USO DE TOURO CURRALEIRO PÉ-DURO PÉ DURO EM CRUZAMENTO PARA PRODUÇÃO DE CARNE DE QUALIDADE NOS TRÓPICOS Geraldo Magela Cortes Carvalho Embrapa Meio-Norte [email protected] [email protected] As condições climáticas prevalentes em áreas tropicais e subtropicais do requerem o uso de raças adaptadas ao calor, doenças, parasitas e pastagens diversas para produzir carne, caso contrário haverá a necessidade de aumentar os insumos (input) que podem acarretar despesas financeiras. Como resultado, a produção de carne nesses locais pode ser ineficiente ou não competitiva. Exceto em áreas com clima fresco de altitude, é possível e vantajoso criar raças bovinas já melhoradas (Bos taurus taurus)) nos trópicos. Todavia, a maioria dos programas de melhoramento genético em bovinos de corte em países tropicais e subtropicais são essencialmente dedicados à criação de zebuínos (Bos ( taurus indicus). Pela expansão dos zebuínos, especialmente em ambientes tropicais, desde meados do século 20, sistemas produtivos em condições naturais de pastagem começaram a oferecer carne em quantidade e preços competitivos. A necessidade global crescente de proteína de origem animal, principalmente em países tropicais emergentes, provocou uma substituição de taurinos tropicalmente adaptados, levando à erosão genética gen e à extinção de populações locais. De outro lado, alguns fatores limitantes, como os aspectos de qualidade da carne (maciez), têm impedido a entrada desses novos produtos nos mercados mais exigentes. Entre os fatores que compõem a qualidade da carne, existem vários elementos sensoriais, destacando-se destacando a maciez, muito valorizada pelos consumidores (KOOHMARAIE et al., 1995; SCHROEDER e MARK, 1999; TATUM et al., 1999). Alguns aspectos ante-mortem que podem influenciar a maciez da carne são a nutrição, idade, ida gordura e o genótipo. Carne de origem zebuína apresenta níveis mais baixos de marmoreio e maciez, quando comparada com o gado taurino, conforme indicado por diversas pesquisas (KOOHMARAIE et al., 1995; MOLETTE e RESTLE, 1996; VAZ et al., 2002). Vários estudos mostram que a maciez da carne diminui com o aumento da proporção de B. indicus e muitos autores afirmam que bovinos para produzirem carne macia não deveriam ter mais de 25% de genes zebuínos em sua constituição (DIKEMAN, 1995; RUBENSAN et al., 1998; 1998 RESTLE et al., 1999). Cruzamentos rotacionais envolvendo Brahman, nos Estados Unidos, com Hereford e Angus, foram estudados exaustivamente tendo gerado animais competitivos em relação à qualidade da carne produzida. Todavia os bezerros que apresentam características car zebuínas (orelha grande, excesso de pele e temperamento bravio), alcançavam alcança m menor preço no mercado norte-americano. norte Esse fato também tem colaborado para que o uso de zebuíno não ultrapasse ¼ no produto terminal (THRIFT e THRIFT, 2005; OLSON, 2011). Esse objetivo tem sido alcançado na América do Norte com o uso de sistemas rotativos de cruzamentos, utilizando-se touros mestiços F1 (B. B. taurus + B. indicus), ), raças sintéticas, e como nova opção, touros (B. ( taurus) tropicalmente adaptados, como o Senepol, enepol, Romosinuano, Tuli e Texas Longhorn (O’CONNOR et al., 1997). O uso de ferramentas do melhoramento genético, tais como a seleção e o cruzamento, podem alterar a composição genética de uma população, manipulando-se manipulando a variabilidade biológica dentro e entre as raças para se obter a melhor combinação aditiva e não aditiva em sistemas de produção (CUNDIFF, 1970). Esses métodos podem levar a uma produção de carne em ambientes tropicais de acordo com a preferência de