendo como exemplo: o objetivo em buscar alívios da ansiedade ou da
depressão; que podem ser modificados em aprender a se comunicar melhor com os
outros, ser mais confiável e honesto e aprender a amar.
Segundo Yalom (2006) a psicoterapia de grupo necessita de pessoas para que o
tratamento seja eficaz. “As pessoas necessitam de pessoas, para sua sobrevivência
22
inicial e contínua, para socialização, para a busca da satisfação. Ninguém, nem os
moribundos, nem os excluídos, nem os poderosos transcendem a necessidade de
contato humano” (YALOM 2006, p. 41).
Segundo Yalom (2006) o paciente necessita ter contato, ser capaz de tocar
outras pessoas, falar abertamente de suas preocupações, ser lembrado de que não
está apenas a parte, mas que também faz parte.
Yalom (2006) ainda ressalta que a interação do grupo é rica, sendo que o ciclo
de transações mal adaptativo de cada membro se repete muitas vezes, e os membros
têm oportunidades à reflexão e entendimento. Para que as crenças patogênicas sejam
alteradas, os membros do grupo devem receber feedback claro e utilizável. Se o estilo
do feedback for estressante e muito provocativo os membros não conseguirão
processar aquilo que os outros tiveram para lhes oferecer.
Feedback é o processo de fornecer dados a uma pessoa ou grupo ajudando-o a
melhorar seu desempenho no sentido de atingir seus objetivos. Para que haja êxito na
comunicação do feedback as barreiras devem ser rompidas e estabelecida uma relação
de confiança e segurança.
O autor ainda afirma que: “Se o grupo for conduzido de modo que os membros
possam se comportar de maneira desarmada e desinibida, eles irão de forma vívida,
recriar e demonstrar a sua patologia no grupo” (YALOM 2006, p. 54).
Para Yalom (2006) um grupo interativo livre, é um grupo que com certo tempo
suficiente, os membros do grupo começarão a ser eles mesmos. Pois começarão a
interagir com os outros membros da sociedade.
O que se espera da Psicoterapia de Grupo é que a grande maioria das pessoas
solucione seus problemas de forma satisfatória no dia-a-dia. Tendo que reavaliar suas
23
idéias, sentimentos e comportamentos ao longo de sua história, num passado recente
ou, se necessário, longínquo.
Entretanto, o terapeuta continua utilizando uma determinada técnica que
considera mais apropriada para ajudar o grupo a examinar os problemas e, se possível,
solucioná-los, de modo a levar o paciente a lidar de forma mais crítica e adequada com
a realidade.
24
2. INSEGURANÇA SOCIAL
2.1 CONCEITO DE INSEGURANÇA SOCIAL
Segundo Castel (2005) quando o indivíduo é definido pelo lugar que ocupa numa
hierarquia, e quando dominam os laços que unem a família, a linhagem e os grupos de
vizinhança, a segurança é garantida com base na pertença direta a uma comunidade e
depende da força desses vínculos comunitários.
Com o advento da modernidade, o indivíduo é reconhecido por si mesmo, não
dependendo de sua inscrição em grupos ou coletividade. “O ser humano é senhor de si
mesmo e proprietário de sua própria pessoa e das ações e do trabalho desta mesma
pessoa” (CASTEL 2005, p.18). O autor trata de uma sociedade individualista, onde se
cria um estado de natureza, isto é, um estado sem lei, sem direito, sem constituição
política e sem instituições sociais, exposto a uma concorrência desenfreada dos
indivíduos entre si e à guerra de todos contra todos. “Seria, portanto, uma sociedade de
insegurança total” (CASTEL 2005, p.15).
Segundo Rouanet (1993) apud Cotta (2005) o projeto civilizatório da
modernidade afirmava a razão e o método científico como únicas fontes de
conhecimento válido, rejeitavam qualquer concepção do mundo derivada do dogma, da
superstição e da fantasia e sustentava-se em três ingredientes conceituais:
universalidade, individualidade e autonomia.
Uma vez que a propriedade é o alicerce de recursos a partir do qual um indivíduo
pode existir por si mesmo e não depender de um patrão ou da caridade de alguém, e o
indivíduo não está mais preso às redes tradicionais de dependência e proteção, é a
propriedade que o protege. Como diz Castel:
25
“É a propriedade que garante a segurança em face das circunstâncias
imprevisíveis da existência, da doença, do acidente e da miséria de quem não
pode mais trabalhar. E a partir do momento em que o indivíduo é chamado a
eleger seus representantes no plano político, é também a propriedade que
garante a autonomia do cidadão, livre, graças a ela, para dar suas opiniões e
fazer suas escolhas, não podendo ser comprado para garantir seu voto, nem
intimidado para constituir-se uma clientela” (CASTEL 2005, p. 18).
Para Castel (2005, p. 22) “a propriedade é de fato a instituição social por
excelência, no sentido de que ela cumpre a função essencial de salvaguardar a
independência dos indivíduos e de assegurá-los contra os riscos da vida”. Com isso os
indivíduos podem proteger-se por si mesmo mobilizando seus próprios recursos.
No que se refere à insegurança, Castel (2005) distingue dois tipos: a insegurança
civil, que diz respeito aos bens e às pessoas em um estado de direitos; e a insegurança
social, que se refere aos riscos de doenças, aos acidentes, ao desemprego, à
incapacidade de trabalho devido à idade e etc. O indivíduo não estando assegurado
contra esses imprevistos, vive na insegurança. “Portanto, o sentimento de insegurança
é a consciência de estar à mercê dessas eventualidades” (CASTEL 2005, p. 27).
“Estar numa insegurança permanente é não poder nem controlar o presente,
nem antecipar positivamente o futuro. A insegurança social faz desta vida um
combate pela sobrevivência dia após dia, cuja saída é cada vez mais incerta”
(CASTEL 2005, p. 31).
“O sentimento de insegurança na vida cotidiana alimenta-se da crise de ameaças
difusas que esta faz pesar sobre a existência, dado que o nível e o estilo de vida das
nossas sociedades multiplicam as zonas de vulnerabilidade” (COTTA 2005, p. 04).
Segundo Castel (2005) nem todo membro da sociedade de indivíduos pode se
assegurar, pois uma significante parcela não possui propriedade que garanta sua
proteção. A esses sujeitos não proprietários o Estado garante um novo tipo de
propriedade: a social, que diz respeito à proteção e ao direito da condição de
trabalhador. Desta forma, a propriedade social reabilita a classe não proprietária,
26
condenada à insegurança social permanente e passa a se constituir no que o autor
denomina de sociedade de semelhantes.
Para Castel (2005):
“Uma sociedade de semelhantes é uma sociedade diferenciada, portanto
hierarquizada, mas na qual todos os membros podem manter relações de
interdependência porque eles dispõem de um fundo de recursos comuns e de
direitos comuns” (CASTEL 2005, p. 36).
