UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUTOS NATURAIS E SINTÉTICOS BIOATIVOS FILLIPE DE OLIVEIRA PEREIRA INVESTIGAÇÃO DO MECANISMO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE MONOTERPENOS FRENTE A CEPAS DE Trichophyton rubrum João Pessoa – PB 2012 FILLIPE DE OLIVEIRA PEREIRA INVESTIGAÇÃO DO MECANISMO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE MONOTERPENOS FRENTE A CEPAS DE Trichophyton rubrum Tese apresentada ao Programa de Pósgraduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento aos requisitos necessários para a obtenção do título de DOUTOR EM PRODUTOS NATURAIS E SINTÉTICOS BIOATIVOS. Área de concentração: FARMACOLOGIA. ORIENTADORA: Prof.ª Dr.ª Edeltrudes de Oliveira Lima João Pessoa – PB 2012 P436i UFPB/BC Pereira, Fillipe de Oliveira. Investigação do mecanismo da atividade antifúngica de monoterpenos frente a cepas de Trichophyton rubrum / Fillipe de Oliveira Pereira.-- João Pessoa, 2012. 179f. : il. Orientadora: Edeltrudes de Oliveira Lima Tese (Doutorado) – UFPB/CCS 1. Produtos Naturais. 2. Monoterpenos. 3. Trichophyton rubrum. 4. Ergosterol. 5. Antifúngico. CDU: 547.9(043) FILLIPE DE OLIVEIRA PEREIRA INVESTIGAÇÃO DO MECANISMO DA ATIVIDADE ANTIFÚNGICA DE MONOTERPENOS FRENTE A CEPAS DE Trichophyton rubrum Tese apresentada ao Programa de Pósgraduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba, em cumprimento aos requisitos necessários para a obtenção do título de DOUTOR EM PRODUTOS NATURAIS E SINTÉTICOS BIOATIVOS. Área de concentração: FARMACOLOGIA. Aprovada em 31 de agosto de 2012 BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Prof.ª Dr.ª Edeltrudes de Oliveira Lima (Universidade Federal da Paraíba) Orientadora _____________________________________________ Prof. Dr. Henrique Douglas Melo Coutinho (Universidade Regional do Cariri) Examinador externo _____________________________________________ Prof. Dr. Fábio Correia Sampaio (Universidade Federal da Paraíba) Examinador externo _____________________________________________ Prof.ª Dr.ª Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz (Universidade Federal da Paraíba) Examinador interno _____________________________________________ Prof.ª Dr.ª Bagnólia Araújo da Silva (Universidade Federal da Paraíba) Examinador interno É melhor atirar-se em luta, em busca de dias melhores, do que permanecer estático como os pobres de espírito, que não lutaram, mas também não venceram. Bob Marley AGRADECIMENTOS Dedico meus agradecimentos iniciais aos meus pais Fernando e Elza, são o meu chão firme. Com certeza hoje somente estou aqui porque recebi amor, conforto e toda a confiança que precisei. Agradeço especialmente a minha família grande, minha irmã Charlene e irmão Fernando por tudo que me proporcionaram durante este tempo todo, pela compreensão e amizade. À Prof.ª Dr.ª Edeltrudes de Oliveira Lima por todo o longo tempo em que foi minha orientadora, uma pessoa que verdadeiramente é um exemplo de trabalho e humildade. Esta parceria data de anos e espero que perdure por muito tempo ainda. Agradeço aos professores que participaram da banca de qualificação e defesa Prof.º Dr. Evandro Leite de Souza, Prof.ª Dr.ª Hilzeth de Luna Freire Pessôa, Prof.ª Dr.ª Bagnólia Araújo da Silva, Prof.ª Dr.ª Margareth de Fátima Formiga Melo Diniz, Prof. Dr. Henrique Douglas Melo Coutinho e Prof. Dr. Fábio Correia Sampaio não somente por terem aceito o nosso convite, mas principalmente pelas valiosas contribuições e orientações. À equipe do Laboratório de Micologia nominalmente Prof.ª Dr.ª Zélia B. V. S. Pontes e Maria de Fátima F. P. Carvalho pelo espaço no Laboratório, pelo auxílio e orientações. Aos meus amigos e companheiros de bancada no Laboratório de Micologia: Vinícius N. Trajano, Wylly A. Oliveira, Egberto S. Carmo, Patrícia P. R. Sousa, Igara O. Lima, Catiana O. Lima, Kelly S. L. Mota, Felipe Q. S. Guerra e Janiere P. Sousa. Agradeço pelo apoio na bancada, nas conversas, nas orientações e pelo trabalho em equipe que sempre desenvolvemos. Particularmente, faço um agradecimento especial a Juliana M. Mendes por ter me acompanhado durante esses últimos anos e mesmo de tão longe continua me auxiliando em tudo. Sem você o trabalho teria sido bem mais difícil. A minha turma de doutorado, sempre juntos durante toda a pós em uma convivência que vai além das salas de aula. Obrigado pelas discussões, pelas conversas, pela qualidade das discussões nas aulas e orientações. Aos professores do Programa de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos (PgPNSB), em especial a Prof.ª Bagnólia A. da Silva, Prof.ª Márcia R. Puivezam e Prof.ª Leônia M. Batista pela imensa capacidade técnica e qualidade das aulas. Fazem o curso de Doutorado valer a pena. Não poderia me esquecer de meus queridos amigos que mesmo de longe me acompanharam e estão comigo até hoje. Agradeço e espero sempre corresponder pela confiança e apoio que recebi de vocês. Agradeço também a Wellington L. Navarro, pelo auxílio nas analises com o espectrofotômetro, no extinto LTF (UFPB). À Secretaria e Coordenação do PgPNSB, pela pronta disponibilidade em auxiliar e orientar os alunos sempre que precisaram. À Universidade Federal da Paraíba e ao PgPNSB pela oportunidade de fazer o curso de Doutorado. Ao CNPq e à CAPES pelo apoio financeiro para elaboração deste trabalho e pelo suporte técnico-científico através da manutenção do periódico CAPES. Muito obrigado! Investigação do mecanismo da atividade antifúngica de monoterpenos frente a cepas de Trichophyton rubrum PEREIRA, F. O. (2012) Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, área de concentração: farmacologia, Tese de Doutorado, CCS/UFPB RESUMO Trichophyton rubrum é o principal agente responsável por quadros crônicos de dermatofitoses em unhas, nos pés, nas mãos, no tronco, pescoço e couro cabeludo, com altos índices de resistência aos antifúngicos. A importância clínica e epidemiológica dispensada às dermatofitoses impulsionam estudos que visam à descoberta de novos agentes antifúngicos. Neste contexto, grande atenção vem sendo dada aos produtos oriundos de plantas aromáticas, especialmente os óleos essenciais e seus componentes. Entre estes, os monoterpenos se destacam por possuírem amplo reconhecimento do seu poder antimicrobiano. Por isso, foi investigada a atividade antifúngica dos monoterpenos citronelal, geraniol e citronelol frente a 14 cepas de T. rubrum. Para tal, foi determinada a concentração inibitória mínima (CIM) de cada produto, como também os seus efeitos sobre o crescimento micelial (massa seca), a viabilidade (LogUFC/mL), a germinação de conídios e a morfogênese de T. rubrum. A ação dos produtos sobre a parede celular fúngica (ensaio com sorbitol) e sobre a membrana plasmática fúngica (perda de material citoplasmático, complexação com ergosterol e síntese de ergosterol) também foi investigada. Além disso, foi analisada a interferência sobre a infectividade de T. rubrum (infecção in vitro em unhas). Entre os monoterpenos testados, geraniol e citronelol foram os mais potentes, pois apresentaram menores valores de CIM. Ensaios foram realizados com geraniol (CIM = 32 µg/mL e CIMx2 = 64 µg/mL) e citronelol (CIM = 128 µg/mL e CIMx2 = 256 µg/mL), nos quais eles inibiram significativamente o desenvolvimento micelial e a germinação dos conídios. Os monoterpenos apresentaram efeito fungicida e provocaram alterações na morfogênese formando hifas largas, curtas e tortuosas nas cepas ATCC1683 e LM422. Com sorbitol, os valores de CIM desses monoterpenos aumentaram frente à cepa ATCC1683, sugerindo ação sobre a parede celular fúngica. Os resultados dos ensaios sobre a membrana plasmática mostraram que geraniol e citronelol provocaram liberação de material intracelular, formaram complexos com o ergosterol e diminuíram o conteúdo de ergosterol. Diante dos resultados, sugere-se que o geraniol e citronelol atuam sobre a membrana de T. rubrum por um mecanismo que parece envolver a complexação com o ergosterol e inibição de sua biossíntese, afetando indiretamente a parede celular e ocasionando lise celular. Além do mais, geraniol e citronelol, na CIM e CIMx2, também inibiram a infecção de T. rubrum em fragmentos ungueais. Dessa maneira, os monoterpenos geraniol e citronelol se apresentam como promissores agentes antifúngicos, com potencial aplicabilidade no tratamento das dermatofitoses, em especial contra o agente T. rubrum. Palavras-chave: Monoterpenos. Trichophyton rubrum. Ergosterol. Antifúngico. Investigation of the mechanism of antifungal activity of monoterpenes against strains of Trichophyton rubrum PEREIRA, F. O. (2012) Pós-Graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos, área de concentração: farmacologia Tese de Doutorado, CCS/UFPB ABSTRACT Trichophyton rubrum is the main responsible microorganism of chronic cases of dermatophytosis on nails, feet, hands, torso, neck and scalp, with high rates of resistance to antifungal agents. The clinical and epidemiological importance concerned dermatophytosis encourage studies for searching of new antifungal agents. In this context, attention has been drawn to the products from aromatic plants, especially essential oils and their components. The monoterpenes stands out due to widespread recognition of its antimicrobial activity. Therefore, it was investigated the antifungal activity of the monoterpenes citronellal, geraniol and citronellol against 14 strains of T. rubrum. For this, it was determined the minimum inhibitory concentration (MIC) of each drug, as well as their effects on mycelial growth (dry weight), the viability (logCFU/mL), conidial germination and morphogenesis. The action of the drugs on the fungal cell wall (test with sorbitol) and on the fungal cell membrane (release of cellular material, complex with ergosterol and ergosterol synthesis) were also investigated. Moreover, it was analyzed the interference on the infectivity of T. rubrum (in vitro nail infection). Among the tested monoterpenes, geraniol and citronellol were the most potent, since they showed lower MIC values. Assays were performed with geraniol (MIC = 32 µg/mL and MICx2 = 64 µg/mL) and citronellol (MIC = 128 µg/mL and MICx2 = 256 µg/mL), they significantly inhibited the mycelial growth and conidial germination. The monoterpenes showed fungicidal effect and caused caused abnormalities in morphogenesis showing large, short and twisted hyphal in the strains ATCC1683 and LM422. With sorbitol, the MIC values of these monoterpenes increased against the strain ATCC1683, suggesting action on the fungal cell wall. The results of the assays on the cell membrane showed that geraniol and citronellol released intracellular material, formed complexes with the ergosterol and decreased content of ergosterol. Therefore, the results suggest that that geraniol and citronellol act on the membrane of T. rubrum by a mechanism that appears to involve a complex with ergosterol and inhibition its biosynthesis, indirectly affecting the cell wall and causing cell lysis. Moreover, geraniol and citronellol at MIC and MICx2 also prevented infection of T. rubrum on nail fragments. Thus, the monoterpenes geraniol and citronellol are presented as promising antifungal agents, with potential applicability in the treatment of dermatophytosis, especially against the agent T. rubrum. Keywords: Monoterpenes. Trichophyton rubrum. Ergosterol. Antifungal. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Tinea unguium causada por Trichophyton rubrum ................................ 16 Figura 2 – Tinea cruris causada por Trichophyton rubrum ..................................... 17 Figura 3 – Tinea pedis causada por Trichophyton rubrum ..................................... 18 Figura 4 – Tinea corporis causada por Trichophyton rubrum ................................. 18 Figura 5 – Esquema dos tipos de hifas constituindo o micélio fúngico .................. 19 Figura 6 – Elementos básicos da morfologia de fungos filamentosos ................... 20 Figura 7 – Características das colônias e da micromorfologia de Trichophyton rubrum em ágar batata ......................................................................... 21 Figura 8 – Estrutura química de alguns compostos azólicos.................................. 24 Figura 9 – Estrutura química da terbinafina, uma alilamina.................................... 25 Figura 10 – Estrutura química da griseofulvina ...................................................... 26 Figura 11 – Estruturas químicas dos monoterpenos citronelal, geraniol e citronelol ............................................................................................................ 30 Figura 12 – Superfície celular fúngica com os elementos de sua parede .............. 32 Figura 13 – Estrutura química de um segmento de quitina .................................... 33 Figura 14 – Estrutura química de um segmento de β-glicano ................................ 34 Figura 15 – Estrutura química de esteróis de membrana plasmática ..................... 36 Figura 16 – Esquema da biossíntese de ergosterol ............................................... 37 Figura 17 – Percentual de massa micelial seca produzido por Trichophyton rubrum ATCC 1683 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol ............................................................................. 57 Figura 18 – Percentual de massa micelial seca produzido por Trichophyton rubrum LM 422 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol ........................................................................................... 58 Figura 19 – Curvas de viabilidade das estruturas fúngicas de Trichophyton rubrum ATCC 1683 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol ............................................................................. 60 Figura 20 – Curvas de viabilidade das estruturas fúngicas de Trichophyton rubrum LM 422 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol ........................................................................................... 61 Figura 21 – Percentual de conídios germinados de Trichophyton rubrum ATCC 1683 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol .............................................................................................. 63 Figura 22 – Percentual de conídios germinados de Trichophyton rubrum LM 422 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol .............................................................................................. 64 Figura 23 – Micromorfologia de Trichophyton rubrum ATCC 1683 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol ........... 67 Figura 24 – Taxa de material intracelular de Trichophyton rubrum ATCC 1683 com absorção em 260 nm na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol .......................................... ..............72 Figura 25 – Conteúdo de ergosterol produzido por massa úmida celular por Trichophyton rubrum ATCC 1683 na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol ............................................................................. 76 Figura 26 – Estruturas químicas do geranil pirofosfato, geraniol e citronelol ......... 78 Figura 27 – Participação de geranil pirofosfato na síntese de esqualeno .............. 79 Figura 28 – Ensaio de infecção ex vivo mostrando o crescimento de cepas de Trichophyton rubrum sobre fragmentos ungueais ............................... 83 Figura 29 – Proposta de mecanismo da atividade antifúngica de geraniol e citronelol frente a Trichophyton rubrum ............................................... 85 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Concentração inibitória mínima de citronelal, geraniol, citronelol e cetoconazol sobre cepas de Trichophyton rubrum ................................ 53 Tabela 2 – Concentração inibitória mínima de geraniol, citronelol e cetoconazol na ausência e na presença de sorbitol sobre Trichophyton rubrum ATCC 1683 ...................................................................................................... 70 Tabela 3 – Concentração inibitória mínima de geraniol, citronelol, cetoconazol e anfotericina B na ausência e na presença de ergosterol sobre Trichophyton rubrum ATCC 1683.......................................................... 74 Tabela 4 – Interferência de geraniol, citronelol, e cetoconazol na infectividade de Trichophyton rubrum ATCC 1683 sobre fragmentos ungueais de voluntários ............................................................................................. 82 Tabela 5 – Interferência de geraniol, citronelol, e cetoconazol na infectividade de Trichophyton rubrum LM 422 sobre fragmentos ungueais de voluntários .............................................................................................................. 