MÉTODO DE ANÁLISE E SOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE PERDAS NA GESTÃO DO SAAE DE NOVO HAMBURGO/RS Jeferson Luís Gerhardt Engenheiro Civil - Setor de Operação Graduado em Engenharia Civil - UFRGS Av. Coronel Travassos, 287 CEP 93415-000 – F. 51-5871121 Fax 51-30361116 Novo Hamburgo, RS - e-mail: [email protected] PALAVRAS-CHAVE Gestão, operação, controle, perdas, processos OBJETIVO O objetivo principal deste trabalho é desenvolver e aplicar a metodologia de análise e solução de problemas de perdas (MASPP) no processo de Operação do sistema de abastecimento de água de Novo Hamburgo/RS, a partir de ferramentas e métodos padronizados, em prol da redução do volume disponibilizado (volume produzido mais o importado, menos o exportado), sem que hajam riscos significativos para o abastecimento da cidade, tanto no aspecto quantitativo, quanto no qualitativo. METODOLOGIA A sistematização que o MASPP proporciona, fez com que várias ações fossem operacionalizadas através de um Círculo de Controle da Qualidade (CCQ), criado unicamente com o propósito de internalizar as várias ferramentas da qualidade e estatísticas, com ênfase no Controle Estatístico de Processos (CEP). O método teve seu foco nos processos críticos da Operação do SAA: reservação, bombeamento e controle de pressões na rede de distribuição. O CEP se apóia em várias ferramentas, as quais passaram a ser incorporadas pelo Centro de Controle da Operação (CCO), são elas: - Gráfico de Controle (GC – fig. 1): Um gráfico de controle consiste de um linha média, um limite superior de controle, um limite inferior de controle e os valores pontuais das características do processo analisado. Construíram-se gráficos de controle para todos os processos críticos que, direta e indiretamente, afetam no volume disponibilizado. Funções do GC: análise da variabilidade e estabilidade do processo, verificação de inconformidade e estabelecimento de metas; - Média Móvel (MM – fig. 2): Consiste num gráfico onde a variável é a média diária acumulada de um determinado período que se queira analisar. Assim como o GC, foram elaborados gráficos para cada processo crítico. As funções principais da Média Móvel são: análise de consistência, indicador de tendência e previsão futura; M ÉDIA M ÓVEL 20 - Vd (m ³) x Ene rgia EAB001 (KVA) (m³) (º C) 65.000 35.000 62.500 33.000 60.000 31.000 57.500 29.000 55.000 27.000 52.500 50.000 25.000 47.500 23.000 21.000 45.000 Fig. 1 – Gráfico de Controle - Fig. 2 – Média Móvel Vd E (KVA) Diagrama de Causa x Efeito (Diagrama de Ishikawa): O diagrama é uma ferramenta que atua como um guia para a estratificação das possíveis causas de um problema considerado, possibilitando a identificação da causa fundamental e auxiliando na determinação de medidas corretivas; - Plano de Ação: definida a causa fundamental de cada problema observado, montaram-se vários Planos de Ação (5W2H), onde foi possível nortear as equipes operacionais na remoção das causas constatadas em cada processo crítico do SAA. Do ponto de vista metodológico, utilizando-se das ferramentas descritas, fundamentou-se a metodologia, independentemente do processo em análise (captação, adução, tratamento, reservação ou distribuição), nas seguintes etapas de análise e solução de problemas: - Definição dos processo críticos; - Dentro de cada processo, priorizar àquele de maior relevância; - Coletar, processar e interpretar as características de cada processo - Pesquisar as possíveis causas do problema; - Identificar a causa fundamental; - Montar e encaminhar/executar o plano de ação; - Verificar se as ações foram efetivas; - Prevenir contra o reaparecimento do problema; - Elaborar relatório e disponibilizar a informação. RESULTADOS Desenvolvida a metodologia, passou-se a sua aplicação, como parte de uma estratégia maior de atendimento de metas principais (redução de perdas) e desdobradas (redução do volume disponibilizado), onde os seguintes resultados foram observados: - Pressões na rede de distribuição: a partir da aplicação do método sistematicamente no controle de pressões, observou-se a diminuição da pressão média do SAA, onde o atendimento das metas de operação de cada Ponto de Controle de Qualidade (PCQ), passou de 75,10% em fev/04, para 89,78% em fev/05. Estudos mostram que a diminuição das pressões na rede de distribuição é diretamente proporcional a diminuição de rompimentos de rede e ramal no SAA. Verificou-se que os rompimentos de rede ocorridos no mesmo período sofreram uma redução de 26%. - Reservação e Consumo de Energia: aplicou-se o método em diversos reservatórios e elevatórias, procurando sempre manter as características dos processos sob o controle estatístico. Verificou-se que determinado reservatório (RES012 – Tunísia), estava com o nível médio diário na ordem de 70% (muito alto) e fora de controle. A adequação do regime de alimentação do reservatório, através da elevatória EAT004 (Primavera), que tinha um consumo de energia diário de 1888 kWh, possibilitou sensível melhoria na qualidade do abastecimento, com redução do nível médio diário para 56,12%, e passando consumo de energia diário da EAT004 para 1600 kWh – redução de 18% no consumo de energia. Além da queda dos custos, verificou-se a redução das pressões dinâmicas e a redução dos riscos de extravasamento do reservatório, denotando ataque a fatores causais das perdas. - Índice de Perdas na Distribuição (IPD em %): após a aplicação da metodologia por um período de 6 meses, verificou-se a queda do IPD, passando de 46,60% em ago/04, para 41,48% em fev/05. CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES A utilização de ferramentas estatísticas e de qualidade, aplicáveis à metodologia sistematizada pelo MASPP, mostrou-se extremamente eficaz, principalmente pela queda proporcionada no volume disponibilizado, o qual compõe o cálculo do IPD. Entre outras, partindose das primeiras aplicações da metodologia, várias recomendações foram formuladas, com vistas a melhorar o estado de controle do SAA, quais sejam: - Introdução das várias ferramentas no dia-a-dia do Centro de Controle Operacional – CCO e sua aplicação em outros setores; - Criação da função de Analista de Processos; - Melhoria nos instrumentos de controle, principalmente daqueles vinculados aos processos críticos; - Sistematização de análises estatísticas de consumos mínimos noturnos; - Treinamento dos colaboradores envolvidos nos processos críticos, em ferramentas e métodos estatísticos e de qualidade; - Desenvolvimento de um sistema corporativo capaz de armazenar, processar e cruzar as informações do SAA. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LISBOA FILHO, J. Modelagem conceitual de banco de dados geográficos: o estudo de caso do projeto PADCT/CIAMB. Porto Alegre, RS, 2000. WERKEMA, M. C. C. Ferramentas Estatísticas Básicas para o Gerenciamento de Processos. 1995. ROCHA C. H. B. Geoprocessamento - Tecnologia Transdiciplinar. Juiz de Fora, MG, 2000.