PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ESTUDOS FRONTEIRIÇOS MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CAMPUS PANTANAL ANA PAULA DE OLIVEIRA Potencial da conversão termoquímica de resíduos arbóreos na fronteira Brasil (Corumbá)/Bolívia (Puerto Quijarro) CORUMBÁ - MS MARÇO 2013 2 PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ESTUDOS FRONTEIRIÇOS MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL CAMPUS PANTANAL ANA PAULA DE OLIVEIRA Potencial da conversão termoquímica de resíduos arbóreos na fronteira Brasil (Corumbá)/Bolívia (Puerto Quijarro) Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação Mestrado em Estudos Fronteiriços da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, co mo requisito final para obtenção do título de Mestre. Linha de pesquisa: Desenvolvimento, Ordenamento Territorial e Meio Ambiente. Orientador: Dr. Ivan Bergier Tavares de Lima CORUMBÁ (MS) MARÇO, 2013 3 ANA PAULA DE OLIVEIRA Potencial da conversão termoquímica de resíduos arbóreos na fronteira Brasil (Corumbá)/Bolívia (Puerto Quijarro) Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Mestrado em Estudo s Fronteiriços da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal, co mo requisito parcial para a obtenção do título de Mestre. Corumbá ____/___/____, co m conceito ____. Banca Examinadora Dr. Ivan Bergier Tavares de Lima (E mbrapa Pantanal) Dr. Edgar Aparecido da Costa (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) Dr. Gustavo Villela Lima da Costa (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) 4 AGRADECIMENTOS Primeiramente Deus, a quem sempre recorro em todos os momento. Ao meu esposo, Jeovan, que soube compreender minha ausência e apoiar . Aos Meus filhos João Paulo e Jeovana, por tantas vezes não estar presente por conta da realização do trabalho. Aos meus pais Carlos e Hurga por cuidaram dos meus filhos na minha ausência. Aos meus irmãos e amigos pelas orações. Ao Dr.Ivan Bergier, pela orientação, e principalmente pelo apoio. À UNIPAV por ter cedido dados para a realização do trabalho. À UFMS, pelo patrocínio institucional, assim como a todos os professores do curso de Mestrado em Estudos Fronteiriços que contribuíram diretamente para a realização deste trabalho. A Ramona por tantas vezes tirar muitas dúvidas. Enfim, as pessoas que de alguma maneira contribuíram para a realização deste trabalho. 5 OLIVEIRA, Ana Paula de. Potencial da conversão termoquímica de resíduos arbóreos na fronteira Brasil (Corumbá)/Bolívia (Puerto Quijarro) Dissertação de Mestrado do Programa de Pós Graduação strictu senso Estudos Fronteiriços, da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal. Corumbá, MS. 2012. p. 54. RESUMO A principal característica social das últimas três décadas no Brasil foi a troca do modo de vida efetuado pelo homem entre o ambiente rural e as áreas urbanas. A falta de gestão desse processo migratório provocou, entretanto, um crescimento desordenado das cidades. Gerou, ainda, mudanças no ambiente urbano, principalmente nas áreas verdes. Essa transformação na paisagem urbana modifica os elementos naturais responsáveis, no geral, pelas condições de conforto ambiental, como solo, temperatura, umidade, nebulosidade, mecanismos do vento, pluviosidade, flora e fauna. Este estudo teve como objetivo analisar a arborização urbana na região de fronteira entre Brasil/Corumbá e Bolívia/Puerto Quijarro, com o intuito de fornecer subsídios para a indução de corredores de árvores urbanas para mitigação e adaptação à mudança climática, focando no uso dos resíduos arbóreos vegetais como fonte de energia renovável. Para atingir este objetivo maior, analisou-se a fitofisionomia urbana na região da pesquisa, avaliando-se os dados fornecidos pela empresa privada responsável pela coleta da biomassa da cidade de Corumbá. Após esta etapa, concluiu-se que as podas devem ser evitadas, mas as que são necessárias precisam ser controladas, pois as árvores, com todos os benefícios demonstrados, também causam conforto térmico à população das regiões estudadas. Palavras-chave: Arborização urbana, Mudança Climática, Biomassa, Resíduos. 6 Oliveira, Ana Paula. Potential of thermochemical conversion of waste trees bordering Brazil (Corumbá) / Bolivia (Puerto Quijarro). Dissertation of the Graduate Program in the strict sense Border Studies, the Federal University of Mato Grosso do Sul, the Pantanal Campus. Corumbá, MS. 2012. p. 54. ABSTRACT The main social feature of the past decades has been the live mode exchange made by man between the rural environment and urban areas. The lack of planning in this migratory process has caused overcrowded cities and led to changes in the urban environment, particularly in the green areas. This transformation in the urban landscape modifies the natural elements responsible in general for environmental comfort conditions, such as soil, temperature, humidity, cloudiness, mechanisms of wind, rainfall, flora and fauna. This study aimed to analyze the urban forestry in the boundary between Brazil/Bolivia, especifically Corumbá and Puerto Quijarro municipalities, with the purpose of providing subsidies to induce corridors of urban trees to mitigate and adapt to climate change, focusing on the use of waste arboreal vegetables as a source of renewable energy. To achieve this goal, we analyzed the urban vegetation type in the area of research, evaluating the data provided by the private company responsible for collecting biomass in the Corumbá city. After this step, it was concluded that the pruning should be avoided, but they are required need to be controlled because the trees, with all the benefits demonstrated, also cause thermal comfort to the population of the regions studied. Keywords: Urban Forestry, Climate change, Biomass, Wastes. 7 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS PNMC - Política nacional de mudanças climáticas PNRS – Política nacional de resíduos sólidos CO2 - Dióxido de carbono GEE - Gases de Efeito Estufa O2- Gás oxigênio CAOPMA – Centro de apoio operacional ás promotorias de proteção ao meio ambiente RSU – Resíduos sólidos urbanos UTC – Unidade de triagem e compostagem. CTCT – Centro de triagem e compostagem de Tibagi. PNSB – Política nacional de saneamento básico. PIB – Produto interno bruto. ONGS – Organizações não governamentais 8 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 2. OBJETIVO GERAL 2.1. Objetivos Específicos 3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Relação arborização e crescimento urbano 3.2 As podas arbóreas urbanas 3.3 Arborização urbana no contexto das leis e das políticas públicas 3.4 Resíduos sólidos urbanos como fonte de energia renovável 4. MATERIAL E MÉTODO 4.1 Caracterização da Área 4.2 Levantamentos bibliográficos relacionados ao tema 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1 Análise subjetiva e qualitativa 5.2 Análise quantitativa 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 09 13 13 14 14 17 18 26 31 31 33 34 34 45 49 50 9 1. INTRODUÇÃO A questão da conservação ambiental remete à necessidade de maiores cuidados diante da situação pela qual passam as áreas urbanas. A arborização urbana caracteriza um padrão de distribuição de árvores no território urbano. As árvores em vias públicas e demais áreas livres de edificação são constituintes da floresta urbana, atuando sobre o conforto humano no ambiente (ROSSETTI et al., 2010). O planejamento e desenvolvimento das cidades devem ser norteados pelo desenvolvimento sustentável, que pode ser entendido, segundo Rudek e Muzzillo (2007) “como a harmonização entre desenvolvimento socioeconômico e conservação do meio ambiente com inclusão social”. De acordo com os autores, existem três princípios fundamentais em que se baseia este desenvolvimento: a) a conservação dos sistemas ecológicos mantenedores da vida e da biodiversidade, b) a garantia da sustentabilidade dos processos que utilizam recursos renováveis e c) o de manter as ações humanas dentro da capacidade de suporte dos ecossistemas sustentadores (entorno, periferia e área rural de onde vem produtos, especialmente na forma de alimento e água). No Brasil, com a crescente urbanização, algumas visões sobre o meio ambiente e a sociedade se transformaram, acompanhando as modificações ocorridas no mundo todo a respeito de exploração e sobrevivência, isto porque os estudos ambientais no Brasil têm por característica ser um espelho do que se passa no exterior (RUDEK e MUZZILLO, 2007). O planejamento territorial buscado pelas novas políticas de planejamento ambiental e de desenvolvimento sustentável das cidades visa uma ordenação do espaço, ou seja, é uma visão mais ampla de planejamento. Hoje se percebe a necessidade de que o planejamento complete “as questões ecológicas, físicas, sociais e administrativas, abrangendo o sistema como um todo, cujo objetivo é o desenvolvimento sustentável do sistema urbano”, ocorrendo de forma racional e eficiente (RUDEK e MUZZILLO, 2007). 