mercados-alvo, mercados alvo, como gosto, sensibilidade e preços acessíveis. Em razão da disponibilidade de um grande número de raças, biologicamente diferentes, diversas estratégias de cruzamentos podem ser usadas, a fim de se adaptar o tipo de animal ao ambiente, elevar a produtividade e melhorar a maciez da carne (ARANGO et al., 2002). Entre as estratégias, deve ser mencionada a formação de raças compostas ou sintéticas pelo cruzamento de duas ou mais raças (B. ( taurus e B. Indicus). ). Em muitos casos, os resultados foram produtos com bom rendimento de carne em ambientes tropicais e subtropicais, como consequência do vigor híbrido entre os genótipos. Várias raças foram testadas, a fim de explorar a complementaridade e heterose, por meio de cruzamentos para coincidir o potencial genético com necessidades mercadológicas mercadológicas divergentes, recursos alimentares e climas distintos (CHASE et al., 1997; CUNDIFF e GREGORY, 1999; CHASE et al., 2005; PLASSE et al., 2005; WHEELER et al., 2010). Para alguns sistemas de produção, é possível aumentar a proporção de B. taurus na descendência des a ser produzida em até 50% para melhorar a qualidade da carne. Mas para a maioria dos sistemas de produção em regiões tropicais quentes, que envolvem crescimento e terminação em pastagem, aumentar a participação de taurinos em 50% levará a uma diminuição minuição da adaptabilidade e eficiência. No entanto, com a existência e utilização de taurinos tropicalmente adaptados, como as raças locais de origem ibérica, pode-se pode se evitar a questão da adaptabilidade das raças europeias em ambientes mais agressivos. Mesmo mo que algumas raças locais apresentem níveis de produção menores quando comparadas às comerciais, são extremamente amente bem adaptadas aos trópicos onde foram naturalmente selecionadas ao longo dos séculos (MARIANTE, 1990). Os bovinos da raça Curraleiro Pé-Duro Duro foram moldados em áreas tropicais do Brasil desde o século 16, quando os colonizadores trouxeram bovinos de Portugal. Após quatro séculos de seleção natural, a raça Curraleiro Pé-Duro Duro surgiu enfrentando muitas dificuldades dificuldades na adaptação. Essa raça reinou soberanamente nas pastagens nativas,, fornecendo carne, leite, couro e trabalho em todas as regiões do País, fazendo parte de nossa história (SANTIAGO, 1975). Entretanto, para ser uma raça alternativa no agronegócio, é necessário ne uma avaliação prévia. desmama, características de carcaça e avaliação da qualidade da carne são essenciais ao Crescimento pós-desmama, estabelecimento do valor potencial de uma alternativa de germoplasma a ser utilizada pela indústria de carne (CASAS et al., 2006). Assim, além da conservação in situ e ex situ de bovinos Curraleiro Pé-Duro, Duro, a Embrapa Meio-Norte Meio vem realizando pesquisas com o intuiíto de dar uso e integrar essa raça local ao rentável agronegócio brasileiro. Pesquisas relacionadas à adaptabilidade, ao desempenho do crescimento, características da carcaça e qualidade da carne vem sendo realizados na raça desde 2008 e em produtos de cruzamentos envolvendo o uso de touros Curraleiro Pé-Duro e raças comerciais especializadas como Nelore, Angus e Senepol em diversos sistemas de produção. Metodologia de análise Os dados foram coletados dos rebanhos Curraleiro Pé-Duro, Pé Nelore e mestiços F1 (Nel + CPD) pertencentes à Embrapa, no Centro de Pesquisa Agropecuária do Meio-Norte Meio Norte (CPAMN), em seu campo experimental localizado no município de Campo Maior, no Estado do Piauí (04° 49’ 40” Sul e 42° 10’ 08” Oeste), na região Nordeste do Brasil. O clima local é tropical seco, com uma temporada irregular