DIA NACIONAL DA MATEMÁTICA Carolina Rodrigues Dias Charlene Taís Theisen Resumo A atividade aqui apresentada foi realizada em uma escola pública de Ensino Fundamental de São Leopoldo/RS, onde o projeto PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – Subprojeto Matemática da Universidade do Vale do Rio dos Sinos -UNISINOS é desenvolvido desde agosto de 2012. Em parceria com a professora supervisora, com o objetivo de divulgar o Dia Nacional da Matemática (comemorado no dia 6 de maio - de acordo com uma lei aprovada pelo Congresso Nacional no ano de 2004) e incentivar o estudo nesta área de conhecimento, estruturamos uma programação diferenciada. Projetamos vídeos dos contos do livro “O Homem que Calculava” de Malba Tahan, produzidos pelos próprios bolsistas, para os alunos de todas as séries, no saguão da escola. Nestes vídeos, destacamos Malba Tahan, um árabe que conta diversas histórias matemáticas, personagem fruto da imaginação do jornalista brasileiro Júlio César de Melo e Sousa. Além desta atividade, apresentamos um espetáculo de “Matemágica” em que um mágico, uma assistente e uma palhaça convidaram os alunos a participar das brincadeiras que davam destaque a truques, envolvendo procedimentos matemáticos para a resolução das situações propostas. No espetáculo, as questões apresentadas envolveram lógica, elaboração de estratégias, bem como o uso da calculadora. Nossa intenção, com este movimento, era desmitificar a matemática, muitas vezes considerada como atividade monótona e repetitiva, além de promover uma aprendizagem significativa. Como principais resultados, identificamos a intensa participação dos alunos, a retomada de conteúdos matemáticos, e a ampliação de nosso repertório didático no que diz respeito ao tratamento do conhecimento matemático. Palavras-chave: Ensino da Matemática; Lúdico; Dia Nacional da Matemática. Introdução Constitui-se em ação do PIBID Matemática da Unisinos, promover gincanas e atividades lúdicas de matemática num esforço de aumentar o interesse pela área de conhecimento. Tal proposição tem o objetivo de ampliar a interação dos(as) licenciandos(as) com os discentes da escola, na identificação de interesses e potencialidades, bem como fortalecer a capacidade de comunicação com os mesmos. Além disso, tais atividades lúdicas favorecem a produção de diferentes processos de raciocínio, de sistematização e abstração do pensamento lógico-matemático. A elaboração de uma atividade diferenciada para o Dia Nacional da Matemática comemorado no dia 6 de maio - de acordo com uma lei aprovada pelo Congresso Nacional no ano de 2004, com o intuito de divulgar a ciência como uma importante 2 ferramenta de trabalho humano - partiu de discussões do grupo do subprojeto, onde percebemos o desconhecimento da data aliado à desmotivação para aprender matemática. Cada grupo de pibidianos responsabilizou-se pela organização e festividade da data em sua escola. Na Escola Estadual de Ensino Fundamental Dr. Mário Sperb de São Leopoldo/RS, em parceria com a professora supervisora, estruturamos uma programação diferenciada com o objetivo de divulgar o Dia Nacional da Matemática e, principalmente, incentivar diferentes modos de ver este conhecimento. Partilhando do pensamento de Dante (1991, p.9), “esperamos estar contribuindo para entusiasmar as crianças no estudo da Matemática, ajudando-as na busca de uma compreensão maior e melhor do mundo em que vivem, desenvolvendo o espírito criativo, o raciocínio lógico e o modo de pensar matemático”. Programação Reunimos no dia 6 de maio de 2014, em dois momentos por turno, todos os alunos no saguão da escola. Iniciamos as apresentações com a exibição de vídeos, produzidos pelos próprios bolsistas PIBID, sobre os contos do livro “O Homem que Calculava” de Malba Tahan. Como os contos deste livro trazem sempre algum problema cotidiano da época e o personagem principal, Beremiz Samir os resolve com eficiência matemática, oportunizamos, ao longo das exibições, momentos para que os alunos resolvessem as situações apresentadas, revelando a matemática além da sala de aula. Para resolver problemas, precisamos desenvolver determinadas estratégias que, em geral, se aplicam a um grande número de situações. Esse mecanismo auxilia a análise e a solução de situações onde