10 Para Peixoto (1995), Castro (1999) e Bueno (2003) as ilhas urbanas de calor são resultantes das alterações climáticas decorrentes “das mudanças das características térmicas das superfícies, das taxas de evaporação, da grande impermeabilização do solo decorrentes de construções e pavimentações”. Com isso, devido às ocupações inadequadas do espaço, há um aumento da concentração de poluentes, em padrões inadequados de circulação do ar, principalmente devido à ausência de vegetação, o que causa uma incidência direta da radiação solar nas construções, que retorna energia ao meio externo sob a forma de calor. E este, por sua vez, “tem sua dissipação reduzida devido às condições do ambiente, transformando as cidades em verdadeiras estufas, tendo como efeito o surgimento das chamadas ilhas de calor” (PEIXOTO, 1995, CASTRO, 1999, BUENO, 2003). Dentro deste contexto, o plantio e a poda de árvores no perímetro urbano merecem atenção especial. As árvores são organismos biológicos interessantes para a mitigação (absorção de dióxido de carbono da atmosfera) e a adaptação (ao aumento de temperatura e ocorrência de eventos climáticos extremos) à mudança do clima em áreas urbanas, pois reduzem o calor e fixam dióxido de Carbono ou CO 2 da atmosfera. Isso faz delas, as árvores, instrumentos da Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC, Lei 12.187/2009) e também da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS, Lei 12.305/2010), haja vista que os resíduos de biomassa provenientes dessas árvores devem ter uma destinação e gestão adequadas. Este estudo aborda duas cidades fronteiriças, Corumbá, no Brasil, e Puerto Quirraro, na Bolívia. O objetivo maior foi o de expor o potencial destas duas cidades quanto às principais variáveis que envolvem as funções no plantio e conservação das árvores: estética, sombreamento e geração de resíduos de biomassa, que podem ser utilizados de forma inteligente na geração de energia (carvão, briquetes 1, etc.) a partir, por exemplo, do processo de pirólise. 1 É uma fonte concentrada e comprimida de material energético. É uma lenha ecológica (bioenergética) que substitui com eficácia o gás, a energia elétrica, o carvão vegetal e mineral e a lenha, bem como outros combustíveis utilizados nos diversos processos industriais (disponível em www.projetocaatingaviva.com.br). 11 Há pouco conhecimento sobre as espécies e quantidades de árvores urbanas na fronteira, bem como da relação dessas com a população. Seu aumento em número e sua gestão (planejamento de plantio para estacionamentos, ciclovias, calçadas, parques e reciclagem dos resíduos) são ferramentas importantes no âmbito da PNMC e PNRS. Quanto à história da presença boliviana na fronteira, Silva et al (2012) explicam que esta se iniciou com a fundação de Puerto Suarez, em 1875, por Miguel Suarez Arana. Mas, lembram os autores, só após a construção da ferrovia, que impulsionou um novo ciclo histórico, é que este município adquiriu importância no contexto fronteiriço, apesar de sua proximidade com Corumbá. Enquanto outros municípios fronteiriços surgiram por demandas agrárias ou para servirem de fortes para a segurança nacional, “em sua porção boliviana” o município surgiu para absorver a mão-de-obra necessária à construção da ferrovia, e, consequentemente, abrigar o comércio (SILVA et al, 2012). Oliveira (apud SILVA et al., 2012) observa que Puerto Quijarro, a partir dos anos 1970, “foi inserida na rede internacional do comércio, passando a vender os mesmos produtos encontrados, por exemplo, em Cidade de Leste e Pedro Juan Caballero, no Paraguai: bebidas, eletrônicos, roupas, calçados, etc.”. A soma da população urbana fronteiriça de Corumbá, Ladário, Puerto Quijarro e Puerto Suarez perfaz, aproximadamente 160.000 habitantes, distribuídas em 45.000 do lado boliviano, que “nessas localidades, vivem, trabalham e casam, construindo historicamente complexos níveis de envolvimento entre as sociedades locais”. Percebe-se este fato entre os migrantes mais antigos e nos mais recentes (SILVA et al., 2012). Silva (2009) explica que outras atividades também fizeram parte dos trabalhos dos migrantes que vieram da Bolívia para trabalhar nas obras da ferrovia, como o comércio, serviços e construção civil. E alerta que outros elementos estão envolvidos quando se estuda os movimentos migratórios na Bolívia, citando, como um dos principais, o fator étnico. Entende Souchaud 12 (2008) que existem rachas intransponíveis na Bolívia quando o tema são as lutas entre etnias, gerando “contornos políticos de expansões incalculáveis”. E estas etnias vão sendo redefinidas em suas funções nas relações econômicas devido às sucessivas taxas de crescimento demográfico nos últimos anos. Tal fenômeno implica em novas ordens na organização do território fronteiriço em tela. De acordo com Souchaud (2008), “esses migrantes chegando às cidades de fronteira criam novos parâmetros de convivência e de sociabilidades”. Silva et al. (2012) concluem seu trabalho, apresentado ao 4º Simpósio de Geotecnologias no Pantanal, Bonito, MS, 20-24 de outubro 2012, comentando que após as diversas análises sobre a fronteira envolvendo as cidades de Corumbá e Ladário, no Brasil, e Puerto Quijarro e Puerto Suarez, na Bolívia, perceberam que, embora sem “dados estatísticos recentes pormenorizados (da porção boliviana), grande parte da população nas cidades bolivianas é constituída de migrantes de origens das mais variadas”. Segundo os autores, “possivelmente o fluxo migratório ganhou em intensidade nas últimas três décadas e, em especial nos anos mais recentes”. No entanto, ocorrem semelhanças e diferenças “na construção do ambiente fronteiriço em ambos os lados da fronteira, sendo marcante sua constituição a partir da chegada de migrantes nacionais e estrangeiros” (SILVIA et al., 2012). 13 2 OBJETIVO GERAL Fornecer subsídios para a indução da gestão e planejamento da arborização urbana na região da fronteira Brasil-Bolívia para a mitigação e a adaptação à mudança climática, focando no incremento do conforto térmico humano, na remoção de CO 2 da atmosfera e no uso dos resíduos arbóreos vegetais como fonte de energia renovável. 2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Analisar a fitofisionomia urbana na região da pesquisa (espécies, distribuição, quantidade); Avaliar os dados fornecidos pela UNIPAV (empresa privada responsável pela coleta da biomassa da cidade de Corumbá); Expor o potencial das duas cidades estudadas, quanto às principais variáveis que envolvem as funções no plantio e conservação das árvores: estética, sombreamento e geração de resíduos de biomassa . 14 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 3.1 Relação: Arborização e crescimento urbano Desde a pré-história o homem vive em sociedade. E, no decorrer do tempo, a vegetação assume importâncias diversas, se modificando conforme os diversos povos e suas gerações, sendo que para alguns destes, era essencial a presença das plantas para a sobrevivência da comunidade. Para outros, já possuíam um caráter puramente estético. Atualmente, a presença da vegetação nos núcleos urbanos adquire cada vez mais importância. Além de melhorar a qualidade de vida das pessoas, retira o aspecto artificial do meio. A arborização é importante no processo de planejamento urbano no que se refere à qualidade de vida e à estética da cidade (BONAMETTI, 2000) A arborização assume relevância como parte de um todo, se constituindo, no tocante à área construída, num espaço onde o homem abranda os impactos sobre a natureza. Como a cidade é um modo de ocupação organizado do meio ambiente, o que se busca hoje “é a cidade ambiental e paisagisticamente correta, com arborização adequada em cada espaço aberto de suas vias” (BONAMETTI, 2000). Lois e Labaki (2001) relatam que, com relação ao conforto humano em espaços abertos, “as atividades, tanto ativas quanto passivas dos habitantes urbanos, necessitam de ambientes que sejam confortáveis termicamente”. A arborização nesses espaços assume, assim, papéis essenciais, apresentando como principais funções: Função física, no sentido de que as copas das árvores oferecem sombra, proteção térmica e absorvem ruídos; Função química, na absorção do CO 2 e liberação do oxigênio O 2 , melhorando a qualidade do ar urbano; Função paisagística, onde a monotonia da paisagem é alterada pelos diferentes aspectos e texturas decorrentes de suas mudanças estacionais; Função ecológica ou de serviços ambientais, pois as árvores oferecem abrigo e alimento 15 a diferentes espécies da flora e fauna, “protegem e melhoram os recursos naturais (solo, água, flora e fauna) e, especificamente para árvores dispostas nos sistemas viários, tem a função de atuarem como corredores que interligam as demais modalidades de áreas verdes” (MILANO, 1987). Shams et al. (2009, p. 04) comenta ser no controle da temperatura do ambiente, “atenuando grande parte da radiação incidente”, é que, tanto em grupos como isoladas, as árvores cumprem sua mais relevante função. Furtado (1994) afirma que de duas formas a vegetação fornece resfriamento passivo: com o sombreamento lançado pela vegetação, o que “diminui a conversão de energia radiante sensível (radiação incidente de ondas curtas)”, resultando na redução das temperaturas de superfície dos objetos sombreados; e também consumindo energia para a evapotranspiração, processo pelo qual a vegetação extrai calor do meio, transformando-o e ”expulsando-o”, diminuindo o aquecimento dos matérias e estruturas da construção urbana. Nucci (2001) diz que, no que se refere à vegetação urbana, existem alguns indicadores que demonstram a existência de qualidade no ambiente de uma cidade e destaca dentre eles: o índice de áreas verdes, que expressa a relação entre a quantidade de árvores por metro quadrado de área verde e a população que vive em determinada cidade. Importante ressaltar que não há distinção entre as tipologias de vegetação (OLIVEIRA, 1996), sendo consideradas “somente as áreas verdes públicas localizadas na zona urbana e ligadas ao uso direto da população residente na área urbana” (NUCCI, 2001). Nesta seara, surge a concepção da cidade saudável. Werneck et al (2000) relatam que a construção das cidades saudáveis surgiu como proposta em Toronto, no Canadá, em 1978, quando foi publicado um informe sobre a saúde pública, por um comitê de planejamento. Neste documento se estabeleceram as linhas de ação política, social e de desenvolvimento comunitário no nível local, intencionando responder aos problemas que mais predominavam a saúde pública naquele momento. 