de chuvas no verão, de dezembro a março, com precipitação de aproximadamente 800 mm, sem chuva no resto do ano (abril a novembro). A fonte predominante de nutrição vem de pastagens nativas de crescimento sazonal, naturalmente enriquecidas com folhas e vagens de leguminosas arbóreas e arbustos. Os animais avaliados foram mantidos em sistema extensivo de criação, com água fresca e suplementação mineral, A Tabela 1 mostra a composição da amostra dos animais avaliados. Tabela 1. Caracterização da amostra avaliada, por ano e grupamento genético, entre machos e fêmeas Ano Grupo Genético Curraleiro Pé-Duro Nelore ½ CPD + ½ Nelore ¼ CPD + ¼ Nelore + ½ Angus ¼ CPD + ¼ Nelore + ½ Senepol Total 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total 41 14 39 - 33 14 32 - 25 16 38 - 52 16 41 - 54 15 39 - 51 14 38 - 46 15 42 12 14 54 14 44 12 22 356 118 313 24 36 94 79 79 109 108 103 129 146 847 Ao nascer, todos os bezerros foram tatuados na orelha e pesados (PV). No final de setembro de cada ano, foram desmamados (P210) e o peso avaliado. Durante o período pré-desmame, pré desmame, os bezerros foram amamentados pelas respectivas mães sem suplementação alimentar (concentrados). Ao Ao desmame, os bezerros foram separados das vacas, classificados por sexo e colocados em pastagens nativas com suplementação mineral em cochos e água fresca em tanques. Ass bezerras, novilhas e vacas foram mantidas em pastagens melhores com suplementação alimentar al nos períodos secos do ano, o que pode ter gerado algum confundimento com os efeitos ambientais de sexo no período pós-desmame. pós Após o desmame, os bezerros foram pesados ao ano (P365), ao sobreano (P18) e 24 meses (P24). Os animais foram mantidos em jejum durante 16 horas antes das pesagens. O ganho de peso médio diário (GMD) foi analisado do nascimento até o P24; o peso vivo antes do abate (PA), aos 28 meses de idade. O período entre P24 e PA foi de 132 dias e durante esse tempo os novilhos foram colocados colocados em uma pastagem com maior teor de proteína que no período anterior. Os produtos machos Curraleiro Pé-Duro, Pé Nelore e F1 foram abatidos para avaliação da carcaça e da qualidade da carne. Nessa etapa, as variáveis coletadas foram o peso vivo antes do abate (PV), circunferência torácica (CT), altura da garupa (AG) e altura da cernelha (AC). Após o abate, foram coletados o peso da carcaça quente (CQ), o peso da carcaça fria (24 horas após o resfriamento) (CF), área de olho-de-lombo (AOL) e rendimento de carcaça (RC). Os animais foram abatidos em frigorífico comercial fiscalizado pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) e observados todos os princípios éticos recomendados à experimentação animal. O pH da carne foi verificado no músculo Longissimus dorsi,, após 24 horas de acondicionamento em câmara fria, na região entre a 12ª e 13ª costela, utilizando-se utilizando se medidor de pH “Ana Lion Mod. PM 602”. Ao mesmo tempo, foram coletadas amostras do mesmo músculo resfriado para avaliação da maciez, coloração, perda por cocção (PC) e capacidade de retenção de água (CRA) no laboratório de avaliação de qualidade de carnes da Embrapa Pecuária Sudeste (CPPSE), em São Carlos, SP. A perda por cocção foi determinada pela diferença diferença entre os pesos do bife antes e depois do cozimento até a amostra atingir em seu interior 70 ºC. Foram realizados análise de variância e teste de médias, utilizandoutilizando se o programa SAS. O período de nascimento foi dividido em dois: o Período 1 (P1) compreendeu os meses de janeiro, fevereiro e março e o Período 2 (P2), abril, maio e junho, para avaliar os efeitos do mês de