Segundo Castel (2005) a angústia de um futuro incerto é experimentada
individualmente, enquanto a reação é vivenciada de forma coletiva. “Se podemos falar
de um crescimento da insegurança hoje, é em grande parte porque existem faixas da
população que agora estão convencidos de que foram abandonadas às margens do
caminho, impotentes para controlar seu futuro num mundo que muda cada vez mais”
(CASTEL 2005, p. 53).
Castel (2005) também aponta uma nova geração de riscos: riscos industriais,
tecnológicos, sanitários, naturais, ecológicos, etc. Segundo o autor:
“Se ser protegido é estar em condições de enfrentar os principais riscos da
vida, esta segurança parece hoje duplamente em falta: pelo enfraquecimento
das coberturas “clássicas”, mas também por um sentimento generalizado de
impotência diante das novas ameaças que parecem inscritas no processo de
desenvolvimento da modernidade” (CASTEL 2005, p. 60).
“O risco, em sentido técnico, é hoje uma medição da incerteza, indica a
probabilidade, com uma margem de erro segura...”. “O deslizar do significado do termo
risco... pode ser percebido como indicativo de uma sociedade preocupada com a
segurança e desejosa de assegurar a prevenção das diferentes formas de entraves e
de desgraças que atingem o ser humano” (COTTA 2005, p. 04).
Segundo Castel (2005 p. 67) “a necessidade de proteção faz parte da “natureza”
social do ser humano contemporâneo, como se o estado de segurança se tivesse
27
tornado uma segunda natureza, e até mesmo o estado natural do ser humano social”.
Portanto, o indivíduo tem necessidade de proteção precisamente porque, como
indivíduo, ele não dispõe de si mesmo dos recursos necessários para garantir sua
independência.
Para Robert (2002) apud Cotta (2005, p. 03) “O Estado se encontra em pane:
antes, excessivamente tolerante perante a pequena delinqüência e as desordens, não
sabia o que fazia; agora, perante o avolumar dos problemas, não sabe o que fazer”.
A segurança deveria fazer parte dos direitos sociais na medida em que a
insegurança constitui uma falta grave ao pacto social. Viver na insegurança no dia-a-dia
é não poder mais fazer sociedade com seus semelhantes. Esta insegurança cotidiana é
mais injustificável ainda pelo fato de afetar especialmente as pessoas mais desprovidas
de outros recursos em matéria de renda, de moradia e de proteções concedidas por
uma situação social assegurada.
2.2 FATORES GERADORES DA INSEGURANÇA SOCIAL
Atualmente, a insegurança social abriu caminho para uma insegurança e um
vazio existencial. Não se nota que as pessoas tenham adquirido maior certeza ou
segurança do que os seus antepassados.
“As mudanças sociais profundas e rápidas podem dar origem a crises sociais
extensas e duradouras, ocasionando instabilidade e promovendo incertezas. O
desequilíbrio subseqüente é favorável ao desenrolar de processos conflituais, o que
eventualmente gera insegurança” (COTTA 2005, p. 03).
Segundo Cotta (2005) as estatísticas das ocorrências policiais como os crimes e
delitos contra as pessoas, como homicídios, agressão, maus tratos, estupros; os crimes
28
contra a propriedade, como roubo, furto, arrombamento, receptação, invasão; os crimes
ligados a drogas, como produção, tráfico, posse e consumo são medidas relativamente
objetivas de certos aspectos da insegurança.
Roché, citado por Jean-Luc Mathieu (1995) apud Cotta (2005, p. 05) afirma que
“o sentimento de insegurança é um processo de leitura do mundo circundante.
Apodera-se dos indivíduos como uma síndrome de emoções (medo, raiva, ciúme)
cristalizadas do crime e dos seus autores”.
Para Cotta (2005, p. 05), “um dos aspectos que muito contribui para gerar
insegurança é o medo do crime”. O autor ainda destaca que:
“Além dos danos materiais que a criminalidade provoca, o crime tende a fazer
aumentar sentimentos de medo e de desconfiança que inviabilizam, por sua
vez, a existência de valores e práticas fundamentais de sociabilidade e
solidariedade social. No entanto, as mesmas conseqüências resultam
invariavelmente de uma capacidade física ou de uma situação prolongada de
doenças ou de desemprego” (FERREIRA 1998 apud COTTA 2005, p. 05-06).
Sebastian Roché (1994) apud Francis Albert Cotta (2005) destaca as novas
violências urbanas, aquilo que designa como pequena e média delinqüência, bem como
às desordens do dia-a-dia que ele denomina de incivilidades (vandalismo, degradação,
recusa de códigos de boa maneira e etc).
A violência, na modernidade, tem sido considerada como uma das figuras
reveladoras da desordem. Segundo Balandier (op. cit. p. 207-212) apud Teixeira e
Porto (1998, s/p) “a violência pode tomar a forma de uma desordem contagiosa,
dificilmente controlável, de uma doença da sociedade que aprisiona o indivíduo e, por
extensão, a coletividade num estado de insegurança que gera o medo”.
Maffesoli apud Teixeira e Porto (1998, s/p) trata a violência do ponto de vista do
seu dinamismo interno, como herança comum a todo e qualquer conjunto civilizacional,
estruturando constantemente a vida em sociedade.
29
Segundo
Cotta
(2005)
dentre
os
fatores
sociais,
comportamentos
e
criminalidades geradoras de insegurança estão: a pobreza, a precariedade de emprego,
o desemprego, o receio quanto ao futuro, a exclusão, de consumo de drogas, as
incivilidades, a delinqüência juvenil, a pequena criminalidade, a violência urbana, o
tráfico de drogas, a alta violência, o crime organizado e o terrorismo.
“Acrescenta-se como fatores sociais geradores de insegurança as situações de
gueto” (COTTA 2005, p. 07). Segundo o autor:
“geram-se situações de autêntico gueto, no mau sentido da palavra, onde os
valores da sociedade pouco pesam, a socialização funciona no pior modo,
promovendo o aparecimento de bandos juvenis, de infratores e de traficantes
de drogas; e o controle social seria muito difícil de exercer” (COTTA 2005, p.
07).
Cotta (2005, p. 08) relata que a “relação das incivilidades com o medo e a
insegurança é um fato. Ao tomar por pressuposto que as incivilidades, ao gerar um
clima de mal-estar social favorecem a insegurança, então torna-se necessário e urgente
a implementação de ações para as reduzir”. Segundo o autor as incivilidades se tratam
de uma quebra das regras de convívio em harmonia. “São fatos que transformam as
aparências de normalidade. Por conseqüência, as reações das pessoas frente às
incivilidades, sejam de retraimento ou de fuga, contribuem para a construção da
insegurança” (COTTA 2005, p. 08).