16 A partir de então, promover a saúde passou a ser considerado um objetivo relevante nas políticas de saúde dos países, inclusive da América Latina (WERNECK et al., 2000). De acordo com a Organização Mundial de Saúde e a Organização Pan Americana de Saúde, um município saudável: É aquele em que as autoridades políticas e civis, as in stituições e organizações públicas e privadas, os proprietários, empresários, trabalhadores e a sociedade dedica m constantes esforços para melhorar as condições de vida, trabalho e cultura da população; estabelece m u ma rela ção harmoniosa com o meio ambiente físico e natural e expandem os recursos comunitários para me lhorar a convivência, desenvolver a solidariedade, a cogestão e a democracia (WERNECK et al., 2000). Um conceito abrangente sobre cidade saudável é “aquela que articula um grande conjunto de seus atores sociais, ou seja, governo, partidos políticos, instituições públicas e privadas, sindicatos, associações, ONGs, famílias e indivíduos”. O objetivo desta união é orientar as suas ações com direção “à produção coletiva da saúde, que visa à construção de uma rede de solidariedade com o objetivo comum de melhorar a qualidade de vida da população da cidade” (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1986). Sem o compromisso das autoridades locais e das políticas nacionais voltadas ao meio ambiente e à qualidade de vida, não há como se implantar e implementar uma proposta de cidade saudável. Resta provado que a implementação das políticas públicas consideradas saudáveis é responsável pela melhoria na qualidade de vida das pessoas, que dependem da sustentação destas políticas, que devem ser planejadas com uma estrutura integral e participativa, para gerarem condições capazes de alcançar os recursos necessários para sua efetivação. 17 3.2 As podas arbóreas urbanas De acordo com Martins et al (2010, p. 01) sendo a árvore saudável, a arborização urbana “proporciona benefícios de ordem física, social e ecológica”. Como não é propício ao cultivo de árvores, no ambiente urbano torna-se necessário que sejam adotadas “práticas de manejo adequadas para assegurar a saúde da planta”. Os autores realizaram um estudo para analisar a possível relação entre a adequada forma das podas das árvores com os aspectos fitossanitários destas. Hoje se sabe da total falta de indicação de critérios técnicos para que a poda seja realizada, sendo esta deficiência causadora de problemas visíveis nas árvores urbanas. As podas severas devem ser evitadas, pois causam apodrecimento da madeira, secamento da casca e do câmbio, prejuízos à estética da árvore, sendo ainda caras e ineficientes. Isto não significa que as podas devem ser totalmente suprimidas. Nas áreas urbanas é uma prática permanente, que visa garantir um conjunto de árvores vitais, seguras e de aspecto visual agradável. Para a correta utilização da poda, e necessário reconhecer os três tipos básicos de podas de árvores urbanas que são a poda de manutenção ou limpeza, a poda de formação ou educação e a poda de segurança, sendo importante utilizar o que for recomendado para cada caso (SEITZ, 1996). Locais urbanos públicos arborizados, proporcionam um ambiente físico saudável. Atua sobre o conforto humano no ambiente por meio das características naturais das espécies, sendo, desta maneira, um tema que vem se destacando nas discussões sobre os problemas das cidades, na busca de maior qualidade de vida para a população (WESTPHAL, 2000). Martins et al (2010, p. 03) relembram que quando a poda é conduzida de forma inadvertida, a planta é prejudicada. É necessário o uso de técnicas específicas para que a planta não fique exposta à ação dos agentes externos e desconfigure sua arquitetura. Quando o lenho fica exposto permite o acesso de microrganismos e cupins que degradam a madeira, também afetando de forma 18 negativa sua fitossanidade. Informam, ainda, que “os aspectos fitossanitários negativos mais notados em árvores urbanas são os ataques por pragas e doenças, responsáveis pela deterioração do vegetal”. No Brasil, segundo Brazolin (2010) os responsáveis pelos extensos danos à arborização urbana são os cupins, que comumente são encontrados em ninhos nas árvores. 3.3 Arborização urbana no contexto das leis e das políticas públicas A classificação dos resíduos é uma relevante questão, baseada na periculosidade que estes podem apresentar. No Brasil, os testes auxiliares da classificação são estabelecidos pelo conjunto de normas técnicas, representado pelas NBR 10.004/04, 10.005/05 e 10.006/04 além de estabelecerem os procedimentos de amostragem para a classificação dos resíduos sólidos (ABNT, 2004). São considerados, nesta classificação, os riscos que os resíduos sólidos apresentam ao ambiente e à saúde pública, enquadrando-os em resíduos perigosos (classe I) e resíduos não perigosos (classe II), sendo que estes últimos são subdivididos em não perigosos e não inertes (classe II a) e não perigosos e inertes (classe II b). Importante ressaltar que a classificação de periculosidade não é determinada, necessariamente, pela origem dos resíduos. Segundo Gunther (2008) “em termos de poluição ambiental, os resíduos sólidos contribuem para a degradação dos diversos compartilhamentos ambientais: ar, solo, águas, fauna e flora”. Entende o autor que o ambiente e os seres vivos que nele habitam correm risco com a presença de agentes químicos ou biológicos, que por suas características ou elevada concentração são consideradas perigosos. Gunther (2008) afirma que: 19 Tais agentes são fatores determinantes do surgimen to das áreas conta minadas que, em última an alise, é o resultado de processos socioeconômicos não sustentáveis do ponto de vista ambienta l e do decorrente uso e ocupação do solo sem observância aos parâmetros de proteção ambiental. Os efeitos no ambiente têm sido sentidos pelas elevadas concentrações de bioacumulação, como também da presença de algumas substâncias nocivas. E, mesmo que este descarte de resíduos tenha como resultado “a presença cada vez maior de catadores autônomos de materiais recicláveis” geram um novo modo de se reutilizar que traz grandes benefícios à região (GUNTHER, 2008). Luiz et al (2010) comentam que, necessitando de ter um marco regulatório na área de resíduos sólidos, o Brasil passou por ampla discussão entre os órgãos do governo, instituições privadas, organizações não governamentais e sociedade civil, gerando a lei que fez “a distinção entre resíduos (lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado) e rejeito (o que não é passível de reaproveitamento)”. A lei se refere a todo tipo de resíduos. O projeto da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) tem por objetivo a redução do volume disposto de resíduos sólidos, bem como à sua nocividade, eliminando os prejuízos à saúde pública e à qualidade do meio ambiente. Também faz parte destas metas a formação de uma consciência comunitária acerca da importância da opção pelo consumo de produtos e serviços que não afrontem o meio ambiente; gerar benefícios sociais e econômicos aos municípios que se dispuserem a licenciar em seus territórios instalações que atendam aos programas de tratamento e disposição final de resíduos industriais, minerais, radioativos, de serviço e tecnológico (KAPAZ, 2001). A PNRS impõe novas regras para gerir e gerenciar os resíduos, estimulando as empresas a adotarem práticas que reduzam os custos totais de um produto “ou que agreguem valor ao mesmo, tornando o processo produtivo mais rentável e competitivo” (APOSTILA MP/PR, 2012). 20 A PNRS conceitua os resíduos sólidos como “materiais, substâncias, objetos ou bens descartados resultantes de atividades humanas em sociedade, aos quais a destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder” (BRASIL, 2010). Os resíduos devem se inserir no gerenciamento de resíduos sólidos que é: Um conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, tra nsporte, transbordo, tratamento e destinação final a mb ientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final amb ientalmente adequ ada dos rejeitos, de acordo com Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos ou co m P lano de Gerencia mento de Resíduos Sólidos (PNRS, BRASIL, 2010). O Ministério Público do Estado do Paraná, almejando incentivar uma nova proposta de gestão de resíduos sólidos urbanos, realizou uma parceria com as Promotorias de Justiça por Bacias Hidrográficas e com o Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Proteção ao Meio Ambiente - CAOPMA onde, conjuntamente, priorizam a resolução de problemas associados aos Resíduos Sólidos Urbanos - RSU incentivando, por exemplo, a implantação e o acompanhamento de Unidades de Triagem e Compostagem - UTC nos municípios do Estado do Paraná. A viabilidade de se implementar projetos de reciclagem e compostagem foi demonstrada nos resultados alcançados no município de Tibagi, localizado a 200 km de Curitiba. Aquele município apresenta “um histórico de gestão de resíduos sólidos” que comprova a possibilidade de ser aplicado nas demais cidades do Estado do Paraná (ALBUQUERQUE, 2011). O município conta com aproximadamente 20 mil habitantes, e trata todo o resíduo sólido gerado através da implantação do Centro de Triagem e Compostagem de Tibagi – CTCT. O projeto se embasou nas determinações da Lei n. 12.305/2010, que instituiu a PNRS, que, na co mpetência municipal discorre: 21 Art.8º São instru mentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre outros: I – os planos de resíduos sólidos; (...) Art.18. A elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, nos termos previstos por esta Lei, é condição para o Distrito Federal e os Municípios terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade (PNRS, BRASIL, 2010). Alcançando reconhecimento nacional o programa Recicla Tibagi hoje é realizado em 100% do município, recebendo três mil visitantes por ano, que conhecem as boas práticas desenvolvidas no município. A população também foi beneficiada com esta iniciativa, com as mudanças pertinentes, tendo conquistado o selo “Ehco Cidade Limpa”, além de cumprir com cinco dos oito Objetivos do Milênio desenvolvidos pela Organização das Nações Unidas – ONU (ALBUQUERQUE, 2011). Demonstrada a importância das árvores para uma série de fatores, figurando como elemento essencial à cidade saudável, também pode-se verificar que o número de estudos que relacionam a qualidade de vida e conforto da população urbana com condições climáticas é extenso. Um destes estudos foi desenvolvido por Katzschner (2003) que, através de um projeto de pesquisa de avaliação de diferentes regiões climáticas na Europa, “analisou o comportamento das pessoas nos espaços livres públicos em função das condições microclimáticas urbanas”. Combinando as variáveis climáticas com as entrevistas realizadas em diferentes estações do ano concluiu-se que o efeito da radiação solar e a velocidade do vento é negativo ou deletério sobre o comportamento dos indivíduos nos espaços abertos. O vento só foi indicado como fator positivo para se refrescarem em situações muito quentes, sendo as áreas sombreadas sempre as preferidas para a realização de suas atividades. 