nascimento em épocas posteriores (desmama, ao ano, sobreano, 24 meses e abate). O modelo estatístico para o desempenho do crescimento crescimento incluiu o efeito de raça, sexo do bezerro, período de nascimento, ano de nascimento e interação entre mês e ano de nascimento em P210, P365, P18, P24 e ao abate. Nas pesagens à desmama e nas subseqüentes, foram incluídos a idade do bezerro no modelo como como covariável. Para análise das características de carcaça, foram incluídos no modelo o efeito de raça, peso ao abate e idade do animal como covariável. Efeitos de sexo não se mostraram significativos e foram excluídos do modelo final. Carcaça e qualidade da carne foram analisados por procedimentos contidos no SAS. O teste de Tukey foi utilizado para estimar diferenças significativas entre os resultados médios de cada avaliação. Os níveis de heterose individual (%) foram calculados usando-se os contrastes lineares entre quadrados mínimos das médias dos produtos puros (NEL e CPD) e dos mestiços (F1). Resultados O resumo da análise de variância dos efeitos ambientais sobre NEL, CPD e F1 encontra-se encontra na Tabela 2. Não houve diferença significativa entre os sexos, embora tenha havido uma tendência favorecendo as fêmeas, que foram mais pesadas que os machos em P24. A raça teve efeitos significativos em todos os pesos, quando NEL e F1 foram mais pesados que o CPD, no entanto nenhum efeito significativo foi observado obse entre NEL e F1 em P365, P18 e P24. Tabela 2. Análise nálise de variância de alguns efeitos ambientais sobre o desempenho de NEL, CPD e F1. Características PN P210 P365 P18 P24 P28 Sexo dos bezerros NS NS NS NS NS - Raça ** ** ** ** ** ** Período de nascimento ** * ** NS NS NS Ano de nascimento NS ** ** * ** - Interação Período/ano de nacimento NS - Idade em dias * ** ** NS ** * NS NS NS NS NS: não significativo; *: P<0,05; **: P<0,01 O desempenho ponderal, por mês e período de nascimento, do NEL, CPD e F1 é apresentado nas Tabelas 3 e 4. Bezerros Curraleiro Pé-Duro Duro que nasceram no P1 foram significativamente mais pesados em todas as ocasiões. Bezerros Nelore que nasceram no P1 também foram significativamente mais pesados em P210 e P18 e mostraram uma tendência a serem mais pesados em outras ras ocasiões. Tabela 3.. Desempenho ponderal, por mês de nascimento, do Nelore, Curraleiro Pé-Duro Pé Duro e mestiços F1 Nascimento PN P210 d 109.63 P365 a 128.71 P18 de 175.05 P24 a 204.73 c Janeiro 22.67 Fevereiro 22.93 d 98.78 b 122.09 e 166.51 a 195.54 c Março 25.05 d c 108.93 a 149.48 c 180.16 a 230.00 b Abril 28.15 b a 115.46 a 161.89 b 179.39 a 237.39 a b Maio 26.39 b c 84.68 c 138.39 d c 137.08 b 181.92 c Junho 30.67 a 108.20 b a 174.33 a 180.13 a 257.88 a abcde : Médias com letras iguais na mesma coluna não são significativamente diferentes. Bezerros mestiços que nasceram em P1 foram significativamente mais pesados em P210, P365 e P18, quando comparados com aqueles nascidos em P2, expressando uma tendência a serem mais pesados em outras pesagens. pesag A covariável idade do bezerro foi significativa em P210, P365 e P18. Tabela 4.. Desempenho ponderal por período de nascimento Grupamento Curraleiro Pé-Duro Nelore Cruzado F1 Período PN P210 a 72.22 a P365 96.63 a P18 138.15 P24 a 165.98a P1 21.73 P2 20.05b 42.33b 67.27b 107.53b 138.80b P1 29.71a 166.41a 180.89a 216.76a * 272.33a * P2 31.33a 135.83b 183.00a 191.17b * 264.18a * P1 27.58a 135.04a 153.08a 210.46a * 239.04a * P2 30.00a 90.69b 140.15b 184.46b * 223.46a * P: período de nascimento; P1: bezerros nascidos em janeiro, fevereiro e março; P2: bezerros nascidos em abril, maio e junho; a b: médias com mesma letra