Resumos dos trabalhos dos discentes do Programa de Pós-Graduação em Estudos Africanos e Representações da África, no X Encontro Estadual de História da ANPUH de Pernambuco, realizado entre os dias 23 a 25 de julho de 2014, em Petrolina, PE. Título: Há outros Griots: Outros olhares sobre a África nos Quadrinhos Autor(es): Nome: Savio Queiroz Lima [email protected] Resumo: O artigo pretende tecer reflexões historiográficas sobre três produções em quadrinhos no mercado internacional e nacional com temática africana. A realidade mítica, cultural e social de três terrenos africanos são apresentadas e comentadas nas leituras de três obras em quadrinhos: Sundiata – O Leão do Mali de autoria do quadrinhista Will Eisner, O Apanhador de Nuvens – Uma aventura no país Dogon de autoria dos franceses Béka e Marko e Aya de Yopugon da escritora costamarfinense Marguerite Abouet e do francês Clement Oubrerie. Propõe uma reflexão das mudanças ocorridas no mercado quando o assunto é representação da realidade africana através dos discursos nos quadrinhos, nas realidades sociais e culturais do Mali, para os dois primeiros casos e da Costa do Marfim no último. Utilizando-se de conceitos como Representação e Imaginário, as obras supracitadas são relacionadas com estudos multidisciplinares que os objetos, através de seus discursos, exigem. ______________________________________________________________________ Fantasma: O herói dos africanos ? Autor(es): Nome: Cristiane de Almeida Gonçalves [email protected] Resumo: É possível afirmar que as HQs, contribuem para as imagens negativas que se tem do continente africano? Mediante essa questão, este trabalho tem como objetivo discutir as representações do continente africano, a partir de estereótipos existentes nas Histórias em Quadrinhos do Fantasma. Este é um herói branco, criado por Lee Falk, nos EUA nos anos 1930. Ele um tipo de herói que mora na selva e vive entre os pigmeus bandar, os únicos que conhecem os segredos do famoso “espírito que anda”. Ele combate piratas e ladrões diversos. Resolve todos os tipos de problemas entre as tribos vizinhas e ainda acha tempo para ajudar os governantes africanos através da Patrulha da Selva. Através da análise destas revistas, observa-se a existência de vários problemas: os homens e mulheres, nativos do continente africano, são tidos como atrasados, ignorantes, desprovidos de valores civilizatórios, representados sempre em tons negros, dotados de práticas rudimentares e sem capacidade de se defender mediante toda sorte de perigos existentes na “selva”, cenário em que se desenvolvem estas histórias. Para este trabalho foram analisados exemplares da revista do Fantasma entre os anos de 1960 a 1970, além de obras de diferentes autores, a exemplo de Elikia M´Bokolo, Anderson Oliva, Álvaro de Moya, dentre outros. Palavras chaves: Histórias em Quadrinhos; História da África; Fantasma; África. ______________________________________________________________________ PARA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE ÁFRICA: A UTILIZAÇÃO DO KIT “AFRICANIDADES” COMO SUPORTE PEDAGÓGICO NO MUNICÍPIO DE ALAGOINHAS BAHIA. Autor(es): Nome: EDSON SILVA DE ARAUJO [email protected] Resumo: Em decorrência da sanção presidencial da Lei 10.639/2003, tornou-se obrigatório a todos os estabelecimentos de ensino, a inclusão na estrutura curricular de conteúdos que abordem a história do Continente Africano e dos seus povos, bem como a cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional. Neste sentido, as escolas e universidades necessitaram se adequar a esta nova realidade para cumprir a lei acima citada. Esta Lei constitui-se como a materialização dos desejos de setores sociais que pretendem subscrever a herança cultural da África e dos Africanos no mundo, fato este negligenciado, sobretudo nos livros e nos cursos de formação de professores no Brasil. Paralelamente ao desenvolvimento destas novas perspectivas cientificas surge a necessidade de reconstruir o saber dos profissionais ligados à educação e, por conseguinte os livros didáticos passaram a contar com maiores espaços dedicados ao continente africano e aos negros, quando não, são adotados livros complementares que abordam a temática em questão de forma particularizadas. Nesta perspectiva o presente artigo irá analisar a adoção do kit pedagógico denominado “Africanidades” pelo município de Alagoinhas, cidade do interior da Bahia, no ano de 2012. Trata-se de uma coleção composta por dez livros acompanhados cada um por CD’s audiovisuais dotados com interpretação em libras. A questão central deste trabalho