Werner Karl Heisenberg (5 de Dezembro de 1901, Würzburg − 1 de Fevereiro de 1976, Munique, Alemanha). -> foi um físico alemão. -> Foi laureado com o Nobel de Física e um dos fundadores da Mecânica Quântica. -> Doutorou-se pela Universidade de Munique, em 1923 aos 22 anos, e foi o chefe do programa de energia nuclear da Alemanha Nazista, a natureza do seu trabalho nesta função foi fortemente debatida. 4) Princípio da Incerteza da Heisenberg É um dos pilares fundamentais no qual sustenta toda Mecânica Quântica. É uma propriedade fundamental da natureza, e não uma imprecisão dos instrumentos de medida (como sugeria Einstein “Deus não joga dados ...”). Para localizarmos o elétron, temos que enviar um fóton sobre ele, que termina interferindo na sua posição. Ou seja, na Mecânica Quântica, o ato de “observar” interfere no resultado da medida! O princípio fica então: [Cristóvão R M Rincoski] p. 42 h Δx Δp ≥ 2 e h h com h ≡ . 2 2π ΔE Δt ≥ Estas duas inequações, são chamadas de o Princípio da Incerteza de Heisenberg. A terceira equação é apenas uma redefinição da constante de Planck, chamada de “agá cortado”. A primeira inequação afirma que não podemos medir momento linear e posição de uma partícula (ao mesmo tempo) com total precisão. Ex.: suponha que medimos Δx com grande precisão, Δx = 10-9, h então 9 8 Δp ≥ 2 × 10 −9 = 0,5 × 10 h ~ 10 h A segunda inequação afirma que não podemos medir energia e tempo de uma partícula (ao mesmo tempo) com total precisão. Ex.: suponha que medimos ΔE com grande precisão ΔE = 10-9, então h 9 8 Δt ≥ 2 × 10 −9 = 0,5 × 10 h ~ 10 h [Cristóvão R M Rincoski] p. 43 Por este motivo estas grandezas são chamadas de complementares, isto é, Δx é complementar de Δp e ΔE é complementar de Δt. 4) O Gato de Schrödinger Qual é o estado do gato antes de abrirmos a caixa? Está vivo ou está morto? -> o gato ou está vivo ou está morto, não existe um estado morto−vivo na natureza. -> mas segundo as probabilidades, podemos ter uma chance do gato estar morto−vivo, isto é, o gato pode ter uma chance de ½ = 50% de estar morto e ½ = 50% de estar vivo. Então a interpretação probabilística está errada? Niels Bohr nos dá a resposta: 1º) A Teoria Quântica diz respeito sobre o nosso conhecimento sobre o estado do gato, e não sobre o gato propriamente dito. [Cristóvão R M Rincoski] p. 44 2º) Antes da caixa ser aberta, não há conhecimento sobre o estado do gato. Sua “função de onda” está em um estado quântico, nem vivo nem morto. Ao abrirmos a caixa (para observarmos), a função de onda se reduz a um estado definido. Ou seja: Não há realidade fora de nossas observações! 3º) O gato por ser um objeto macroscópico não pode ser tratado quanticamente, mas na análise que se segue, vamos tratá-lo como se fosse quântico. A Teoria é completa. Antes de ser observado, o gato não está em um estado definido e sim em uma superposição de estados quânticos (morto e vivo). Estado quântico: |Ψ> |ϕv> |ϕm> α β -> estado do gato vivo. -> estado do gato morto. -> probabilidade do gato estar vivo. -> probabilidade do gato estar morto. Finalmente podemos escrever o estado quântico na forma: |Ψ> = α |ϕv> + β |ϕm> Ex. 1) |Ψ> = 0,3 |ϕv> + 0,7 |ϕm> [Cristóvão R M Rincoski] p. 45 Ex. 2) |Ψ> = 0,5 |ϕv> + 0,5 |ϕm> Ex. 3) |Ψ> = 0,64 |ϕv> + 0,36 |ϕm> Ou seja, um estado quântico é uma superposição (ou “soma” ou ainda, combinação linear) de estados fisicamente possíveis. Somos da Sociedade Protetora dos Animais. O seu gato está vivo ou morto, nessa caixa? Não confunda: a função de onda descreve o estado quântico do gato, com o “gato (d)escreve a função de onda” ☺. [Cristóvão R M Rincoski] p. 46 Estado do servidor NT: |Ψ> = α |ϕup> + β |ϕdown> + γ |ϕtravado> + ... [Cristóvão R M Rincoski] p. 47 2.3.5. A Mecânica Quântica, conclusão Após tanta discussão, o que podemos concluir sobre as partículas, ondas, e sobre a mecânica quântica? 