um ou mais elementos desconhecidos são procurados. Mais do que nunca precisamos de pessoas ativas e participantes, que deveram tomar decisões rápidas e, tanto quanto possível, precisas. (DANTE, 1991, p.14) Ao final da mostra de vídeos, com um dos bolsistas devidamente caracterizado, representamos Ali Yezid Ibn Salim Hank Malba Tahan, um árabe de vida misteriosa que depois de ter vivido em vários lugares, como Meca, Manchester, Rússia, Pérsia e Índia, chega no Brasil para contar de forma envolvente muitas histórias matemáticas, 3 como as de Beremiz Samir, do livro “O Homem que Calculava”. Revelamos ainda que, na verdade, Malba Tahan é pseudônimo do jornalista brasileiro Júlio César de Melo e Sousa, que o criou depois de frustações na redação do jornal em que trabalhava. Confiante na sua obra, Júlio Cesar inventou que os escritos eram de um famoso autor norte-americano, garantindo, desta forma, a primeira página do jornal e auxiliando na popularização e divulgação de ideias da Matemática. Essa situação foi apresentada, pois foi em homenagem ao autor do livro, que o dia 06 de maio foi escolhido como o Dia Nacional da Matemática, sendo esta a data de seu aniversário natalício. Inspirados nos contos de Malba Tahan que tem características de desafios matemáticos, realizamos o espetáculo de Matemágica. Caracterizados como mágico, palhaça e assistente, conforma Figura 1, o espetáculo foi organizado de forma que a palhaça divertisse o público e interagisse com o mágico que realizava suas mágicas atrapalhadas. Uma das mágicas realizadas foi “adivinhar” a data de nascimento de um aluno voluntário. Solicitando que ele pensasse no número do mês de seu nascimento (Janeiro - 1, Fevereiro - 2, Março - 3...), em seguida foi pedido que: multiplicasse o número por 2; somasse 5 ao resultado; multiplicasse por 50; somasse sua idade ao resultado. Após o aluno informar o resultado, o mágico subtrai 250. Os dois últimos números do resultado final fornecem a idade do aluno, enquanto o primeiro número (ou primeiros números) corresponde ao mês de nascimento. Com essa informação, o mágico determina o ano de nascimento. O segredo matemático envolvido neste caso pode ser explicado algebricamente: Seja a o número do respectivo mês de nascimento e b a idade do aluno, temos: {[(a x 2) + 5] x 50} + b = [(2a +5) x 50] +b = 100a + 250 + b = Quando o mágico mentalmente subtrai 250, a expressão fica: 100a + b 4 Ou seja, quando a é multiplicado por 100, passa a ter seus dígitos seguidos de dois zeros, permitindo que, após a soma do valor de b, o mágico fique sabendo o mês e a idade do participante. Ao final, cabe a ele calcular o ano de nascimento, considerando ter feito ou não aniversário no ano vigente. Outra mágica foi de adivinhação do número de telefone de um voluntário. Todos ficaram apreensivos e desacreditaram que o mágico poderia descobrir essa informação. Para provar suas habilidades com a matemágica, ele pediu ao voluntário que digitasse na calculadora os 4 primeiros números de seu celular; multiplicasse por 80; somasse 1; multiplicasse por 250; somasse o resultado com os 4 últimos dígitos do mesmo telefone; novamente somasse com os 4 últimos números do mesmo telefone; diminuísse 250 e o resultado dividisse por 2. O segredo matemático envolvido neste caso, também pode ser explicado algebricamente: Seja y os primeiros 4 dígitos do número de telefone, e z os 4 últimos: {[((y x 80 +1) x 250) + z + z] – 250} / 2 = {[((80y +1) x 250) + 2z] – 250} / 2 = (20000 y + 250 + 2z – 250) / 2 = (20000y + 2z) / 2 = 10000y + z Desta forma, podemos admitir que y, quando multiplicado por 10000, passa a ter seus dígitos seguidos de quatro zeros. Permitindo que, após a soma, o valor de z não seja alterado. Números com cartas, também foram executados pelo mágico. Dispondo 21 cartas viradas para cima em três montes de 7 cartas cada um, o mágico chama um aluno que, escolhe uma dessas cartas, revelando apenas a coluna em que ela aparece. O mágico, então recolhe as cartas, de modo que a coluna em que a carta está localizada fique no meio dos outros montes. Dispondo novamente as cartas em três montes, o mágico pergunta ao participante em que monte se encontra a carta por escolhida. Após resposta, as cartas são recolhidas, da mesma forma que anteriormente, deixando