“As
incivilidades
caracterizam-se
por
comportamentos
não
lucrativos,
desafiadores, não organizados e muito visíveis” (COTTA 2005, p. 08). O autor,
cotidianamente, ainda concretizam as incivilidades sobre quatro formas: 1) Pequenas
degradações como arrombamentos de caixa de correio, lâmpadas partidas, incêndios
de caixote de lixo e quebra de telefones públicos. 2) Sujeiras como dejetos e
lançamento de objetos ou seu abandono em espaços coletivos, escritos e obscenidade
nas paredes. 3) Ausência ou rompimento das regras de boa educação como
30
provocações, desafios, intimidações, insultos e etc. 4) Confrontos como o uso do
espaço, os ruídos os cheiros e etc.
Em razão dessas incivilidades que gera insegurança, ocorrem os medos sociais
que segundo Falcon (2000, s/p) “correspondem aos medos intra-específicos e
evoluíram como um subproduto das hierarquias de dominância, que tinham como
objetivo estabelecer ordem na vida social de animais como os primatas”.
Öhman (1986) apud Falcon (2000, s/p) “propõe que a família imediata constitua o
primeiro e o mais importante sistema social para o pré-adolescente”. Segundo o autor:
“os papéis sociais já estão definidos previamente, com base em diferenças de
idade e de capacidade física dos pais e das crianças. No período da
adolescência, em que as relações e os grupos rivais se estabelecem, as
crianças deverão estabelecer o seu lugar naquele novo sistema social, que não
é o familiar. Elas serão avaliadas pelos outros membros do grupo e situadas
em uma hierarquia. As crianças mais vulneráveis ao estresse podem
responder a esse confronto com ansiedade ou recolhimento, atingindo uma
posição social baixa” (ÖHMAN 1986 apud FALCON 2000, s/p).
Uma revisão de estudos feita por Bruch (1989) apud Falcon (2000, s/p) sobre os
efeitos dos comportamentos específicos familiares na formação da timidez revelou que
os estilos de rejeição e de superproteção estavam mais fortemente associado com a
inibição social. Foi contatado também que as crianças com elevada necessidade de
aprovação percebiam os pais como rejeitadores. Segundo o autor, “todos esses
estudos sugerem que as práticas de rejeição, por parte dos pais, à criança podem
instigar uma preocupação com a avaliação dos outros, levando a um medo
generalizado de avaliação negativa” (BRUCH 1989 apud FALCON 2000, s/p).
Falcon (2000, s/p) destaca ainda que outra característica a ser considerada
refere-se ao grau nos quais os pais encorajam os filhos a serem sociáveis. Segundo
Bruch (1989) apud Falcon (2000, s/p) “esse encorajamento gera oportunidades para
aquisição de habilidades sociais, além de expor a criança a novas situações,
promovendo a extinção de medos sociais”.
31
Contudo, os medos sociais ocorridos na insegurança gerados pelas incivilidades,
pelos comportamentos dos indivíduos e pela evolução das proteções, tanto civis quanto
sociais, desenvolvidas ao longo do tempo, atualmente, vêm ocasionando patologias
decorrentes dessa insegurança social como: fobias sociais, agorafobia, fobias
específicas, bem como ataques de pânico.
2.3 PATOLOGIAS DECORRENTES DA INSEGURANÇA SOCIAL
2.3.1 Fobia Social
Segundo Falcon (2000, s/p) a maioria das pessoas experimenta ou já
experimentou ansiedade perante situações sociais, tais como falar em público, iniciar
uma conversa, marcar um encontro e etc. Essa ansiedade não é severa o bastante
para prejudicar o desempenho durante a situação, portanto não trás impedimentos à
vida pessoal e à profissional. Por outro lado, alguns indivíduos experimentam intensa
ansiedade em situações que envolvem desempenhar-se na presença de alguém ou
interagir com outras pessoas. Neste caso, a manifestação de ansiedade promove
esquiva da situação temida, interferência no funcionamento social, além de gerar
prejuízos na vida profissional e pessoal, sendo diagnosticada como fobia social. A
ansiedade social é um fenômeno comum na população em geral, mas a questão que se
coloca é quando considerá-la patológica?
Bernik & Lotufo-Neto (1994, p. 01) caracterizam a fobia como “medos
persistentes de situações que normalmente não incomodam a maioria das pessoas. O
indivíduo procura evitá-las e, se isto não é possível, sente grandes manifestações de
ansiedade. Tem noção clara de que seus receios são absurdos, mas não consegue
controlá-los”.
32
Para Neto (2000, s/p) “o que caracteriza a fobia social é uma intensa ansiedade
em situações sociais (de contato interpessoal) ou de desempenho, ou mesmo ambas,
acarretando sofrimento excessivo ou interferindo de forma acentuada no dia-a-dia da
pessoa”.
Schneier et al., (1994) apud Neto (2000, s/p) enfatizou que:
“Embora não seja um transtorno incapacitante, é reconhecido como passível
de acarretar prejuízos graves em diferentes áreas da vida como trabalho,
atividades acadêmicas, relacionamento familiar, amoroso e vida social”.
Segundo Levitan; Rangé e Nardi (2008, s/p) pesquisas vêm sido conduzidas,
aventando a hipótese do desempenho do indivíduo ser afetado pelo déficit em
habilidade social que, por sua vez, “caracterizam-se pela existência de diferentes
classes de comportamentos sociais presentes no repertório do indivíduo para lidar de
maneira adequada com as demandas das situações interpessoais” (DEL PRETTE &
DEL PRETTE 2001 apud LEVITAN; RANGÉ E NARDI 2008, s/p).
Caballo (1993) definiu habilidade social como:
“o conjunto de comportamentos emitidos por uma pessoa em um contexto
interpessoal que expressa sentimentos, atitudes, desejos, opiniões ou direitos
de um modo adequado à situação, respeitando-se os demais. Geralmente,
resolve os problemas imediatos da situação, com probabilidade de minimizar
problemas futuros” (CABALLO, 1993 apud SAVOIA & NETO 2000, s/p).
“Os fóbicos sociais podem estar incluídos em um subtipo generalizado (medo da
maioria das situações de interação social e de desempenho) e em um subtipo mais
circunscrito (medo de uma situação pública de desempenho e de algumas situações de
interação social)” (HAZEN & STEIN 1995 apud FALCON 2000, s/p).
Segundo Heckelman & Schneier (1995); Rapee (1995) apud Falcon (2000, s/p)
ao experimentar ansiedade, os fóbicos sociais costumam apresentar manifestações
33
físicas como rubor, sudorese, palpitações, tremor nas mãos ou na fala ou uma urgência
em evacuar. A ansiedade antecipatória, aumentada pela perspectiva de entrar em
situações temidas, leva à esquiva da situação ou ao enfrentamento acompanhado de
mal-estar considerável. Segundo o autor a esquiva fóbica pode ser sutil como desviar o
olhar, evitar iniciar uma conversa; ou extrema como evitar todos os contatos
interpessoais fora do ambiente familiar.