82 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS ABD Ágar batata dextrose ASD Ágar Sabouraud dextrose ATCC American Type Culture Collection CCS Centro de Ciências da Saúde CG-EM Cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas CSD Caldo Sabouraud Dextrose DMSO Dimetilsulfóxido e.p. Erro padrão GDP Difosfato de guanosina GTP Trifosfato de guanosina HIV Human immunodeficiency virus KOH Hidróxido de potássio LM Laboratório de Micologia µg Micrograma µg/mL Micrograma por mililitro µm Micrômetro + NADP Nicotinamida adenina dinucleotídio fosfato oxidado NADPH Nicotinamida adenina dinucleotídio fosfato reduzido mm Milímetro NaCl Cloreto de sódio OMS Organização Mundial de Saúde % Percentual pH Potencial hidrogeniônico PM Peso molecular rpm Rotações por minuto UFC Unidades formadoras de colônias UFC/mL Unidades formadoras de colônias por mililitro LogUFC/mL Logarítimo de unidades formadoras de colônias por mililitro UFPB Universidade Federal da Paraíba UDP Difosfato de uridina UDP-glicose Difosfato de uridina glicose OBS.: Os termos não listados nesta relação se encontram descritos no texto. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 15 1.1 Trichophyton rubrum E AS DERMATOFITOSES ................................................ 15 1.2 TRATAMENTO DAS DERMATOFITOSES ......................................................... 22 1.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE PRODUTOS NATURAIS ....................................... 27 1.4 ALVOS CELULARES PARA INVESTIGAÇÃO ANTIFÚNGICA .......................... 31 2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 39 2.1 OBJETIVO GERAL.............................................................................................. 39 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................... 39 3 MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 42 3.1 LOCAL DA PESQUISA ....................................................................................... 42 3.2 ANTIFÚNGICOS E MONOTERPENOS .............................................................. 42 3.3 CEPAS FÚNGICAS ............................................................................................. 42 3.4 MEIOS DE CULTIVO .......................................................................................... 43 3.5 INÓCULO ............................................................................................................ 43 3.6 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA (CIM) ............... 43 3.7 EFEITOS SOBRE O CRESCIMENTO MICELIAL ............................................... 44 3.8 EFEITOS SOBRE A VIABILIDADE FÚNGICA .................................................... 45 3.9 EFEITOS SOBRE A GERMINAÇÃO DOS CONÍDIOS ....................................... 45 3.10 EFEITOS SOBRE A MORFOGÊNESE ............................................................. 46 3.11 AÇÃO DO PRODUTO NA PAREDE CELULAR ................................................ 46 3.11.1 Ensaio com sorbitol ........................................................................................ 46 3.12 AÇÃO DO PRODUTO NA MEMBRANA CELULAR .......................................... 47 3.12 1 Perda de material citoplasmático.................................................................... 47 3.12.2 Interação com o ergosterol ............................................................................. 47 3.12.3 Biossíntese do ergosterol ............................................................................... 48 3.13 INFECÇÃO EX VIVO......................................................................................... 49 3.13.1 Sujeitos........................................................................................................... 49 3.13.2 Infecção .......................................................................................................... 49 3.14 ANÁLISE ESTATÍSTICA ................................................................................... 50 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 51 5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 87 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 89 APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido .................................. 110 ANEXO A – Certidão de aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa ................... 114 ANEXO B – Laudos de especificação técnica dos monoterpenos .......................... 115 ANEXO C – Artigos submetidos .............................................................................. 118 ANEXO D – Artigos publicados ............................................................................... 122 INTRODUÇÃO Introdução | 15 1 INTRODUÇÃO 1.1 Trichophyton rubrum E AS DERMATOFITOSES As dermatofitoses são infecções fúngicas em tecidos queratinizados como unhas, cabelos e estrato córneo da pele, produzidas por fungos denominados dermatófitos. A expressão dermatófitos é utilizada para designar um grupo de fungos queratinofílicos, taxonomicamente relacionados, que ocasionam essas micoses. Este grupo de fungos compreendem diversas espécies e variedades, agrupadas em três gêneros: Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton (SIMPANYA, 2000; LACAZ et al., 2002). No tocante à patogênese das dermatofitoses, é relatado que a infecção é iniciada pela inoculação de conídos ou artroconídios – estruturas que podem permanecer viáveis por anos no meio ambiente – sobre o tegumento. O sucesso deste processo infeccioso está relacionado à capacidade dos fungos aderirem ao tecido epitelial e superar os mecanismos de resistência do hospedeiro a exemplo da própria barreira cutânea, pH da pele e presença de ácidos graxos fungistáticos. Para isto, os fungos expressam adesinas na superfície dos conídios, mananos na parede celular envolvidos na imunossupressão e produzem uma série de enzimas hidrolíticas como nucleases, lipases, queratinases, serino e metaloproteinases que auxiliam na captação de nutrientes (ESQUENAZI et al., 2004; JOUSSON et al., 2004; MARTINEZ-ROSSI et al., 2008; VERMOUT et al., 2008). Para que os fungos ocasionem doenças em seres humanos, eles precisam alcançar o hospedeiro, aderir a tecidos específicos, resistir aos mecanismos do sistema imune e proliferar a uma dada extensão do tecido, onde a doença é revelada clinicamente (ODDS, 2000). Embora não façam parte da microbiota do sistema tegumentar, os dermatófitos são particularmente bem adaptados aos sítios de infecção porque eles utilizam queratina como fonte nutricional de carbono, enxofre e nitrogênio, diferentemente de outros patógenos. As dermatofitoses são geralmente cutâneas e restritas à camada córnea da pele, pois esses fungos geralmente são incapazes de penetrar nas camadas do tegumento, em indivíduos imunocompetentes (SIMPANYA, 2000; MARTINEZ-ROSSI et al., 2008). O aspecto clínico das dermatofitoses é bastante variável e resulta dos efeitos combinados da degradação da queratina e resposta inflamatória do hospedeiro à Introdução | 16 infecção. As dermatofitoses podem ser classificadas de acordo com as localizações anatômicas das lesões, utilizando a denominação tinea seguida do sítio anatômico onde se localiza a infecção, também em latim (DEGREEF, 2008). T. rubrum é considerado um dos principais agentes causadores de infecções cutâneas, predominando nos casos clínicos de tinea ungium, tinea cruris, tinea pedis e tinea corporis (SEEBACHER et al., 2008; AMEEN et al., 2010). Tinea ungium é caracterizada pela invasão da lâmina ungueal por dermatófitos (Figura 1). O comprometimento da unha pode ocorrer na forma subungueal distal, próxima ou lateral e superficial branca; todas essas formas podem evoluir para distrofia total ou parcial da unha. As unhas dos pés e das mãos podem ser infectadas, mas as unhas dos pés são mais frequentemente afetadas. T. rubrum está envolvido na ampla maioria dos casos tinea unguium, principalmente em indivíduos imunocomprometidos (PEREA et al., 2000; AMEEN et al., 2007). Figura 1 – Tinea unguium causada por Trichophyton rubrum. Fonte: DEGREEF (2008). A: Distrofia total das unhas. B: Comprometimento subungueal distal e lateral. Tinea cruris inclui infecções da genitália, região pubiana, região perineal e perianal da pele (Figura 2). Os adultos são mais acometidos do que as crianças e os homens são mais comumente acometidos em relação às mulheres. A infecção tem Introdução | 17 distribuição mundial, embora seja prevalente em regiões de clima tropical (GUPTA et al., 2003; DEGREEF, 2008). Figura 2 – Tinea cruris causada por Trichophyton rubrum. Fonte: MOYANO et al. (2010). Tinea pedis é a infecção dermatofítica que envolve a pele da região plantar e as regiões interdigitais dos pés (Figura 3). T. rubrum está frequentemente associado a quadros crônicos, não inflamatórios, eritematosos e escamosos de tinea pedis. Pessoas portadoras de diabetes tipo II e do vírus HIV são as mais acometidas em todo o mundo. Além disso, certas profissões como mineiros, soldados e profissionais de atividades recreativas ou atletas possuem maior risco de adquirir tinea pedis (PEREA et al., 2000; DEGREEF, 2008). Tinea corporis acomete a pele glabra, principalmente o tronco, ombros e braços (Figura 4). As lesões se manifestam geralmente com aspecto anelar, sob a forma de pequenos eritemas de contornos delimitados. As lesões podem ser únicas, mas podem ser encontradas na forma de múltiplas lesões. As infecções provocadas por T. rubrum são as mais prevalentes e podem se apresentar como lesões crônicas não inflamatórias e bastante extensas (DAS et al., 2007; AMEEN et al., 2010). Introdução | 18 Figura 3 – Tinea pedis causada por Trichophyton rubrum. Fonte: COHEN; LEHMANN (2012). Figura 4 – Tinea corporis causada por Trichophyton rubrum. Fonte: DEGREEF (2008). Introdução | 19 Assim como outros fungos filamentosos, T. rubrum possui um aparelho reprodutivo cujos órgãos se diferenciam para desempenhar reprodução não sexual e um aparelho de vida vegetativa que, em conjunto, são denominados de micélio (Figura 5) (KAYSER, 2005). Figura 5 – Esquema dos tipos de hifas constituindo o micélio fúngico. Fonte: PEREIRA (2012). O micélio é caracterizado como um conjunto de células que formam hifas septadas – filamento fúngico ou um segmento do micélio filamentoso – encontrados no interior ou na superfície do meio de crescimento, quando cultivados em laboratório. O crescimento fúngico envolve transporte e assimilação de nutrientes, seguido pela sua integração pelos componentes intracelulares que posteriormente desencadeiam divisão celular e o consequente o aumento da biomassa fúngica (LACAZ et al., 1998; WALKER; WHITE 2005). Portanto, a hifa constitui, em seu conjunto, o micélio dos fungos. As hifas crescem a partir de seu ápice, formando verdadeiras redes de ramificações como pode ser visualizados na figura 6. Introdução | 20 Figura 6 – Elementos básicos da morfologia de fungos filamentosos. Fonte: KAYSER, (2005). A: Hifas septadas. B: Rede de hifas ramificadas. Trichophyton rubrum é um fungo filamentoso antropofílico e recentemente se tornou o mais comum e amplamente distribuído dermatófito que acomete o homem. T. rubrum é um fungo com uma taxa de crescimento lenta, tornando-se completamente maduro em torno de 14 dias. Suas colônias são macias, brancas, algumas vezes tornam-se roseadas no decorrer do seu envelhecimento, o reverso da colônia pode se encontrar corado de vermelho ou amarelo (Figura 7A e B). Possui escassos macroconídios, de tamanho variável e forma de charuto. Suas hifas são hialinas, septadas com microconídios em forma de gota, com aproximadamente 2-3 por 3-5 µm, dispostos ao longo das hifas (Figura 7C) (GRÄSER et al., 2000). A elevada prevalência de infecções micóticas superficiais tem demonstrado que cerca de 25% da população mundial tem micoses superficiais, incluindo dermatofitoses, tornando este tipo de infecção um dos mais comuns em todo o mundo (HAVLICKOVA et al., 2008). Registros epidemiológicos relatam que T. rubrum é um dos dermatófitos mais comumente isolados micoses superficiais, com distribuição mundial e sendo responsável por cerca de 70% dos casos de dermatofitoses em humanos. Trabalhos desenvolvidos por pesquisadores da América do Sul e do Norte, além das regiões Norte e Central da Europa colocam Introdução | 21 este micro-organismo como sendo um dos mais comumente isolado em casos de dermatofitoses nessas regiões e com reconhecida resistência à terapêutica local (HERNÁNDEZ-SALAZAR et al., 2007; HAVLICKOVA et al., 2008; SEEBACHER et al., 2008). Figura 7 – Características das colônias e da micromorfologia de Trichophyton rubrum em ágar batata. Fonte: PEREIRA, (2009). A: micélio aéreo; B: micélio vegetativo; C: micromorfologia em microscopia óptica (aumento: 400x). Nota: barra: 50 µm. No Brasil, ele também continua sendo o dermatófito mais frequentemente isolado em diversos sítios anatômicos (COSTA et al., 2002; AQUINO et al., 2003; DAMÁZIO et al., 2007). Em João Pessoa-PB, especificamente, o T. rubrum foi a Introdução | 22 espécie mais encontrada em diferentes formas clínicas da doença em estudos desenvolvidos por Lima et al (1999). Neste estudo, do total de pessoas com dermatofitose confirmada, T. rubrum foi o responsável por 50,8% dos casos, com predomínio nos casos de tinea corporis (47%), e tinea capitis (31%). Além das lesões cutâneas, também é descrito a ocorrência de processos infecciosos mais profundos envolvendo T. rubrum. Geralmente, indivíduos com a síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS – Acquired Immune Deficiency Syndrome), uso prolongado de corticosteroides, de quimioterapia e drogas imunossupressoras em transplantados são os mais acometidos (LILLIS et al., 2009; LOWTHER et al., 2007; MARCONI et al., 2010). 1.2 TRATAMENTO DAS DERMATOFITOSES As dermatofitoses podem ser tratadas topicamente, sistemicamente ou associando-se ambas as formas de tratamento, a depender do perfil de sensibilidade do fungo, do sítio acometido, da extensão da lesão, entre outros fatores. A terapia tópica é indicada para os casos de suaves a moderados de tinea corporis, tinea cruris, tinea pedis e tinea manuum (dermatofitose das mãos). A terapia oral deve ser considerada para aqueles indivíduos com largas e extensas áreas de lesão, onde normalmente apresentam uma gravidade não esperada ou persistente; também podem ser utilizadas por pessoas que apresentaram complicações no uso tópico. A associação das duas formas é usada geralmente para os casos ainda mais complicados, crônicos ou para os portadores de tinea unguium e tinea capitis (dermatofitose do couro cabeludo) (DEGREEF et al., 2006; GUPTA; COOPER, 2008; VAN MINNEBRUGGEN et al., 2010). Atualmente ainda é escasso o número de agentes empregados no tratamento das dermatofitoses. Novas classes de fármacos estão surgindo a exemplo dos agentes inibidores de parede fúngica como as equinocandinas, porém são apenas empregados em casos específicos de micoses sistêmicas causadas por fungos dos gêneros Candida e Aspergillus, e outros fungos oportunistas e resistentes a agentes de amplo espectro (FERA et al., 2009; CARRILLO-MUÑOZ et al., 2010). Alguns agentes se destacam na utilização clínica para o tratamento das dermatofitoses, entre os quais existem os derivados imidazólicos como cetoconazol, compostos Introdução | 23 triazólicos a exemplo do itraconazol e fluconazol, além da terbinafina e da griseofulvina (FERNÁNDEZ-TORRES et al., 2003). Os antifúngicos azólicos são classificados como imidazólicos ou triazólicos. Os primeiros possuem dois átomos de nitrogênio no anel azólico, enquanto que os triazólicos possuem três (Figura 8). Eles possuem o mesmo mecanismo de ação e espectro de ação, no entanto, os triazólicos são metabolizados mais lentamente e exercem menos efeitos colaterais (ODDS et al., 2003). Esses fármacos atuam na biossíntese do ergosterol, o principal esterol presente na membrana celular de todas as células fúngicas. Eles são inibidores da 14-α-desmetilase, enzima que catalisa a remoção oxidativa do grupo 14-α-metil do lanosterol durante a síntese do ergosterol. Dessa forma, estes produtos induzem a depleção do ergosterol, com consequente alteração da fluidez da membrana e inibição do crescimento fúngico (ODDS et al., 2003; DENNING; HOPE, 2010). O cetoconazol e outros compostos azólicos causam alguns efeitos colaterais decorrentes de sua ação sobre vias enzimáticas que metabolizam esteroides no hospedeiro. Assim, os efeitos indesejáveis envolvem a diminuição na síntese de testosterona ou glicocorticoides e hepatotoxicidade ao fazer uso de terapias prolongadas com azóis. Diante deste aspecto, é preciso ter precauções no seu uso sistêmico a longo prazo no tratamento de micoses extensas ou de difícil tratamento como as onicomicoses (GAUWERKY et al., 2009; VANDEPUTTE et al., 2012). Uma nova geração de fármacos triazólicos foi desenvolvido porém com uso restrito aos casos de infecções por fungos dos gêneros Candida, Aspergillus, Fusarium e da ordem Mucorales, muita vezes resistentes aos triazólicos. São exemplos dessa classe em uso clínico: o posaconazol e o voriconazol, embora outros agentes já se encontram em fase final de desenvolvimento como o ravuconazol, isavuconazol e albaconazol (WALSH et al., 2008; VANDEPUTTE et al., 2012). Introdução | 24 Figura 8 – Estrutura química de alguns compostos azólicos. Fonte: LUPETTI et al. (2002). A: Fluconazol (2-(2,4-difluorofenil)-1,3-bis(1,2,4-triazol-1-il)propan-2-ol). B: Itraconazol (2-butan-2-il-4[4-[4-[4-[[(2R,4S)-2-(2,4-diclorofenil)-2-(1,2,4-triazol-1-ilmetil)-1,3-dioxolan-4-il]metoxi]fenil]piperazin-1il]fenil]-1,2,4-triazol-3-one). C: cetoconazol (1-[4-[4-[[(2R,4S)-2-(2,4-diclorofenil)-2-(imidazol-1-ilmetil)1,3-dioxolan-4-il]metoxi]fenil]piperazin-1-il]etanone. Introdução | 25 Os