refere-se às formas como a referida coleção representa o continente africano e os negros no Brasil. Para este trabalho foi tomado como paradigma à referência de que os negros não são, necessariamente, descendentes de africanos, assim como suas práticas e costumes culturais não devem ser vistas como sobrevivências da escravidão. Palavras chave: Lei 10.639/2003; África; Educação; Brasil; Negros. ______________________________________________________________________ De que África falamos? Representações de África após a Lei 1069/03 Autor(es): Alexandra da Cruz de Nantes [email protected] Resumo: Negros, miséria, fome, conflitos “tribais”, doenças, caos absoluto, são algumas das representações recorrentes sobre o continente africano que romperam a barreira do tempo e se perpetuam no imaginário de diversas sociedades, sobretudo das ocidentais. Neste sentido, sendo a escola um espaço social, no qual se entrecruzam diferentes sujeitos e com eles toda sorte de representações, esta se constitui, portanto em um locus privilegiado para retroalimentação de estereótipos e clichês, que em geral concebem a África como um “lugar” caótico, sem regras, ordem e perspectivas. Cabe destacar, entretanto, que a escola também pode ser instrumento de transformação, difusão e construção de novas representações acerca do continente africano. Por essa razão, este trabalho objetiva analisar quais representações de África foram construídas pelos educandos da rede municipal de ensino do município de Sátiro Dias, nestes dez anos de promulgação da Lei 10.639/03. Palavras – chave: Educação; Representações da África; África, Lei 10.639. ______________________________________________________________________ OS CONTOS DE AMADOU KOUMBA: REINVENÇÃO DA NARRATIVA. Autor(es): Nome: RITA DE CÁSSIA NASCIMENTO DOS SANTOS [email protected] Resumo: A partir das obras sobre as tradições orais da África subsaariana, de Hampaté Bâ e J. Vansina, este trabalho tem como objetivo discutir o modo de abordagem da questão do colonialismo francês na obra Os contos de Amadou Koumba, de Birago Diop, publicado em 1961. A problemática desse estudo despertou o desejo de saber como as tradições orais, abordadas no livro, podem se constituir como estratégia de força e resistência na construção identitária no período da colonização francesa no Senegal. Na África tradicional, o conhecimento e a sabedoria eram guardados e transmitidos pela tradição oral e não havia momento especial para aprender. O público participava ativamente das histórias que lhe eram contadas. Seria o caso de uma possibilidade de transmissão e discussão sobre a colonização através desses contos orais? Como a voz de griot de Koumba ressoa na literatura de Birago Diop? Assim, a tradição oral toma um caráter revolucionário, inventivo e disseminador na cultura oral fazendo valer as vozes caladas pela colonização. Para este trabalho foram utilizados e discutidos o livro de contos e bibliografia referente às tradições orais africanas. Palavras chave: Colonização; África; Tradição Oral; Literatura Africana; Birago Diop. ______________________________________________________________________ ____ Representações da África nas organizações negras mestiças de Salvador em Tenda dos Milagres (1969) do escritor Jorge Amado. Autor(es): paloma ferreira teles [email protected] Resumo: A partir da narrativa de Tenda dos Milagres (1969), Jorge Amado convida aos leitores a adentrar o Pelourinho, que é citado como Universidade Aberta da Bahia, por conta dos diversos saberes desenvolvidos nesta região, saberes estes que são reflexos de uma África desejada pelos negros e mestiços baianos da época. Sendo este demarcado como espaço de convivência “harmônica” entre as diferentes culturas, que são representadas na figura de moradores, comerciantes e visitantes, mesmo havendo os processos violentos de repressão aos costumes e vivências culturais. O presente trabalho, ainda em andamento, objetiva investigar possíveis manifestações a partir das Representações de África, que se caracterizaram como forma de contra-discursos produzidos pela população negra de Salvador em seu cotidiano, a partir das suas organizações culturais e religiosas, contra a ciência eugenizadora do Brasil de 1920 a 1930. E, compreender a partir da personagem central do romance, Pedro Arcanjo, como se organizou a população negra-mestiça para (re) escrever e (re) pensar a sua historia, problematizando a ressonância desta atitude para as práticas científicas e acadêmicas da Faculdade de Medicina da Bahia na época. Palavras Chaves: Tendas dos