na mesma coluna em período de nascimento não são diferentes; *: não significativo entre grupos genéticos. genétic Na avaliação de carcaças quentes e comprimento do corpo, o F1 foi mais pesado e teve o corpo maior, aproximando-se se do Nelore em tamanho. Não houve diferença no rendimento de carcaça entre NEL e F1. A área de olhode-lombo do Curraleiro Pé-Duro, Duro, mesmo sendo bem menor, foi igual à do Nelore. O INDEX do CPD foi igual ao do F1, indicando melhor rendimento de carcaças que o Nelore puro. Quanto à cor da carne, CPD e F1 foram mais escuras que a Nelore. Quanto à AOL, esta foi expressivamente maior no F1 que nass raças puras, seguida do CPD e Nelore. Nenhum nível significativo de heterose foi encontrado para características de carne, exceto para a cor da carne (3,8%) no F1. A Tabela 5 mostra resultados de várias avaliações fenotípicas em grupamentos Nelore, CPD e mestiços, além da heterose nos mestiços (F1). Tabela 5. Média dos quadrados mínimos para crescimento (e heterose), carcaça e carne dos grupamentos avaliados. Característica Nelore Mestiço (F1) CPD Heterose (%) Peso ao nascer 30,43a 28,81b 20,16c 12,20 c 16,67 95,54c 20,86 128,46 b Peso ao desmame 147,57 Peso ao ano 182,20a 175,48b a b 202,62 66,53 15,60 16,52 210,09 Peso aos 24 meses 266,30a 255,62b 160,47c a b c Peso abate 330,42 Ganho de peso diário 0,323a 0,318b 0,234c 12,42 Carcaça quente 155,92a 141,42b 93,20c 12,02 a b 91,08 c 11,94 44,26 c 5,53 42,64 c 17,69 46,32 a 8,36 19,32 a - Rendimento de carcaça (%) Área de-olho-de-lombo (cm2) INDEX carcaça INDEX peso vivo Força de cisalhamento Capacidade de retenção de água Luminosidade da carne (LC) Intensidade de vermelho na carne (aC) Intensidade de amarelo na carne (bC) Ph Perda por cocção 152,83 48,94 52,50 b 33,75 16,08 6,99 a c b a 297,21 131,95 c Peso ao sobreano Comprimento do corpo 1 a 138,33 49,33 a 57,76 a 41,03 b 19,48 a 8,78 a 77,6 a 76,10 a 38,60 a 11,70 a 11,20 a 11,10 a a 6,03 25,00 a 36,50 12,90 5,77 a b 27,00 a a 220,60 6,87 a 7,92 21,07 78,40 a 0,45 36,60 a - 3,01 b 3,88 a 0,00 13,10 11,00 5,86 a 23,00 a - 3,03 12,68 : Kg; 2 : cm; INDEXcar : AOL / 100 kg de carcaça; INDEXpv : AOL / 100 de peso vivo. : médias com mesma letra na mesma linh não são diferentes. abc A maciez da carne será objetivo de melhoramento na continuação do trabalho, no cruzamento F2 (CPD + Nelore + Angus ou Senepol) terminal, quando as fêmeas F1 (NEL + CPD) serão inseminadas com Angus e/ou Hereford, e os produtos, machos e fêmeas, encaminhados ao abate. Esse sistema proporcionará um uso excepcional para a raça CPD, uma vez que será necessário a manutenção de rebanhos puros para produção de touros, visando visan cruzamentos e coleta de sêmen. Pode-se se vir a ter uma raça especializada para enfrentar um cenário de aquecimento global e explorar um sistema sustentável de pecuária integrada ao meio ambiente. Os taurinos Curraleiro Pé-Duro, Pé Duro, tropicalmente adaptados, podem po ser uma alternativa muito interessante para o agronegócio brasileiro, considerando-se considerando se a redução do uso de insumos em geral e a preservação do meio ambiente. A Tabela 6 apresenta as correlações fenotípicas (%) entre as medidas corporais e característicass de carcaça entre produtos NEL, CPD e F1. Tabela 6.. Correlações fenotípicas (%) entre pesos e características de carcaça nos grupamentos avaliados conjuntamente Variável P210 P365 P18 P24 Abate CQ RC AOL PN 35 ± 3.22 47 ± 0.31 53 ± 0.60 53 ± 0.07 56 ± 0.02 53 ± 0.07 34 ± 3.53 24 ± 14.7 P210 P365 91 ± 0.01 92 ± 0.01 80 ± 0.01 80 ± 0.01 76 ± 0.01 52 ± 0.08 38 ± 1.83 94 ± 0.01 83 ± 0.01 87 ± 0.01 84 ± 0.01 60 ± 0.01 47 ± 2.90 