15 Tribuna do Paraná terça, 26.02.13 [email protected] HCorinthians I Assim como aconteceu em Bragança Paulista, comissão técnica e jogadores se preparam pra ser hostilizados por onde passarem Clima de guerra JOSÉ PATRÍCIO/ESTADÃO São Paulo - AE N o empate por 2 x 2 contra o Bragantino, no domingo, ficou bem claro que a vida dos jogadores e da comissão técnica do Corinthians será difícil após a tragédia na Bolívia. O técnico Tite sentiu isso na pele. Ele foi um dos que ouviram os gritos de “assassino” vindos de torcedores do time de Bragança Paulista. Foi a primeira partida do Corinthians após a morte do torcedor boliviano Kevin Beltrán, ocorrida na quarta-feira, em Oruro, na Bolívia. Ontem, o volante Paulinho disse que o time vai ter de preparar para ouvir isso dos adversários. No domingo, Tite se irritou demais com os xingamentos e até com cusparadas que recebeu. “Eu vi o torcedor xingando o Tite”, afirmou Paulinho. “Vamos ter de passar por situações como essa e vamos ter de estar preparados. Se acontecer de novo, vamos ter de passar por cima.” Paulinho chegou a falar em “sacrifício”, referindo-se ao fato de jogar mais uma vez sob uma situação como essa. “Será um sacrifício porque vamos ser chamados de assassinos”, disse. Assim, ser hostilizado pela torcida rival será um problema com que o Corinthians terá conviver nos próximos jogos, principalmente quando voltar a atuar fora de casa pela Libertadores. ATAS & EDITAIS - Adolescente que confessou disparo em Kevin Beltrán deixa Vara da Infância e Juventude, em Guarulhos. Menor presta depoimento e é liberado pela Justiça O torcedor corintiano que diz ser o responsável pelo disparo do sinalizador que matou o boliviano Kevin Beltrán durante o jogo entre Corinthians e San José, quarta-feira passada, esteve ontem na Vara da Infância e da Juventude de Guarulhos e conversou por duas horas e 15 minutos com o promotor Gabriel Rodrigues Alves. Segundo Ricardo Cabral, advogado da Gaviões da Fiel e do www.parana-online.com.br/ataseditais/ garoto, H.A.M. teria confessado o crime. O adolescente de 17 anos está protegido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e, por isso, o caso corre em segredo de Justiça e o promotor não quis se pronunciar. O procedimento de praxe é que, após ouvir o menor, o Ministério Público inicie um procedimento jurídico para apurar os fatos e oferecer a denúncia ao juiz da Infância e da Juventude de Guarulhos. Se for considerado culpado, como é menor de idade, ele deve receber uma medida socioeducativa pode ter de prestar serviços comunitários ou ser levado à Fundação Casa. O caso não tem prazo para ser concluído. Ontem, após falar com o promotor, por volta das 17h30 sentado no banco do passageiro do carro do advogado, que dirigia o automóvel. (AE) Torcedores presos não serão liberados A confissão do menor H.A M, que assumiu a autoria do disparo que matou o jovem Kevin Beltrán na semana passada, não significa que os 12 torcedores corintianos presos na Bolívia vão responder ao processo em liberdade ou retornar ao Brasil. Essa é avaliação da promotora Abigail Saba, que cuida da investigação pelo Ministério Público em Oruro. Ela pretende usar o depoimento do jovem de 17 anos no processo, reformar o inquérito e colocar um 13.º indiciado no documento. “Todos são cúmplices, porque trouxeram o menino e o deixaram sair de Oruro. Por que fizeram isso? Esperamos que o tragam para responder às acusações na Bolívia, de acordo com as leis bolivianas, e assim será indiciado como todos os outros”, afirmou Abigail Saba, ao comentar a confissão de H.A.M., feita ontem na Vara da Infância e da Juventude de Guarulhos. Pelas leis bolivianas, a maioridade começa as 16 anos. Abigail Saba espera a confirmação da confissão e documentos enviados do Brasil para definir o rumo das investigações na Bolívia, mas reafirma que quer manter os detidos ao menos como cúmplices caso essa versão seja confirmada. “Como o jovem saiu da Bolívia? Há várias interrogações que têm de ser esclarecidas em Oruro. As autoridades não têm de levar em conta provas produzidas em outro lugar. Quem garante que esse garoto não foi pressionado?”, questionou a promotora. (AE) Punição O Corinthians espera a decisão final da Conmebol sobre o recurso contra a punição aplicada pela entidade. Por causa da morte de Kevin Beltrán, de 14 anos, na quartafeira, em Oruro, uma medida cautelar obriga o clube a jogar todos os jogos como mandante nesta edição da Libertadores com portões fechados. Até o início da noite de ontem, o departamento jurídico do clube não tinha recebido nenhum comunicado da Conmebol dizendo se manteria ou não a punição. A diretoria corintiana marcou uma reunião na tarde de hoje para decidir o que fazer caso a Conmebol não aceite o recurso impetrado ainda na sexta. “No recurso, não se questiona a autoria do crime, o que se questiona é a falta de fundamento jurídico na medida cautelar (da Conmebol). Não tem base legal”, avaliou Luiz Felipe Santoro, advogado do clube. A decisão de rever a medida cautelar está nas mãos da Câmara de Apelação da Conmebol. A punição foi imposta pelo Tribunal Disciplinar da entidade. “Antes que se puna o clube, queremos que apurem os fatos”, disse Luiz Felipe Santoro.