componentes da classe das alilaminas inibem a síntese de ergosterol, porém por uma via diferente dos compostos azólicos. São inibidores reversíveis da esqualeno epoxidase, uma enzima envolvida nas etapas iniciais da síntese de esteróis. Em cepas susceptíveis, os efeitos para a membrana fúngica são semelhantes aos azólicos. Em especial, a terbinafina (Figura 9) tem ampla distribuição em tecidos adiposos, tecidos epiteliais e unhas devido a seu caráter lipofílico. Por isso, é indicada no tratamento das dermatofitoses e candidíase cutânea (ODDS et al., 2003; GHANNOUM et al., 2009; CARILLO-MUÑOZ et al., 2010). Figura 9 – Estrutura química da terbinafina, uma alilamina. Fonte: ODDS et al. (2003). Nota: nome da terbinafina pela IUPAC: ((E)-N,6,6-trimetil-N-(naftalen-1-ylmetil)hept-2-en-4-en-1aminehidrocloride). A griseofulvina também possui eficácia comprovada principalmente para o tratamento das dermatofitoses. Esse fármaco se distribui largamente pelos tecidos queratinizados tais como a pele, pelos e unhas e, por isso, é utilizada no tratamento de tineas da pele, couro cabeludo e unhas (LACAZ e al., 2002; GUPTA; RYDER, 2003). Sua indicação é direcionada na terapêutica de tinea capitis, tinea corporis e tinea unguium além das demais formas clínicas resistentes às aplicações tópicas de diferentes antifúngicos. A griseofulvina (Figura 10) interfere na estrutura e função dos microtúbulos, inibindo a mitose das células durante sua reprodução. A Introdução | 26 griseofulvina está associada a diversos efeitos indesejáveis com o seu uso no tratamento de dermatofitoses, podendo-se destacar a moderada hepatotoxicidade (GUPTA; COOPER, 2008; KAUR et al, 2008; GAUWERKY et al., 2009). Figura 10 – Estrutura química da griseofulvina. Fonte: ODDS et al. (2003). Nota: nome da griseofulvina pela IUPAC: benzofuran-2,4'-ciclohex-2-ene]-1',3-dione. (2S,5'R)-7-chloro-3',4,6-trimetoxy-5'-metilespiro[1- Embora pareça que o número de fármacos antifúngicos disponíveis no mercado seja grande, eles estão agrupados em poucas classes químicas e, muitas vezes, com espectro de ação restrito. Em contrapartida, a prevalência de infecções fúngicas por leveduras ou por fungos filamentosos vem aumentando nas últimas décadas, principalmente devido ao aumento de indivíduos imunocomprometidos como os portadores do vírus HIV, que sofreram transplantes ou que estão em terapia antineoplásica. Estas condições são associadas a maior utilização de agentes antifúngicos, o que favorece o aparecimento de cepas resistentes. Assim como outros micro-organismos, as células fúngicas possuem uma grande habilidade de desenvolver resistência a compostos tóxicos (CIHLAR et al., 2002; KAPLAN et al., 2002; MICELI et al., 2011). O fenômeno de resistência pode ser entendido como uma seleção de cepas com perfil genético modificado que resulta em menor sensibilidade destas cepas ao Introdução | 27 agente antimicrobiano em questão (BOSSCHE, 1997). Esta resistência está relacionada muitas vezes ao uso ou dose inadequada para o tratamento. Isto contribui para o surgimento de falhas na eliminação do agente infeccioso, estimula o crescimento de cepas resistentes e dificulta o tratamento da doença (ANDERSON, 2005; MARTINEZ-ROSSI et al., 2008). Os fungos desenvolvem mecanismos de resistência aos efeitos fungistáticos e fungicidas de todas as classes de fármacos, principalmente por três mecanismos gerais: redução do acúmulo da droga no ambiente intracelular, diminuição da afinidade da droga pelo seu alvo e modificações no seu metabolismo que reduzem os efeitos danosos da droga. Muitas vezes, a associação de vários mecanismos está envolvida nesta resposta do micro-organismo às drogas (ANDERSON, 2005; VANDEPUTTE et al., 2012). Especificamente, T. rubrum tem desenvolvido fenômenos de resistência aos agentes antifúngicos utilizados na clínica ou a outros compostos tóxicos por mecanismos que envolvem principalmente modificações moleculares nas enzimas alvo desses agentes, alta expressão de bombas de efluxo (transportadores da família ABC) e outras proteínas responsivas ao estresse, alteração na permeabilidade ou captação da droga. Os diversos mecanismos variam de acordo com a cepa, a droga ou condições ambientais (DENISING et al., 2008; PERES et al., 2010). 1.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE PRODUTOS NATURAIS Os produtos naturais são importantes instrumentos no desenvolvimento de novas ferramentas terapêuticas e, neste ponto, as plantas medicinais e os produtos derivados delas são reconhecidamente importantes para a pesquisa farmacológica e o desenvolvimento de drogas (BRASIL, 2006). O uso de produtos naturais é certamente uma das estratégias mais bem sucedidas na descoberta de novos fármacos, envolvendo a participação das ciências biológicas, farmacêuticas, médicas e a química (NEWMAN; CRAGG, 2007). A Organização Mundial da Saúde (OMS) relata que muitas das drogas consideradas básicas e essenciais são de origem vegetal e um significante número é também obtido de precursores naturais. As plantas são fontes importantes de moléculas biologicamente ativas que podem ser utilizadas não apenas como modelo para a síntese e obtenção de novos fármacos, mas também como uma nova Introdução | 28 possibilidade de intervenção terapêutica. Na área de agentes antimicrobianos, é notável um comportamento crescente no número de drogas derivadas de produtos naturais aprovados para uso clínico. E dessa forma, as plantas superiores se constituem como uma das fontes mais importantes de novas substâncias utilizadas com fins terapêuticos (WHO, 2002; NEWMAN; CRAGG, 2007; BRAZ FILHO, 2010). Dada a importância das plantas medicinais como agentes terapêuticos, políticas públicas foram construídas no Brasil na perspectiva de valorização do conhecimento associado às plantas e melhoria do acesso da população aos medicamentos. Um exemplo concreto disto foi a criação da Política Nacional e Práticas Integrativas e Complementares no Sistema Único de Saúde (SUS) e da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, publicadas em 2006. Estas políticas sinalizam a importância de estudos voltados para a atividade biológica das plantas e seus produtos almejando contribuir com novos agentes terapêuticos (BRASIL, 2006). Na área de antimicrobianos, desde a antiguidade as plantas medicinais são utilizadas para tratar doenças infecciosas que comumente acometem a população. Entre as plantas empregadas com esta finalidade, as plantas aromáticas constituem um grupo de vegetais proeminentes. Dentre os possíveis produtos extraídos destas plantas, são os óleos essenciais que tem o maior uso popular no tratamento de infecções em muitas partes do corpo como sistema respiratório, trato intestinal, trato urinário e principalmente na pele (RIOS; RECIO, 2005; NUNES et al., 2006). Historicamente, os óleos essenciais e os extratos de plantas há muito tempo têm servido de base para diversas aplicações na medicina popular. No entanto, nos dias atuais, seus principais usos são nas indústrias alimentícias (aromatizantes e conservantes), de perfumes e farmacêuticas devido às suas ações bactericida, fungicida, parasiticida, inseticida e virucida, entre outras propriedades biológicas (NASCIMENTO et al., 2007; BAKKALI et al., 2008). Os óleos essenciais são complexos de compostos voláteis caracterizados pelo odor forte e são formados pelas plantas como metabólitos secundários, encontrados em suas folhas, resinas, frutos, flores, troncos e outras partes (BURT, 2004). Esses óleos são fitocomplexos que podem ser constituídos por até mais de 60 componentes individuais. Este fato pode interferir diretamente na sua maior ou menor atividade biológica (LIMA et al., 2006). Diversas propriedades biológicas de óleos essenciais já foram relatadas na literatura como atividade antineoplásica, hipotensora, antimicrobiana, analgésica, anti-inflamatória, anticonvulsivante, Introdução | 29 antioxidante, hipolipêmica e hipoglicemiante (EDRIS, 2007; BANSOD; RAI, 2008; SUANARUNSAWAT et al., 2010; BIRADAR et al., 2010). A grande maioria dos óleos essenciais é constituída de derivados fenilpropanoides ou de terpenos (VILLA et al., 1998; SIMÕES; SPITZER, 2004). Os terpenos são compostos largamente distribuídos na natureza, constituindo uma ampla variedade de compostos vegetais. São compostos hidrogenados de cadeias carbônicas cíclicas ou alifáticas derivados do metabolismo secundário de plantas. A origem biossintética dos esqueletos carbonados dos terpenos parte da condensação de unidades de isopreno (C5) que, por sua vez, origina-se biossinteticamente do ácido mevalônico (SIMÕES; SPITZER, 2007). Os terpenos são classificados de acordo com suas unidades de átomos de carbono em hemiterpenos (C5), monoterpenos (C10), sesquiterpenos (C15), diterpenos (C20), triterpenos (C30) e tetraterpenos (C40). Os monoterpenos são os mais representativos, geralmente encontrados na maioria dos óleos essenciais e dotados de uma grande diversidade estrutural (BAKKALI et al., 2008). Estes componentes são prevalentes em óleos essenciais de várias plantas como Cymbopogon winterianus (BLANK et al., 2007; QUINTANS-JÚNIOR et al., 2008; LERTSATITTHANAKORN et al., 2010) e diversas outras plantas aromáticas (RIOS; RECIO, 2005). Previamente, a composição do óleo essencial de C. winterianus analisada por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas, revelando o citronelal (23,6%), geraniol (18,8%) e citronelol (11,7%) como seus componentes majoritários (OLIVEIRA et al., 2011). Os componentes citronelal, geraniol e citronelol são constituintes voláteis classificados como monoterpenos acíclicos formados pela união de duas unidades de isopreno (SIKKEMA et al., 1995; BAKKALI et al., 2008). Embora o citronelal (C10H18O), geraniol (C10H18O) e citronelol (C10H20O) apresentem estruturas químicas semelhantes, são observadas sutis diferenças (Figura 11). O geraniol é um monoterpeno com um grupo álcool e com duas duplas ligações. O citronelol apenas difere do geraniol por apresentar uma dupla ligação em sua estrutura. Por outro lado, o citronelal é semelhante ao citronelol, diferindo apenas por ser um monoterpeno do tipo aldeído. Algumas atividades biológicas são descritas para o citronelal, como a atividade sedativa e antinociceptiva em camundongos (JÄGER et al., 1992; MELO et al., 2010), antibacteriano (SATO et al., 2006) e repelente (KIM et al., 2005). Introdução | 30 O produto referido como geraniol na literatura é uma mistura de dois isômeros cis-trans, onde o isômero trans é chamado de geraniol e o cis é conhecido por nerol (CHEN; VILJOEN, 2010). Pesquisadores têm mostrado que o geraniol é um agente com proeminente ação repelente (BARNARD; XUE, 2004), inseticida (JEON et al., 2009), antimicrobiano (SI et al., 2006; MARUYAMA et al., 2008) e antineoplásica (POLO; DE BRAVO, 2006; WISEMAN et al., 2007). Figura 11 – Estruturas químicas dos monoterpenos citronelal, geraniol e citronelol. Fonte: PEREIRA (2012). A: citronelal (3,7-dimetiloct-6-enal); B: geraniol ((2E)-3,7-dimetilocta-2,6-dien-1-ol); C: citronelol (3,7dimetiloct-6-en-1-ol). Introdução | 31 Citronelol ocorre naturalmente na forma de dois isômeros ópticos. O isômero R(+) é comumente encontrado em óleos essenciais de plantas, especialmente na família Rutaceae. De forma oposta, o isômero S-(–) é menos comum e está presente em óleos essenciais de C. winterianus e Pelargonium graveolens (DE SOUSA et al., 2006; ZHUANG et al., 2009). Estão relatados na literatura alguns estudos com o citronelol demonstrando sua aplicabilidade como repelente (MAIMONE; BARAN, 2007), antioxidante (SUN et al., 2005), antibacteriano (KUBO et al., 1993), larvicida (HIERRO et al., 2004), anticonvulsivante (DE SOUSA et al., 2006) e induz a formação de espécies reativas de oxigênio em células de raízes de trigo, resultando em peroxidação lipídica e dano à membrana destas células (KAUR et al., 2011). 1.4 ALVOS CELULARES PARA INVESTIGAÇÃO ANTIFÚNGICA Um dos maiores desafios no desenvolvimento de drogas antifúngicas reside nas similaridades compartilhadas entre os fungos e o hospedeiro. Para desenvolver novas drogas, é necessário ter em mente que um eficiente antifúngico deve atuar com máxima especificidade nos fungos apresentando baixa toxicidade para o hospedeiro (MARTINEZ-ROSSI et al., 2008). Dessa forma, alguns critérios devem ser considerados na perspectiva de selecionar alvos para intervenção de novos produtos antifúngicos. Primeiramente, eles precisam ser seletivos, ou seja, os alvos devem ser únicos nos fungos ou suficientemente diferentes do hospedeiro. Segundo, os alvos precisam necessariamente ser essenciais para o crescimento e viabilidade dos fungos em estudo. E terceiro, os alvos devem ser bem caracterizados, onde seu papel fisiológico e natureza bioquímica devem ser compreendidos (CIHLAR et al., 2002). Com base nisso, duas importantes estruturas fúngicas se apresentam como importantes alvos para detecção de fármacos antifúngicos: a parede celular e a membrana plasmática. A parede celular fúngica está envolvida com funções não compartilhadas com as células dos mamíferos, pois são essenciais para os fungos e não estão presentes em hospedeiros mamíferos e, consequentemente mostra-se como um alvo atrativo para novos antifúngicos (DIDOMENICO, 1999). É uma estrutura dinâmica importante para a viabilidade do organismo, cuja complexa estrutura serve para proporcionar à célula uma resistência mecânica suficiente para resistir a alterações na pressão osmótica imposta pelo ambiente. Ainda, ela confere a plasticidade adequada para Introdução | 32 permitir o crescimento e divisão celular, mantém a forma e a integridade da célula fúngica e permite sua interação com o ambiente (BOWMAN; FREE, 2006). Alterações em sua organização ou interrupção funcional provocada por agentes antifúngicos podem acarretar letalidade para os fungos, provavelmente com mínimos efeitos indesejáveis ao hospedeiro. A parede celular fúngica forma uma espessa e complexa rede fibrilar composta por um complexo de biopolímeros, onde cada um mostra um importante papel na sua funcionalidade. Nos fungos filamentosos, são compostas principalmente de diferentes polissacarídeos (glicanos, quitina, mananos, quitosana, ácido poliglicurônico ou celulose) que chegam a constituir 90% da parede celular, juntamente com pequenas quantidades de proteínas e glicoproteínas (Figura 12) (WESSELS, 1994; WALKER; WHITE 2005). Figura 12 – Superfície celular fúngica com os elementos de sua parede. Fonte: Adaptado de ELITRENNIKOFF (2001). Introdução | 33 Os componentes microfibrilares unidos por ligações covalentes e pontes de hidrogênio, são organizados na região central da parede celular como uma rede incorporada dentro de uma matriz amorfa. O componente fibrilar confere organização e rigidez à parede celular, enquanto a matriz amorfa funciona como um componente mais fluido. Embora cada fungo apresente uma composição bioquímica diferenciada, a estrutura básica é mantida em todas as espécies. Por exemplo, a quitina e os β-glicanos se destacam como os principais componentes fibrilares da parede celular fúngica (WESSELS, 1994; WALKER; WHITE 2005). A quitina é um homopolímero constituído de resíduos de N-acetilglicosamina unidos por ligações β (1-4) que forma longas cadeias lineares (Figura 13). É sintetizada na face interna da membrana plasmática e transferida para a superfície celular como microfibrilas que permanecem ancoradas à membrana por ligações de hidrogênio. As enzimas responsáveis pela síntese de quitina (sintase de quitina) são uma família de proteínas integrais de membrana com peso molecular de 100–130 kDa (RONCERO, 2002; BOWMAN; FREE, 2006). Em S. cerevisiae e C. albicans estas enzimas foram melhor estudadas, onde três isoformas (Chs1, Chs2 e Chs3) foram identificadas. Os genes que codificam a sintase de quitina e os sinais pelos quais são ativados dependem de específicas condições ambientais, estágio do ciclo celular e variam bastante entre as diversas espécies (SCHMIDT et al., 2002; LATGÉ, 2007). Figura 13 – Estrutura química de um segmento de quitina. Fonte: NELSON; COX (2011). Introdução | 34 Os glicanos são os maiores componentes da parede celular, os quais estão ligados à quitina por ligações β (1-4). Estes são homopolissacarídeos são constituídos por longas cadeias lineares de resíduos de glicose unidas por ligações β (1-3), embora algumas paredes contenham pontos de ramificação com ligações β (1-6), conforme visualizado na figura 14. A síntese deste polímero também é realizada por um complexo proteico transmembranar que usa UDP-glicose (difosfato de uridina de glicose) intracelular como substrato para a formação das cadeias lineares de glicose β (1-3) (DOUGLAS, 2001; LATGÉ, 2007). O complexo sintase de β-1,3-glicano é formado por duas subunidades, uma subunidade catalítica e outra subunidade regulatória. A subunidade catalítica (Fksp) possui cerca de 16 hélices transmembranares e um domínio hidrofílico; este domínio é encontrado na face citoplasmática da membrana, sendo essencial para a função da β-1,3-glicano sintase (DOUGLAS, 2001). A subunidade reguladora é a Rho1p GTPase que alterna entre o estado inativo ligado ao GDP (difosfato de guanosina) e o ativo ligado ao GTP (trifosfato de guanosina), ativando a subunidade catalítica (DEBONO; GORDEE, 1994; LESAGE; BUSSEY, 