P18 83 ± 0.01 88 ± 0.01 84 ± 0.01 58 ± 0.02 44 ± 0.06 P24 Abate CQ RC 87 ± 0.01 85 ± 0.01 98 ± 0.01 66 ± 0.01 76 ± 0.01 87 ± 0.01 44 ± 0.58 50 ± 0.15 56 ± 0.03 59 ± 0.01 O ganho de peso somente em heterose seria igual a uma arroba por animal, mas esse ganho é maior em produção de bezerros desmamados, ao ano, ao sobreano, aos dois anos de idade e na carcaça quente (Figura 01). Avaliação com terminação em confinamento encontra-se se em fase final. Figura 01. Ganho de peso devido à heterose het no produto F1 Discussão A oportunidade de exportação também influencia a demanda, particularmente o acesso aos principais mercados internacionais em crescimento e também influencia a demanda interna. De acordo com o USDA (2011), as taxas de crescimento das exportações de carne bovina bovina dos principais países exportadores, incluindo Estados Unidos, será de 1,7 por cento anualmente durante o período de projecção de 2011 a 2020. O aumento crescente da renda per capita, combinadas com o crescimento da população em vários países são os fatores fatores decisivos para o crescimento na demanda mundial por carne bovina. O consumo mundial de carnes deverá continuar crescendo, principalmente nos países emergentes e os fornecedores históricos como Austrália, Argentina, Nova Zelândia, Uruguai e EUA, não têm a capacidade física para produzir mais. Os EUA, México e Canadá também aparecem como potencial para elevar o consumo mas suas produções não deverão aumentar consideravelmente. Para aumentar a produção de carne, a fim de atender a demanda atual e futura futur existem duas alternativas: produzir em clima temperado com engorda baseada em grãos, ou o uso pastagens naturais por meio de Germoplasma tropical adaptado. Sistemas de pastejo cobrem a maior área da terra e são estimados atualmente por ocupar 26 % da superfície erfície terrestre livre de gelo (Steinfeld et al., 2006). Opção futura é a produção de carne em sistemas in vitro,, que ainda estão em fase inicial com resultados duvidosos (DATAR ( e BETTI 2010). A utilização de zebuínos e taurinos adaptados para produção de carne são bem estudados em regiões subtropicais e mesmo temperadas (FRANKE,, 1980; CUNDIFF e GREGORY 1989; CHASE et al, 1997;. ARTHUR et al, 1999; CUNDIFF e GREGORY, 1999; TEIXEIRA e ALBUQUERQUE 2005; CHASE et al, 2005).. Avaliação das características de carcaça, desempenho e qualidade da carne é imprescindível para se determinar o valor potencial de um recurso de Germoplasma alternativo para produção de carne. A seleção tem enfatizado o crescimento rápido favorecendo animais mais gordos, o que levou ao aumento aumento do peso maduro de muitas raças. Tamanho ideal dos animais está relacionado com a nutrição e oferta alimentar em cada ecossistema, tamanho pequeno pode ser um benefício de acordo com o ambiente (CARTWRIGTH e BLACKBURN, BLACKBURN 1989). Para se produzir carne em m um sistema de baixo input em ambiente semi-árido, árido, a adaptação da raça, incluindo o tamanho maduro, é um pré-requisito pré requisito crucial. Blackburn e Colling (2008) assinalaram que para que a introdução de uma nova raça seja bem sucedida, nos Estados Unidos, se baseian eian em várias característica produtivas e ter interesse e aceitação pelo setor privado. Introdução baseada em apenas um carácter não se mostraram sustentáveis, especialmente quando outras características importantes economicamente são comprometidas. Portanto, Portanto, outras características além de adaptabilidade devem estar presentes como a reprodução, crescimento, peso maduro e desempenho comportamental do ponto de vista do produtor. Por outro lado, as necessidades do