Viana, P.F. et al. Curva de crescimento para peso em potros da raça Quarto de Milha.
PUBVET, Londrina, V. 3, N. 18, Art#580, Maio3, 2009.
PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia.
Disponível em: <http://www.pubvet.com.br/texto.php?id=580>.
Curva de crescimento para peso em potros da raça Quarto de Milha
Patrícia Ferrari Viana1, Marcilio Dias Silveira da Mota1, Henrique Nunes de
Oliveira1, José Nicolau Próspero Puoli Filho2, Marcio José Monteiro Corrêa3
1
Dep. Melhoramento e Nutrição Animal, FMVZ/Unesp, Botucatu
2
Dep. Produção Animal, FMVZ/Unesp, Botucatu
3
DAVE, Jockey Club de Sorocaba
Resumo
O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento de potros da raça Quarto de
Milha a partir de medidas de peso realizadas do nascimento aos 19 meses de
idade em 289 animais (116 machos e 173 fêmeas). Efeitos de sexo, ano e mês
de nascimento, além da regressão da idade do animal à mensuração foram
considerados na análise. Todos os efeitos incluídos no modelo foram
significativos e a aplicação de ordem mais elevada no modelo de análise, em
relação ao efeito linear, melhorou o ajustamento de predição do crescimento.
Palavras-chave: cavalos, crescimento, peso
Viana, P.F. et al. Curva de crescimento para peso em potros da raça Quarto de Milha.
PUBVET, Londrina, V. 3, N. 18, Art#580, Maio3, 2009.
Growth curve for weight in Quarter Horse foals
Abstract
The aim of this study was to evaluate the growth of Quarter Horse foals based
on body weight registered from birth to 19 months of age in 289 animals (116
males and 173 females). Sex, month and year of birth, as well as regression of
animal age were included in the analysis. All effects included in the model were
significant and the use of higher order in the analysis model, in relation to the
linear effect, improved the setting of growth prediction.
Keywords: Horses, growth, weight
Introdução
Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha
– ABQM, até março de 2009 foram registrados aproximadamente 331 mil
animais, avaliados em aproximadamente US$ 728 milhões, distribuídos entre
54 mil criadores, proprietários e associados. Em 2008, leilões desta raça
realizados no País envolveram 3.870 equinos, comercializados, em média, por
aproximadamente R$ 27 mil, movimentando o expressivo montante de R$ 104
milhões, quantia 22% superior ao ano de 2007 (ABQM, 2009).
Apesar desta grandeza, a raça Quarto de Milha é uma das menos
estudadas no Brasil sob o ponto de vista de crescimento, aspecto de especial
interesse aos criadores de animais de corrida a fim de garantirem animais
saudáveis e que possam ter bom desempenho futuro. De acordo com
Gottschall (1999) pode-se descrever o crescimento em animais a partir de
mensurações de suas características físicas (peso, altura, comprimento,
perímetro, volume, etc.) ou atributos de seus tecidos (camada de gordura,
profundidade muscular, etc.).
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Nesse sentido, a presente pesquisa objetivou estimar parâmetros da
curva de crescimento para peso corporal em eqüinos da raça Quarto de Milha,
linhagem de corrida, do nascimento aos 19 meses de idade, a fim de contribuir
para um
melhor entendimento
do desenvolvimento destes
animais
e,
consequentemente, otimizar sua eficiência de produção.
Material e Métodos
Os dados empregados neste estudo foram colhidos no Haras Rancho das
Américas, situado na cidade de Porto Feliz, Estado de São Paulo. Nesta
propriedade, onde a criação é voltada para animais de corrida da raça Quarto
de Milha, coletou-se 3.280 observações de peso corporal, do nascimento aos
19 meses de idade, em 289 animais (116 machos e 173 fêmeas), nascidos
entre 1996 e 2004, nos meses de julho a novembro. Somente animais puros,
nascidos e criados até os 19 meses naquela propriedade foram considerados
na avaliação.
Para as análises estatísticas utilizaram-se os procedimentos GLM do
programa SAS (2005), considerando os efeitos de sexo, ano e mês de
nascimento, além da regressão da idade do animal, em meses, até a ordem
que melhor se ajustasse aos dados.
Resultados e Discussão
O peso médio dos animais ao longo do período estudado foi 274,8 kg,
com coeficiente de variação igual a 8,3%.