2006). Figura 14 – Estrutura química de um segmento de β-glicano. Fonte: Adaptado de CHAN et al. (2009). Introdução | 35 É relatada também a presença de cadeias de mananos, os quais são polímeros de unidades de manose unidas por ligações α (1-4). Paredes celulares de hifas contêm geralmente menos unidades de mananos do que formas leveduriformes ou unicelulares. Essas tais variações de composição são ainda observados quando fungos dimórficos entram em transição para formar hifas a partir da estrutura unicelular. (WALKER; WHITE 2005) Algumas proteínas são encontradas na parede celular dos fungos, porém sem algum papel estrutural relatado. Algumas delas são proteínas de excreção enquanto outras possuem um importante papel na formação e manutenção dos polímeros de parede. Há relatos de seu envolvimento na determinação antigênica ou propriedades de adesão aos tecidos do hospedeiro (WALKER; WHITE 2005; BOWMAN et a., 2006; BOWMAN; FREE, 2006). A membrana citoplasmática dos fungos atua como uma barreira semipermeável, no transporte ativo e passivo dos materiais para dentro e para fora da célula, sendo constituída basicamente de lipídios e proteínas, podendo ambos estar ligados a açúcares formando, respectivamente, glicolipídios e glicoproteínas. A membrana plasmática é essencial para a sobrevivência do fungo, visto que a ocorrência de alterações na estrutura, função ou manutenção da membrana celular resulta geralmente em letalidade (CIHLAR et al., 2002). Uma típica membrana fúngica possui em sua composição lipídios do tipo fosfolipídios, glicolipídios e esterois. O ergosterol é o principal esterol contido na membrana celular fúngica, se destacando como um alvo celular de grande interesse, pois não está presente nas células humanas cujo representante esteroide é o colesterol (Figura 15) Sua função é modular a fluidez da membrana e evitar suas alterações por flutuações nas condições ambientais. Além disto, os esteroides têm um papel vital nos fungos, regulando o crescimento e proliferação celular (CZUB; BAGINSKI, 2006; VANDEPUTTE et al., 2012). Introdução | 36 Figura 15 – Estrutura química de esteróis de membrana plasmática. Fonte: NELSON; COX (2011). A: colesterol; B: ergosterol. As células fúngicas e as células humanas utilizam a mesma via metabólica para a síntese dos esterois de membrana até a formação do metabólito lanosterol, a partir do qual as vias bioquímicas se divergem (Figura 16). Convergentemente, a síntese destes esteróis envolve uma complexa rota de reações bioquímicas que envolvem cerca de 20 enzimas, partindo do acetilCoA até a formação do esqualeno. O esqualeno é uma molécula alifática com 30 átomos de carbono que é ciclizada para a formação do lanosterol. O lanosterol, por usa vez, sofre múltiplas reações bioquímicas para originar o colesterol e o ergosterol por vias metabólicas diferentes (BERG et al., 2010; NELSON; COX, 2011). Introdução | 37 A biossíntese de ergosterol em fungos envolve complexas vias metabólicas, que podem diferir um pouco a depender da espécie e linhagem. Em termos gerais, é bem descrito que o lanosterol sofre três sequenciais desmetilações nos carbonos C14, C-4α e C-4β formando o zimosterol, o qual é transformado em fecosterol. O fecosterol sofre isomerização para formar episterol e, em seguida, o ergosterol, conforme esquematizado na figura 16 (ALCAZAR-FOULI et al., 2008). Figura 16 – Esquema da biossíntese de ergosterol. Fonte: PEREIRA (2012). Introdução | 38 Considerando a importância clínica e epidemiológica dispensada às dermatofitoses e as limitadas informações sobre os efeitos dos monoterpenos citronelal, geraniol e citronelol sobre T. rubrum, o presente estudo se apresenta bastante relevante. As investigações desenvolvidas neste estudo sugerem possíveis mecanismos de ação antifúngica, além de confirmar seus efeitos inibitórios sobre T. rubrum em um modelo in vitro de dermatofitose em unhas. OBJETIVOS Objetivos | 40 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Investigar os possíveis mecanismos da atividade antifúngica dos monoterpenos citronelal, geraniol e citronelol frente a cepas de T. rubrum. 2.2 Objetivos específicos Neste estudo, foram realizados testes com os monoterpenos citronelal, geraniol e citronelol frente a cepas de T. rubrum com os seguintes objetivos específicos: Determinar a concentração inibitória mínima. Avaliar os efeitos inibitórios sobre o crescimento micelial, a germinação dos conídios, a viabilidade das estruturas fúngicas e morfogênese. Investigar os efeitos sobre a parede celular e membrana plasmática. Avaliar os efeitos inibitórios em um modelo in vitro de dermatofitose em unhas. MATERIAL E MÉTODOS Material e Métodos | 42 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 LOCAL DA PESQUISA A pesquisa foi realizada no Laboratório de Micologia do Departamento de Ciências Farmacêuticas, do Centro de Ciências da Saúde (CCS), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). 3.2 ANTIFÚNGICOS E MONOTERPENOS Os fármacos antifúngicos (cetoconazol e anfotericina B) e monoterpenos (citronelal, geraniol, citronelol) foram adquiridos da Sigma-Aldrich® (Brasil). As soluções foram preparadas no momento de execução dos testes, dissolvendo-os primeiramente em 100 µL dimetilsulfóxido (DMSO) e utilizando água destilada esterilizada em quantidade suficiente para 2 mL, obtendo a concentração inicial de 1024 µg/mL. A partir desta concentração, foram feitas diluições seriadas em razão de dois até alcançar a concentração de 1 µg/mL. A concentração máxima de DMSO utilizada nos ensaios foi de 0,5%. 3.3 CEPAS FÚNGICAS Para os ensaios de atividade antifúngica, foram selecionadas 13 cepas de T. rubrum obtidas da coleção do Laboratório de Micologia. Estas cepas foram originadas de amostras biológicas de diversos sítios anatômicos, codificadas como: LM 98 (isolada de pele), LM 130 (isolada de pele), LM 222 (isolada de unhas), LM 308 (isolada de unhas), LM 333 (isolada de unhas), LM 422 (isolada de pele), LM 582 (isolada de pele), LM 600 (isolada de pele), LM 640 (isolada de couro cabeludo), LM 710 (isolada de couro cabeludo), LM 713 (isolada de pele), LM 720 (isolada de pele) e LM 722 (isolada de pele). Uma cepa padrão da American Type Culture Collection também foi utilizada (ATCC 1683) nos ensaios. Todas as cepas foram mantidas em tubos de ensaio contendo ágar batata dextrose inclinado sob refrigeração (8°C), no Laboratório de Micologia. Material e Métodos | 43 3.4 MEIOS DE CULTIVO Os meios de cultura utilizados nos ensaios para avaliação da atividade antifúngica foram o meio sólido ágar Sabouraud dextrose (ASD) e o meio líquido caldo Sabouraud dextrose (CSD) adquiridos da Difco ®. Para conservação das cepas e preparação do inóculo foi utilizado o meio sólido ágar batata dextrose (ABD), também adquirido da Difco®. Os meios de cultura foram solubilizados com água destilada e esterilizados em autoclave, a 121°C, 1,0 atm por 15 minutos. 3.5 INÓCULO Primeiramente os isolados foram cultivados em ágar batata a 28°C por 7 dias, para induzir esporulação. As recentes colônias fúngicas foram cobertas com 10 mL de solução salina estéril (NaCl 0,9%), e as suspensões feitas por suaves agitações com auxílio de uma alça descartável. A mistura resultante de conídios e fragmentos de hifas foi retirada e transferida para tubos de ensaio esterilizados. Cada suspensão foi deixada em repouso por 3-5 minutos, tempo para que os fragmentos de hifas se depositem no fundo, e o sobrenadante foi recolhido em tubos de ensaio estéreis. Cada suspensão teve sua turbidez comparada e ajustada àquela apresentada pelo tubo 0,5 da escala McFarland, a qual corresponde a um inóculo de aproximadamente 106 unidades formadoras de colônias em 1 mL (106 UFC/mL). O inóculo foi confirmado por meio do plaqueamento de 0,01 mL das suspensões em placas com ASD. As placas foram incubadas a 28°C e examinadas diariamente para a contagem das colônias, determinando as unidades formadoras de colônias em 1 mL (SANTOS et al., 2006; BARROS et al., 2006). 3.6 DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO INIBITÓRIA MÍNIMA (CIM) A determinação da CIM dos monoterpenos citronelal, geraniol e citronelol foi realizada pela técnica de microdiluição, utilizando placas de microtitulação contendo 96 cavidades com fundo em forma de “U” (SANTOS; HAMDAN, 2005; PEREIRA et al., 2011a). Em cada orifício da placa, foram adicionados 100 µL do meio líquido CSD duplamente concentrado. Posteriormente, 100 µL da solução dos monoterpenos foram dispensados nas cavidades da primeira linha da placa. Por Material e Métodos | 44 meio de uma diluição seriada a uma razão de dois, foram obtidas concentrações de 1024 µg/mL até 1 µg/mL. Por fim, foram adicionados 10 µL do inóculo das cepasteste nas cavidades, onde cada coluna da placa referiu-se a uma cepa fúngica. Um controle fúngico foi realizado substituindo as drogas-teste por água destilada esterilizada. Para verificar a ausência de interferência nos resultados pelo DMSO utilizado na preparação das soluções, foi feito um controle no qual foram colocados nas cavidades 100 µL do CSD duplamente concentrado, 100 µL do DMSO (0,5%) usada na solubilização dos produtos e 10 µL da suspensão. Um controle de esterilidade também foi realizado, colocando-se 200 µL do CSD em um orifício sem a suspensão dos fungos. As placas foram seladas e incubadas a 28°C por até 5 dias para a realização da leitura. Paralelamente, foi realizado o mesmo experimento com o antifúngico cetoconazol, representando um grupo de fármacos utilizado na terapêutica clínica para casos de dermatofitoses. Os valores de CIM foram determinados pela análise visual da inibição do crescimento em cada cavidade, comparando os testes com o controle (ausência de drogas). A CIM foi definida como a menor concentração capaz de inibir 100% o crescimento fúngico observado nas cavidades. O experimento foi realizado em triplicata (SANTOS; HAMDAN, 2005). 3.7 EFEITOS SOBRE O CRESCIMENTO MICELIAL A análise da interferência de geraniol, citronelol e cetoconazol sobre o crescimento micelial foi realizada pela determinação da massa micelial seca de T. rubrum ATCC 1683 e T. rubrum LM 422 (SHARMA; TRIPATHI, 2008; PEREIRA et al., 2011a). Em um tubo de ensaio esterilizado foram adicionados 4,5 mL do CSD, previamente acrescido da solução das drogas-teste nas respectivas CIM e CIMx2. Em seguida, foram adicionados 0,5 mL do inóculo em cada tubo. No tubo controle correspondente, o inóculo foi adicionado em CSD sem adição dos compostos testados. Todo o sistema foi incubado a 28°C por um tempo total de 12 dias, quando foi determinado o peso da massa micelial seca. Para isto, as culturas foram filtradas utilizando papel de filtro esterilizado (porosidade: 11 µm) e lavadas com água destilada esterilizada. O micélio retido no papel de filtro foi submetido à secagem em estufa a 60°C por 10 minutos. Ao término, o papel de filtro contendo o micélio seco foi pesado e o percentual de massa micelial seca produzida foi calculado, Material e Métodos | 45 considerando o experimento controle como 100% de produção micelial. O experimento foi realizado em triplicata. 3.8 EFEITOS SOBRE A VIABILIDADE FÚNGICA O estudo de interferência de geraniol, citronelol e cetoconazol sobre a viabilidade das cepas de T. rubrum ATCC 1683 e T. rubrum LM 422 foi realizado conforme descrito por Klepser et al. (1998). Em um tubo de ensaio esterilizado foram adicionados 4,5 mL do CSD, previamente acrescido da solução das drogas-teste nas respectivas CIM e CIMx2. Em seguida, foram adicionados 0,5 mL do inóculo em cada tubo. No tubo controle correspondente, o inóculo foi adicionado em CSD sem adição dos compostos testados. Todo o sistema foi incubado a 28°C por até 12 dias. A cada 3 dias de exposição, uma alíquota de 100 µL dos tubos foi retirada e diluída (1:10) em água destilada esterilizada. Com um alça calibrada e esterilizada, foi inoculado uniformemente 10 µL dessa última diluição na superfície de placas de Petri com ASD. As placas foram incubadas a 28°C e a contagem do número de colônias foi realizada e expressa em logUFC/mL em função do tempo. O limite de detecção das colônias foi 100 UFC/mL (2,0 LogUFC/mL). A atividade fungicida dos produtos foi definida se ocorrer uma diminuição de >3 log em UFC/mL, resultando em cerca de 99,9% de redução das UFC/mL, ao comparar os valores no tempo final (dia 12) e inicial (dia 0). Uma atividade menor que esta, foi considerada fungistática. O experimento foi realizado em duplicata. 3.9 EFEITOS SOBRE A GERMINAÇÃO DOS CONÍDIOS As suspensões de T. rubrum ATCC 1683 e T. rubrum LM 422 foram analisadas em hemocitômetro (Inlab®: 0,10 mm; 0,0025 mm2) 1 e ajustadas a 106 conídios/mL. Em tubos de ensaio estéreis, 500 µL do CSD acrescido de geraniol, citronelol e cetoconazol (CIM e CIMx2), foram homogeneamente misturadas com 500 µL da suspensão dos conídios fúngicos e imediatamente incubados a temperatura de 28°C. Amostras dessa mistura foram tomadas após 24h para análise. O número de conídios germinados e não germinados foi determinado em cada grupo experimental, utilizando um hemocitômetro. O percentual de conídios germinados foi calculado para cada grupo experimental. Um controle com ausência Material e Métodos | 46 das drogas-teste foi utilizado. Todo o experimento foi feito em triplicata (LIU et al., 2008; PEREIRA et al., 2011a). 3.10 EFEITOS SOBRE A MORFOGÊNESE A análise dos efeitos provocados por geraniol, citronelol e cetoconazol na morfogênese de T. rubrum ATCC 1683 e T. rubrum LM 422 foi realizada com base na técnica de microcultivos sobre lâminas (GUNJI et al., 1983; PEREIRA et al., 2011a). Em placas de Petri (90 x 15mm) descartáveis e esterilizadas, foram vertidos 20 mL de ASD fundido ASD fundido e ajustado na temperatura de 35°C em banhomaria. Em seguida, foi adicionado um volume de cada droga-teste com o objetivo de alcançar a concentração subinibitória CIM/2. Foi realizado um experimento controle sem adição dos produtos ao ASD fundido. Após solidificação do ASD acrescido das drogas-teste, cavidades foram feitas no meio de cultivo utilizado cânulas de vidro esterilizadas. Com o auxílio de uma alça descartável esterilizada, pequenos blocos deste meio foram transferidas para a superfície de uma lâmina de microscopia esterilizada. Em seguida, dois fragmentos do micélio das cepas recém-cultivadas em ABD foram dispostos sobre a superfície dos blocos de ASD acrescido das drogas-teste, cobrindo-os com uma lamínula. As lâminas foram incubadas em câmaras úmidas a temperatura ambiente (28°C) por cinco dias. Após o período de incubação, 1 gota do corante azul de lactofenol algodão foi adicionada no centro de uma lâmina e coberta com a lamínula do microcultivo. As estruturas micromorfológicas na ausência e na presença das drogas-teste foram examinadas em microscópio óptico comum, com aumento de 400x. O ensaio foi feito em duplicata e imagens representativas deste experimento foram registradas. 3.11 AÇÃO DO PRODUTO NA PAREDE CELULAR 3.11.1 Ensaio com sorbitol A determinação da CIM dos geraniol, citronelol e cetoconazol frente à cepa T. rubrum ATCC 1683 na presença de sorbitol foi realizada por microdiluição, conforme descrito anteriormente. Neste caso, foi utilizado o meio líquido CSD previamente Material e Métodos | 47 adicionado de sorbitol (PM = 182,17) (VETEC Química Fina Ltda – Rio de Janeiro/RJ), a 0,8 M. As placas foram incubadas a 28°C e a leitura realizada com 5 e 10 dias. Dessa maneira, foi possível comparar os valores de CIM dos produtos frente à cepa de T. rubrum na ausência e presença de sorbitol a 0,8 M. Os ensaios foram realizados em triplicata e o resultado expresso pela média geométrica dos resultados (FROST et al., 1995; SOUZA et al., 2010). 3.12 AÇÃO DO PRODUTO NA MEMBRANA CELULAR 3.12.1 Perda de material citoplasmático Uma amostra de 10 mL do inóculo fúngico de T. rubrum ATCC 1683 foi adicionada em um tubo de ensaio esterilizado juntamente com geraniol, citronelol e cetoconazol para alcançar uma concentração final de CIM e CIMx2 de cada drogateste. A mistura foi incubada à temperatura de 28°C e amostras de 3 mL foram retiradas após 4h e 8h e submetidas à centrifugação a 3000 rpm por 5 minutos. O sobrenadante foi retirado e analisado em um UV-espectrofotômetro (Shimadzu) a 260 nm, para análise de sua absorbância. Uma solução etanólica de KOH (KOH 25% em etanol a 70%) a 80°C por 1 hora foi utilizada como composto lisante o qual produziu 100% de lise celular. Um controle na ausência das drogas-teste foi realizado. Um controle fúngico também foi realizado, no qual conteve apenas a suspensão das cepas. A taxa (%) de material citoplasmático de T. rubrum ATCC 1683 com absorção em 260 nm foi calculado comparando-se com os valores obtidos com o lisante. O experimento foi realizado em triplicata (LUNDE; KUBO, 2000; ESCALANTE et al., 2008). 3.12.2 Interação com o ergosterol A determinação da CIM de geraniol, citronelol e cetoconazol frente à cepa de T. rubrum ATCC 1683 na presença de ergosterol exógeno, foi realizada por microdiluição, conforme descrito anteriormente (ESCALANTE et al., 2008). Neste caso, foi utilizado o meio líquido CSD previamente adicionado de 400 µg/mL de ergosterol (Sigma-Aldrich®). Foi realizado o mesmo procedimento com a anfotericina B, cujo mecanismo de ação envolve a interação com ergosterol da membrana, para Material e Métodos | 48 servir como controle positivo dos resultados. As placas foram incubadas a 28°C por 5 dias para ser realizada a leitura. Os ensaios foram realizados em triplicata e o resultado expresso pela média geométrica dos resultados. Dessa maneira, foi possível comparar os valores de CIM dos produtos frente às cepas de T. rubrum na ausência e presença de ergosterol exógeno. 