Na fobia social há também o diagnóstico diferencial como, por exemplo: a
dismorfofobia, o transtorno obsessivo-compulsivo, as psicoses, os indivíduos com
transtornos esquizóides de personalidade, e os ataques de pânicos que podem estar
presentes na fobia social, mas devem ser devidamente distinguidos do transtorno do
pânico. Segundo Neto (2000, s/p):
“Enquanto no transtorno de pânico o temor maior está relacionado a um
problema físico, como ter um enfarte, derrame ou perder o controle e
enlouquecer, na fobia social é o medo de ruborizar, tremer, suar e de ser
avaliado negativamente pelas pessoas que estão presentes. Além disso,
ataques de pânico espontâneos ocorrem no transtorno do pânico, mas não na
fobia social, em que a presença de outras pessoas é necessária para que se
faça o diagnóstico” (NETO 2000, s/p).
Segundo Bernik & Lotufo-Neto (1994), na dismorfofobia há queixa persistente de
um defeito corporal específico, que não é notado por outros. Evita-se o contato social
para que não se perceba seu problema, escondem-se atrás de roupas, óculos escuros
e outros artifícios. As queixas mais comuns são problemas na face como cicatrizes,
pintas e pêlos; deformidades, defeitos no pênis ou seios, odores na axila, genitais ou
ânus e mau hálito. “No transtorno dismórfico corporal, a preocupação está centrada em
algum defeito físico real ou imaginário, então, é a aparência que está em questão,
enquanto na fobia é o desempenho ou contato interpessoal, isto é, como a pessoa vai
se portar nas situações sociais” (NETO 2000, s/p).
“Pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo podem evitar situações sociais,
pelo medo de contatos que possam desencadear obsessões e compulsões, ou o receio
34
de causar problemas a outros (contaminar os amigos, por exemplo)” (BERNIK &
LOTUFO-NETO 1994, p. 08).
Segundo Neto (2000, s/p) nas psicoses, o que se observa são idéias delirantes
verdadeiras, difíceis de serem removidas por argumentação lógica. Na fobia social, são
as idéias de referência simples que estão presentes, e o paciente geralmente tem
crítica de que está fazendo um juízo errado das situações. Indivíduos com transtorno
esquizóide de personalidade não se interessam por contatos sociais, permanecendo,
por isto, isolados, ao passo que os fóbicos sociais anseiam por esses contatos, mas
têm muita dificuldade ou não conseguem fazê-lo, daí seu isolamento.
2.3.2 Agorafobia
Segundo Levitan; Range & Nardi (2008, s/p) “o termo “agorafobia” significa medo
de lugar aberto”. Os autores acrescentam que o termo refere-se a um agrupamento
inter-relacionado e freqüentemente sobreposto de fobias que abrangem o medo de sair
de casa, entrar em lugares fechados, multidões, lugares públicos, permanecerem em
uma fila, viajar de ônibus, trem ou automóvel, distanciar-se de casa e estar só em uma
dessas situações.
Bernik & Lotufo-Neto (1994, p. 03) afirmam que:
“A síndrome agorafóbica caracteriza-se pelo comportamento de esquiva fóbica
em relação a diversas situações públicas. Não é o medo de lugares abertos ou
fechados que caracteriza o comportamento do paciente, mas o de se afastar
de casa ou de pessoas e familiares que lhe forneçam segurança. Os pacientes
tendem a evitar situações em que a fuga para território seguro possa ser difícil,
constrangedora, ou, ainda, onde possa ficar sem ajuda caso sinta sintomas de
desconforto físico ou ataques de pânico”.
35
Para Bernik & Lotufo-Neto (1994) os pacientes agorafóbicos não temem as
situações, mas tem medo de nelas sentir sensações corporais de ansiedade ou crise de
pânico. “O medo de ter medo é considerado a característica fundamental da agorafobia.
Um outro fator relevante é a necessidade de um acompanhante de confiança” (BERNIK
& LOTUFO-NETO 1994, p. 04). Segundo o autor as manifestações clínicas iniciais são
o aparecimento de ataques de pânico espontâneos, súbitos e inesperados. Como os
ataques de pânico se repetem, o paciente passa a sentir apreensão, com sintomas
tensionais e manifestações autonômicas de ansiedade que flutuam em intensidade,
principalmente quando precisa ir a algum lugar onde acha que a crise pode ocorrer. É a
denominada ansiedade antecipatória.
Segundo Bernik & Lotufo-Neto (1994) como diagnóstico diferencial muitos
pacientes podem ficar presos a suas casas ou evitar lugares públicos como
conseqüência de outras patologias psiquiátricas. Na depressão um dos sentimentos
mais freqüentes é a sensação de medo e insegurança, nas psicoses, delírios
paranóides, idéias de auto-referência e alucinações auditivas podem fazer o paciente
se isolar ou não sair de casa. No transtorno obsessivo-compulsivo, o paciente pode
evitar lugares onde se sinta contaminado, ou se expor a estímulos ambientais que
desencadeiam obsessões ou rituais compulsivos.
2.3.3 Fobias Específicas
Segundo Bernik & Lotufo-Neto (1994, p. 08) “fobias específicas caracterizam-se
por comportamentos de esquiva em relação a estímulos restritos e situações
determinadas. Nelas, é difícil estabelecer uma linha divisória nítida entre o normal e o
patológico”. Para o autor, uma fobia específica pode se originar após uma experiência
traumática, mas na maior parte das vezes não encontramos o que a desencadeia.
Diversos medos e fobias são fortemente ligados a predisposições filogenéticas a
perigos específicos do processo de evolução da espécie, como por exemplo, crianças
36
que em determinadas idades costumam ter medos em situações especiais como
escuro, animais, insetos, pessoas desconhecidas etc.
Nas fobias específicas envolvem: as fobias de animais (característica muito
comum na população, porém, muito raramente forte o suficiente para caracterizar uma
fobia), fobias de sangue e ferimentos (quando chega a nível fóbico, o paciente
apresenta prejuízos pessoais e sofrimentos importantes), fobias de avião (o objeto
fóbico não é o mesmo para todos os pacientes, alguns temem especificamente o risco
de um acidente, outros a sensação de confinamento etc.), fobias de doença (muitos
pacientes com esta fobia apresentam comportamentos de esquiva em relação a
reportagens, conversas, hospitais ou qualquer outra situação que o confronte com a
doença temida) dentre outras fobias específicas.
Segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID10 (1993) para um diagnóstico definitivo das fobias específicas todos os critérios
seguintes devem ser preenchidos: (a) os sintomas psicológicos ou autonômicos devem
manifestações primárias de ansiedade e não secundários a outros sintomas tais como
delírios ou pensamento obsessivo; (b) a ansiedade deve estar restrita à presença do
objeto ou situação fóbica determinada e (c) a situação fóbica é evitada sempre que
possível.