22 Em outro estudo, realizado por Santana e Lombardo (1997), na verificação da relação de uso do solo, forma urbana e diferenças de temperatura do ar na cidade de Fortaleza/CE, “mediu-se a temperatura do ar, umidade relativa do ar, temperatura radiante do meio e a velocidade e a direção dos ventos”. Os resultados mostraram temperaturas do ar mais elevadas durante o dia na zona com maior densidade de ocupação por veículos. Já nas zonas com “presença de vegetação e corpos d’água significativos, e à beira mar, apresentaram as temperaturas do ar mais amenas”. A importância das árvores é explicada por Milano e Dalcin (2000): “as árvores representam um elemento chave para um desenho adequado às exigências de conforto”. Segundo os autores, possuindo uma importante função na melhoria e estabilidade microclimática, a vegetação reduz “as amplitudes térmicas, a insolação direta, amplia as taxas de evapotranspiração e reduz a velocidade dos ventos” (MILANO e DALCIN, 2000). Além da importância para o controle climático, dentre os benefícios da vegetação urbana, destaca-se ainda, de acordo com Oliveira: O controle da poluição do ar e acústica, me lhoria da qualidade estética, efeitos sobre a saúde mental e física da população, au mento do conforto a mbiental, valorização de áreas para convívio social, valorização econômica das propriedades e formação de uma memória e do patrimônio cultural. Todas estas colocações visam demonstrar a preocupação com a formulação de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável. Duas são as principais legislações pertinentes que se inserem no presente tema estudado. A primeira delas é a PNRS, definida na Lei 12.305/2010, que determinou para todos os níveis de governo e para os particulares, os princípios, objetivos, instrumentos, diretrizes, metas e ações a serem adotadas objetivando a gestão integrada e o gerenciamento ambientalmente adequado dos resíduos sólidos. Disciplinou a coleta, o destino final e o tratamento de resíduos urbanos, 23 perigosos e industriais, também estabelecendo diretrizes com vistas à redução da geração de lixo e de combater a poluição e o desperdício de materiais descartados pelo comércio, pelas residências, pelas indústrias, por empresas e hospitais. Os resíduos de biomassa derivados da poda urbana de árvores se inserem também nessa perspectiva. E a segunda é a Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC) que estipula uma meta nacional de redução de emissões dos Gases de Efeito Estufa GEE entre 36,1 % e 38,9% até o ano de 2020, no território nacional. No ano de 2010 ocorreram reuniões com os governos estaduais e municipais, instituições acadêmicas e empresariais, além de todos os setores produtivos da economia para determinar as metas de cada setor. Discutindo acerca das políticas nacionais que envolvem o tema deste estudo, Cavalcanti (2006, p. 02) afirma que, “na verdade, a questão ambiental que deve ser examinada em relação a iniciativas de desenvolvimento não se reduz simplesmente a explorar recursos não renováveis de maneira parcimoniosa”. A visão que se requer é uma “visão distinta do processo econômico, levando em conta a dimensão biofísica, as leis e princípios da natureza”. Discorre ainda o autor afirmando que ao se elaborar as regras para um desenvolvimento sustentável é necessário o reconhecimento do fato de que quando se relaciona base ecológica e sistema econômico, aquela não o considera “dentro de seu arcabouço analítico”, pois a crença da economia é no crescimento ilimitado. Assim, o primeiro princípio a ser eliminado do contexto das políticas que persigam o desenvolvimento sustentável é o de que “crescimento significa sempre, irrefutavelmente, alguma forma de degradação do meio ambiente, de perda física” (CAVALCANTI, 2006). É necessário que o processo econômico se sirva da natureza de uma forma mais sóbria e saudável do que a que tem sido usualmente praticada. 24 A política de governo para o desenvolvimento sustentável não pode desconhecer que os termos limites e sustentabilidade se referem a categorias ecológicas com enorme significado no tocante às relações entre o processo econômico e o ecossistema. Deve ser exatamente o contrário, a política pública tem que associar suas iniciativas “com as coordenadas estabelecidas pelas funções e processos naturais que indicam os limites do possível” (CAVALCANTI, 2006). O autor se aprofunda no caráter ético desta situação, no sentido de que a preocupação deve ser em não se comprometer a capacidade das futuras gerações na satisfação de suas próprias necessidades. A decisão de se seguir o caminho da sustentabilidade recai sobre melhorar a eficiência dos processos urbanos; não se pode “insistir em um modelo que gere a insustentabilidade pelo desperdício, a medida da perda de ativos da natureza” (CAVALCANTI, 2006). É a qualidade de vida da população, medida pela saúde, longevidade, educação, estética, meio ambiente, lazer usufruído de modo inteligente, que deve ser embasado o progresso numa sociedade sustentável, e não “pelo puro consumo material” (VIOLA, 2006). A renda nacional e o PIB por pessoa referem-se a progresso material, mas “é à base de seus valores (obtidos por meio do sistema de contas nacionais que vigora há cinquenta anos) que políticas de desenvolvimento são geralmente concebidas e avaliadas”, afirma o autor (VIOLA, 2006). Esta postura gera como resultado políticas e instituições com foco no crescimento econômico em detrimento tanto do progresso social quanto da manutenção ou melhoria das condições ambientais. Viola (2006) diz que: Política de governo para a sustentabilidade significa u ma orientação das ações políticas motivada pelo reconhecimento d a limitação ecológica fundamental dos recursos (ma téria e energia, em última análise), sem os quais nenhu ma atividade hu mana pode se realiza r. Isto implica a necessidade quer de utilização cuidadosa da base biofísica, ambiental da economia, quer uma 25 reorientação da maneira co mo os recursos da natureza são empregados e os correspondentes benefícios, compartilhado s (VIOLA, 2006, p. 06). Branco (2009, p. 90) diz que nisso implica o investimento no aumento da produtividade do capital natural, evitando uma exploração danosa de recursos naturais e conservando suas capacidades de regeneração e absorção. Também sugere que o ecossistema deva ter uma biomassa estável. Então, para que seja sustentável, o processo de desenvolvimento, na medida do possível, tem que imitar os processos da natureza, incorporando as “coordenadas da homeostase, da sobriedade e de máximos rendimentos com eficiência ecológica no interior de seu arcabouço – adotando, numa palavra, os princípios de uma economia conservativa” (BRANCO, 2009, p. 90). Toda esta realidade sobre cidade sustentável e desenvolvimento sustentável se reflete, por exemplo, no resultado de uma reportagem editada no jornal O Estadão, de 13 de novembro de 2012, constando dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística informando que, na pesquisa realizada em 2011 para traçar o Perfil dos Municípios Brasileiros, revelou-se que apenas um terço (32,3%) das cidades do país tinha programa, projeto ou ação de coleta seletiva de lixo em atividade. Segundo os jornalistas Werneck e Pita (2012) esta foi a primeira vez que o tema saneamento foi abordado nesta pesquisa, que levanta informações junto às prefeituras. Estes dados, ao serem comparados com a última Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), de 2008, indicam não ter havido avanço significativo no período em relação à coleta seletiva. A região Sul apresentou o maior número de municípios com programas ativos (55,8%), seguida pelo Sudeste, com 41,5%. Já as regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores proporções de municípios sem programas: 62,8% e 62,3%. Em Roraima, nenhum município tinha coleta seletiva em 2011. 26 Analisar as políticas públicas tem por finalidade “intervir nas mesmas, guiada pelo fim de formulá-las ou propor outras diferentes, sendo esta análise realizada durante ou após a implementação” (ARAÚJO Jr., 2000, p. 31). Sanchez e Behaine (2008, p. 02) informam que a importância da biomassa como fonte energética começou com a crise do petróleo em 1973, sendo que por todo o mundo foram desenvolvidos vários programas, com o objetivo de incrementar a eficiência de sistemas para a combustão, gaseificação 2 e pirólise 3 da biomassa. 