3.12.3 Biossíntese de ergosterol Para extração do conteúdo total dos esteróis das células de T. rubrum ATCC 1683, 1 mL do inóculo foi adicionado em 9 mL de meio de cultura CSD contendo diferentes concentrações de geraniol, citronelol e cetoconazol (CIM e CIMx2). As culturas foram incubadas por 5 dias a 28°C. Todo o sistema foi submetido à centrifugação a 3000 rpm por 5 minutos e lavados uma vez com água destilada esterilizada. O peso do pellet formado foi determinado para cálculos posteriores. Em seguida, 3 mL de uma solução etanólica de KOH (KOH 25% em etanol 70%) foram adicionados em cada pellet e agitado por 1 minuto em aparelho Vortex. O sistema foi incubado em banho-maria a 80°C por 1 h e, para a obtenção de total de lise celular. Após incubação, os tubos foram esfriados a temperatura ambiente. Os esteróis foram extraídos por adição de 3 mL de n-heptano, seguida de vigorosa agitação em Vortex por 3 minutos. Os tubos apresentaram duas camadas líquidas, sendo uma aquosa situada ao fundo do tubo e a camada superior de n-heptano e compostos lipofílicos. A camada de n-heptano foi transferida para um eppendorf e estocada sob refrigeração por 24 horas. Uma alíquota de cada tubo foi analisada em um UVespectrofotômetro (Shimadzu) em 281,5 e 230 nm. O conteúdo de ergosterol foi calculado como percentual de ergosterol por massa celular conforme descrito por Arthington-Skaggs (1999), pelas seguintes equações 1 e 2: % ergosterol +% 24(28)DHE = [A281,5/290) x F] (1) peso do pellet % 24(28)DHE = [A230/518) x F] peso do pellet (2) Material e Métodos | 49 Onde A281,5 e A230 são os valores de absorbância em 281,5 nm e 230 nm respectivamente. 24(28)DHE é o metabólito intermediário 24(28) dehidroergosterol, F é o fator de diluição em etanol absoluto e 290 e 518 são os valores de E (%/cm) determinado pelo ergosterol e 24(28)DHE cristalinos, respectivamente. O experimento foi realizado em triplicata (ARTHINGTON-SKAGGS, et al., 1999). 3.13 INFECÇÃO EX VIVO 3.13.1 Sujeitos Este estudo foi inicialmente submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CCS/UFPB), com número de protocolo 0157/11 (Anexo A). O processo de coleta foi realizado no Laboratório de Micologia (CCSUFPB) e não conferiu nenhum risco ou dano potencial aos voluntários, pois foram seguidos os procedimentos rotineiros de coleta de material biológico para análise em laboratórios de micologia clínica (LACAZ et al., 2002). Neste estudo, utilizaram-se fragmentos ungueais dos pés coletados de voluntários sadios sem micose aparente nessas regiões, confirmado quando foram examinadas com KOH (30%) em microscopia. Para isso, os materiais foram coletados de 10 voluntários, sendo dos quais 5 homens e 5 mulheres, maiores de 18 anos. 3.13.2 Infecção Os ensaios de infecção ex vivo foram realizados em triplicata, conforme Takasuka (2000). Neste ensaio, foi possível analisar a capacidade de T. rubrum em infectar os fragmentos ungueais como única fonte nutricional. Fragmentos dessas unhas (1mm x 1mm) foram tratados com etanol a 70% por 15 minutos e secos a temperatura ambiente. Em placas de microtitulação, uma alíquota de 5 µL da suspensão de T. rubrum ATCC 1683 e T. rubrum LM 422 foi inoculada sobre cada fragmento por 1 h, seguida da adição de 200 µL de água destilada estéril (controle negativo) ou acrescida de geraniol, citronelol e cetoconazol nas concentrações CIMx2, CIM, CIM/2. Todo o sistema foi incubado por 5 dias para ser realizada a leitura. A análise se baseou na observação do crescimento fúngico sobre os Material e Métodos | 50 fragmentos ungueais usando microscopia óptica. O experimento foi realizado em triplicata. 3.14 ANÁLISE ESTATÍSTICA Os valores de CIM foram expressos pela média geométrica dos resultados. Os resultados dos ensaios que avaliaram os efeitos das drogas-teste sobre o crescimento micelial, a viabilidade fúngica, a germinação dos conídios, a liberação de material citoplasmático e a biossíntese de ergosterol foram expressos como média erro padrão (e.p.). A avaliação estatística destes resultados empregando-se o teste de Fischer para determinar diferenças significantes, quando um valor de p<0,05. Todos os resultados foram analisados com o software GraphPad Prism versão 5.0 para Windows, San Diego, CA, EUA. RESULTADOS E DISCUSSÃO Resultados e discussão | 52 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Inicialmente, a CIM do citronelal, geraniol e citronelol foram determinadas pelo método de microdiluição. Os seus respectivos valores, bem como os referentes ao controle realizado com cetoconazol são apresentados tabela 1. Entre os produtos testados, o citronelal foi aquele que apresentou menor poder antifúngico frente às cepas de T. rubrum, justificados pelos maiores valores de CIM. Por outro lado, o geraniol foi o componente mais potente entre os três monoterpenos testados, pois conseguiu inibir o crescimento de 50% das cepas testadas na concentração de 32 µg/mL. O citronelol também apresentou potente atividade antifúngica, inibindo o crescimento de 50% das cepas testadas na concentração de 64 µg/mL (Tabela 1). O cetoconazol (controle positivo) exerceu efeitos inibitórios frente a todos os fungos testados, inibindo 50% das cepas na concentração de 16 µg/mL. Quando comparados aos resultados apresentados pelo geraniol, pode-se observar que esse valor CIM do cetoconazol foi o mesmo para quatro das quatorze cepas testadas frente ao geraniol (LM 39, LM 582, LM 710 e LM 713). Por outro lado, é interessante destacar que o citronelol inibiu o crescimento da cepa LM 333 a um valor de CIM inferior àquela apresentada pelo cetoconazol (8 µg/mL). Desse modo, fica evidente o poder antifúngico destes monoterpenos frente às cepas de T. rubrum. Além disso, os controles realizados mostraram ausência de inibição do crescimento fúngico por DMSO, confirmando que o impedimento do crescimento foi devido à presença dos produtos antifúngicos; foi detectado crescimento quando todas as cepas foram cultivadas na ausência de drogas, confirmando a viabilidade do inóculo fúngico. Um controle de esterilidade foi realizado no qual não foi observado crescimento microbiano, confirmando-se que o CSD utilizado nos ensaios não estava contaminado com micro-organismos. O método de microdiluição escolhido para a determinação da CIM possui grande reprodutibilidade e ainda se apresenta como uma forma simples e econômica de avaliar a atividade antimicrobiana de produtos naturais. Este método tem sido utilizado tanto para substâncias hidrossolúveis quanto lipossolúveis (SCORZONI et al., 2007b; OSTROSKY, et al., 2008). Resultados e discussão | 53 Tabela 1 – Concentração inibitória mínima de citronelal, geraniol, citronelol e cetoconazol sobre cepas de Trichophyton rubrum. Drogas-teste (µg/mL) Cepas Citronelal Geraniol Citronelol Cetoconazol ATCC1683 512 32 128 16 LM 98 1024 64 128 16 LM 130 512 64 64 64 LM 222 1024 64 32 32 LM 309 512 16 32 32 LM 333 256 32 8 16 LM 422 512 32 128 16 LM 582 512 16 64 32 LM 600 1024 32 32 32 LM 640 1024 250 128 16 LM 710 512 16 256 32 LM 713 1024 16 32 16 LM 720 1024 64 1024 16 LM 722 512 64 128 32 Fonte: PEREIRA (2012). Resultados e discussão | 54 O Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) aprovou o documento M38A como método de referência para testes de diluição em caldo, incluindo microdiluição, com vistas a testar a sensibilidade dos fungos filamentosos que causam infecções invasivas como Aspergillus spp., Fusarium spp., Rhizopus arrhizus, Pseudallescheria boydii e Sporothrix schenckii. No entanto, não é um protocolo aplicado ao estudo com dermatófitos, devido às suas peculiaridades de reprodução e condições de cultivo. Os dermatófitos tem crescimento mais lento e normalmente são necessários 5 a 10 dias para que seja detectado seu crescimento nas placas de microdiluição. Além disso, é necessária a utilização de meios de cultivo que induzem conidiogênese a exemplo do ABD (SANTOS et al., 2006; BARROS et al., 2006). No entanto, Santos; Hamdan (2005) analisaram diversas condições de cultivo com dermatófitos para serem aplicadas a testes de sensibilidade por microdiluição, fornecendo valiosas contribuições para a comunidade científica. Estas informações foram aplicadas neste estudo com algumas modificações, pois foram utilizados produtos de origem natural com propriedades (viscosidade, volatilidade e hidrofobicidade) que diferem daquelas apresentadas pelos antifúngicos empregados na terapêutica (HADACEK; GREGER, 2000; NASCIMENTO et al., 2007; CASTRO; LIMA, 2010). Sartoratto et al. (2004) elencaram critérios para categorizar o poder antimicrobiano de óleos essenciais com base no valor de CIM, onde óleos com CIM ≤ 500 μg/mL são considerados com forte atividade antimicrobiana, com 500 μg/mL > CIM ≤ 1500 μg/mL possuem moderada atividade e CIM > 1500 μg/mL é considerado com fraca atividade. Aplicando este referencial aos resultados deste estudo, pode-se considerar que o geraniol e citronelol apresentaram forte atividade antifúngica frente a T. rubrum. Em contrapartida, o citronelal apresentou uma moderada atividade antifúngica. Desse modo, o geraniol e citronelol foram os monoterpenos selecionados para serem utilizados nos ensaios subsequentes. Além dessas diferenças quanto ao poder antimicrobiano de citronelal, geraniol, e citronelol, é interessante destacar que são observadas diferenças nas estruturas químicas entre os monoterpenos testados neste estudo (Figura 11). Entre os monoterpenos testados, o citronelal é o único representante do tipo aldeído o qual apresentou o menor poder antifúngico. Por outro lado, o geraniol e citronelol são monoterpenos com um grupo álcool e que apresentaram maior poder antifúngico. Resultados e discussão | 55 Embora sejam semelhantes do ponto de vista estrutural, é sugestivo inferir que estas pequenas diferenças podem interferir na atividade antifúngica dessas moléculas. Na literatura, são conhecidos vários monoterpenos do tipo álcool que apresentam forte atividade antimicrobiana contra diversas espécies bacterianas e fúngicas. Os componentes carvacrol, nerol, E-linalol, timol, 1,8-cineol, linalol, eugenol, mentol e alfa-terpineol são importantes exemplos de monoterpenos alcoóis com comprovado poder antimicrobiano (SHIN; LIM 2004; LIMA et al., 2005; SATO et al., 2006; PARK et al., 2007; LEE et al., 2008; JIROVETZA et al., 2008; MESAARANGO et al., 2009; EBRAHIMABADI et al., 2010; HUSSAIN et al., 2010; CARRASCO et al., 2012). Alguns pesquisadores afirmam que a atividade de óleos essencial é atribuída principalmente ao seu componente majoritário. Por exemplo, Prashar et al. (2003) afirmam que a atividade antifúngica do óleo essencial de palmarosa (Cymbopogon martinii) frente a Saccharomyces cerevisiae é atribuída ao conteúdo de geraniol – componente majoritário deste óleo. No entanto os resultados deste estudo demonstram que citronelal, componente majoritário do óleo essencial de C. winterianus, foi o monoterpeno que apresentou menor potência antifúngica contra T. rubrum. Da mesma forma, Lee et al. (2008) verificaram que citronelal foi o componente majoritário do óleo essencial de Eucalyptus citriodora e não exerceu atividade antifúngica frente a fungos fitopatógenos como Phytophthora cactorum, Cryponectria parasítica e Fusarium circinatum. O citronelal foi o componente majoritário do óleo essencial de Leptospermum petersonii Bailey e que apresentou menor potência frente a dermatófitos entre os componentes testados. Neste caso, o citronelal exerceu moderada atividade antifúngica sobre Trichophyton mentagrophytes (PARK et al., 2007). Em contrapartida aos resultados deste estudo, é relatado que o citronelal demonstrou atividade antifúngica frente a diferentes espécies fúngicas, em ensaios realizados por microdiluição. Neste caso, é relatado que espécies fúngicas como Candida krusei, C. parapsilosis, Aspergillus fumigatus, A. flavus e Rhizoctonia solani foram sensíveis a citronelal, pois obteve-se valores de CIM entre 314,9 e 500 µg/mL (MESA-ARANGO et al., 2009). Na literatura, encontram-se relatos de que geraniol se mostrou ativo contra cepas de Aspergillus spp, (MESA-ARANGO et al., 2009), Candida albicans e C. Resultados e discussão | 56 parapsilosis (VAN ZYL et al., 2006; MARUYAMA et al., 2008) quando testados por microdiluição. A atividade antifúngica de citronelol também é reconhecida em outros estudos, nos quais foi ativo contra cepas de Aspergillus spp, Fusarium spp. e Penicillium spp (AOUDOU et al., 2010), porém utilizou-se o método de difusão em ágar. Em um estudo desenvolvido por Shin; Lim (2004), o citronelol e o geraniol foram avaliados por microdiluição quanto à sua atividade frente a uma única cepa de T. rubrum, onde ambos os constituintes apresentaram atividade inibitória com valores de CIM, respectivamente, 2000 e 1000 µg/mL. Neste mesmo estudo, o geraniol e citronelol foram mais ativos contra a cepa de T. mentagrophytes. Ainda, os resultados demonstram valores de CIM bem mais elevados que os apresentados neste estudo. Foram investigados os efeitos do geraniol, citronelol e cetoconazol sobre o crescimento micelial, a viabilidade das estruturas fúngicas, a germinação de conídios e a morfogênese de T. rubrum. Para isto, foram realizados ensaios que envolvem as células fúngicas em sua totalidade, buscando estudar as interferências dos produtos em diversas fases do desenvolvimento fúngico, sem necessariamente investigar algum alvo celular específico. Foram escolhidas duas espécies fúngicas: LM 422 e uma cepa padrão (ATCC 1683), pois apresentaram perfil de sensibilidade semelhante. O efeito de diferentes concentrações (CIM e CIMx2) das drogas-teste sobre o crescimento micelial foram determinados pela quantificação da massa micelial seca das cepas. Os resultados estão expressos em percentual de massa micelial seca produzido e apresentados nas figuras 17 e 18. Com relação aos efeitos sobre T. rubrum ATCC 1683, pode ser observado que todas as concentrações testadas dos monoterpenos inibiram o desenvolvimento micelial normal da cepa (p<0,0001) quando comparado com o controle, cujos efeitos são ainda mais evidentes na presença de CIMx2 (Figura 17). O controle produziu um total médio de 46,4 mg de massa micelial seca. Na CIM, os produtos inibiram a produção micelial apresentando os seguintes valores percentuais: cetoconazol (88,47 ± 0,58), geraniol (66,38 ± 0,36) e citronelol (88,26 ± 2,20). A análise dos resultados confirmou que apenas o citronelol foi tão potente quanto o cetoconazol, tendo em vista que os resultados do geraniol diferiram daqueles apresentados pelo cetoconazol (p<0,05). Entre os produtos testados, apenas o geraniol inibiu a formação micelial independente da Resultados e discussão | 57 concentração testada; o citronelol e o cetoconazol foram mais efetivos quando testados na CIMx2 quando comparados aos resultados obtidos na CIM (p<0,05). Figura 17 – Percentual de massa micelial seca produzido por Trichophyton rubrum ATCC 1683 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol. Fonte: PEREIRA (2012). ( ) Controle, ( ) Cetoconazol CIM (16 µg/mL), ( ) Cetoconazol CIMx2 (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIM (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIMx2 (64 µg/mL),( ) Citronelol CIM (64 µg/mL), ( ) Citronelol CIMx2 (128 µg/mL). (a) p<0,05 comparado ao controle. (b) p<0,05 comparado ao cetoconazol na respectiva concentração. (c) p<0,05 comparado a CIM (teste de Fischer). Com relação à cepa LM 422, os efeitos foram bastante semelhantes (Figura 18), porém o controle produziu um total médio de 83,4 mg de massa micelial seca. Neste caso, todas as concentrações testadas dos produtos também inibiram de forma efetiva o desenvolvimento micelial normal da cepa, apresentando os seguintes valores percentuais de inibição: cetoconazol (42,41 ± 0,05), geraniol (66,29 ± 0,01) e Resultados e discussão | 58 citronelol (87,94 ± 0,21). A análise dos resultados confirmou que o geraniol e o citronelol foram mais potentes do que o cetoconazol quando testados na CIM (p<0,05); quando analisados na CIMx2, o geraniol obteve resultados semelhantes ao cetoconazol. Entre os produtos testados, apenas o citronelol inibiu a formação micelial independente da concentração testada; o geraniol e o cetoconazol foram mais efetivos quando testados na CIMx2 quando comparados aos resultados obtidos na CIM (p<0,05). Figura 18 – Percentual de massa micelial seca produzido por Trichophyton rubrum LM 422 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol. Fonte: PEREIRA (2012). ( ) Controle, ( ) Cetoconazol CIM (16 µg/mL), ( ) Cetoconazol CIMx2 (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIM (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIMx2 (64 µg/mL),( ) Citronelol CIM (64 µg/mL), ( ) Citronelol CIMx2 (128 µg/mL). (a) p<0,05 comparado ao controle. (b) p<0,05 comparado ao cetoconazol na respectiva concentração. (c) p<0,05 comparado a CIM (teste de Fischer). Resultados