Milagres, África, Negros, Resistências. ______________________________________________________________________ De olho no espelho: reflexos e paradigmas da auto-identificação dos quilombolas da comunidade do Catuzinho, Bahia. Autor(es): Nome: ADRIANA CARDOSO DOS SANTOS PEREIRA [email protected] Resumo: Em 2005 a comunidade do Catuzinho, localizada entre as cidades de Alagoinhas e Aramari, BA, foi reconhecida como remanescente de quilombo. Pode se afirmar, sem maiores problemas, que este é o primeiro passo do longo percurso que culminará com a titulação das terras, um dos objetivos que se percebe entre os moradores da referida comunidade. Mas, o que vem a ser um quilombo? A partir de um emaranhado de interesses oriundos da promulgação do artigo 68, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) da Constituição Federal do Brasil de 1988, que comunidades negras, até então renegadas aos olhos da sociedade brasileira e da produção historiográfica, passaram a ter espaços, imbuídas principalmente pela discussão em torno da terminologia 'quilombo'. Ressignificar o topônimo 'quilombo', mais que uma tarefa semântica, trouxe à tona a desmistificação de sua conceituação colonial ao tempo que abarcou as diversas formas de organização negra, ratificando a pluralidade cultural, fruto das práticas e costumes peculiares a cada comunidade. Nesse sentido, este trabalho visa discutir com qual concepção os moradores deste povoado se auto identificam. São oriundos da África? São eles afro descendentes? Qual interpretação atribuem para a terminologia quilombola? A que deve sua identificação como tal? Para esta discussão foi tomada como referência a auto-declaração dos habitantes da supramencionada comunidade e os paradigmas levantados pelo discurso teórico de estudiosos da cultura negra brasileira e história da África. Palavras chave: memória, cultura negra, quilombola, auto-identificação. ____________________________________________________________________ A formação da “culinária baiana”: sob uma ótica “africana” Autor(es): Nome: Erico da Silva França [email protected] Resumo: A “culinária baiana” é um termo utilizado para designar, principalmente, a alimentação produzida na cidade de Salvador e no Recôncavo Baiano notadamente marcada pela influência “africana”. Foram os negros escravizados – ainda no período colonial – que a tornaram famosa, uma vez que servindo nas cozinhas dos portugueses e/ou nas senzalas, alteraram o sabor dos alimentos por meio da condimentação ou da técnica culinária. Outro aspecto a ser destacado sobre a culinária produzida por africanos e seus descendentes – na Bahia – é a sua confluência com a religião e os festejos populares. Dessa maneira, promover um estudo sobre a importância africana na confecção da “culinária baiana”, considerada parte integrante do patrimônio cultural imaterial, abordando as escolhas, abandonos, apropriações e transformações que fazem parte de um processo histórico cultural é a principal finalidade desse trabalho. O mesmo procurou identificar e mapear bibliografia e fontes documentais (escritas e visuais) que tratassem da relação existente entre culinária e cultura, escravidão negra e a formação da culinária da Bahia; e, a influência da culinária “africana” na religião e celebrações populares. Palavras Chave: Culinária Baiana; Influência “Africana”; Escravidão; Patrimônio cultural imaterial. ______________________________________________________________________ As raízes da guerra no Mali: entre debates e desmistificações Autor(es): Nome: Ivan Silva de Souza [email protected] Resumo: A mídia faz um papel intermediário na formação da opinião pública e em cobrir determinados eventos a nível internacional e levar a “noticia” a população. Mas sabemos que este papel exercido por tais setores é recheado de interesses políticos, econômicos, financeiros e principalmente em estabelecer a ideologia de um grupo dominante no poder ou colocá-lo lá. A situação do Mali no Continente Africano requer uma analise e uma postura muito mais critica, do que respostas simplistas que culpam a Al Qaeda ou o neocolonialismo por conflitos que assolam esta região é preciso levar em consideração que muita gente foi marginalizada por tempo demais nesse território. A situação é muito mais complexa do que parece e precisa ser revista sobre um outro prisma que desmistifique essas notícias sobre os países africanos que recaem, na maioria das vezes, nas guerras do continente tratadas geralmente sob o registro da naturalização e da banalização enfeixadas em diferenças tribais. ______________________________________________________________________