1) Na Mecânica Ondulatória, toda partícula tem a sua evolução temporal descrita pela sua função de onda, Ψ(x, y, z, t) → |Ψ>. -> a dualidade partícula−onda e a complementaridade de Bohr são conceitos que continuam valendo o “mundo quântico”. 2) A equação que descreve o movimento, e nos permite calcular as energias, destas ondas: é a famosa Equação de Schrödinger. H Ψ =EΨ -> como esta é uma equação de muita complexidade, não vamos trabalhar com ela, mas devemos saber que ela é uma equação dita “equação de autovalores” e seguindo esta nomenclatura, E é um autovalor e |Ψ> é um autovetor. 3) Como conseqüência do Princípio da Incerteza e das soluções da Equação de Schrödinger, a antiga idéia de elétrons em órbitas fechadas foi substituída pela idéia dos orbitais. -> o elétron não é mais localizado, como se fosse um planeta em órbita do núcleo, mas temos agora uma nuvem eletrônica com a probabilidade de encontrar o elétron. [Cristóvão R M Rincoski] p. 48 -> então, orbitais (nuvens eletrônicas) são as regiões do espaço que onde se tem uma certa probabilidade de encontrar um elétron em um átomo e cada orbital tem um “endereço” para os elétrons: os Números Quânticos! Ex. 1) 1s1, 2p2, etc., os “números quânticos principais” são 1(K), 2(L), etc., e os “números quânticos secundários (de orbitais)” são s(0), p(1), etc., os “números quânticos de spin” são +1/2 e −1/2 (a combinação destes números representam o estado do elétron). Ex. 2) Então em 1s1, temos um elétron no nível 1, sub-nível s (0) e spin +1/2 (por exemplo) e este é o “endereço” do elétron. 4) Um fenômeno que pode ser explicado pela função de onda é o “tunelamento”, isto é, o surgimento do elétron que estava em um nível de energia em outro nível de energia (ex.: K → L). -> o elétron não “sai voando” de um nível para o outro, ele simplesmente surge no outro nível. Isto só pode ser explicado pela função de onda do elétron: [Cristóvão R M Rincoski] p. 49 barreira de energia, região “não permitida” para o elétron nível de energia anterior do elétron nível de energia para o qual o elétron mudou I II III Região I) região onde o elétron estava no início, antes de “tunelar”, a probabilidade de encontrarmos o elétron aqui é |ΨI|2. Região II) esta é a região onde o elétron não pode ser encontrado, pois é uma região entre os níveis de energia. Região proibida classicamente. Região III) região onde o elétron “apareceu”, a probabilidade de encontrarmos o elétron aqui é |ΨIII|2 que é diferente de zero. Portanto temos uma probabilidade de encontrarmos o elétron nesta região. Aplicações deste “tunelamento”: a) Diodo Túnel: a corrente elétrica neste diodo se deve sobretudo ao tunelamento. b) Junção Josephson: esta junção é constituída por dois supercondutores separados por uma camada de isolante, de aproximadamente 1 a 2 nm de espessura. Os elétrons supercondutores (pares de Cooper) deslocam-se de um supercondutor para o outro, “tunelando” o isolante. [Cristóvão R M Rincoski] p. 50 2.3.6. Spin Para entendermos melhor o spin de uma partícula, vamos voltar um pouco para a física clássica: Imagine uma carga q movendo-se em uma circunferência de raio R (um exemplo disto pode ser o elétron − Modelo de Bohr) e que esta partícula leva um tempo τ para dar uma volta completa. ωq Δq q 2π i= = como o período é τ = , então i = . ω Δt τ 2π Esta “corrente elétrica” gera o que chamamos de momento de dipolo magnético μ μ=NiA onde N seria o número de espiras percorridas pela corrente elétrica i que geram o momento de dipolo