e discussão | 59 Ao pesar o resíduo seco da massa fúngica em meio de cultura líquido, foi possível verificar os efeitos inibitórios das drogas-teste sobre o crescimento microbiano. Embora isto não reflita o total de células vivas, os resultados demonstram que houve produção de material celular fúngico mesmo na presença das drogas-teste. Portanto, é sugestivo que as concentrações testadas não exerçam efeitos fungicidas nestas condições. Pereira (2011a) e Pereira et al., (2011b) analisaram os efeitos inibitórios do óleo essencial de C. winterianus (CIM e CIMx2) sobre a produção micelial de, respectivamente, T. rubrum e T. mentagrophytes. Neste aspecto, o óleo essencial foi mais potente quando comparado ao geraniol e citronelol isoladamente, inibindo 100% a produção de massa micelial. Semelhante aos resultados deste estudo foi observado crescimento micelial (massa micelial seca) de Aspergillus niger, mesmo quando foram testados os óleos essenciais de Thymus eriocalyx e Thymus x-porlock nas CIM e CIMx2 (RASOOLI et al., 2006). No caso das dermatofitoses, considera-se que a produção de estruturas como hifas e fragmentos de hifas seja um fator importante porque são frequentemente observadas em lesões tegumentares dentro das camadas epidérmicas da pele, fios de cabelo circundantes e unhas. A produção de hifas e a consequente formação de micélio são importantes porque as hifas penetram nas camadas mais profundas da epiderme e se desenvolvem produzindo ramificações que se estendem paralelamente às camadas de células. Isto ocorre porque o fungo precisa se manter em um ambiente tecidual o qual está constantemente sendo descamado (KAUFMAN et al., 2007; BURMESTER et al., 2011; BRAND, 2012). Além disso, em um processo infeccioso, o crescimento longitudinal da hifa facilita a penetração nas camadas mais internas da pele, enquanto o crescimento lateral pode agravar os danos, que particularmente nos casos de dermatofitoses é um evento clinicamente importante. As hifas também são fisicamente mais difíceis de serem fagocitadas e podem induzir apoptose em macrófagos, caso as mesmas são formadas no interior destas células após a fagocitose (ODDS et al., 2000; CAMPOS, 2004). A penetração física por hifas e a sua atividade enzimática contribui para o aparecimento de camadas espessas e caóticas nos sítios infecciosos do tegumento, característica marcante das dermatofitoses (ZURITA; HAY, 1987; GUPTA et al., 2003; ROMÁN et al., 2007). Resultados e discussão | 60 A viabilidade das estruturas fúngicas foi analisada após determinados intervalos de tempo de interação com as drogas-teste. Os resultados foram expressos como curvas do logUFC/mL de T. rubrum ATCC 1683 (Figura 19) e T. rubrum LM 422 (Figura 20) durante um total de 12 dias. Como pode ser visualizado na figura 19, geraniol e cetoconazol, nas concentrações CIM e CIMx2, apresentaram efeito fungicida com 9 dias de interação frente a cepa T. rubrum ATCC 1683. No entanto, citronelol apresentou efeito fungicida em 6 dias. O cetoconazol (CIM) e o geraniol (CIM) exerceram efeito fungicida sobre T. rubrum LM 422 em 9 dias (figura 20); geraniol (CIMx2) foi fungicida com 6 dias. Com citronelol na CIM e CIMx2 o efeito fungicida, respectivamente, em 12 e 9 dias. Figura 19 – Curvas de viabilidade das estruturas fúngicas de Trichophyton rubrum ATCC 1683 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol. Fonte: PEREIRA (2012). ( ) Controle, ( ) Cetoconazol CIM (16 µg/mL), ( ) Cetoconazol CIMx2 (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIM (32 µg/mL),( ) Geraniol CIMx2 (64 µg/mL), ( ) Citronelol CIM (64 µg/mL), ( ) Citronelol CIMx2 (128 µg/mL), (- - -) Limite de detecção. Resultados e discussão | 61 Figura 20 – Curvas de viabilidade das estruturas fúngicas de Trichophyton rubrum LM 422 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol. Fonte: PEREIRA (2012). ( ) Controle, ( ) Cetoconazol CIM (16 µg/mL), ( ) Cetoconazol CIMx2 (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIM (32 µg/mL),( ) Geraniol CIMx2 (64 µg/mL), ( ) Citronelol CIM (64 µg/mL), ( ) Citronelol CIMx2 (128 µg/mL), (- - -) Limite de detecção. A análise das curvas de viabilidade das estruturas fúngicas, também conhecidas por curvas de letalidade, auxiliam a analisar a capacidade de um composto de agir sobre a viabilidade de um micro-organismo, verificando a rapidez de um efeito fungicida ou a duração de um efeito fungistático. O comportamento fungicida de um produto é caracterizado pela sua capacidade de impedir o crescimento de um fungo em caldo, de tal modo que ele se torna incapaz de ser cultivado quando uma amostra deste caldo de incubação é transferida para um meio de cultura adequado ao seu crescimento (SMITH-PALMER et al., 1998). Os efeitos fungicidas de concentrações maiores de geraniol e citronelol durante o tempo foram detectados em menor espaço de tempo. Isto é um fato importante no uso terapêutico de fármacos antimicrobianos, onde é interessante utilizar o menor tempo de tratamento possível. A atividade fungicida é mais importante Resultados e discussão | 62 particularmente em indivíduos imunocomprometidos (LIU et al., 2007; MONK; GOFFEAU, 2008). T. rubrum produz numerosos conídios assexuados os quais são considerados a causa primária das infecções no hospedeiro. Ao penetrar na pele com auxílio de uma área escoriada, os conídios podem germinar e se desenvolver até formar o micélio, causando danos aos tecidos (ACHTERMAN; WHITE, 2012). A avaliação da cinética de adesão e invasão de estruturas dermatofídicas na pele e em superfícies ungueais vem sendo investigadas em vários estudos com Trichophyton spp. Estes estudos mostram uma importante relação entre o tempo de adesão e o número de conídios aderindo à superfície, seguida de germinação e invasão do estrato córneo tegumentar pelas hifas formadas nas mais diversas direções (DUEK et al., 2004; ESQUENAZI et al., 2004; VERMOUT et al., 2008). Pensando nisto, foi avaliado quantitativamente o poder dos monoterpenos em interferir na germinação dos conídios fúngicos das cepas de T. rubrum. O percentual de conídios germinados de T. rubrum ATCC 1683 e T. rubrum LM 422 na presença e ausência (controle) dos produtos estão apresentados, respectivamente, nas figuras 21 e 22. De modo geral, todas as drogas-teste na CIM exerceram forte poder inibitório sobre o processo germinativo dos conídios de T. rubrum ATCC (p<0,0001), embora os efeitos tenham sido mais proeminentes na CIMx2 (Figura 21). Na CIM, os produtos apresentaram os seguintes valores percentuais de inibição da germinação: cetoconazol (64,72 ± 4,72), geraniol (35,92 ± 3,66) e citronelol (54,19 ± 5,80). Na CIM, o geraniol foi menos potente que o cetoconazol, porém na CIMx2 o geraniol foi tão potente quanto o cetoconazol; de forma semelhante foi verificado em relação ao citronelol. A análise dos resultados confirmou que o citronelol e o cetoconazol inibiram a germinação dos conídios de forma semelhante nas duas concentrações testadas. O geraniol foi mais efetivo quando testado na CIMx2 quando comparado ao resultado obtido na CIM (p<0,05). Por outro lado, o citronelol e o cetoconazol não apresentaram resultados diferentes quando testados na CIM e CIMx2. Resultados e discussão | 63 Figura 21 – Percentual de conídios germinados de Trichophyton rubrum ATCC 1683 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol. Fonte: PEREIRA (2012). ( ) Controle, ( ) Cetoconazol CIM (16 µg/mL), ( ) Cetoconazol CIMx2 (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIM (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIMx2 (64 µg/mL),( ) Citronelol CIM (64 µg/mL), ( ) Citronelol CIMx2 (128 µg/mL). (a) p<0,05 comparado ao controle. (b) p<0,05 comparado ao cetoconazol na respectiva concentração. (c) p<0,05 comparado a CIM (teste de Fischer). De forma semelhante, estes efeitos também estão presentes nos resultados com T. rubrum LM 422 (Figura 22). Na CIM, os produtos apresentaram os seguintes valores percentuais de inibição da germinação: cetoconazol (70,29 ± 0,29), geraniol (57,64 ± 3,47) e citronelol (74,60 ± 3,18). Diferente do que ocorreu nos testes com a cepa ATCC 1683, foi verificado que o geraniol e o citronelol apresentaram resultados semelhantes aos do cetoconazol. Todas as drogas testadas foram mais efetivas na CIMx2 quando comparadas aos resultados obtidos na CIM (p<0,05). Resultados e discussão | 64 Figura 22 – Percentual de conídios germinados de Trichophyton rubrum LM 422 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol. Fonte: PEREIRA (2012). ( ) Controle, ( ) Cetoconazol CIM (16 µg/mL), ( ) Cetoconazol CIMx2 (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIM (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIMx2 (64 µg/mL),( ) Citronelol CIM (64 µg/mL), ( ) Citronelol CIMx2 (128 µg/mL). (a) p<0,05 comparado ao controle. (c) p<0,05 comparado a CIM (teste de Fischer). Diversos eventos morfológicos são observados durante a germinação dos conídios de T. rubrum os quais envolvem a passagem do conídio do estado latente para o surgimento do tubo germinativo e consequente formação do micélio. Alguns autores relatam que esse processo é acompanhado por duas transições morfológicas: o intumescimento seguido da emergência do tubo germinativo, muitas vezes induzidas por fatores extracelulares. O intumescimento geralmente acontece em 3-4 h e continua até 9-10 h depois da indução da germinação. Ao final desta etapa, ocorre a indução de um crescimento polarizado que resulta na formação de uma célula germinada (LIU et al, 2007). Pereira (2009) analisou diversos intervalos de tempo para acompanhar as alterações morfológicas ocorridas nos conídios de T. rubrum. Neste estudo, foi Resultados e discussão | 65 observado que a totalidade dos conídios estavam germinados em 24 h de cultivo, por isso é um tempo de escolha adequado para analisar a interferência de produtos antifúngicos sobre o processo de germinação dos conídios de T. rubrum. Outros pesquisadores investigaram a ação de produtos naturais sobre a germinação de conídios de diversas espécies fúngicas como Penicillium spp e Aspergillus spp. Embora sejam espécies não dermatofíticas, o tempo de escolha de 24 h também foi adequado às análises de inibição da germinação de conídios (CARMO et al., 2008; SHARMA; TRIPATHI 2008; SOUSA et al., 2011). Pereira (2009) e Pereira et al., (2011b) analisaram os efeitos inibitórios do óleo essencial de C. winterianus (CIM e CIMx2) sobre a germinação dos conídios de T. rubrum e T. mentagrophytes após 24 h de interação. O óleo também apresentou valores percentuais de inibição significantes quando comparados ao controle, embora não tenham inibido 100% de inibição da germinação. A totalidade da inibição somente ocorreu quando o óleo foi testado a uma concentração oito vezes superior à CIM. Considerando a importância dos conídios de T. rubrum na patogênese das dermatofitoses, nossos resultados se mostram bastante relevantes porque é o primeiro relato acerca da ação do geraniol e citronelol sobre a germinação desses conídios. De fato, a inibição da germinação dos conídios se apresenta como um alvo estratégico de grande importância terapêutica. Esta informação ganha ainda mais destaque porque os monoterpenos apresentaram resultados similares ao cetoconazol, representante de uma classe de fármacos antifúngicos comumente usados no tratamento dessas micoses. A germinação de conídios e a formação micelial dependem da morfogênese adequada do fungo. Portanto, a morfologia fúngica é um fator de grande importância durante a invasão e a evasão das células do hospedeiro pelos fungos. As interferências em sua morfogênese induzidas por agentes tóxicos tornam-se de grande importância caso o objetivo seja inibir o crescimento, viabilidade ou virulência fúngica (GUNJI et al., 1983; FROST et al., 1995). As cepas T. rubrum ATCC 1683 e T. rubrum LM 422 foram cultivadas em ASD na presença e ausência dos produtos na CIM/2, com base na técnica de microcultivo em lâmina. Esta técnica de cultivo em lâminas permite demonstrar no microscópio óptico comum à morfologia dos fungos e suas alterações provocadas por diferentes concentrações dos produtos. Essas alterações morfológicas foram analisadas por Resultados e discussão | 66 microscopia óptica, como demonstrada no cultivo de T. rubrum ATCC 1683 (Figura 23). Durante o desenvolvimento fúngico, as hifas vegetativas se diferenciam para formar os conidióforos – hifas que dão origem aos conídios por reprodução assexuada. As sequências de eventos nas células conidiogênicas que resultam em um novo conídio são conhecidas genericamente como conidiogênese (GRASER et al., 2000; SIMPANYA, 2000). O exame microscópico do experimento controle de ambas as cepas demonstrou estruturas características de T. rubrum e não foi observada a presença de macroconídios. Por outro lado, todos os produtos testados induziram alterações morfológicas em T. rubrum de forma uniforme em ambas as cepas, conforme ilustrado na figura 23. A conidiogênese normal foi afetada apenas na presença de cetoconazol. Houve uma diminuição no grau de conidiogênese provocadas por geraniol e citronelol, embora os conídios tenham se apresentaram normalmente distribuídos ao longo dos conidióforos; o cetoconazol inibiu a conidiogênese completamente. Assim como o controle, não foram observados macroconídios em nenhum dos grupos teste. A formação normal das hifas de T. rubrum foi visivelmente afetada na presença de todos os produtos, tornando-se mais evidente na presença do cetoconazol. Hifas largas ou curtas e tortuosas não são características da espécie em questão e, portanto, foram induzidas pelos produtos teste. Por outro lado, ficou evidente a produção de clamidoconídios por T. rubrum na presença de cetoconazol e geraniol, fato não observado com citronelol. Os clamidoconídios são estruturas produzidas por muitos fungos como Candida albicans, Cryptococcus neoformans, Paracoccidioides brasiliensis e Histoplasma capsulatum. Estas estruturas se apresentam normalmente como células vegetativas de formato grande e citoplasma condensado, com paredes espessas e com variadas formas. Ainda, são formadas a partir das hifas podendo ser terminais ou intercalares, isolados ou contínuos (LACAZ et al., 1998; LIN; HEITMAN, 2005). Os clamidoconídios são formados em respostas a estímulos ambientais em condições ambientais adversas, não favoráveis ao desenvolvimento fúngico, normalmente de acordo coma espécie fúngica. São relatados como indutores da produção de clamidoconídios as alterações na osmolaridade, a luz, pH, temperatura, a presença de drogas antifúngicas e estimulantes de plantas (COLE et al., 1991; GOMPERTZ, et al., 2000; OHARA; TSUGE, 2004). Resultados e discussão | 67 Na literatura, é relatado que T. rubrum é o agente responsável pela maioria dos casos de dermatofitoses crônicas e recorrentes. Isto também pode estar relacionado à sua capacidade de produzir clamidoconídios como um importante mecanismo de defesa contra agentes fungitóxicos, como foi observado nos resultados deste estudo (GHAHFAROKHI et al., 2004). Isto justifica a presença destas estruturas em concentrações subinibitórias de alguns produtos antifúngicos, confirmando que as drogas-teste são tóxicos ao fungo, afetando a formação do micélio. Figura 23 – Micromorfologia de Trichophyton rubrum ATCC 1683 na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol. Fonte: PEREIRA (2012). A, ausência de produtos (controle), com presença de conídios, dispostos ao longo do conidióforo (seta); B, cetoconazol (8 µg/mL), com clamidoconídios (seta), hifas curtas e tortuosas; C, geraniol (16 µg/mL), com hifas largas e tortuosas (seta); D, citronelol (64 µg/mL), com hifas curtas e tortuosas (seta). Nota: os resultados são representativos de dois experimentos. Barra = 100 µm (400x). Resultados e discussão | 68 Estudos anteriores relatam importantes alterações morfológicas foram induzidas por óleos essenciais e seus componentes sobre diversas espécies fúngicas como Aspergillus flavus, A. parasiticus, A. niger, A. fumigatus e Trichophyton mentagrophytes (CARMO et al., 2008; MOREIRA et al., 2010; SOUZA et al., 2010; PEREIRA e t al., 2011b). Estudos realizados por Pereira et al. (2011a) revelaram que o óleo essencial de C. winterianus foi capaz de induzir diversas alterações sobre T. rubrum, semelhante ao que foi observado com os componentes majoritários deste óleo como geraniol e citronelol. É relatado na literatura que macromoléculas cuja função esteja relacionada ao crescimento, sobrevivência, virulência ou morfogênese celular são apontadas como promissores alvos para novos agentes antifúngicos (ODDS et al., 2003). Diante disso, os resultados encontrados até o momento já se apresentam de grande relevância, embora impulsione a investigar quais possíveis alvos celulares estão envolvidos com estes eventos e como o geraniol e citronelol atuam sobre eles. Alguns autores afirmam que drogas que interferem com a biossíntese da parede celular frequentemente apresentam distintas alterações morfológicas (GUNJI et al., 1983; FUKUSHIMA et al., 1993). A parede celular fúngica representa uma estrutura dinâmica que protege os protoplastos fúngicos de choques osmóticos externos e define o crescimento celular, a forma e as propriedades de comunicação celular. Em fungos filamentosos, a