3.4 Resíduos sólidos urbanos como fonte de energia renovável Segundo a ANEEL (2005) biomassa é todo recurso renovável, oriundo de matéria orgânica, que pode ser utilizado na produção de energia, sendo uma fonte na qual o Brasil possui vantagens competitivas. Uma das principais vantagens da biomassa é que, embora de eficiência reduzida, seu aproveitamento pode ser feito diretamente, por intermédio da combustão em fornos, caldeiras e outros. Para aumentar a eficiência do processo e reduzir impactos socioambientais, tem-se desenvolvido e aperfeiçoado tecnologias de conversão mais eficientes, como a gaseificação e a pirólise, também sendo comum a cogeração em sistemas que utilizam a biomassa como fonte energética. A biomassa se classifica como qualquer matéria orgânica que possa ser transformada em energia mecânica, térmica ou elétrica. Conforme sua origem pode ser: florestal (madeira, principalmente), agrícola (soja, arroz e cana-deaçúcar, entre outras) e rejeitos urbanos e industriais (sólidos ou líquidos, como o 2 Conversão da biomassa, ou de qualquer combustível sólido, em um gás energético, através da oxidação parcial, a temperaturas elevadas (SANCHES, Caio Gláucio. Pirólise de Biomassa. Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP. 2010). 3 Processo que consiste na degradação térmica de materiais orgânicos em ausência total ou quase total de um agente de oxidação como o oxigênio do ar (SANCHES, Caio Gláucio. Pirólise de Biomassa. Faculdade de Engenharia Mecânica da UNICAMP. 2010) . 27 lixo). “Os derivados obtidos dependem tanto da matéria-prima utilizada (cujo potencial energético é variável) quanto da tecnologia de processamento para obtenção dos energéticos” (ANEEL, 2010). Apesar da importância do uso da biomassa, esta ainda tem baixo significado no consumo mundial, de acordo com dados estatísticos apresentados pelo estudo desenvolvido pela Survey of Energy Resources, do World Energy Council (WEC), em 2007 (ANEEL, 2010). Os motivos para esta pequena utilização são decorrentes de vários fatores, como a “dispersão da matéria-prima”. Outro motivo é que, por ser utilizada em unidades de pequeno porte, isoladas e distantes dos grandes centros, provoca a pulverização do consumo e ineficiência energética. E o terceiro é oriundo do fato que pouco acontece atualmente, a associação deste energético ao desflorestamento e à desertificação. Antes do advento do carvão mineral e do petróleo, as florestas nativas eram a principal fonte energética de comunidades humanas (RUDIMANN, 2010). Alguns autores afirmam que as políticas públicas para o meio ambiente se atêm ao discurso internacional acerca do mesmo, simplesmente assimilando documentos acordados internacionalmente, muitas vezes em detrimento dos compromissos em formular políticas urbanas para o país. Ultramati (2001) relata que, ausentes os instrumentos de referência nacional, estes acordos ou a sua “internacionalização adaptada são valorizados e suas implementações buscadas, substituindo mesmo aquilo que antes era prática a ser formulada por governos nacionais”. Discorre ainda o autor que as agências de financiamento, não só assimilam as políticas internacionais, como contam com a persuasão do poder dos recursos financeiros na assimilação de seus princípios, envolvendo o Banco Mundial ou organizações não governamentais de países ricos. O sítio eletrônico da Aneel informa que podem ser aproveitadas para gerar energia elétrica os resíduos oriundos da produção de madeira, em forma de lenha, carvão vegetal ou toras. Relata que há influência na distribuição espacial dos resíduos gerados conforme o tipo de produção de madeira, atividade 28 extrativista ou reflorestamento, sendo que “nos casos de extração seletiva e beneficiamento descentralizado, o aproveitamento de resíduos pode se tornar economicamente inviável”. Informa ainda a Aneel: O aproveitamento da bio massa pode ser feito por meio da co mbustão direta (co m ou sem processos físicos de secage m, classificação, co mpressão, corte/quebra etc.), de processos termoquímicos (gaseificação, pirólise, liquefação e transesterificação) ou de processos biológicos (digestão anaeróbia e fermentação). Verifica-se ser essencial à caracterização da estrutura dos ecossistemas a quantidade e a distribuição da biomassa, pois expressa o potencial de acúmulo de energia e nutrientes da biota em interação com os fatores ambientais. Para o monitoramento dos reservatórios de carbono é necessário que se informe a quantidade presente deste, na vegetação e no solo, fator inicial das estimativas da biomassa total. Os reservatórios de carbono influenciam as mudanças globais e auxiliam na compensação ou neutralização do carbono emitido em diferentes atividades econômicas. Alencar (2008) relata que o Brasil tem se destacado atualmente como um dos países com maior participação na oferta de energia de fontes renováveis, “correspondendo a 44,4% do total de sua oferta energética em 2006, enquanto a média mundial é de 13,2%”. Este autor ressalta, ainda, o fato de que desenvolver e aprimorar tecnologias mais limpas paralelas às legislações incentivadoras, “transformam as fontes renováveis em opção para um desenvolvimento sustentável, associando beneficamente as questões sociais, econômicas e ambientais” (ALENCAR, 2008). Os recursos renováveis podem ser obtidos de muitas fontes, entre elas: da energia solar, dos ventos (eólica) e da biomassa (matéria orgânica). 29 Os resíduos são definidos como as partes que sobram “de processos derivados das atividades humanas e animal e de processos produtivos, como a matéria orgânica, o lixo doméstico, os efluentes industriais e os gases liberados em processos industriais ou por motores” (ALENCAR, 2008). No Atlas da ANEEL se afirma que “reduzir, reutilizar e reciclar são condições essenciais para a garantia de processos mais econômicos e ambientalmente sustentáveis, em áreas urbanas e rurais”. Desta forma, os resíduos e dejetos são transformados de elementos descartados para matériaprima de co-produtos. Segundo o Atlas (ANEEL, 2005): Os resíduos orgânicos de origem agrícola, urbanos e industriais podem ser convertidos em energia por pelo menos cinco processos tecnológicos: gaseificação, pirólise, combustão direta, fermentação por hidrólise e para os resíduos e dejetos agropecuários, a biodigestão conforme a natureza da matéria prima. Nesse contexto se insere a PNRS, tendo em vista que os resíduos urbanos deverão obrigatoriamente ter uma destinação adequada, bem como a PNMC, tendo em vista que a arborização urbana se configura como estratégia fundamental para mitigar e adaptar-se ao aumento da ocorrência de eventos extremos climáticos no médio e longo prazos. O uso eficiente dos resíduos urbanos de biomassa arbórea como fonte de energia é, portanto, praticamente inevitável. Cubas (2010) informa que o potencial energético dos resíduos no Brasil é significativo, produzindo diariamente 150.000 toneladas de resíduos sólidos urbanos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografias e Estatísticas (IBGE 2009), o que levaria à possibilidade de geração de aproximadamente 5.000 MW. Para se ter noção desta cifra, a geração média da Usina de Itaipu é de 9.600 MW. 30 No relatório Balanço Energético Anual 2008 consta a estimativa do potencial de geração elétrica previsto para 2017, que pode chegar a 11.000 MW. O Ministério das Minas e Energias considera nestes dados estimados as tecnologias de incineração, queima do biogás produzido em aterros sanitários ou em biodigestores para geração em turbinas. Dentre as opções na recuperação de energia está o processo da pirólise, um dos métodos de conversão termoquímica da biomassa vegetal, segundo Sanchez e Campo (2007). O processo consiste na degradação térmica de materiais orgânicos em ausência total ou quase total de um agente de oxidação como o oxigênio do ar. Também conceituando e caracterizando a pirólise, Rocha et al (2004) explicam que esta “é um processo de conversão térmica que implica na ruptura de ligações carbono-carbono e na formação de ligações carbono-oxigênio”. Mais apropriadamente, a pirólise é um processo de oxidação-redução que gera dois resultados para a biomassa, na qual uma parte se reduz a carbono, e a outra é oxidada e hidrolisada “dando origem a fenóis, carboidratos, álcoois, aldeídos, cetonas e ácidos carboxílicos” (ROCHA et al., 2004). Explicando o processo de como ocorre a pirólise, Brito (apud COELHO, 2008) diz que a madeira é degradada pela ação do calor, por ser um material predominantemente orgânico. Consequentemente, “surge uma pequena fração residual, denominada “cinzas” e que correspondem aos elementos minerais quantitativamente minoritários originalmente presentes na madeira” (BRITO, apud COELHO, 2008). Coelho (2008) ainda explica que também há produção de carvão vegetal e matéria volátil parcialmente condensável com a pirólise da madeira ou de outra biomassa vegetal, em atmosfera controlada e à temperatura conveniente. 31 4. Material e Método 4.1 Caracterização da área de estudo A área de objeto deste estudo se localiza na fronteira entre Brasil e Bolívia, entre Corumbá e Puerto Quijarro (figura 1) é urbana fronteiriça, possuindo características locais semelhantes quanto ao povoamento, pela proximidade e pelas influências do Pantanal. Esta zona possui inverno seco, verão chuvoso, solo calcário e clima tropical, temperaturas elevadas na maior parte do ano, que sofrem influência da depressão do ecossistema do Pantanal. Figura 1. Mapa da localização de Corumbá no Estado de Mato Grosso do Sul e na fronteira (linha alaranjada) com a Bolívia. Note também as cidades de Puerto Quijarro e Puerto Suarez na Bolívia. 32 Quanto à malha urbana em Corumbá, Azevedo Ito (2000) explica: A configuração da malha urbana demonstra que o crescimento da cidade ocorreu na direção sul do núcleo inicial, face aos obstáculos de natureza física e humana. Na face norte, o impedimen to foi o rio Paraguai, e o pantanal; ao ultrapassar o rio, encontra-se u ma área de inundação periódica sem possibilidades de assentamento de moradias, mes mo que precárias. De um modo geral verifica-se na paisagem de Corumbá (Figura 2) que a área urbana é bem arborizada, o que confere a produção de resíduos de biomassa, os quais devem ser geridos de forma adequada, com planejamento. Há, nessa perspectiva, potencial para ampliar a densidade arbórea, o grau de conforto humano e a coleta de resíduos para reclicagem e geração de energia, de modo a promover a mitigação e a adaptação à mudança do clima. Figura 2. Paisagem da região urbana de Corumbá. Foto: Ana Paula Oliveira. 