consumidor requerem a mesma importância: carne carne saudável e macia a um preço satisfatório. Diferenças na eficiência entre raças irá influenciar a proporção de raças comerciais, e zebuínas versus ou adcionada às rças locais. Enquanto algumas características das raças tropicais talvez se tornem interessantes, interessa as mudanças climáticas poderão terminar em uma reavaliação do valor das raças taurinas locais (FAO, 2009). Não apenas se as mudanças climáticas ultrapassarem a capacidade produtiva das raças comerciais que estão em uso hoje, mas também o requerimento de uso em regiões tropicais para produção de carne a partir recursos genéticos melhor adaptados para melhorar os sistemas locais de produção. Nesse caso, conforme McManus et al. (2008) cruzamentos estratégicos com raças mais bem adaptadas poderão ocorrer. Todavia, a produção em diferentes modelos ou situações implicam emdisponibilidade de espécies ou raças diferentes. Em qualquer situação, espera-se espera se que apenas as raças bem caracterizadas serão usadas em cruzamentos específicos ou inserção de genes para elevar elevar a adaptação ao calor em raças mais produtivas (FAO, 2009). Na avaliação dos efeitos ambientais que influenciaram os desempenho dos animais estudados, o efeito de raça foi significativo no peso vivo em todas as idades sendo o NEL o mais pesado quando comparado comparado ao CPD, mas não foi observado diferença significativa ao sobreano, e P24 quando comparado com os mestiços F1. Apesar de serem um pouco mais leve do que o NEL, o F1 exibiu um rendimento de carcaça semelhante, porém uma área de-olho-lombo de significativamente vamente maior (13%). Os Curraleiro Pé-Duro Pé Duro apresentaram Index (19%) e AOL (3%) por 100 kg de carcaça produzida que o Nelore, respectivamente. Estes resultados sugerem que o Curraleiro Pé-Duro Pé Duro ou mestiços F1 podem ser mais vantajosos do que NEL para produção de carne em regiões de ambiente mais exigente, quando se utiliza este indicador específico de produtividade (RC, AOL ou INDEX). De acordo com Cundiff et al. (1986) o efeito da heterose em gado de corte, normalmente normalmente varia de 1 a 11% para peso ao nascer, de 3 a 16% para peso ao desmame, sendo os cruzamentos entre zebuínos e taurinos os que atingem os valores mais elevados na escala. Em geral os produtos Zebu x Taurus apresentam altos níveis de heterose devido devid ao maior número de locus heterozigóticos do que os cruzamentos entre raças próximas. Tanto a raça Nelore quanto a CPD são adaptados a ambientes tropicais; o peso corporal e o tamanho tão distintos entre as raças em avaliação; e as grandes diferenças no desempenho esempenho podem explicar em parte os altos níveis de heterose nos produtos F1. Além disso, a complementariedade no heterozigoto agregando genes capazes de gerir melhor as ofertas reduzidas de ambientes desfavoráveis também deve ter ocorrido. O desempenho de d NEL, CPD e F1 são mostrados na Figura 02. Figura 02.. Desenvolvimento ponderal de bovinos Nelore, CPD e F1, do nascimento ao abate Gregory et al., 1993, com base nos resultados do Programa de Avaliação de Germoplasma no Centro de Pesquisa Animal dos EUA mostraram que a variação dentro de raças muita vezes é maior que a variação entre raças em algumas características bioeconômicas. Conforme Koohmaraie Koohmaraie (2003) em um estudo realizado entre raças diferentes, aproximadamente 46% da variação na maciez da carne é devido a raça genótipo enquanto que 54% das variações são explicadas pelo efeito de ambiente. Quando a análise foi feita dentro da mesma raça variação genética individual explicou apenas 30% das diferenças de