2.3.4 Ataques de Pânico e Transtorno de Pânico
Segundo Ito & Ramos (1998) o transtorno de pânico é uma condição clínica
complexa que envolve diferentes modalidades de sintomas. Os ataques de pânico são
centrais para o diagnóstico, e a sua supressão é o objetivo central do tratamento, mas
manifestações como ansiedade antecipatória, esquiva fóbica e depressão secundária
estão freqüentemente associadas ao quadro e são fontes de grande incapacitação.
37
Segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID10 (1993) um ataque de pânico que ocorre em uma situação fóbica estabelecida é
considerado como uma expressão da gravidade da fobia, à qual deve ser dada
precedência diagnóstica. Transtorno de pânico deve ser o diagnóstico principal
somente na ausência de quaisquer das fobias como as fobias sociais, agorafobia e
fobias específicas.
Diante das patologias decorrentes dos fatores geradores da insegurança social,
acentua-se a importância da socialização como fator terapêutico da psicoterapia de
grupo, pois segundo Savoia & Neto (2000, s/p) o grupo funcionará como uma situação
social vivida pelo indivíduo e observada pelo terapeuta, proporcionando a este indivíduo
maior confiança para enfrentar as situações sociais.
38
3. PSICOTERAPIA DE GRUPO E O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO DE PESSOAS
COM INSEGURANÇA SOCIAL
3.1 PROCESSO DE TRATAMENTO FOCADO NA SOCIALIZAÇÃO
De acordo com Yalom (2006) a grande maioria dos pacientes que entraram para
grupos de terapia com exceção dos que sofrem de transtorno de estresse póstraumático ou de algum estresse médico ou ambiental, tem um histórico de uma
experiência extremamente insatisfatória em seu primeiro e mais importante grupo: a
família primária.
O grupo de terapia se parece com uma família em muitos aspectos, existem
figuras de autoridade/parentais, figuras de irmãos/fraternas, revelações pessoais
profundas emoções fortes e uma intimidade profunda, bem como sentimentos hostis e
competitivos (YALOM, 2006).
Os grupos de terapia muitas vezes são liderados por uma equipe de homens e
mulheres terapeutas em um esforço deliberado de estimular a configuração parental ao
máximo possível.
Se os líderes de grupos forem vistos como figuras parentais, eles produzirão
reações associadas, a figuras de autoridade: alguns membros se tornarão
desesperadamente dependente dos líderes, a quem imbuem conhecimento e poder
irreais, outros desafiarão os líderes cegamente, pois percebe-nos como controladores e
infantiliza-dores, outros ainda terão medo deles, pois acreditam que querem privar os
membros de sua individualidade (YALOM, 2006).
Segundo Yalom (2006) alguns membros tentam dividir os co-terapeutas, na
tentativa de incitar discordâncias e rivalidades parentais, alguns se revelam mais
39
quando um dos co-terapeutas está ausente, e outros competem amargamente como os
outros membros esperando acumular unidades de atenção e carinho dos terapeutas.
Obviamente, fenômenos semelhantes ocorrem na terapia individual, mal o grupo
proporciona um número e uma variedade bastante maiores de possibilidades de
recapitulação (YALOM, 2006).
Para Yalom (2006) a aprendizagem social, o desenvolvimento de habilidades
sociais básicas, é um fator terapêutico que opera em todos os grupos de terapia,
embora a natureza das habilidades ensinadas e ao grau em que o processo é explícito
variam muito, dependendo do tipo de terapia de grupo (YALOM, 2006).
“Pode haver uma ênfase explícita no desenvolvimento de habilidades sociais,
por exemplo, grupos que preparam pacientes hospitalizados ou grupos de
adolescentes. Já em outros grupos, a aprendizagem social é mais indireta, os
membros de grupos de terapia dinâmicos, que têm regras básicas que
estimulam comentários abutos podem obter informações incineráveis sobre
comportamentos sociais mal-adaptados” (YALOM 2006, p. 35).
Segundo Yalom (2006) a relação interpessoal foi claramente adaptativa no
sentido evolucionista: sem vínculos interpessoais profundos, positivos e recíprocos, não
seria possível a sobrevivência individual ou da espécie.
“Não apenas somos animais gregários que gostam de estar à vista de seus
amigos, como temos uma propensão inata a nos fazermos notados, e notados
de maneira favorável, por nossa espécie. Não se poderia imaginar punição
mais cruel se isso fosse fisicamente possível, do que uma pessoa se largada
na sociedade e ser absolutamente ignorada por todos os membros dali em
diante” (YALOM, 2006 p. 38).
Para Yalom (2006 p. 38) “o isolamento social é tanto um fator de risco para a
mortalidade precoce quanto fatores de risco óbvio, como o tabagismo e a obesidade”.
Segundo Yalom (2006) a terapia é uma experiência emocional e corretiva. Essa
natureza dual do processo terapêutico é de significado fundamental. Com o passar do
40
tempo, as crenças serão reforçadas se os novos comportamentos interpessoais dos
pacientes evocarem respostas interpessoais construtivas.
“Com tempo suficiente, os membros do grupo começarão a ser eles mesmos:
começarão a interagir com outros membros como interagem com pessoas em sua
esfera social, criarão no grupo o mesmo universo interpessoal que sempre habitaram”
(YALOM 2006, p. 46).
Segundo Yalom (2006) a interação do grupo é tão rica que o ciclo de transações
mal-adaptativa de cada membro se repete muitas vezes, e os membros tem diversas
oportunidades para reflexão e entendimento.
“Uma das coisas que torna o grupo de terapia real é que ele elimina os jogos
sociais e de status. Os membros passam por experiências de vida cruciais
juntos, derrubam juntos fachadas que distorcem a realidade e tentam ser
honestos uns com os outros” (YALOM 2006, p. 57).
Segundo Yalom (2006) o que parece ter importância fundamental é o
compartilhamento afetivo do mundo interior do indivíduo e aceitação do outro. O fato de
ser aceito pelos outros desafia a crença do paciente de que ele é basicamente
repugnante, inaceitável e detestável.
Os grupos de terapia produzem um circuito de auto-reforço positivo: confiançaauto-revelação-empatia-aceitação-confiança. O grupo aceitará um indivíduo desde que
ele siga as regras de procedimento do grupo, independente de experiências de vida,
transgressões ou fracasso social passados (YALOM, 2006).
Segundo Yalom (2006 p. 63) “na maior parte, as habilidades interpessoais
perturbadas de nossos pacientes limitam suas oportunidades de compartilhamento
efetivo e aceitação em relacionamentos íntimos”.
