DECLÍNIO COGNITIVO NATURAL NA TERCEIRA IDADE: AVALIAÇÃO DA CAPACIDADE DE RACIOCÍNIO ABSTRATO E ASSOCIAÇÃO DE IDÉIAS Karen Dalila Karl Matsdorff (1) Suellen Acassia Santana Pareira (1) Marcelo Augusto Silva das Dores (1) Prof. Dr. Francisco de Assis Carvalho do Vale(2) Prof. Msc. Ari Pedro Balieiro Júnior(2) Prof. Dr. José Humberto da Silva Filho(3) Departamento de Psicologia RESUMO: O envelhecimento traz consigo o declínio natural do organismo em suas diversas funções, sobretudo, das funções mentais que, gradativamente, podem se acentuar, observadas quando se comparam as competências dos idosos em relação às suas habilidades anteriores, quando mais jovens. Sabe-se, porém, que muitos idosos saudáveis preservam suas funções mentais e que as doenças associadas ao envelhecimento podem acelerar as suas perdas cognitivas. Dentre estas perdas, destaca-se a capacidade de raciocínio abstrato, a eventual predominância do pensamento concreto ou perda da capacidade de associação de idéias. Em vista disso, o presente trabalho teve como objetivo investigar o padrão de desempenho em idosos saudáveis, para tomar como referência futura para o exame de idosos com queixas cognitivas. Para este fim, adotou-se o teste de Abstração e Raciocínio, que tem como objetivo investigar estas funções. Foram avaliados 199 idosos saudáveis na cidade de Manaus, freqüentadores dos Centros de Atendimento Integrado a Melhor Idade (CAIMI´s). O teste consiste em três perguntas sobre similaridades e duas referentes à interpretação de provérbios, onde são dadas a cada pergunta três opções de respostas, que podem ser classificadas como respostas concretas, respostas abstratas, ou ainda, a alternativa de não saber respondê-la. A amostra de 199 idosos foi composta por 78,9% do sexo feminino e 21,1% do sexo masculino, com idade entre 60 e 97 anos. A viuvez corresponde ao estado civil predominante, representando 43,2% do total; os demais são representados respectivamente por: casado (30,7%), solteiro (16,6%) e divorciado (9,5%); 66,3% dos idosos são naturais do Estado do Amazonas, 14,1% do Estado do Pará, e 19,6% são provenientes de outros Estados da região Norte ou das outras regiões do Brasil. A escolaridade varia entre 0 a 16 anos de estudo, com uma média de 5,28 anos e desvio padrão de 4,020. A classificação socioeconômica demonstra que 49,7% do total pertence à classe Baixa Superior, 35,7% à Baixa Inferior, 14,1% à Média Inferior e 0,5% à Média. Os resultados demonstraram que 26,8% dos idosos não apresentaram qualquer resposta classificada como abstrata; 51,3% apresentaram entre 1-2 respostas abstratas, e 21,6% apresentaram entre 3-5 respostas abstratas. Em relação às respostas classificadas como concretas, observou-se que 16,2% não apresentaram nenhuma resposta nesta categoria, 50,3% apresentaram entre 1-2 respostas concretas, 33,2% apresentaram entre 3-5 respostas nesta categoria. Em relação à alternativa de não saber responder a nenhuma das cinco questões do testes, 31,7% responderam a todas elas, enquanto 21,6% responderam apenas uma das questões, 21,1% não respondeu a duas das questões e 13,1% não respondeu a três das questões. As pessoas que não responderam a quatro ou cinco questões correspondem a 12% da amostra. Estes dados evidenciam que, mesmo numa amostra de uma população saudável, as respostas abstratas se apresentam prejudicadas, dando lugar a respostas concretas na interpretação de problemas. Estes dados parecem bastante elucidativos e se mostram muito úteis para, uma vez conhecendo-se o padrão de desempenho do idoso saudável, identificar as intensidades de perdas em idosos com queixas clinicas. Agradecimento: Ambulatório de Neurologia Comportamental – HCFMRP/USP Secretaria Estadual da Saúde - SUSAM E-mail: [email protected] Site: www.lap-am.org ________________________________________ (1) Acadêmico(a) de Psicologia (2) Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) (3) Orientador