formação da parede celular e sua organização estão intimamente associadas ao processo de crescimento apical das hifas. Portanto, a parede celular é de extrema importância para o crescimento e viabilidade dos fungos (WALKER; WHITE 2005; BOWMAN; FREE, 2006). Por isso, julgou-se necessário investigar a possível interferência dos produtos sobre a parede celular fúngica de T. rubrum, utilizando o bioensaio com sorbitol. Os ensaios de atividade antifúngica de geraniol e citronelol foram realizados utilizando a cepa T. rubrum ATCC 1683, pois nos ensaios anteriores foi verificado que as duas cepas (ATCC 1683 e LM 422) apresentaram resultados semelhantes. Este método se baseia na medida dos danos que produtos com atividade antifúngica produzem aos componentes da parede celular fúngica. Caso o produto atue sob a parede celular do fungo, ele provocará lise de suas células quando na ausência de um estabilizador osmótico, mas permitirá seu crescimento na presença desse suporte osmótico. O sorbitol, neste caso, funciona como o estabilizador osmótico para Resultados e discussão | 69 estabilizar os protoplastos de fungos, podendo-se comparar a CIM dos produtos antifúngicos na ausência e presença de sorbitol. De acordo com Frost et al. (1995) a proteção das células fúngicas com sorbitol não é limitado à inibição da β-1,3-glicano sintase, tendo em vista que apresentaram positivos resultados com sorbitol. Entretanto, também pode ser ampliada para inibidores da síntese de outros polímeros ou de mecanismos celulares relacionados à manutenção da parede celular. Afirmam, ainda, que este ensaio serve para a busca de compostos que atuam diretamente na parede celular ou nos mecanismos regulatórios que a mantém. Com isso, os produtos utilizados neste ensaio demonstram de alguma forma interferir com a parede celular. Frost et al. (1995) realizou o ensaio com sorbitol para testar diversos inibidores de parede celular fúngica utilizando fungos da espécie Candida albicans nos tempos de incubação de 2 e 7 dias. Tendo em vista que T. rubrum possui uma taxa de crescimento diferente, optou-se em adaptar a técnica realizando as leituras com 5 e 10 dias de incubação. Na tabela 2, estão expostas as CIM dos produtos em CSD acrescido com sorbitol (0,8 M). Como pode ser visto, todos os produtos tiveram seus valores de CIM aumentados na presença de sorbitol. A CIM do geraniol aumentou 64 vezes, a do citronelol 32 vezes e a do cetoconazol aumentou 8 vezes. O controle com sorbitol garantiu a viabilidade da cepa visto que foi capaz de crescer na presença do sorbitol e ausência dos produtos. Estes resultados sugerem que os produtos testados atuam sobre a parede celular de T. rubrum, pois foi necessária maior concentração dos produtos para superar a proteção osmótica conferida pelo sorbitol. Semelhantemente, Souza et al. (2010) avaliaram a ação dos óleos essenciais de Origanum vulgare L. e Origanum majorana L. sobre Aspergillus flavus e confirmaram que estes óleos atuam sobre a parede celular deste fungo. Resultados e discussão | 70 Tabela 2 – Concentração inibitória mínima de geraniol, citronelol e cetoconazol na ausência e na presença de sorbitol sobre Trichophyton rubrum ATCC 1683. Sem sorbitol (1) Com sorbitol (1) Controle de 5 dias 10 dias 5 dias 10 dias crescimento Geraniol 32 64 2048 4096 + Citronelol 128 256 4096 8192 + Cetoconazol 16 16 128 128 + Drogas-teste Fonte: PEREIRA (2012). Nota: O sorbitol está presente a 0,8 M. (1) Concentração inibitória mínima expressa em µg/mL. (+) Presença de crescimento fúngico em caldo Sabouraud dextrose acrescido de sorbitol e ausência de drogas. A parede celular fúngica é formada por uma complexa rede de polissacarídeos, sendo constituída principalmente de quitina e glicanos. Estes polímeros da parede são sintetizados a partir de substratos intracelulares, por meio de reações catalisadas por específicas enzimas presentes na membrana celular (BOWMAN; FREE, 2006). Alterações em sua organização ou interrupção funcional provocadas por agentes antifúngicos podem acarretar letalidade para os micro-organismos. Por isso, é válida a pesquisa de novos agentes antifúngicos que inibam a síntese ou manutenção da parede celular, interferindo na sua funcionalidade (CIHLAR et al., 2002). Atualmente são conhecidas algumas classes de fármacos com reconhecida atividade sobre a parede celular, entre os quais, as polioxinas e nikkomicinas como inibidores da síntese de quitina, embora com pouca perspectiva para o uso clínico (GEORGOPAPADAKOU; TKACZ, 1995). A inibição da sintase de β-1,3-glicano leva à desestabilização da parede celular e liberação dos componentes intracelulares, resultando na lise da célula fúngica. Dois principais grupos de drogas são conhecidos por inibirem a sintase de β-1,3-glicano: as papulacandinas e as equinocandinas. As papulacandinas são derivados acetilados do dissacarídeo galactose- β-1,4-glicose, a exemplo da papulacandina A, B e C, ativos contra Resultados e discussão | 71 Candida spp. As equinocandinas são lipopeptídeos (hexapeptídeos clíclicos acilados) com atividade antifúngica promissora; atualmente utilizadas para infecções fúngicas sistêmicas. São exemplos de equinocandinas em uso clínico: anidulafungina, caspofungina e micafungina (PANTÓN, 2008; SABLE et al., 2008; VANDEPUTTE et al., 2012). Por outro lado, é relatado na literatura que o mecanismo antimicrobiano de terpenos está intimamente relacionado com seu caráter lipofílico. A hidrofobicidade dessas moléculas as possibilita se particionarem nas membranas celulares dos fungos e bactérias, aumentando sua fluidez e permeabilidade e prejudicando suas funções (BURT, 2004; TROMBETTA et al., 2005; DI PASQUA et al., 2007; PADUCH et al., 2007). A ação de monoterpenos na membrana celular resulta na alteração do transporte de íons. Isto desequilibra o balanço osmótico da membrana tornando suas proteínas associadas ineficientes como ATPases e enzimas. Além disso, ao se acumularem na membrana plasmática, estes compostos prejudicam as interações dos lipídios com as proteínas de membrana ou atuam diretamente sobre regiões hidrofóbicas destas proteínas. Em todo caso, isto pode levar à inibição do crescimento microbiano, à morte ou lise celular (SIKKEMA et al., 1995; TROMBETTA et al., 2005; DELLEAU et al., 2008; CHEN e VILJOEN, 2010). Partindo do pressuposto que os terpenos podem atuar em nível de membrana celular e que as enzimas envolvidas na manutenção da parede celular estão presentes na membrana plasmática, julgou-se necessário analisar como o geraniol e citronelol atuam em nível de membrana celular fúngica. Primeiramente, foi necessário analisar se os componentes isolados eram capazes de ocasionar causar danos à membrana celular de T. rubrum. Para isto, o ensaio de perda de material citoplasmático foi realizado, colocando as células de T. rubrum ATCC 1683 em interação com o geraniol e citronelol por 4 h e 8 h (Figura 24). Os resultados mostram que todos os produtos induziram liberação de material intracelular de forma significativa em relação ao controle (ausência de drogas), com 4 h de interação. Dentre os compostos testados, somente o geraniol foi mais potente na concentração CIMx2 quando comparado aos resultados dos ensaios na CIM (p<0,05). O citronelol apresentou resultados semelhantes ao cetoconazol na CIM e CIMx2. Porém, o geraniol foi menos potente que o cetoconazol quando testado na CIM, tanto na leitura feita com 4 h e quanto com 8 h de interação. Resultados Resultados e discussão | 72 semelhantes foram observados por Pereira (2009) e Pereira et al., (2011b) ao estudar os efeitos do óleo essencial de C. winterianus sobre, respectivamente, T. rubrum e T. mentarophytes. Figura 24 – Taxa de material citoplasmático de Trichophyton rubrum ATCC 1683 com absorção em 260 nm na ausência (controle) e na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol. Fonte: PEREIRA (2012). ( ) Controle, ( ) Cetoconazol CIM (16 µg/mL), ( ) Cetoconazol CIMx2 (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIM (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIMx2 (64 µg/mL),( ) Citronelol CIM (64 µg/mL), ( ) Citronelol CIMx2 (128 µg/mL). (a) p<0,05 comparado ao controle no respectivo tempo. (b) p<0,05 comparado ao cetoconazol (CIM) (teste de Fischer). Resultados e discussão | 73 Com base nesta metodologia, os danos à membrana plasmática podem ser evidenciados pela detecção de componentes intracelulares liberados para o meio externo. Estes componentes celulares representam uma classe de componentes liberados, primariamente nucleotídeos, os quais suas bases demonstram forte absorção em comprimentos de onda de próximos a 260 nm (LUNDE; KUBO, 2000). Com isto, estes resultados sugerem que os compostos atuam sobre a membrana plasmática de T. rubrum, justificando a necessidade de melhor investigar que fatores presentes na membrana estão envolvidos nesta atividade. A membrana plasmática da célula fúngica é uma estrutura dinâmica constituída basicamente de lipídios e proteínas. Os componentes lipídicos formam uma barreira de permeabilidade enquanto que as proteínas, intercaladas aos lipídios, formam um sistema seletivo de transporte de substâncias entre os ambientes intra e extracelular ou funcionam como enzimas, a exemplo daquelas que sintetizam os componentes da parede celular (WALKER; WHITE 2005; BERG et al., 2010). Agentes antifúngicos podem interferir com a membrana plasmática atuando em nível do ergosterol, ora por formação de complexos ora inibindo alguma das etapas da sua biossíntese (CZUB; BAGINSKI, 2006; VANDEPUTTE et al., 2012). Portanto, alguns protocolos experimentais foram desenvolvidos na perspectiva de elucidar melhor a atividade do geraniol e citronelol na membrana celular fúngica. Primeiramente, foi avaliado a capacidade dos compostos teste formarem complexos com ergosterol. Na presença de ergosterol exógeno, os monoterpenos se complexam a este e não se ligam ao ergosterol da membrana. Dessa maneira, a CIM de geraniol e citronelol aumentará na presença do ergosterol exógeno, porque será necessária maior concentração dos produtos no meio de crescimento para que consigam interagir com ergosterol da membrana fúngica. Neste ensaio, utilizou-se anfotericina B porque possui mecanismo de ação conhecido, no qual ocorre interação com ergosterol da membrana para servir de controle positivo (ESCALANTE et al., 2008). Os resultados dos ensaios com ergosterol estão presentes na tabela 3. Como pode ser visualizado, o geraniol foi o componente com maior capacidade de complexação com o ergosterol visto que apresentou valor de CIM aumentado em quatro vezes. Em contrapartida o citronelol aumentou em apenas duas vezes seu valor de CIM. O cetoconazol não teve o valor de CIM alterado, pois seu mecanismo de ação não envolve a complexação com o ergosterol. A anfotericina B se complexa Resultados e discussão | 74 com ergosterol, pois teve um aumento de oito vezes no valor de sua CIM. Os resultados sugerem que a ação do geraniol, mas não do citronelol, sobre a membrana plasmática de T. rubrum envolve a ligação ao ergosterol. Tabela 3 – Concentração inibitória mínima de geraniol, citronelol, cetoconazol e anfotericina B na ausência e na presença de ergosterol sobre Trichophyton rubrum ATCC 1683. Drogas-teste Ausência de ergosterol (1) Presença de ergosterol (1) Geraniol 32 128 Citronelol 128 256 Cetoconazol 16 16 Anfotericina B 2 16 Fonte: PEREIRA (2012). Nota: O ergosterol está presente a 400 µg/mL. (1) Concentração inibitória mínima expressa em µg/mL. Alguns fármacos disponíveis para o uso clínico interagem diretamente com o ergosterol, ocasionando danos à membrana celular fúngica a exemplo dos agentes poliênicos como anfotericina B (MINNEBRUGGEN et al., 2010). Os polienos são moléculas orgânicas anfipáticas que possuem 20-40 átomos de carbono formando o anel macrolactônico. A sua propriedade anfipática permite que eles se liguem à bicamada lipídica, complexando-se com o ergosterol, ocasionando a formação de poros. A formação destes poros promove uma desestabilização da membrana plasmática com o consequente extravasamento de íons K + e outras pequenas substâncias inorgânicas do citoplasma, levando à lise celular (LEMKE et al., 2005). Bard et al. (1988) descreveram em seus estudos que o geraniol foi capaz de alterar a permeabilidade da membrana de C. albicans devido ao aumento no efluxo de K+ Resultados e discussão | 75 do ambiente intracelular. Semelhante à anfotericina B, a complexação do geraniol com o ergosterol pode causar esta depleção de íons pela membrana plasmática e a consequente lise celular, conforme foi evidenciado neste estudo. A metodologia empregada neste se apresenta bastante útil para aferir a possibilidade de interação entre os produtos testados e os esterois, nos estudos de elucidação do mecanismo de ação antifúngico de novos produtos. O ensaio com ergosterol exógeno vem sendo empregada nos estudos com produtos naturais por diversos pesquisadores (ESCALANTE et al., 2008; SILVA JÚNIOR et al., 2010; CARRASCO et al., 2012), no entanto não é relatado na literatura como um possível mecanismo de ação de nenhum destes produtos. Considerando o ergosterol um importante lipídio de membrana celular fúngica, alterações na sua via biossíntética também podem ocasionar danos à célula fúngica, impedindo seu crescimento de forma semelhante ao que ocorre quando estão submetidos a compostos azólicos, a exemplo do cetoconazol (ARTHINGTONSKAGGS, 1999). Para analisar se os produtos interferem na síntese de ergosterol pelas células de T. rubrum, foi preciso quantificar o conteúdo de esteróis produzidos por essas cepas na presença de diferentes concentrações (CIM e CIMx2) de geraniol, citronelol e cetoconazol. Para isto, foi necessário analisar a absorção dos esteróis extraídos das culturas fúngicas nos comprimentos de onda de 230 e 281,5 nm. O ergosterol e um intermediário da via metabólica do ergosterol – 24(28)dehidroergosterol (DHE) – absorvem energia em 281,5 nm, enquanto somente o DHE demonstra intensa absorção em 230 nm. As alterações nesse padrão de absorção são indicativas de interferência na via sintética do ergosterol (MORAN et al., 2007). Na figura 25, encontram-se os valores percentuais de ergosterol produzido por massa úmida celular por T. rubrum ATCC 1683 na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol na CIM e CIMx2. Como se pode perceber, geraniol e citronelol foram capazes de inibir a produção esterol pelas células fúngicas de forma significativa (p<0,05) quando comparado ao controle (ausência de drogas). Numericamente, os valores percentuais do conteúdo de ergosterol por massa úmida celular foram: Controle (0,0057 ± 0,0003), geraniol CIM (0,0027 ± 0,0003), geraniol CIMx2 (0,0009 ± 0,0001), citronelol CIM (0,0027 ± 0,0007), citronelol CIMx2 (0,0020 ± 0,0010), cetoconazol CIM (0,0037 ± 0,0007), cetoconazol CIMx2 (0,0027 ± 0,0007). O geraniol apresentou maior poder inibitório quando testado na CIMx2, Resultados e discussão | 76 quando comparado aos resultados obtidos na CIM (p<0,05). Não foram detectadas diferenças entre os resultados obtidos pelo citronelol, comparando-se as duas concentrações testadas (CIM e CIMx2). Figura 25 – Conteúdo de ergosterol produzido por massa úmida celular por Trichophyton rubrum ATCC 1683 na presença de cetoconazol, geraniol e citronelol. Fonte: PEREIRA (2012). ( ) Controle, ( ) Cetoconazol CIM (16 µg/mL), ( ) Cetoconazol CIMx2 (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIM (32 µg/mL), ( ) Geraniol CIMx2 (64 µg/mL),( ) Citronelol CIM (64 µg/mL), ( ) Citronelol CIMx2 (128 µg/mL). (a) p<0,05 comparado ao controle. (b) p<0,05 comparado ao cetoconazol na respectiva concentração. (c) p<0,05 comparado a CIMx2 (teste de Fischer). O cetoconazol foi utilizado como controle neste experimento por ser um fármaco que interfere na via biossintética do ergosterol, reduzindo sua produção pelas células (ARTHINGTON-SKAGGS et al., 1999). O cetoconazol também inibiu efetivamente a produção de ergosterol pelas células fúngicas (p<0,05) quando comparado ao controle, com resultados semelhantes nas duas concentrações testadas. É interessante evidenciar que o geraniol (CIM) inibiu a produção de Resultados e discussão | 77 ergosterol de forma semelhante aos obtidos com o cetoconazol (CIM). Quando testado na CIMx2, o geraniol foi mais potente que o cetoconazol (p<0,05). O citronelol conseguiu resultados semelhantes ao cetoconazol nas duas concentrações testadas (CIM e CIMx2). A qualificação do total de esteróis produzidos pelos fungos frente a agentes inibidores vem sendo estudado por pesquisadores como uma forma de auxiliar nos estudos de atividade antifúngica in vitro e ainda para correlacionar eficácia desta metodologia e correlacionando com ensaios in vivo de modelos animais de micoses (ARTHINGTON-SKAGGS et al., 1999; ARTHINGTON-SKAGGS et al., 2000). Entretanto, ainda não é relatada na literatura a utilização desta metodologia na elucidação do mecanismo de ação desses fitoconstituintes sobre T. rubrum, sendo este o primeiro relato. Os compostos azólicos compreendem uma classe de agentes antifúngicos, que inibem a síntese de ergosterol por inibirem a 14-α-desmetilase. Esta enzima pertence à família de enzimas do citocromo P450 (Cyp51) e catalisa a remoção oxidativa do grupo metil no C-14 do lanosterol em