“Assim, de diversas maneiras, os membros de um grupo de terapia passam a
significar muito uns para os outros. O grupo de terapia percebido no começo
41
como um grupo artificial que não importa, pode passar a ter grande
importância” (YALOM 2006, p. 64).
Segundo Yalom (2006) a tarefa do terapeuta é funcionar como facilitador e criar
condições favoráveis para a auto-expansão. A primeira tarefa do indivíduo é a autoexploração: a investigação dos sentimentos e das experiências que eram negadas à
consciência.
Homey apud Yalom (2006, p. 68) enfatiza a “necessidade de autoconhecimento
e auto-realização para o indivíduo, afirmando que a tarefa do terapeuta é remover
obstáculo no caminho para esses processos autônomos”.
Segundo Rogers apud Yalom (2006) a experiência humana profunda no grupo
pode ser de mais valor para o indivíduo. Mesmo que ela não cause nenhum efeito
visível, nenhuma mudança externa no comportamento, os membros do grupo ainda
experimentarão uma parte mais humana e mais rica de si mesmo, que será seu ponto
de referência interno.
“A auto-aceitação não apenas depende basicamente da aceitação por outras
pessoas, como somente é possível aceitar os outros após o indivíduo aceitar a
si mesmo. Os membros de um grupo de terapia, podem sentir grande desprezo
por si mesmo e pelos outros” (YALOM 2006, p. 68-69).
Segundo Sullivan apud Yalom (2006) durante o desenvolvimento inicial, as
percepções do indivíduo sobre suas atitudes de outras pessoas para consigo passam a
determinar como ele se enxerga e valoriza. O indivíduo internaliza muito dessas
percepções e, se forem conscientes e congruentes, baseia-se nessas avaliações
internalizadas para ter certa medida de valor pessoal.
“Quanto mais o grupo for significativo para a pessoa, e quanto mais a pessoa
concordar com os valores do grupo, mais ela estará inclinada a valorizar e
concordar com o julgamento do grupo” (YALOM 2006, p. 69).
42
3.2 RESULTADOS E BENEFÍCIOS
De acordo com Yalom (2006) a mudança terapêutica é um processo bastante
complexo que ocorre através de experiências humanas, que ele chama de “fatores
terapêuticos”. O autor divide a experiência terapêutica em 11 fatores primários:
instilação de esperança, universalidade, compartilhamento de informações, altruísmo,
recapitulação corretiva do grupo familiar primário, desenvolvimento de técnicas de
socialização, comportamento imitativo, aprendizagem interpessoal, coesão grupal,
catarse e fatores existenciais. “A compreensão da experiência dos pacientes sobre
fatores terapêuticos pode levar a inovações esclarecidas e produtivas no grupo”
(YALOM 2006, p. 102).
Segundo Yalom (2006) não é possível construir uma hierarquia absoluta de
fatores terapêuticos. Existem muitas forças transformadoras: os fatores terapêuticos
são influenciados pelo tipo de terapia de grupo. Quando os terapeutas formam um novo
grupo de terapia em algum cenário especializado ou para uma população clínica
especializada, o primeiro passo é determinar os objetivos adequados e, depois disso,
os fatores terapêuticos mais prováveis de ser proveitosos para aquele grupo específico.
De acordo com o autor, no começo da terapia, o altruísmo assume a forma de
oferecer sugestões ou ajuda aos outros a falar, fazendo perguntas adequadas e
prestando atenção. Mais adiante, ele pode ter a forma de um carinho e presença mais
profunda (YALOM, 2006).
Segundo Yalom (2006, p. 61) “a coesão é o análogo na terapia de grupo do
relacionamento na terapia individual”. O relacionamento na terapia grupal, segundo o
autor, deve abranger o relacionamento do indivíduo com o terapeuta de grupo, com os
outros membros do grupo e com o grupo como um todo. Todos esses relacionamentos
no grupo ele se refere a uma “coesão grupal”.
43
“O que parece ter importância fundamental é o compartilhamento afetivo do
mundo interior do indivíduo e a aceitação dos outros. O fato de ser aceito pelos
outros desafia a crença do paciente de que ele é basicamente repugnante,
inaceitável e detestável. A necessidade de fazer parte é inata em todos nós”
(YALOM 2006, p. 63).
Yalom (2006) relata que os membros de um grupo coeso sentem afeto, conforto
e um sentido de pertencimento no grupo. Eles valorizam o grupo e sentem que são
valorizados, aceitos e amparados pelos outros membros.
“Somente após o desenvolvimento da coesão grupal é que os membros podem
envolver-se de forma profunda e construtiva na auto revelação, na
confrontação e em conflitos que são essenciais ao processo de aprendizagem
interpessoal. Os terapeutas devem entender essa seqüência evolutiva
necessária para ajudarem a impedir que certos membros deixem o grupo”
(YALOM 2006, p.103).
Ao participar de um grupo os pacientes primeiramente buscam alívio sintomático
e depois, durante os primeiros meses em terapia, formulam novos objetivos, muitas
vezes objetivos interpessoais de se relacionarem com os outros de forma mais
profunda, aprendendo a amar e a ser honesto com os outros (YALOM, 2006).
“Pode-se entender a terapia dinâmica como uma psicoterapia mutável, em
evolução: os pacientes mudam, o grupo passa por uma seqüência evolutiva e
os fatores terapêuticos mudam de prioridade e influência no decorrer da
terapia” (YALOM 2006, p. 104).
A Psicoterapia remove obstruções neuróticas que impediam o desenvolvimento
dos recursos do paciente. A visão da terapia como remoção de obstruções reduz o
fardo que o terapeuta carrega e possibilita que eles mantenham o respeito pelas
capacidades ricas de seus pacientes, que nunca são totalmente conhecidas (YALOM,
2006).
44
“A maioria do sofrimento neurótico resulta de uma perspectiva errada. De uma
forma ou de outra, o neurótico desenvolve um quadro de sua posição na vida
que não é de modo algum verdadeiro. Sentindo-se desamparado em meio a
demandas conflitantes, permite que sua vida seja moldada pelas
circunstâncias até sentir-se pouco mais do que uma vítima do destino. Será
que qualquer terapia cumpre com sua finalidade se as visões irreais da vida
não forem confrontadas?...” (LESLIE, 1965 apud MIRANDA 2005, p. 218).
Segundo Yalom (2006) nem todos necessitam da mesma coisa ou respondem da
mesma maneira à terapia de grupo. Existem muitos caminhos terapêuticos ao longo da
experiência da terapia de grupo. “O trabalho do terapeuta de grupo é criar o
equipamento da terapia, colocá-lo em ação e mantê-lo operando com efetividade
máxima” (YALOM 2006, p. 107).
Segundo Yalom (2006, p. 107) “a postura básica do terapeuta com o paciente
deve ser de interesse, aceitação, genuinidade empatia. Nada, nenhuma consideração
técnica tem precedência sobre essa atitude”.
