23/05/14 – Audiência pública na ALESP abordou questões de todo o funcionalismo
Sex, 23 de Maio de 2014 10:29
Nas falas, tratou-se das mulheres, dos agentes, do pessoal da área meio, dos aposentados
Um dos debates mais aprofundados sobre o sistema prisional paulista aconteceu ontem na
ALESP, durante a audiência pública “A Falência do Sistema Prisional no Estado de São Paulo”uma iniciativa da Liderança do PT com apoio do SIFUSPESP, Sindcop e CUT. Os participantes
relataram as duras condições em que os trabalhadores atuam nas unidades prisionais e
abordaram o ponto de vista das mulheres, do pessoal da área fim e da área-meio, dos
aposentados, enfim, todos os segmentos profissionais.
Os discursos dos dirigentes sindicais foram focados em críticas à política macro adotada pelo
governo, destacando questões como superlotação carcerária, falta de investimentos, déficit de
funcionários, agressão a servidores, LPT, condições de trabalho, dificuldade de negociação
1/3
23/05/14 – Audiência pública na ALESP abordou questões de todo o funcionalismo
Sex, 23 de Maio de 2014 10:29
das necessidades e salário do trabalhador, a falta de valorização do servidor.
“Fazemos parte do setor invisível da segurança pública”, apontou o Presidente do SIFUSPESP
João Rinaldo Machado. “E nós (profissionais da área-meio) somos ainda mais invisíveis”,
declarou Rosimeire Santos. Ela justificou: “Nossa pauta de reivindicação de 2012, 2013 e 2014
ainda não foi sequer discutida. O governo não nos recebe para negociar, não temos vez nem
voz”.
Rosemeire informou a grande falta de técnicos de saúde nas UPs, e que às vezes, por falta de
médico, é o auxiliar quem faz as vezes do médico para socorrer os presos. E denunciou mais
uma covardia do governo para com os funcionários: a municipalização do atendimento aos
presos, onde servidores municipais são contratados através de convênio recebendo do
governo estadual salários superiores aos salários dos servidores do sistema concursados para
exercer a mesma função. Além de tudo isso, “o governo está fragmentando as categorias de
trabalhadores do sistema prisional”, na avaliação de Rosimeire.
Fábio Jabá, Diretor de Formação do SIFUSPESP, reclamou na audiência da falta de poder
político da Secretaria da Administração Penitenciária no próprio governo. “Tudo que solicitamos
temos que negociar com Planejamento, Gestão Pública, Casa Civil, por que a Pasta não tem
poder de decidir nada, é fraca. Inclusive quando recebe requerimento de informação de
deputados, como recentemente ocorreu um requerimento da deputada Ana Perugini, o
secretário responde que não sabe quando o governo vai atender o que acordou com o
funcionalismo. Desse jeito é melhor pensar numa nova Pasta, por que a SAP não age como
secretaria estadual”, criticou.
Maria da Guarda Rocha, que é do Sindsaúde e mais conhecida como Rochinha, compareceu à
audiência para prestar um depoimento sobre os aposentados do sistema prisional, uma
realidade que ela conhece por ser integrante do Conselho Estadual do Idoso. “Vocês
(servidores) precisam cuidar da saúde. O trabalho de vocês e extremamente desgastante,
estressante, e isso reflete muito na saúde física e mental. Conheço aposentados do sistema
prisional e eles sofrem muito com doenças decorrentes do trabalho insalubre”. Rochinha foi
muito aplaudida em seu discurso em favor dos trabalhadores e, especialmente, dos
aposentados.
E por falar em aposentados, alguns também compareceram à audiência, que foi um sucesso
de público. Antonia Maria Ribeiro de Angelis, a Toninha de Avaré, é uma das aposentadas que
2/3
23/05/14 – Audiência pública na ALESP abordou questões de todo o funcionalismo
Sex, 23 de Maio de 2014 10:29
esteve presente e deu o seu depoimento. Primeiro ela fez um discurso contra a privatização do
sistema prisional e contra o modo de gestão do governador Geraldo Alckmin. Depois ela focou
nas mulheres trabalhadoras do sistema.
Toninha pediu aos deputados que lembrassem que as mulheres têm dupla ou até tripla jornada
de trabalho e que, por isso, precisam de atenção especial. Depois se referiu aos problemas
específicos das trabalhadoras que atuam no PF de Santana: “estão sendo torturadas pelas
presas, desrespeitadas pela administração, e sofrem com constantes ameaças. E tudo isso
caladas, pois têm medo de denunciar os desmandos e se prejudicarem na LPT, pois tudo o
que elas mais querem é ir embora para perto de suas famílias”, contou.
SOLUÇÕES
O sucesso da audiência pública, que ocorreu com auditório lotado, surpreendeu aos deputados
– todos oposicionistas; nenhum parlamentar da base do governo esteve presente. “Esse
auditório lotado significa que os trabalhadores estão engajados na luta por melhorias, não
estão acomodados. Isso é muito bom”, comentou o deputado João Paulo Rillo (PT),
responsável pela realização do evento junto com a assessoria da Liderança do PT na ALESP.
Já o deputado Hamilton Pereira, também do PT, disse que o debate havia sido muito
elucidativo e rico em detalhes, e que tal riqueza não poderia ser desperdiçada. Então, sugeriu a
formação de um grupo de trabalho para apontar os problemas do sistema e sugerir soluções. O
documento resultante deste trabalho será apresentado publicamente para os candidatos ao
governo estadual, para que saibam o que acontece no sistema e quais as necessidades do
setor, e que possam observar isso na formulação da sua proposta de política para o sistema
prisional.
O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo aceitou a sugestão.
Já na próxima semana irá anunciar à categoria como todos poderão participar desse trabalho
de sugerir soluções possíveis aos problemas do sistema e dos trabalhadores. “Já
apresentamos todas as mazelas. Agora queremos reunir sugestões fundamentadas de
solução. Vamos dizer aos candidatos o que nós queremos”, adianta o Presidente do
SIFUSPESP João Rinaldo Machado.
3/3
Download

23/05/14 – Audiência pública na ALESP abordou