Na Tabela 1 a seguir encontra-se resumo da análise de variância.
Os machos (279,03 kg) foram significativamente mais pesados que as
fêmeas (276,28 kg) ao longo do período estudado, resultado que concorda
com os relatos de Hintz et al. (1979), Thompson e Smith (1994) e Santos et
al. (2007), os quais apontam taxas de crescimento geralmente menores em
fêmeas. Por outro lado, Campos et al. (2007) não encontraram diferença
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significativa do sexo sobre peso corporal em cavalos do exército brasileiro,
com idades entre 6 e 18 meses.
Tabela 1 – Resumo da análise de variância para peso corporal (kg)
Fontes de Variação
GL
Quadrado Médio
Valor de F
Pr > F
Sexo
1
5760,1978
10,83
0,0010
Ano de nascimento
8
63777,7050
119,86
<0,0001
Mês de nascimento
4
2780,0083
5,22
0,0003
Linear
1
347506,5377
653,09
<0,0001
Quadrática
1
48722,8690
91,57
<0,0001
Cúbica
1
22182,2175
41,69
<0,0001
Quártica
1
12455,0306
23,41
<0,0001
Idade
Da mesma forma, o mês de nascimento mostrou efeito significativo
sobre o peso, com valores superiores para animais nascidos em Julho. É
possível que animais nascidos no final do inverno sejam oriundos de éguas que
entraram em reprodução e conceberam no início da estação de monta e,
consequentemente,
encontravam-se
em
boas
condições
nutricionais
e
sanitárias, propiciando melhores ambientes pré e pós natal às suas crias.
Resultados semelhantes foram descritos por Thompson e Smith (1994) em
cavalos Puro-Sangue Inglês.
O ano de nascimento apresentou efeito significativo sobre o peso
corporal, embora não tenha definido padrão de comportamento ao logo dos
anos estudados. O ano de 1997 apresentou a maior média (292,64 kg) ao
passo que o ano de 2003 a menor (252,43 kg). Considerando-se que o número
de observações deste ano era similar ao dos demais, nenhuma razão aparente
pôde ser aventada para explicar tal inferioridade.
A aplicação de ordens mais elevadas (até 4º Grau), em relação ao efeito
linear, melhorou o ajustamento da predição de crescimento (Figura 1).
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O peso corporal, embora apresente crescimento ligeiramente mais intenso nos
primeiros 3-4 meses, mostrou-se regular ao longo do período estudado, com
evidente tendência de crescimento após os 19 meses de idade. Estes
resultados concordam com pesquisa realizada por Hintz et al, (1979), também
em animais Quarto de Milha, os quais observaram que aos 18 meses de idade
os cavalos alcançam 80% da mensuração de peso à maturidade.
Assim, para que seja possível aos criadores de cavalos Quarto de Milha,
linhagem de corrida, o monitoramento eficiente de mensurações de peso
corporal durante o desenvolvimento de seus potros, deve-se tomar por base os
efeitos e parâmetros de crescimento analisados neste estudo
y = -0,0032x4 + 0,1715x3 - 3,338x2 + 45,0287x
R2 = 0,9440
490
420
Peso (kg)
350
280
210
140
70
0
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
Idade (meses)
Figura 1 – Curva de crescimento predita para peso corporal (kg) em função da
idade
Agradecimentos
Os autores agradecem imensamente ao Haras Racho das Américas pela cessão
das informações analisadas.
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Bibliografia
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Dias, L.T., Teixeira, R.A. Influência de fatores genéticos e ambientais sobre as características
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vol. 36, p.23-31.
Gottschall, C.S. Impacto nutricional na produção de carne e curva de crescimento. In: Lobato,
J;F.P., Barcellos, J.O.J., Kessler, A.M. Produção de bovinos de corte. EDIPUCRS, 1999, .Porto
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Hintz, H.F., Hintz, R.L., Van Vleck, L.D. Growth rate of thoroughbreds: effect of age of dam,
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Santos, S.A., Souza, G.S., Abreu, U.G.P., McManus, C.,. Comastri Filho, J.A. Monitoramento do
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SAS - Statistical Analysis System. SAS/STAR user’s guide, Cary, NC: SAS Institute, 2005, vol.
1-3.
Thompson, K. N., Smith, B.P. Skeletal growth patterns of Thoroughbred horses. Journal of
Equine Veterinary Science, 1994, vol.14, p.148-151.
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