33 4.2 Levantamentos bibliográficos relacionados ao tema Foi feito o levantamento bibliográfico de materiais relacionados ao tema em artigos científicos, livros e documentos governamentais e não governamentais. Coleta de informações sobre a quantidade de biomassa recolhida na aérea de estudo. A UNIPAV cedeu os dados dos períodos de janeiro/2010 a dezembro/2012. Já em Puerto Quijarro, os dados foram coletados na Secretaria do Meio Ambiente daquela municipalidade. No ano de 2012e 2013 o processo de pesquisa de campo foi realizado nos meses de Fevereiro a Julho, registrada por meio de fotografias digitais e relatórios. No mês de Janeiro deste corrente ano a mestranda realizou nova pesquisa nas cidades de Corumbá e Puerto Quijarro, onde, ao tirar fotografias, foi questionando aos habitantes destes municípios sobre a importância das árvores para a vida da população. O resultado quantitativo da pesquisa foi disponibilizado e sintetizado em tabelas, para facilitar a interpretação destes dados. 34 5 Resultados e Discussão 5.1 Análise subjetiva e qualitativa Segundo Pereira (2007) a prática de se reunir embaixo das sombras das árvores cria um espaço destinado ao lazer, à convivência social, chegando até mesmo a impedir o confinamento familiar nas residências. Outra situação surgida com o aconchego das árvores é que o comércio local se beneficia com as mesmas, pois, devido ao calor, os freqüentadores entendem ser refrescante ficar sob a copa das árvores, como se pode perceber nas Figuras de 3 a 13, referentes às fotografias obtidas na área fronteiriça de estudo. Figura 3. Convívio social, sombra da árvore em Corumbá. Foto: Ana Paula de Oliveira 35 Figura 4. Comércio urbano, se beneficiando da sombra da árvore da espécie Spondias purpúrea em Corumbá. Foto: Ana Paula de Oliveira Figura 5. Comércio urbano, se beneficiando da sombra de árvores da espécie Ficus benjamina Corumbá. Foto: Ana Paula de Oliveira 36 Versando sobre os espaços livres públicos, Lois e Labaki (2001) colocam que as atividades desenvolvidas nestes espaços podem possuir um caráter ativo ou passivo, ou seja, “praticadas de forma consciente ou inconsciente”. Afirmam ainda os autores que as atividades realizadas nos espaços livres públicos também são, “em muitas vezes, determinadas pelas condições microclimáticas dos espaços, geradas pela presença ou não de vegetação, água e de mobiliário urbano”, como se pode observar na figura abaixo, que representa a atividade de habitantes bolivianos, que se utilizam da sombra da árvore como extensão de seu espaço. Figura 6. Comércio em Puerto Quijarro que se utiliza da sombra de árvores da espécie Ficus benjamina, Puerto Quijarro, Bolívia. Foto: Ana Paula Oliveira A importância das árvores e das áreas verdes urbanas na qualidade de vida nas cidades também é ressaltada por Gangloff (1996), que afirma que o ambiente e a estética são valorizados por estas áreas. Também entende o autor que impulsionam um “excelente meio para as atividades da comunidade, criando importantes espaços e oportunidades de convívio social” (ver Figura 1). Consequentemente, estas áreas acabam por atrair investimentos, turismo, 37 gerando empregos, “além de representarem uma fonte sustentável de matéria prima”. Quando estes espaços oferecem uma boa qualidade de vida, a presença dos usuários é prazerosa e tranquila, possibilitando o desenvolvimento de atividades sociais e, consequentemente, promove uma vitalidade urbana saudável. Figura 7. Pessoas desfrutando da sombra da árvore da espécie Spondias purpúrea . Corumbá. Foto: Ana Paula de Oliveira. Na região relatada neste estudo é comum que as pessoas se reúnam nas sombras das árvores, pois é uma forma de sentir menos as altas temperaturas que ocorrem tanto em Corumbá quanto em Puerto Quijarro, segundo demonstrado nas Figuras de 1 a 7, onde pessoas se reúnem na cidade de Corumbá. 38 Figura 8. Pessoas desfrutando da sombra de árvores, Porto Geral. Corumbá. Foto: Ana Paula de Oliveira Pesquisa de opinião sobre a importância das árvores, em Corumbá, permitiu obter relatos como: “Esta árvore é a minha segunda casa, pode passar aqui qualquer horário que estaremos aqui; Além da sombra, ela refresca o quarto que fica bem aqui na frente. Por conta do calor, as pessoas usam culturalmente as árvores como a sala de casa, eu tiro a minha televisão a noite e a coloco na calçada, e assisto fora de casa por causa do calor; Esta árvore é “tudo”, em dias quentes é impossível entrar em casa; Além da sombra ela perfuma, porque é um pé de alfazem - ver Figura 10 -. Corumbá precisa de muita árvore, pois é muito quente, a prefeitura até planta algumas árvores, mas o povo não cuida. Quando está calor, fico o dia inteiro embaixo da árvore porque nem dá pra entrar em casa.” 39 Figura 9. Morador desfrutando da sombra da árvore, em Corumbá. Foto: Ana Paula de Oliveira. A bióloga Marina Daibert, da Fundação do Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário/MS relata que o Flamboyant (Delonix regia), apesar de ser uma árvore exótica para Corumbá, “passou a fazer parte da história, da cultura e do paisagismo da cidade”. Segundo a bióloga, para evitar os riscos com a fiação elétrica, vem sendo plantada outra espécie exótica, a Pata de Vaca, de pequeno porte, cresce pouco, sendo desnecessária a poda para evitar os riscos à fiação, como curto circuito e interrupção da energia. Explica também que a poda é considerada uma agressão, por isso a escolha pelas espécies de menor porte, que se adaptam à região, além de oferecer sombra e flores. O flamboyant (Figura 11), apesar de atender aos critérios apontados como ideais para a escolha da árvore (estética, sombreamento e biomassa) para a arborização urbana, apresenta o problema de sua raiz não ter suporte para sua estrutura, o que leva à necessidade de se providenciar o estacamento. No entanto, sua sombra é ampla e a beleza estética visível (Figura 11). 40 Figura 10: Pé de Alfazema (Lavandula officinalis). Corumbá. Foto: Ana Paula Oliveira. Figura 11. Flamboyant (Delonix regia) em Corumbá, Porto Geral. Foto: Ana Paula Oliveira. 41 A Figueirinha (Ficus benjamina L.) (ver figura 12), apesar de ser bastante encontrada nos bairros, Lorenzi (2003) entende que esta espécie não é indicada para a arborização de vias públicas, “pois suas raízes são muito vigorosas, comprometendo as calçadas”. Partilhando desta visão, Silva et. al. (2007) diz que o Ficus benjamina L. Caso seja plantado “em calçada ou canteiro central, é sinônimo de problema no futuro devido ao seu tipo de sistema radicular e ao seu porte”. Tem sido sugerido, segundo a bióloga, mudas nativas como o Ipê (Tabebuia sp), Sibipiruna (Caesalpinia peltophoroides) e Jacarandá (Jacaranda mimosifolia), objetivando manter a cidade arborizada, mas com preferência às espécies que são da região. A bióloga enfatiza o caráter de proporcionar qualidade de vida às pessoas, isto é, a arborização não é apenas sinônimo de beleza, mas de conforto térmico, estoque de carbono e outros serviços ambientais, como retenção de água e nichos de diversas espécies animais e vegetais (epífitas, por exemplo). As espécies sugeridas para serem plantadas em Corumbá, de porte médio, são a cassita ou saboneteira, cabaceira (Sapindus saponaria), jenipapo (Genipa americana) e pente-de-macaco (Pithecoctenium). As de porte pequeno: pindaíbapreta ou carrapateira (Duguetia Lanceolata), mangava-brava (Lafoensia pacari), leiteiro-branco (Micrandra elata) e cupari (Cupania vernalis). Muneroli e Mascaró (2010) destacam que o plantio de árvores em ambientes urbanos não só captura o carbono da atmosfera, como aumenta a cobertura do dossel, diminuindo a intensidade das ilhas de calor urbano, bem como ajuda a economizar energia, utilizada para resfriamento das edificações. O ideal para as áreas mais populosas nas cidades é um plantio maior de árvores, considerando o potencial da arborização em mitigar os efeitos negativos ocorrentes no ambiente urbano. Neste planejamento deve-se decidir as prioridades de ações, definindo os benefícios que serão procurados e as formas viáveis de se obter maiores vantagens em condições sustentáveis. 42 O Manual de Arborização da Companhia Energética de Minas Gerais (FIEMIG, 2010) mostra outra dimensão ao considerar a árvore como um elemento que pertence à infraestrutura urbana, ao mencionar que se pode avaliála em sua importância e em seu valor monetário. A determinação deste valor das árvores também permite uma avaliação do patrimônio que a cidade possui relativo à sua arborização; o estabelecimento de multas por danos causados às árvores e determinação de indenizações, deduções ou isenções de impostos e taxas, como resultados de ações punitivas ou compensatórias. Em suma, a sociedade organizada e a municipalidade devem atuar em conjunto para criar um ambiente urbano cada vez mais saudável e que promova o bem estar de todos. A árvore é um bem comunitário que presta serviço a toda comunidade urbana, sem distinção de classe, raça, etnia ou nacionalidade. Portanto, é um elemento agregador da sociedade na paisagem. Diante desse múltiplos benefícios, a arborização e a gestão dessa estrutura deveria ganhar um destaque particular na administração pública e tornar-se uma realidade efetiva, especialmente em Corumbá. Todas as considerações feitas a Corumbá cabem também a outros municípios no país, mas também na fronteira com a Bolívia, em Puerto Quijarro, por exemplo. Sua proximidade com Corumbá e a similar fitofisionomia urbana nos remete a entender que as soluções para lidar com resíduos e com as mudanças climáticas podem ser convergentes, ainda que seja ainda embrionário o olhar para estas questões na região. Os dados na Bolívia são limitados, portanto as informações obtidas em Corumbá podem, de certa forma, servir de modelo nas áreas urbanas na fronteira Brasil-Bolívia. Fotografando a região de Puerto Quijarro, encontrou-se situação semelhante a de Corumbá, onde as sombras das árvores favorecem tanto o convívio social, como o comércio, conforme se depreende das figuras 12 e 13 abaixo. 