No início, os pacientes são estranhos uns aos outros e somente conhecem o
terapeuta, que é a principal força que unifica o grupo. Os membros relacionam-se
inicialmente por meio de seu relacionamento comum com o terapeuta e essas alianças
estabelecem o espaço para o desenvolvimento da coesão grupal (YALOM, 2006).
Segundo Yalom (2006) o terapeuta deve reconhecer e deter quaisquer forças
que ameacem a coesão do grupo. Atrasos, ausências, a formação de subgrupos,
socialização diruptiva fora do grupo e o uso de bodes expiatórios, ameaçam a
integridade funcional do grupo e necessitam da intervenção do terapeuta.
Woberg apud Bechelli e Santos (2002, p. 386) salienta ao definir psicoterapia,
que “o processo psicoterapeutico tem por objetivo modificar padrões de comportamento
inapropriados que dificultam o processo de desenvolvimento pessoal”.
45
Segundo Bechelli e Santos (2002) efeitos favoráveis são observados em período
relativamente curtos (nos primeiros seis meses): cerca de 50% dos casos em
acompanhamento apresentam melhora. Estes resultados poderão variar de acordo com
a população estudada.
“A motivação para mudança corresponde ao interesse e desejo do cliente em
participar ativamente no tratamento, pôr à prova, refletir, compreender e
reconhecer
sem
dissimulação
seus
sentimentos,
pensamentos,
comportamentos e aspecto desagradável de sua pessoa” (BECHELLI E
SANTOS 2002, p. 386).
Segundo Bechelli e Santos (2002) a capacidade de se relacionar, habilidade de
se
engajar
e
desenvolver
aliança
terapêutica
e,
consequentemente,
confiar
pensamentos e sentimentos pessoais. Esta condição não implica apenas cordialidade e
sentimentos calorosos, mas, também, a possibilidade de expressar e verbalizar
emoções associadas à indignação, ira e discórdia, e assumir riscos na interação
interpessoal.
De acordo com Bechelli e Santos (2002, p. 386) “o paciente que se coloca numa
interação superficial inevitavelmente não irá obter benefícios, aproveitamento melhor”.
Para Bechelli e Santos (2002) a motivação para mudança é um componente
prognóstico fundamental. Quando o paciente aceita de fato e colabora com o trabalho
de procurar seu próprio bem-estar, conquista grande liberdade interna.
É necessário oferecer ao paciente condições para desenvolver sua própria
mudança. A técnica corresponde a elementos que ativam e mobilizam o potencial e a
propensão natural de recuperação. É o empenho do cliente que faz a psicoterapia
funcionar e atingir o resultado almejado (BECHELLI E SANTOS, 2002).
46
“A psicoterapia de grupo favorece muito o trabalho do paciente como agente de
sua própria mudança. A interação é particularmente realizada entre os participantes”
(BECHELLI E SANTOS 2002, p. 387).
“São os próprios participantes que desenvolvem a terapia e rompem o modelo
médico, no qual o terapeuta é o expert, aquele que está em condições de
definir o correto e o errado, e de estabelecer e aplicar o procedimento ou a
intervenção” (BECHELLI E SANTOS 2002, p. 387).
Segundo Bechelli e Santos (2002) os próprios membros devem encontrar auxílio
entre si, ficando implícito que qualquer um poderá se manifestar, permitindo-se a
espontaneidade dos participantes. Atuam assim, estabelecendo diálogo, escutando de
forma empática, formulando perguntas que estimulam o esclarecimento do assunto e,
reflexão e alívio sob diferentes perspectivas.
“Um paciente altamente motivado fortalece a disposição do outro para engajar-se
de forma mais efetiva na busca de transformações. O apoio mútuo consolida a união do
grupo em torno de um objetivo comum” (BECHELLI E SANTOS 2002, p. 388).
Segundo Bechelli e Santos (2002) a condição fundamental para obtenção da
mudança é a disposição franca para a auto-revelação. Existe um clima que é criado no
grupo que favorece a auto-revelação. E, surpreendentemente, ocorre o que é
conhecido por contágio afetivo. A revelação de um estimula o outro a se expor.
“O tema desenvolvido tem alguma relevância para os participantes, suscitando
pensamentos e sentimento relacionados a experiências do presente ou do
passado. E, dessa forma, o paciente acaba se envolvendo e se tornando
membro ativo da terapia” (BECHELLI E SANTOS 2002, p. 288).
Segundo Bechelli e Santos (2002) alguns pacientes relatam que: participar do
grupo é semelhante ao que ocorre quando se entra na Igreja, inevitavelmente ajoelhase e reza: no grupo, se integra e se revela. O simples ato de expressar suas
47
preocupações favorece uma atitude de reavaliar e recompor o problema e coloca-lo em
nova perspectiva.
Para Bechelli e Santos (2002, p. 388) “é mais fácil ver no outro o que não se
consegue reconhecer em si próprio. E o próprio paciente tira suas conclusões”. Estando
aberto a novas informações, é possível observar como o outro expressa uma idéia e
tenta solucionar um problema que guarda relação com o seu.
No processo psíquico conhecido como identificação, a pessoa assimila um
aspecto ou atributo de outra. No grupo, o participante se depara com uma variedade de
modelos de conduta. Esse processo pode ocorrer conscientemente, por simples
imitação, ou inconscientemente, fora de seu nível de percepção (BECHELLI E SANTOS
2002).
Segundo Bechelli e Santos (2002) ocorre também aprendizado interpessoal que
corresponde ao feedback que o paciente recebe dos seus colegas, informando-lhe
dados ao seu respeito. Desta forma, tem chance e liberdade de fazer as correções
necessárias.
“O paciente pode sentir-se estimulado não somente pelo seu progresso, mas
também, observando a melhora obtida pelos outros participantes e considera:
se os demais conseguem, eu também posso conseguir! É o que se descreve
por instilação de esperança” (BECHELLI E SANTOS 2002, p. 389).
De acordo com Bechelli e Santos (2002, p. 389) “fé e esperança são importantes
para mobilizar a motivação, o esforço, a perseverança, a criatividade e as energias do
paciente na luta e resolução da dificuldade”.
Os integrantes do grupo aprendem a lidar com desafios e confrontos dentro de
um contexto construtivo: avaliam o conteúdo do que foi revelado, o impacto causado
nos demais e a reação que tiveram durante a discussão (BECHELLI E SANTOS, 2002).
48
Segundo Bechelli e Santos (2002) no processo de reflexão, os integrantes do
grupo tem oportunidade de descobrir em si próprio semelhanças de emoções, reações
ou comportamentos que haviam criticado no outro. No final, a habilidade adquirida em
suportar diferenças e sentimentos conflitantes acaba representando o amadurecimento
desenvolvido.
