Cartões de Vergência Os Cartões de Vergência são estereogramas próprios para exercícios vergenciais em espaço livre, isto é, sem o uso de aparelhos. Tornam-se aliados valiosos nos tratamentos de forias e outros males para os quais se recomendam exercícios vergenciais quer de convergência quer de divergência. Por seu baixo custo, os Cartões podem ser prescritos para exercícios em casa dos pacientes acelerando assim o processo terapêutico. A técnica vergencial necessária aos exercícios com os Cartões deve ser introduzida previamente aos pacientes e somente depois de dominada por eles os Cartões podem ser prescritos para os exercícios em casa. Os 4 cartões do kit básico (CVB1) permitem a execução de até 6 níveis de exercícios de convergência e até 4 de divergência. Em todos eles recomenda-se que o Cartão em uso seja posicionado a cerca de 40cm dos olhos. Pode-se aumentar essa distância para facilitar a tarefa ou aproximá-los para torná-la mais árdua. O objetivo de cada exercício é alcançar a fusão das duas figuras de cada Cartão. Quando a fusão é alcançada, as características que se seguem servem de confirmação da correção do exercício (se houver supressão, nenhuma delas será observada): a. o paciente verá 3 reproduções da figura do Cartão: apenas a do meio representa de fato uma fusão; b. na figura central, o X e o ponto, acima e abaixo dos círculos concêntricos, devem ser vistos simultaneamente; c. os círculos concêntricos da figura central devem ser percebidos com profundidades diferentes por efeito de estereopsia: na convergência, o círculo menor adianta-se e na divergência ele afasta-se do maior. Cada Cartão contem um código de referência e um número (por exemplo, CVB1 5). O código (CVB1) identifica a série de Cartões. O número (5, no exemplo) indica a distância em centímetros entre as duas figuras. Quanto maior esse número, maior será a demanda da tarefa. Para uma distância de leitura de 40cm, a demanda de vergência em dioptrias prismáticas dos exercícios com um Cartão será 2,5 vezes o número do Cartão. Assim, o Cartão CVB1 5 demandará o equivalente a 12,5 dioptrias prismáticas. Exercícios de Convergência Nos exercícios de convergência, a fusão se dá fazendo com que cada olho dirija-se à figura do lado oposto. Para facilitar a execução da tarefa de fusão, o paciente fixa-se na ponta de um lápis em pé colocado entre seus olhos e o Cartão. À medida que o lápis é afastado do Cartão em direção aos olhos do paciente, este, sem deixar de fixar sua ponta, observa o que se passa com as duas figuras do Cartão. Elas inicialmente multiplicam-se em 4, por diplopia, e pouco a pouco duas delas tendem a fundir-se. Quando ocorrer essa fusão, a fixação (acomodação) deve passar da ponta do lápis para o Cartão sem alteração da vergência que deve ser sustentada por pelo menos 10 segundos. Se o paciente apresentar muitas dificuldades com esses exercícios, recomenda-se o uso preliminar de prismas seguidos de exercícios de convergência com a Régua de Vergência. Toda a série de Cartões, de CVB1 5 até CVB1 9 pode ser utilizada nos exercícios de convergência. Exercícios de Divergência Nos exercícios de divergência, a fusão se dá dirigindo-se cada olho à figura do mesmo lado. Os exercícios de divergência podem ser sentidos como mais difíceis que os de convergência, pois demandam relaxamento. Se o paciente apresentar dificuldades com esses exercícios recomenda-se prévios exercícios de divergência com prismas seguidos de relaxamento com o Separador de Remi ou de exercícios de divergência com a Régua de Vergência. A técnica dos exercícios de divergência com os Cartões consiste em fixar-se em algum objeto além do Cartão olhando-se por cima dele. Quanto maior o número do Cartão, mais afastado deve estar o objeto de fixação. A fixação além do Cartão fará com que as duas figuras inicialmente pareçam 4, por diplopia, e, a medida que se fixa um objeto mais afastado, duas das figuras aproximam-se e acabam por fundir-se. Quando ocorrer a fusão, a fixação (acomodação) deve passar do objeto para as figuras sem alteração da vergência que deve ser sustentada por pelo menos 10 segundos. Uma outra técnica para facilitar atingir-se a necessária divergência consiste em encostar o Cartão no nariz e afastá-lo lentamente até que se consiga fusão e, a seguir, a acomodação. Nos exercícios de divergência, pode-se usar os Cartões de CVB1 5 até CVB1 7. Exercício de Controle Vergencial É realizado com o cartão CTV tanto para convergência quanto divergência. Usando as técnicas descritas anteriormente inicia-se com a fusão das duas estrelas. Passa-se então à fusão dos peixinhos e sucessivamente até a fusão das borboletas. Daí, retorna-se a fusão das aranhas, das bolas, até atingir de volta a fusão das estrelas. As estrelas demandam 2,5Dp e as borboletas 17,5Dp ambas a 40cm. Observar a diplopia das demais figuras a cada fusão. Círculos Concêntricos Podem ser usados nos exercícios de convergência e divergência. O cartão pode ser cortado ao meio na vertical separando as duas figuras. Uma vez alcançada a fusâo, afaste as duas metades de modo a aumentar a demanda de vergência. Uma vez dominada a técnica de vergência com os Cartões, pode-se alargar o tempo de sustentação da fusão. Pode-se ainda, manter a fusão enquanto lentamente afasta-se e aproxima-se o Cartão.