43 Figura 12: Desfrute das sombras em Puerto Quijarro das copas de árvores da espécie Ficus benjamina L. (Figueirinha). Foto: Ana Paula Oliveira. Figura 13: Comércio em Puerto Quijarro, Bolívia, com a fachada sombreada por árvore da espécie Terminalia catappa. Foto: Ana Paula Oliveira 44 De acordo com Muneroli e Mascaró (2010, p. 176-177) há uma sequência de etapas a serem seguidas no planejamento da arborização urbana: Determinar uma quantidade de árvores para arborização urbana anualmente, propondo metas; ser introduzida na Selecionar espécies de árvores nativas que já existem na arborização urbana, pois são espécies que se adaptam be m ao clima local, solo e outras condições, tendo ma is chances de sobreviver; Evitar ao máximo os conflitos co m a rede de infraestrutura aérea e subterrânea; Utilizar espécies que não necessitem podas drásticas; Manter os usuários informados sobre a importância e o sucesso do projeto, para que haja mais participação e co mprometimento na inserção e na conservação da arborização; Quantificar a captura do carbono; Optar por espécies de crescimento rápido, pois capturam mais CO 2 transformando e m biomassa; Escolher espécies nativas; Usar espécies nativas variadas para pro mover uma cobertura continua do dossel bem co mo favorecer a fauna silvestre. Explicam ainda os autores que, em conformidade com as metas propostas e com os recursos disponíveis, devem ser identificados os locais a serem arborizados para que seja determinado o número e o tipo de árvores que serão plantadas. O projeto deve ser implantado gradualmente, preferencialmente onde haja a necessidade de manejo da arborização, “por estar causando interferências na rede de infraestrutura, estar com problemas fitossanitários, causar alergias ou apenas porque existem espaços que podem ser preenchidos com o plantio de novas árvores” (MUNEROLI E MASCARÓ, 2010, p. 177). A cidade de Corumbá é em boa parte arborizada, porém há a necessidade de planejamento desta arborização, visto que a maioria das árvores atinge a fiação da rede elétrica de energia, sendo que, se houver a escolha correta das árvores a serem plantadas, este problema pode ser minimizado. Uma empresa, 45 UNIPAV, é responsável por coletar parte dos residuos da poda de árvore na área central de Corumbá. Já em visita a Puerto Quijarro, verificou-se que, após a poda das árvores, a Prefeitura freta um caminhão para transportar estes resíduos até um lixão a céu aberto. Não há controle de nem do peso da biomassa e tão pouco de quantas vezes a coleta e transporte ocorrem por semana. 5.2 Análise quantitativa A Tabela 1 apresenta os valores mensais de peso (em toneladas) de biomassa de resíduos arbóreos e outros vegetais em Corumbá no ano de 2011, para cada um dos setores (Figura 14) onde atua a UNIPAV. Tabela 1 – Quantidade (tonelada) mensal de biomassa de resíduos vegetais urbanos coletados nos Setores 1, 2, 3 e 4 de Corumbá, conforme figura 14. Jan-2011 Fev-2011 Mar-2011 Apr-2011 Mai-2011 Jun-2011 Jul-2011 Ago-2011 Set-2011 Out-2011 Nov-2011 Dez-2011 Total Setor 1 Centro Parte Alta Setor 2 Unviersitário e Maria Leite Setor 3 Borrowski, Beira Rio e Cervejaria 98 125 124 102 122 96 166 73 90 252 106 107 1460 112 111 128 94 165 98 154 94 88 101 124 128 1396 75 130 157 96 136 78 120 49 131 118 92 109 1293 Setor 4 Dom Bosco, Generoso e Arthur Marinho 103 143 200 122 119 156 110 144 140 105 146 105 1593 Total 387 509 609 414 542 428 550 361 449 576 468 449 5742 46 Figura 14. Mapa de coleta de resíduos arbóreos. Fonte: UNIPAV. A cor vermelha representa o setor 1; o setor 2 é representado pela cor amarela; a cor verde localiza o setor 3 e cor roxa o setor 4. A coleta é realizada nos dias descritos na figura 14, de acordo com o setor. São coletados somente os materiais vegetais (galhos, gramas, plantas), sendo vedados resíduos orgânicos (lixos domésticos), vidros, plásticos, entulhos de construção e qualquer outro material. A deposição em vias públicas de material fora do período descrito no mapa implica em multa, de acordo com a legislação municipal. Em 2011 foram obtidos entre 1293 e 1593 toneladas de biomassa por setor. O setor com maior produção/coleta de resíduos de biomassa foi o setor 4, enquanto que o menor foi o Setor 3 (Tabela 1 e figura 14). A informação da UNIPAV é limitada para apenas um ano e mais dados serão necessários para avaliar diferenças interanuais de coleta ao longo de 2 ou mais anos. Ao longo dos meses de 2011 a produção/coleta mensal de resíduos de biomassa vegetal nos quatro setores variou de 361 (em agosto) a 609 (em fevereiro) toneladas (Tabela 47 10), o que pode estar relacionado a uma sazonalidade da produção, maior no verão. No total, os quatro setores geram resíduos de biomassa da ordem de 5,7 mil toneladas anuais de resíduos de biomassa. Assumindo 50% de carbono nesses resíduos, temos, portanto, 2,35 mil toneladas de C que poderiam retornar para atmosfera anualmente gerando energia, ou parte poderia ser seqüestrada em formas estabilizadas de carvão. Isso somente nos setores avaliados, de modo que a magnitude desse número, considerando toda Corumbá e Ladário, bem como as municipalidades da Bolívia, pode ser muito mais significativa e tornar viável o uso eficiente dessa biomassa na geração de energia no âmbito da PNRS e PNMC. A Tabela 2 apresenta os valores de coleta de resíduos de biomassa por unidade de área de cada setor. Tabela 2. Coleta de resíduos vegetais nos setores destacados pela UNIPAV na cidade de Corumbá. Setor 1 Setor 2 Setor 3 Setor 4 Área (hectares) 192 362 226 128 Produção de resíduos de biomassa (toneladas/hectare/ano) 7,60 3,86 5,73 11,62 O setor 4 (figura 14) possui a menor área e a maior produtividade, conferindo uma taxa de coleta de resíduo muito superior aos demais setores. O setor 2 apresenta a menor densidade de árvores, tendo em vista que a quantidade de resíduos coletada é cerca de 3 vezes inferior ao Setor 4. Essas diferenças estão associadas tanto ao tipo de ocupação do espaço quanto a distribuição de árvores. E quanto a localização dos setores, o setor 4 fica próximo ao rio Paraguai, situação ambiental que favorece o crescimento e desenvolvimento das árvores.Essas visíveis diferenças estão ilustradas nas figuras 15 e 16. 48 Figura 15. Setor 4. Bairro Generoso. Fonte: Google Earth. Figura 16. Setor 2. Bairro Universitário. Fonte: Google Earth. 49 6. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES As árvores favorecem a redução da temperatura, permitindo maior conforto térmico à população. Portanto, mais árvores deveriam ser plantadas na fronteira Corumbá-Bolívia, inclusive para mitigar futuros impactos das mudanças climáticas. Nesse contexto, deve haver uma gestão da arborização urbana, contando com processos de poda e disposição adequada de resíduos, levando assim em conta a PNRS, bem como a PNMC. As podas severas devem ser evitadas, pois causam apodrecimento da madeira, secamento da casca e do câmbio, prejuízos à estética da árvore, sendo ainda caras e ineficientes. Isto não significa que as podas devem ser totalmente suprimidas. Nas áreas urbanas é uma prática permanente, que visa garantir um conjunto de árvores vitais, seguras e de aspecto visual agradável. A poda controlada fornece um resíduo que pode ser melhor aproveitado do ponto de vista de energia renovável, convertendo a biomassa vegetal em combustíveis gasosos ou líquidos por processos de conversão química e termoquímica. 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ADRIANO, J. R.; WERNECK, G. A. F.; SANTOS, M. A.; SOUZA, R. C. A construção de cidades saudáveis: uma estratégia viável para a melhoria da qualidade de vida? Ciência e Saúde Coletiva, v.5, n.1, p. 53-62, 2000. ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas. Norma técnica NBR – 1004: resíduos sólidos – classificação (versão revisada) Rio de Janeiro, 2004. ABRACAVE – Associação Brasileira de Carvão Estatístico/1999. Belo Horizonte, MG, 2000. 12 p. Vegetal. Anuário ALBUQUERQUE, L. R., SILVA S. F. Programa Recicla Tibagi. Prefeitura Municipal de Tibagi, outubro de 2011. AMBIENTE BRASIL. Disponível em: http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./urbano/ index.html&conteudo=./urbano/arborizacao.html>Acessado em: 27 jul. 2012. ANEEL. Metodologias para revisão tarifária periódica das concessionárias de distribuição de energia elétrica. Nota técnica nº 122. Brasília, abr 2005. ASSIS, Luciene Deová de Souza. Estimativa da produção de biogás pelo lixo urbano de Corumbá, Ladário – Brasil, Puerto Quijarro e Arroyo Concepción Bolívia. Dissertação de Mestrado do Programa de Pós Graduação strictu senso Estudos Fronteiriços, da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do Pantanal. Corumbá, MS. 2009. p. 64. AZEVEDO ITO, Claudemira. Corumbá: o espaço da cidade através do tempo. Corumbá: Editora UFMS, 2000. BECKER, K. B. Fronteira e urbanização repensadas. Revista Brasileira de Geografia, Rio de Janeiro: 1985. BERNARDO, Christianne. Coletânea de Legislação Ambiental. 2ª edição. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2002. 51 BONAMETTI, João Henrique. A ação do IPPUC na transformação da paisagem urbana de Curitiba a partir da área central. 2000. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, Área de Tecnologia do Ambiente Construído) - Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo – EESC/USP, São Carlos. BONONI, V. L. R. Curso de Gestão Ambiental. Controle Ambiental de Áreas Verdes. Barueri: Manoli, 2006. p. 213-255. BRASIL. ATLAS de Energia Elétrica do Brasil. Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). BRASIL. Política Nacional de Mudanças Climáticas. Planalto. 2009. Colocar aqui o link da WEBPAGE BRASIL. Política Nacional de Resíduos Sólidos. Planalto. 2010. Colocar aqui o link da WEBPAGE BRAZOLIN, S. Biodeterioração e biomecânica das árvores urbanas (Palestra). Disponível em: <http://www.sbau.org.br/sbau/Sergio_Brazolin.pdf> Acesso em: 14 maio 2012. BRITO, J. O. Estudo das influências da temperatura, taxa de aquecimento e densidade da madeira de Eucalyptus Maculata e Eucalyptus citrio dora sobre os resíduo sólidos da pirólise. 1992. 81 f. Tese (Livre Docência) Escola Superior de Agricultura de Luiz de Queiroz, Piracicaba, 1992. BUSS, P. M. Promoção da saúde e qualidade de vida. Ciência e Saúde Coletiva, v.5, n.1, p. 163-177, 2000. CATAIA, M. A Relevância das fronteiras no período atual: unificação técnica e compartimentação política dos territórios. Revista eletrônica de geografia y ciências sociales. Vol. XI, núm. 245 (21), 1 de agosto de 2007. Disponível em: http://www.ub.es/geocrit/sn/sn- 24521.htm. Acesso em: 28 de Julho 2011. CAVALCANTI, C. (Org.). Meio ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 2006. 52 CORDEIRO, Joselma Cavalcanti. A promoção da saúde e a estratégia de cidades saudáveis: um estudo de caso no Recife, Pernambuco. 2008. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2008. CUBAS, Anelise Leal Vieira. O Manejo de Resíduos, a Gestão Ambiental e a Sustentabilidade. Unisul – Universidade do Sul de Santa Catarina. Unisul Virtual. 2010. CUNHA, S. B. A Questão Ambiental: Diferentes Abordagens. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. EMBRAPA. (comportamento do clima. ISSN 0102-2466X Dezembro-1997 CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA DE CORUMBÁ-MS Balbina Maria Araújo Soriano Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal Ministério da Agricultura e do Abastecimento EMBRAPA. Boletim de Pesquisa, 11), Universidade de São Paulo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas ACA0245 – Biometeorologia Prof. Fabio Luiz Teixeira Gonçalves. Estudos biometeorológicos do clima urbano Sebastian Krieger ([email protected]) 30 de abril de 2004. Estudos de clima urbanos. EMBRAPA. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Centro de Pesquisa Agropecuária do Pantanal Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Disponível em: <http://www.cnpf.embrapa.br/publica/boletim/boletarqv/boletim18_19/baggio.pd f>. Acessado em: 27 jul. 2012. FILHO, R. R. L; ISQUIERDO, S. W. G. Licenciamento Ambiental Na Fronteira Brasil/Bolívia: O caso de Corumbá/MS. Três Lagoas-Ms – N. 8 – Ano 5, Novembro de 2008 GALEANO, R. D. Transportes de Commodities do Agronegócio e de minerais na Fronteira Brasil-Bolívia: um estudo sobre a estrutura portuária em Corumbá, Ladário e Puerto Quijarro. Campo Grande: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, 2006, 135 p. Dissertação de Mestrado. GODOY, Paulo Roberto Teixeira. Uma reflexão sobre a produção do espaço. Estudos Geográficos, Rio Claro, 2(1): 29 - 42, junho - 2004 (ISSN 1678-698X) www.rc.unesp.br/igce/grad/geografia/revista.htm. Acesso em: 22 de jul. 2011. 53 GODOY, André Vanoni de. A eficácia do Licenciamento Ambiental como um instrumento público de gestão do meio ambiente. Brasília: OAB Editora, 2005. GUEDIRA, F. Pyrolise lente de la biomasse: comportement compare des tourteux dolives, de la bagasse de canne a sucre et la sciure de bois (Pin maritime). 1988. 122 f. Thése (Docteur) - Université Mohamed, Maroc, 1988. GUNTHER, Wanda Maria Risso. Resíduos sólidos no contexto da saúde ambiental. São Paulo 2008. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2007. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. INFOTEC/PRÓ-CARVÃO. Carbonização da madeira e produtos obtidos. Informativo Técnico do Programa de Qualificação da Cadeia Produtiva do Carvão Vegetal do Estado de São Paulo, Piracicaba, SP, ano 1, n. 1, 2000. Não paginado. ISHII, I. H.; HANY, W. S. Guia para a arborização viária de Corumbá- MS. Corumbá – MS: S. Ed., 2004. 40 p. JACKSON, F. R. (1974) Energy From Solid Wast. Nova Jersey, EUA, Noyes Data Corporatios. J. D. ROCHAA, C, J. M. MESA PÉREZB, C & L. A. B. CORTEZB. Aspectos Teóricos e Práticos do Processo de Pirólise de Biomassa. Curso “Energia na Indústria de Açúcar e Álcool”. UNIFEI, Itajubá, 12-16 de julho de 2004. www.bioware.com.br JURAS, I. d. A. G. M. (2000). Destino dos Resíduos Sólidos e Legislação sobre o tema. Brasília - DF, consultora legislativa as áreas XI – meio ambiente, geografia, urbanismo, arquitetura: 6. KAPAZ, E. (2001) “POLITICA NACIONAL DE RESIDUOS – RELATÓRIO PRELIMINAR”. 54 LITTLE, PAUL (Org.). Políticas Ambientais no Brasil e América Latina: Análises, Instrumentos e Experiências. São Paulo: Petrópolis; Brasília, DF: IIEB, 2003. LOBODA, C. R.; ANGELIS, B. L. D. Ambiência Guarapuava, PR v.1 n.1 p. 125-139 jan./jun. 2005 ISSN 1808 – 0251. MELO, E. F. R. Q.; ROMANINI, A. Importância da praça na arborização urbana. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 9, 2005, Belo Horizonte. Anais... São Luís: Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, 2005, 12p, CD-ROM. MACHADO, A. B. M.; DRUMMOND, G. M.; PAGLIA, A. P. Livro vermelho das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção. Brasília, DF: MMA; Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2008. 2v. 1420p. Disponível em:<http://www.mma.gov.br/sitio/index.php?ido=conteudo.monta&idEstrutura=1 79&idConteudo=8122&idMenu=8631>. Acesso em: 20 set. 2012. MACHADO, Lia Osório. Limites, fronteiras e redes. In: STROHAECHER, T. M. [et. Al.]. Fronteiras e espaço global. Porto Alegre: Associação dos Geógrafos Brasileiros – Seção Porto Alegre, 1998. MARQUES, ÂNGELA MARIA. Movimentos migratórios fronteiriços: bolivianos e paraguaios em Mato Grosso do Sul. XXVIII Congresso Anual da ILASSA, 2007. Disponível em: lanic.utexas.edu/project/etext/llilas/ilassa/2007/marques.pdf. Acesso em: 27 de julho 2011. MARTINS, R. H. – Aproveitamento Energético dos Resíduos Sólidos Urbanos: Uma Abordagem Tecnológica. (Rio de Janeiro) 2004. (COPPE/UFRJ) Tese. MARTINS, Maria Helena. Fronteiras culturais: Brasil – Uruguai – Argentina. São Paulo: Ateliê Editorial, 2002. MENDONÇA, Luciana Andrade. Parques Nacionais do Iguaçu e Iguazú: uma fronteira ambientalista entre Brasil e Argentina. Brasília, 2000. Disponível em ftp.unb.br/pub/UNB/dan /F.3-22RBA /sessao3/mendonca.rtf . Acesso em: 15 de ago. 2009. 55 MENDONÇA, M. G. Políticas e condições ambientais de Uberlândia - MG no contexto estadual e federal. Uberlândia. Universidade Federal de Uberlândia. Instituto de Geografia, 2000. (Dissertação, Mestrado). MILANO, M. S.; DALCIN, E. C. Arborização de vias públicas. 1 ed. Rio de Janeiro: Light, 2000. 226p. MILANO, M. S. Métodos de amostragem para avaliação de ruas. In: Congresso Brasileiro sobre Arborização Urbana, 2, São Luiz, 1994. Anais. São Luiz: SBAU, 1994. p.163-168. MUNEROLI, Clenara Citron; MASCARÓ, Juan José. Arborização urbana: uso de espécies arbóreas nativas na captura do Carbono atmosférico. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana - REVSBAU, Piracicaba – SP, v.5, n.1, p.160-182, 2010. OPAS, 1996. El Movimiento de Municipios Saludables: una Estrategia para la Promoción de la Salud en América Latina, v. 96-14, abril. PRETO, V. E.; MORTOTOZA L. G. Geração de energia elétrica utilizando biomassa. Universidade de Brasília. Departamento de engenharia elétrica. 2010. ROCHA, E. A festa de São João em Corumbá. São Paulo: Editora Ação, 1997. ROSE, R. Legislação Ambiental na América Latina. Artigo disponível em <www.compam.com.br>. 2003. ROSSETTI, A. I. N.; PELLEGRINO, P. R. M.; TAVARES, A. R. As árvores e suas interfaces no ambiente urbano. REVSBAU, Piracicaba – SP, v.5, n.1, p. 1 – 24, 2010. RUDIMANN, W. Plows Plagues and Petroleum. Princeton University Press. 2005. SEHER. F. Dissertação MEF sobre os catadores de lixo em Corumbá, orientador Gustavo Vilela. 2011. 56 SEITZ, A. R. 1º Curso em Treinamento sobre Poda em Espécies Arbóreas Florestais e de Arborização Urbana 30 e 31 de outubro e 1º de novembro de 1996 – Piracicaba/SP A Poda de Árvores Urbanas. SILVA FILHO, D. F.; PIZETTA, P. U. C.; ALMEIDA, J. B. S. A.; PIVETTA, K. F. L.; FERRAUDO, A. S. Relational database for inventory system evaluation and managemen of urban street trees. Revista Árvore, Viçosa, v. 26, n. 5, p. 629 – 642 2002. SHAMS, Juliana Cristina Augusto; GIACOMELI, Daniele Cristina; SUCOMINE, Nivia Maria. Emprego da arborização na melhoria do conforto térmico nos espaços livres públicos. Revista da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, Piracicaba – SP, v. 4, n. 4, p. 1-16, 2009. TOWNSEND, Colin R. Fundamentos em ecologia. 2ª ed. Porto Alegre: 2006. 482p. UNFPA – United Nations Populations Fund. State of world population 2007: unleashing the potential of urban growth. New York: UNFPA; 2007. Disponível: http://www.fiesp.com.br/publicacoes/pdf/ambiente/relatorio_dma.pdf acesso 11/07/2012. VELASCO, G. N. Arborização Viária X Sistemas de distribuição de energia Elétrica: Avaliação dos custos, estudos das podas e levantamento de problemas fitotécnicos. 2003. 94p. Dissertação (Mestrado em Agronomia, área de concentração fitotécnica) – Escola Superior de Agricultura Luis de Queiroz, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003. VOVELLE, C.; MELLOTTEE, H. Modelisation de la pyrolyse oxydante ou noxydante de bois ou de déchéts végetaux à partir de leurs composants. In: PALZ, W.; CHARTIER, P. (Eds.). Energy from biomass. 2. ed. London: Applied Sciences, 1982. p. 925-929. WERNECK, Felipe; PITA, Antônio. Apenas um terço das cidades tem programa de coleta seletiva de lixo. Jornal O Estadão, de 13/11/2012.