O SER HUMANO E SEU AMBIENTE (Leandro Lima de Sousa) Ecoteca, Brasília, DF 20/07/2004 Como seria sua vida se de repente você fosse trancado numa caixa preta da qual nada entrasse ou saísse? Sem saída ou entrada de ar, nutrientes (comida), água, excrementos e luz. Sem entrar ou sair qualquer uma daquelas coisas que cotidianamente afirmamos não poder viver sem, como carros, telefones, computadores, energia elétrica, combustíveis fósseis, embalagens, etc, como seria? O cenário do ambiente descrito simplesmente é inóspito, a vida ali não se prolifera. Uma criança sabe disso perfeitamente. O exemplo acima é um caso extremo, mas serve para ilustrar e nos lembrar o quanto somos dependentes do ambiente que nos rodeia, o meio ambiente. Sem ar, viveríamos no máximo uns cinco minutos. Sem água e com ar, viveríamos por volta de uma semana. Se nos for fornecido água e ar, poderíamos sobreviver por volta de onze dias. Agora se nos for dado comida (bem balanceada nutricionalmente), ar e água, até que poderíamos durar um tempo razoável, até o ponto em que pereceríamos de alguma doença trazida pela sujeira de nossos excrementos, ou ainda morreríamos antes, de frio, por causa da falta de luz. A caixa preta nos remete a uma hierarquia à qual os recursos naturais estão relacionados conosco. O ar parece ser mais importante que a água, a água que a comida, e assim por diante. Mas até que ponto o recurso que nos é dado deixa de ser essencial para se tornar supérfluo, excedente, desnecessário? O que é essencial para a vida? Respirar? Comer? Falar? Andar? Assistir televisão? O que te faz satisfeito? A qualidade e a quantidade dos recursos, sem dúvida alguma, nos afeta diretamente. Aliás, não somente a nós como a toda a esfera da vida (biosfera). A partir deste instante começamos a perceber que nos relacionamos como consumidores com uma entidade provedora. Esta entidade é a natureza e, embora ás vezes nos esqueçamos, ela está constantemente nos dando ajuda. A ajuda é o recurso, e por ser oriundo da natureza é chamado de natural. A natureza pode ser definida como tudo aquilo que não foi modificado pelas mãos do homem. O verbo consumir pode ser definido como o ato de gastar. Sim, nós gastamos natureza! A palavra “gastar” é, por sua vez, amiga muita íntima de outras; as palavras esgotar e destruir. Sim, nós esgotamos e destruímos natureza! Apesar disto, a natureza parece não ter fim, ser inesgotável. Ela não se esgota por completo, pelo menos não até agora. A tal entidade se comporta como um sistema. Segundo o Dicionário Aurélio, sistema é uma “Disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam com estrutura organizada.” A natureza é um sistema, um motor de automóvel é um sistema, um computador também o é, assim como o nosso próprio corpo. Todos têm portas de entrada, de saída e subsistemas de ajustes. Para funcionar, a natureza depende de equilíbrio, e este equilíbrio é garantido pelos subsistemas de ajustes, que tem a função de amenizar, até certo ponto, os efeitos de distúrbios. É justamente por causa deste equilíbrio que a natureza ainda não se esgotou. Vale lembrar que, embora computadores e motores sejam sistemas, eles dependem do homem para funcionar corretamente e para se manterem.