sensibilidade, enquanto 70% mostraram-se mostraram se efeito ambiente dependente. A grande amplitude entre as medidas mínimas e máximas nos genótipos analisados nesta pesquisa indica que existe um grande gra campo de melhoramento genético para identificar e selecionar animais superiores para melhorar o desempenho, o ganho de peso diário, a área de olho-de-lombo lombo e o rendimento de carcaçae e maciez (Tabela ( 4.6). Existe grande correlação entre os pesos vivos e medições do corpo (tabela 4.7) após o desmame o que indica que a selecção baseada em idade precoce pode influenciar o peso adulto. Mas o aumento de peso à maturidade, especialmente em vacas, pode não ser o objetivo em lugares onde recursos forrageiros é caracterizado pela variabilidade sazonal na qualidade e quantidade. Peso vivo em diferentes idades apresentaram altas correlações com peso de carcaça quente, mas de baixa a moderada com rendimento de carcaá e área de-olho-de-lombo. de lombo. A relação entre AOL e peso pe de carcaça (INDEX) pode ser mais eficiente para melhorar a produção de carne na raça CPD do que apenas o desmpenho ponderal. A média do índice encontrado na presente pesquisa para NEL, CPD e F1 foi de 16,48; 21,02 e 20,46, respectivamente, em média, aos 28 meses de idade. A AOL é um componente chave na determinação do grau do rendimento de carcaça e valor da carcaça. De acordo com Olson (2011) o aumento da AOL não é proporcional ao aumento do ganho de peso do corpo. O autor citado recomenda um índice padrão drão de 6,77 cm2 de AOL por 100 kg de peso de carcaça ao sobreano tomadas pelo ultrasom. Drake e Chapman (2008) sugeriram que um valor mínimo para o Index por 100 kg de peso vivo é de no 5,5 cm2 como critério de selecção no sobreano. Mais pesquisas para determinar um índice de seleção eficaz para melhorar componentes da carcaça do CPD em idades mais precoces deve ser realizado. Por muito tempo o objetivo principal do melhoramento genético foi avaliar o ganho de peso em cruzamentos usando-se raças exóticas nas raças locais (DICKERSON, ( 1993). Agora visa-se se o contrário, usar touros taurinos tropicalmente adaptados e testados para produção de carne macia em clima tropical que por sua vez seriam utilizados em cruzamentos terminais com raças melhoradas taurina como c Angus vermelho e Senepol para conseguir produtos compostos F2 (25% Nelore, B. indicus + 25% Curraleiro Pé-Duro, Pé B. taurus + 50% “top” Angus ou Senepol, B. Taurus) para produzir carne bem macia. Esse cruzamento estratégico pode melhorar a produção e a qualidade da carne, reduzindo a porcentagem de B. indicus,, ampliar a produtividade, retenção de heterose e adaptabilidade mantida mantid para os ambientes tropicais. Conclusões • Os Curraleiros Pé-Duro Duro apresentaram maior relação (Index) AOL por 100 kg de carcaça em relação ao Nelore e F1. • Fêmeas cruzadas F1 apresentaram desempenho ponderal favorável, quando comparado ao Nelore e Curraleiro Pé-Duro. • A grande amplitude entre os resultados mínimos e máximos em desempenho de crescimento, características de carcaça e qualidade ualidade da carne são um indicativo da possibilidade de utilização de ferramentas de melhoramento genético para melhorar esses índices bioeconômicos. • Investigação em curso para determinar a contribuição máxima de Curaleiro Pé-Duro Pé Duro para elevar a produção de carne na Caatinga e no Cerrado. Literatura Citada Research v. Arango, J.A., Van Vleck, L.D. Size of beef cows: early ideas, new developments. Genetics and Molecular Research, 1, p. 51-63, 2002. Arthur, P.F, Hearnshaw, H., Stephenson, P.D. 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