Para o autor, na terapia de grupo o participante, ao dialogar com os colegas, está
simultaneamente pensando no que está dizendo e analisando como os outros estão
respondendo, se aquilo que estão colocando é plausível e se faz sentido, se encaixa ou
não com seus objetivos (BECHELLI E SANTOS, 2002).
“Até mesmo aquele cliente que parece estar passivo e aceitando tudo o que se
passa sem reagir, comparecendo regularmente nas sessões, na verdade pode
estar ativamente engajado com o seu propósito e processando as informações,
considerando o que pode obter do grupo e o que necessita para promover a
mudança que almeja” (BECHELLI E SANTOS 2002, p. 389).
O conjunto de evidências acumuladas na literatura permite concluir que a
psicoterapia de grupo representa mais um recurso que pode ser empregado, associado
ou não à modalidade individual, no decorrer do processo psicoterápico. São duas
condições destintas e que se complementam, principalmente se conduzidas pelo
mesmo terapeuta. Uma não impede a aplicação concomitante da outra. Um bom
relacionamento proporciona ambiente seguro e confiável, envolve, integra e mobiliza o
cliente no processo que se propôs desenvolver: aprender, compreender, controlar e
enfrentar as adversidades da vida.
Portanto, hoje já se encontra bem estabelecido que o fortalecimento da
socialização através da psicoterapia de grupo possa beneficiar todos aqueles que
desejam aprofundar o conhecimento de si mesmo, a partir do contato interpessoal, para
que o indivíduo não desenvolva patologias decorrentes da insegurança social como:
fobia social, agorafobia, fobias específicas, ataques de pânico dentre outras.
49
CONCLUSÃO
Como já vimos na psicoterapia de grupo são utilizadas estratégias e dinâmicas,
com o intuito de promover a troca de experiências e o crescimento de cada participante.
Este tipo de trabalho pode ser utilizado em diversas situações e contextos.
Um dos principais objetivos da terapia em grupo é a melhora do relacionamento
interpessoal, portanto pode ser utilizada em casos de fobia social, timidez, pessoas com
comportamento retraído, melhora na qualidade da comunicação e etc.
Através da leitura dos autores pôde-se constatar o problema inicial: “O fator
socialização desenvolvido na psicoterapia de grupo favorece a superação da
insegurança social?” Nessas circunstâncias é ressaltada a pertinência da
socialização dos grupos de apoio, pois o desenvolvimento de uma rede de suporte de
indivíduos que compartilham as mesmas preocupações ou até mesmo diferentes
preocupações permite uma comunicação aberta; a troca de experiências e o ressurgir
de uma nova energia que facilita a reabilitação do indivíduo e que contribua para uma
melhor qualidade de vida do mesmo.
Assim, sugere-se uma pesquisa de campo, onde será confirmado através de
dados estatísticos que realmente a socialização é um fator terapêutico da psicoterapia
de grupo.
50
REFERÊNCIAS
BECHELLI, L. P. C.; SANTOS, M.A. Psicoterapia de Grupo Considerações sobre o
paciente como agente da própria mudança. Ver Latino-am Enfermagem 2002 maiojunho; 10(3):383-91. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rlae/v10n3/13347.pdf
Acessado em: 19 Julho de 2008.
BECHELLI, L.P.C.; SANTOS, M.A. O terapeuta na psicoterapia de grupo. Ver Latinoam Enfermagem 2005 março-abril; 13(2):249-54. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n2a18.pdf Acessado em: 19 de Julho de 2008.
BERNIK, Márcio A.; LOTUFO-NETO, Francisco: Transtornos fóbico-ansiosos. 1994 alppsicologa.hpg.ig.com.br - Disponível em: http://scholar.google.com.br/scholar?
q=Transtornos+F%C3%B3bico-ansiosos+Marcio+A.+Bernik%3B+Francisco+LotufoNeto+&hl=pt-BR&lr=&btnG=Pesquisar&lr Acessado em: 27 de Junho de 2008.
CASTEL, Robert. A insegurança social: o que é ser protegido? Tradução de Lúcia
M. Endlich Orth – Petrópoles, RJ: Vozes, 2005, 95 p.
Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10: Descrições
Clínicas e Diretrizes Diagnósticas – Coord. Organiz. Mund. da Saúde; trad. Dorgival
Caetano – Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.
COTTA, Francis Albert. A crise da modernidade e a insegurança social. ISSN 15183394 – V.7. n. 14, Fev/Mar. 2005. Disponível em:
http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7461 Acessado em: 03 de Julho de 2008.
FALCON, Eliane. Ansiedade social normal e ansiedade fóbica – limites e
fundamentos etológicos. Revista de Psiquiatria Clínica: São Paulo; 27(6):301-8, Nov/
Dez. 2000. Disponível em: http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/27_6/artigos/art301.htm
Acessado em: 27 de Junho de 2008.
GAMEIRO, Aires. Iniciação à dinâmica das sociedades e dos grupos. Portugal:
Salesianas, 1987. Cap.3. p. 29-79.
ITO, Lígia M.; RAMOS, Renato T. Escalas de avaliação clínica : transtorno de
pânico. Rev. psiquiatr. clin. (Sao Paulo);25(6):294-302, Nov/Dez. 1998. Disponível em:
http://www.hcnet.usp.br/ipq/revista/r256/ansi256c.htm Acessado em: 03 de Julho de
2008.
LEVITAN, Michelle; RANGÉ, Bernard; NARDI, Antonio E. Habilidades sociais na
agorafobia e fobia social. Psi.: Teor. e Pesq. Vol.24 no.1 Brasília Jan/Mar. 2008.
Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?
pid=S010237722008000100011&script=sci_abstract&tlng=pt Acessado em: 27 de
Junho de 2008.
51
MIRANDA, Márcio Lúcio. Relação de Ajuda: guia do treinando. Belo Horizonte:
CEAP, 2005, 296p.
MORENO, J. L. Psicoterapia de grupo e Psicodrama. Tradução José Carlos Vítor
Gomes; Campinas/SP: Editora Livro Pleno, 1999.
MUNARI, Denise Bouttelet et al. Considerações teóricas e técnicas da utilização do
grupo na investigação científica. Revista de Enfermagem, UERJ, Rio de Janeiro,
2008 jan/mar; 16(1):113-8. Disponível em:
http://www.portalbvsenf.eerp.usp.br/pdf/reuerj/v16n1/v16n1a18.pdf. Aprovado em:
15.12.2007; Acessado em: 19 de Julho de 2008.
YALOM, Irvin D. Psicoterapia de Grupo: teoria e prática; tradução Ronaldo Cataldo
Costa. – Porto Alegre: Artmed, 2006, 528 p.
ZIMERMAN, David E. Como trabalhamos com grupo. David E. Zimerman, Luiz Carlos
Ozório... [et. al] – Porto Alegre: Artes Médicas,1997.
Download

a socialização como um fator terapeutico da psicoterapia