o monte em que a carta se encontra, no meio dos outros dois. Repete uma última vez o processo, e pergunta em que monte se encontra a carta. Após a resposta, volta a colocar 5 o monte a que pertence esta carta no meio dos outros dois montes. Vira as cartas do monte para baixo, conta até a décima primeira e revela a carta selecionada. O truque matemático neste caso pode ser definido da seguinte forma: Supondo, por exemplo, que a carta selecionada fosse a de número 8 (Tabela 1). Após colocar os montes de modo que B seja o do meio, as cartas são novamente distribuídas em três montes de acordo com o esquema da Tabela 2. Neste caso, a carta selecionada ficou posicionada na terceira linha da coluna B. Ora, voltamos a colocar este monte de cartas entre os outros montes de cartas. Ao distribuí-las pela última vez, e de acordo com o mesmo critério anterior, eis onde fica posicionada a nossa carta (Tabela 3) Verifica-se que a carta selecionada ficou posicionada na quarta linha do monte A. Para o último passo, o mágico deverá agrupar o monte da carta selecionada entre o monte B e C (Figura 2). Ao fazer isto, virando as cartas para baixo, a carta selecionada, mantida em segredo, será revelada, quando a décima primeira carta for virada pelo mágico (Tabela 4). Resultados Com o espetáculo de Matemágica, objetivamos, além de promover uma aprendizagem significativa, desmitificar a matemática, muitas vezes considerada como atividade monótona e repetitiva. Refletimos sobre as impressões que alunos e professores da escola, muitas vezes, têm sobre o fazer da Matemática como sendo algo mágico, repleto de mistérios e truques. Apesar de trabalhar com mágicas, tivemos a intenção de romper com essa visão da matemática, uma vez que os participantes perceberam que havia regras matemáticas por trás da solução de cada questão. Mostramos que elas podem funcionar como um excelente instrumento de aprendizado, pois, aquelas que o voluntário confere na calculadora, são questões simples que envolvem as quatro operações básicas da matemática e que podem ser explicadas por expressões, até mesmo para os alunos menores. Inicialmente, nossa principal intenção era de comemorar e divulgar o Dia Nacional da Matemática, no entanto, o envolvimento dos alunos, a participação e empolgação nos mostraram a potencialidade desse tipo de atividade. Também 6 ampliamos nossa relação com os discentes da escola e fomos desafiados a tornar nossas explicações e intervenções mais esclarecedoras. Obtivemos retorno das professoras dos anos iniciais que, a partir das ideias do espetáculo, puderam dar continuidade à nossa proposta e desenvolver em sala de aula outras atividades conforme Figuras 3 e 4. O êxito da proposta e a curiosidade dos alunos nos motivou a partilhar esta experiência, resultando inclusive em convites para outras atividades na escola e na universidade a fim de fortalecer esse movimento de divulgação da matemática. Referências bibliográficas: DANTE, Luiz R., Didática da resolução de problemas de matemática. São Paulo: Editora Ática, 1991. MOURA, Manuel Oriosvaldo. A séria busca no jogo: do lúdico na matemática. In: KISHIMOTO, Tizuko M.. Jogo, Brinquedo, brincadeira e a educação. São Paulo: Editora Cortez, 1996. TAHAN, Malba. Lendas do deserto/Malba Tahan. 1ª ed. Campinas/Rio de Janeiro: Verus, 2012. Sites consultados MÁGICA com calculadora? Abril de 2014. Disponível em http://21centigrados.blogspot.com.br/2007/08/mgica-com-calculadora.html#.VCrvdRb_ rgg CALCULADORA mágica. Abril de 2014. Disponível em http://silouco.blogspot.com.br/2008/10/estratgia-ou-verdade-para-maiores-de-18.html ADIVINHAÇÃO da data de nascimento de um espectador. Abril de 2014. Disponível em http://arquivodepaginas.tripod.com/Paginas/84.html Anexos 7 Figura 1: Espetáculo de Matemágica. 06/05/2014 Fonte: Arquivo Pessoal Figura 2: Espetáculo de Matemágica. 06/05/2014 Fonte: Arquivo Pessoal Figura 3: Teatro Mágico. 06/05/2014 Fonte: Arquivo Pessoal 8 Figura 4: Teatro Mágico. 06/05/2014 Fonte: Arquivo Pessoal 9 A B C 1 8 15 2 9 16 3 10 17 4 11 18 5 12 19 6 13 20 7 14 21 Tabela 1 A B C 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Tabela 2 A B C 1 4 7 10 13 16 19 2 5 8 11 14 17 20 3 6 9 12 15 17 21 Tabela 3 4 B A C 13 2 11 20 9 17 1 10 19 8 17 6 15 7 16 5 14 3 12 21 Tabela 4