fungos (ODDS et al., 2003). É relatado também a possibilidade destes compostos também inibirem a 22 -Δdessaturase, enzima envolvida nas etapas posteriores à formação de episterol (VAN MINNEBRUGGEN, et al., 2010). Em conjunto, isto conduz à depleção de ergosterol e acúmulo de lanosterol e outros esteroides metilados, os quais são metabolizados a compostos tóxicos incapazes de substituir funcionalmente o ergosterol como principal componente de membrana. Em decorrência disto, os fungos tornam-se incapazes de se desenvolver (CARRILLO-MUÑOZ et al., 2006). Ao analisar a síntese de ergosterol com maiores detalhes, foi verificado que o monoterpeno geraniol é estruturalmente semelhante ao geranil pirofosfato, um intermediário essencial na síntese de ergosterol (Figura 26). O geranil pirofosfato é produzido a partir da união de dimetilalil pirofosfato e ispentenil pirofosfato, uma reação constituinte da sequencia de condensações com unidades de isopentenil pirofosfato para formar o esqualeno, catalisada pela geranil transferase conforme esquematizado na figura 27 (BERG et al., 2010; NELSON; COX, 2011). Estas informações ganham mais destaque quando alguns estudos demonstam que o farnesol inibe o crescimento das hifas e formação de biofilmes de C. albicans e induz apoptose em Aspergillus nidulans (ALEM et al., 2006; HORNBY; NICKERSON, 2004; RAMAGE et al., 2002). O farnesol é um isoprenóide (C15) Resultados e discussão | 78 formado nas células a a partir da desfosforilação do farnesil pirofosfato que está presente na via biossintética dos esteróis; uma relação semelhante à observada com o geraniol e o geranil pirofosfato (Figura 27) (SEMIGHINI et al., 2006). Bard et al. (1988) estudaram a ação de geraniol sobre C. albicans. Os autores afirmam que a ação antifúngica do geraniol reside na sua habilidade de se particionar nas membranas lipídicas, aumentando sua fluidez e alterando suas propriedades. De fato, a diminuição do conteúdo de ergosterol interfere diretamente nestas propriedades da membrana, tendo em vista que esteróis inseridos entre os fosfolipídios moderam a fluidez das membranas. Figura 26 – Estruturas químicas do geranil pirofosfato, geraniol e citronelol. Fonte: Adaptado de NELSON; COX, (2011). A: geranil pirofosfato; B: geraniol; C: citronelol. Resultados e discussão | 79 Figura 27 – Participação de geranil pirofosfato na síntese de esqualeno. Fonte: Adaptado de VOET et al. (2008). Resultados e discussão | 80 Em decorrência disto, o funcionamento das enzimas ligadas à membrana, incluindo as enzimas responsáveis pela síntese da parede celular, é prejudicado provocando malformações na parede celular. Convergente aos resultados deste estudo, é relatado na literatura que a atividade destas enzimas é também dependente do conteúdo de ergosterol e da conformação nativa da membrana plasmática fúngica (BOSSCHE, 1997; MARTINEZ-ROSSI, et al., 2008; VAN MINNEBRUGGEN, et al., 2010). Diante destes resultados, é bastante sugestivo que estudos que avaliem a interação de geraniol e citronelol sobre T. rubrum sejam promissores. Pois, estas drogas podem atuar concomitantemente em alvos celulares diferentes, onde se espera que os efeitos antifúngicos se somem e contribuam conjuntamente para a inibição do crescimento fúngico. Neste sentido, o uso do óleo essencial de C. winterianus também pode se apresentar como promissor agente antifúngico tendo em vista que é um produto natural rico em geraniol e citronelol, embora os mecanismos da atividade antifúngica precisem ser melhor esclarecidos. Os estudos de atividade antifúngica in vitro apresentados até esta etapa deste estudo fornecem importantes informações sobre a potência e mecanismo da atividade antifúngica do geraniol e citronelol. Embora não alcancem importantes variáveis encontradas em um estudo in vivo, os estudos in vitro são essenciais para justificar a continuidade das pesquisas com vistas a seus empregos clínicos (CLEELAND; SQUIRES, 1991). Pensando nisto, foi aplicado o modelo ex vivo de infecção em unhas por dermatófitos para investigar os efeitos de geraniol, citronelol e cetoconazol sobre a patogenicidade de T. rubrum, ou seja, na habilidade das cepas T. rubrum ATCC 1683 e T. rubrum LM 422 em infectar fragmentos de unhas sadias na presença e ausência de drogas. Os fragmentos de unha foram obtidos de diferentes voluntários do gênero feminino e masculino, maiores de 18 anos. Inicialmente foi realizado o exame direto dos fragmentos ungueais com KOH (30%) no qual não foi detectada a presença de elementos fúngicos. A partir disto, foi analisada a capacidade de crescimento de ambas as cepas sobre os fragmentos ungueais de cada voluntário para certificar-se de que a metodologia empregada era exequível. Após isso, não foram observadas diferenças nas taxas de crescimento das cepas de T. rubrum entre os fragmentos ungueais, portanto, a escolha dos fragmentos para os ensaios foi independente de sua origem clínica. Resultados e discussão | 81 Com base nos resultados, os monoterpenos geraniol e citronelol inibiram o crescimento da cepa T. rubrum ATCC 1683 até a CIM, conforme está exposto na tabela 4. Com relação à cepa T. rubrum LM 422, os resultados foram semelhantes, pois não foi observado crescimento fúngico até a CIM de cada uma das drogas-teste (Tabela 5). O cetoconazol inibiu o crescimento de ambas as cepas sobre os fragmentos ungueais semelhante ao que foi observado com os monoterpenos. Os mecanismos que envolvem a patogênese das dermatofitoses são complexos e não claramente compreendidos, por isso o entendimento desses aspectos é considerado relevante para o desenvolvimento racional de estratégias terapêuticas. A instalação do dermatófito e o desenvolvimento da doença envolve a secreção de proteases, capacidade de adesão aos tecidos queratinizados, regulação da expressão gênica durante o processo infeccioso e a imunomodulação por fatores fúngicos (VERMOUT et al., 2008). Neste sentido, a utilização adequada de um modelo de infecção ex vivo é essencial para compreender esses mecanismos fisiopatológicos da dermatofitose e direcionar os estudos de sensibilidade a agentes antifúngicos utilizando modelos animais de dermatofitoses, na perspectiva de uma futura aplicação clínica. Vários modelos vêm sendo utilizados para esta finalidade a exemplo do uso de queratinócitos a partir do estrato córneo (SMIJS et al., 2007), folículos do couro cabeludo (RASHID et al., 1996), fragmentos de pele (DUEK et al., 2004) e também fragmentos ungueais (RASHID et al., 1995), escolhido para ser utilizado neste estudo. Os resultados representativos dos três experimentos deste ensaio estão ilustrados na figura 28. O modelo de modelo de infecção ex vivo utilizando fragmentos ungueais vem sendo utilizado por outros pesquisadores na perspectiva de simular as condições encontradas em um sítio infeccioso de onicomicose, ocasionada por dermatófitos (tinea unguium). Takasuka (2000) demonstrou em seus experimentos que os conídios de T. rubrum podem germinar e crescerem in vitro usando fragmentos ungueais como única fonte nutricional para seu crescimento, tornando esta técnica viável para esta finalidade. Outros pesquisadores também avaliaram a atividade antifúngica de agentes frente a cepas de T. rubrum obtendo resultados satisfatórios na execução da técnica (OSBORNE et al., 2004; SCHALLER et al., 2009). Resultados e discussão | 82 Tabela 4 – Interferência de geraniol, citronelol, e cetoconazol na infectividade de Trichophyton rubrum ATCC 1683 sobre fragmentos ungueais de voluntários. Concentração (µg/mL) Geraniol Citronelol Cetoconazol 256 NT - NT 128 NT - NT 64 - + NT 32 - NT - 16 + NT - 8 NT NT + Fonte: PEREIRA (2012). (NT): não testado. (+) Presença de crescimento fúngico. (-) Ausência de crescimento fúngico. Tabela 5 – Interferência de geraniol, citronelol, e cetoconazol na infectividade de Trichophyton rubrum LM 422 sobre fragmentos ungueais de voluntários. Concentração (µg/mL) Geraniol Citronelol Cetoconazol 256 NT - NT 128 NT - NT 64 - + NT 32 - NT - 16 + NT - 8 NT NT + Fonte: PEREIRA (2012). (NT): não testado. (+) Presença de crescimento fúngico. (-) Ausência de crescimento fúngico. Resultados e discussão | 83 Figura 28 – Ensaio de infecção ex vivo mostrando o crescimento de cepas de Trichophyton rubrum sobre fragmentos ungueais. Fonte: PEREIRA (2012). A: fragmento ungueal sem adição de inóculo, a região negra (seta) é o fragmento ungueal. B: micélio de T. rubrum LM 422 na ausência de drogas (seta). C: micélio de T. rubrum ATCC 1683 na ausência de drogas (seta). D: micélio de T. rubrum LM 422 na presença de geraniol (16 µg/mL) (seta). Nota: os resultados são representativos de três experimentos. Barras: 100 µm (400x). Considerando que o cultivo de fungos em unhas pode ser um sistema bastante útil para avaliar compostos antidermatófitos com vistas a uma possível aplicação clínica, estes resultados se apresentam relevantes tendo em vista que todos os monoterpenos testados inibiram o crescimento de T. rubrum em fragmentos ungueais. Além disso, é interessante ressaltar que o geraniol e citronelol demonstraram atividade antifúngica semelhante nas duas condições de cultivo: CSD e fragmentos ungueais. Resultados e discussão | 84 Nesta perspectiva, estudos clínicos utilizando estas drogas podem ser desenvolvidos a partir de ensaios toxicológicos que garantam a devida segurança quanto a dose, formulação e via de administração. Alguns estudos demonstram que o geraniol e citronelol apresentaram baixa toxicidade em ensaios de toxicidade aguda via oral e cutânea, utilizando ratos e coelhos respectivamente. Em estudos por via oral, foi demonstrado que as drogas apresentaram dose letal para 50% (DL50) dos animais em estudo maiores que 3000 mg/Kg. Por via dermal, o geraniol apresentou DL50 >5000 mg/Kg e o citronelol apresentou DL 50 >2000 mg/Kg (BELSITO et al., 2008; LAPCZYNSKI et al., 2008a; LAPCZYNSKI et al., 2008b). Além disso, é relatado que o geraniol e o citronelol possuem baixo potencial de penetração na pele in vitro, diminuindo a possibilidade de indução de hipersensibilidade dessas drogas (GILPIN et al., 2010). Dessa forma, a aplicação clínica do geraniol e citronelol pode ser desenvolvida por outros pesquisadores utilizando as principais vias de administração empregadas atualmente no tratamento das dermatofitoses como a via oral e tópica. As investigações desenvolvidas nesta pesquisa contribuem para os estudos de atividade antimicrobiana de produtos naturais, com ênfase na atividade de monoterpenos contra T. rubrum, um importante agente das dermatofitoses. Sugerese que o mecanismo da atividade antifúngica do geraniol e do citronelol envolve a parede celular e a membrana plasmática de T. rubrum. A ação de geraniol sobre a membrana envolve a interação com o ergosterol da membrana e inibição de sua biossíntese; o citronelol atua na membrana por inibição da biossíntese de ergosterol, conforme esquematizado na figura 29. A formação de complexos com o ergosterol, bem como a diminuição do seu conteúdo produzido interferem na integridade e funcionalidade da membrana plasmática e, consequentemente, com a parede celular. Resultados e discussão | 85 Figura 29 – Proposta de mecanismo da atividade antifúngica de geraniol e citronelol frente a Trichophyton rubrum. Fonte: PEREIRA (2012). Nota: O geraniol e citronelol atuam sobre a parede celular e inibem a biossíntese de ergosterol. O geraniol forma complexos com o ergosterol. Resultados e discussão | 86 O presente estudo traz perspectivas para futuros trabalhos que visam estudar outros alvos presentes na membrana plasmática fúngica sensíveis à ação de monoterpenos. Além disso, os resultados apresentados podem servir de guia para futuros estudos in vivo utilizando outros sítios anatômicos de infecções por dermatófitos como pele e couro cabeludo, buscando maior aplicabilidade clínica destes produtos. CONCLUSÕES Conclusões | 88 5 CONCLUSÕES O citronelal não possui moderada atividade antifúngica frente a T. rubrum. O geraniol e o citronelol possuem forte atividade antifúngica frente a T. rubrum. A atividade antifúngica de geraniol e citronelol está relacionada com a inibição da produção micelial, da germinação de conídios, com a interferência na viabilidade e morfogênese de T. rubrum. O geraniol e o citronelol atuam sobre a parede celular de T. rubrum. O geraniol atua sobre a membrana plasmática de T. rubrum formando complexos com o ergosterol e inibindo a sua biossíntese. O citronelol atua sobre a membrana plasmática de T. rubrum por inibir a biossíntese de ergosterol. O geraniol e citronelol inibem a infecção de T. rubrum em um modelo ex vivo de dermatofitose ungueal. REFERÊNCIAS Referências | 90 REFERÊNCIAS ACHTERMAN, R. R.; WHITE, T. C. Dermatophyte virulence factors: identifying and analyzing genes that may contribute to chronic or acute skin infections. International Journal of Microbiology, v. 2012, n. 1, p. 1-8, 2012. ALCAZAR-FUOLI, L.; MELLADO, E.; GARCIA-EFFRON, G.; LOPEZ, J. F.; GRIMALT, J. O.; CUENCA-ESTRELLA, J. M.; RODRIGUEZ-TUDELA, J. L. Ergosterol biosynthesis pathway in Aspergillus fumigates. Steroids, v. 73, n.3, p. 339-47, 2008. ALEM, M. A.; OTEEF, M. D.; FLOWERS, T. H.; DOUGLAS, L. J. Production of tyrosol by Candida albicans biofilms and its role in quorum sensing and biofilm development. 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APÊNDICES Apêndices | 111 APÊNDICE A – Termo de consentimento livre e esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Prezado (a) Senhor (a) Esta pesquisa é sobre a atividade antifúngica do óleo essencial da planta citronela, sobre o fungo Trichophyton rubrum comum nas infecções de pele e unhas. A pesquisa está sendo desenvolvida por Fillipe de Oliveira Pereira, aluno do Curso de Pós-graduação em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos da Universidade Federal da Paraíba, sob a orientação da Profa Edeltrudes de Oliveira Lima. Os objetivos do estudo são utilizar fragmentos de unhas e de fios de cabelos de indivíduos saudáveis para analise em laboratório da atividade antifúngica dos produtos frente ao fungo. Serão apenas coletados pequenos fragmentos de suas unhas dos pés, mãos ou dos fios de cabelos, desde que estejam sadios ou sem micose aparente, por meio da coleta das extremidades livres das unhas ou das extremidades dos fios. Com este estudo, pretendemos contribuir com a comunidade científica adicionando informações sobre o poder antifúngico destes produtos que pode ser útil no tratamento das dermatofitoses. Solicitamos a sua colaboração para ceder alguns fragmentos de suas unhas ou de seus fios de cabelo, como também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos científicos da área de saúde ou publicar em revista científica. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em sigilo. Informamos que essa pesquisa não oferece riscos potenciais para a sua saúde. Esclarecemos que sua participação no estudo é voluntária e, portanto, o(a) senhor(a) não é obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo pesquisador. Os pesquisadores estarão a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa. Tendo em vista que o termo de consentimento se encontra com mais de uma página, as demais serão rubricadas pelo pesquisador responsável pela pesquisa e pelo sujeito. Diante disso, declaro que fui devidamente esclarecido (a) e dou o meu consentimento para participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que receberei uma cópia desse documento. Apêndices | 112 ______________________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa ou Responsável Legal Espaço para impressão dactiloscópica ______________________________________ Assinatura da Testemunha Caso necessite de maiores informações sobre o presente estudo, favor ligar para o pesquisador: Fillipe de Oliveira Pereira Endereço (Setor de Trabalho): Laboratório de Micologia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba. Fone: (83) 87566652/ 32336652 Comitê de Ética em Pesquisas do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba. Campus I- Cidade Universitária – João Pessoa-PB. Fone: (83) 32167791. Atenciosamente, ___________________________________________ Fillipe de Oliveira Pereira ANEXOS Anexo A | 114 ANEXO A – Certidão de aprovação no Comitê de Ética em Pesquisa. Anexo B | 115 ANEXO B – Laudos de especificação técnica dos monoterpenos. Anexo B | 116 Anexo B | 117 Anexo C | 118 ANEXO C – Artigos submetidos. Anexo C | 119 Anexo C | 120 Anexo C | 121 Anexo D | 122 ANEXO D – Artigos publicados. Anexo C | 123 Anexo C | 124 Anexo C | 125 Anexo C | 126 Anexo C | 127 Anexo C | 128 Anexo C | 129 Anexo C | 130 Anexo C | 131 Anexo C | 132 Anexo C | 133 Anexo C | 134 Anexo C | 135 Anexo C | 136 Anexo C | 137 Anexo C | 138 Anexo C | 139 Anexo C | 140 Anexo C | 141 Anexo C | 142 Anexo C | 143 Anexo C | 144 Anexo C | 145 Anexo C | 146 Anexo C | 147 Anexo C | 148 Anexo C | 149 Anexo C | 150 Anexo C | 151 Anexo C | 152 Anexo C | 153 Anexo C | 154 Anexo C | 155 Anexo C | 156 Anexo C | 157 Anexo C | 158 Anexo C | 159 Anexo C | 160 Anexo C | 161 Anexo C | 162 Anexo C | 163 Anexo C | 164 Anexo C | 165 Anexo C | 166 Anexo C | 167 Anexo C | 168 Anexo C | 169 Anexo C | 170 Anexo C | 171 Anexo C | 172 Anexo C | 173 Anexo C | 174 Anexo C | 175 Anexo C | 176 Anexo C | 177 Anexo C | 178 Anexo C | 179