magnético e A a área da espira. O momento angular da partícula é dado por L = r p senθ = r mv senθ como o movimento é circular, o ângulo θ entre r e v é de 900, logo, 2π r L = r mv como v = para uma volta completa. τ [Cristóvão R M Rincoski] p. 51 π r2 L=2m τ ⎛q⎞ m m × ⎜⎜ ⎟⎟ = 2 i A = 2 μ q q ⎝q⎠ como q/2 m é uma constante, vamos chamá-la de g μ = g L ou μ = g L . Descobriu-se que por analogia a este resultado, que deveríamos ter uma relação entre o momento de dipolo magnético intrínseco (MS) do elétron em movimento circular, com o momento angular intrínseco do elétron (S): M S = gS S o “momento angular intrínseco do elétron” foi posteriormente chamado de spin e foi dado como: h S = nS = nS h 2π Onde ns ficou conhecido como número quântico de spin ou também chamado de autovalor de spin: Ex.: suponha que uma partícula (qualquer) tenha spin 3 3 1 1 3 S = h então nS = − ,− ,+ ,+ . 2 2 2 2 2 [Cristóvão R M Rincoski] p. 52 2.3.6. Princípio da Exclusão de Pauli Wolfgang Ernst Pauli (25 de Abril de 1900, Viena, Áustria−Hungria − 15 de Dezembro de 1958, Zurique, Áustria). -> foi um físico austríaco. -> conhecido por seu trabalho na teoria do spin do elétron. “Alguns dias depois, ao chegar no ‘hall’ onde Sommerfeld dava suas palestras, notei a presença de um estudante com cabelos negros e de expressão ligeiramente fechada sentado na primeira fila. Sommerfeld havia nos apresentado um ao outro durante a minha primeira visita e tinha dito que ele o considerava aquele garoto um dos estudantes mais talentosos do grupo, alguém com quem eu poderia aprender muita coisa. Seu nome era Wolfgang Pauli, e para o resto de nossas vidas seríamos grandes amigos, embora muitas vezes ele viesse a se tornar um crítico demasiado severo.” Werner Heisenberg, Physics and Beyond, Harper 1972. O princípio da exclusão de Pauli se aplica a sistemas onde existe mais de um elétron, ou de maneira geral, mais de um férmion. A palavra férmion é uma denominação para partículas que possuem número quântico de spin semi-inteiro: ns = 1/2, 1/3, 5/2, etc. o elétron possui “spin” 1/2, portanto ele é um férmion. [Cristóvão R M Rincoski] p. 53 Existem partículas que possuem “spin” inteiro, então estas partículas são chamadas de bósons. (ex.: fóton, núcleo do átomo de hélio também chamado de partícula α, etc.). Os férmions foram assim chamados em homenagem a Enrico Fermi e os bósons foram assim chamados em homenagem a Satyendra Bose. Enrico Fermi (Roma, 29 de setembro de 1901 − Chicago, 28 de novembro de 1954). -> foi um físico italiano. -> se destacou pelo seu trabalho sobre o desenvolvimento do primeiro reator nuclear, e por sua contribuição ao desenvolvimento da teoria quântica, física nuclear e de partículas, e mecânica estatística. Satyendra Nath Bose (1 de Janeiro de 1894, Calcutá - 4 de Fevereiro de 1974, Calcutá, Índia). -> foi um físico indiano, de etnia bengalesa, especializado em física matemática. -> Ficou conhecido sobretudo devido aos seus trabalhos sobre mecânica quântica no início da década de 1920, fundamentais para a estatística de Bose-Einstein e na teoria do condensação de Bose-Einstein. [Cristóvão R M Rincoski] p. 54 O princípio da exclusão de Pauli estabelece: Não podemos ter a probabilidade de encontrarmos dois férmions com o mesmo conjunto de números quânticos que os caracterizam, probabilidade 0% (chamado de Estatística de Férmions ou Estatística de Fermi-Dirac). Para o caso de bósons isto fica mudado: A probabilidade de termos dois bósons com os mesmos números quânticos é de 100% (chamado de Estatística de Bósons ou Estatística de Bose-Einstein). 3a Lista de Exercícios (Ex.: 15 a 21) − Introdução à Mecânica Quântica [Cristóvão R M Rincoski] p. 55