UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA SELEÇÃO ASSISTIDA POR MARCADORES MOLECULARES EM SOJA PARA RESISTÊNCIA AO FITONEMATÓIDE Heterodera glycines RAÇA 3 SYBELLI MAGDA COELHO GONÇALVES ESPINDOLA 2004 1 SYBELLI MAGDA COELHO GONÇALVES ESPINDOLA SELEÇÃO ASSISTIDA POR MARCADORES MOLECULARES EM SOJA PARA RESISTÊNCIA AO FITONEMATÓIDE Heterodera glycines RAÇA 3 Dissertação apresentada à Universidade Federal Uberlândia, como parte das exigências do Programa Pós-Graduação em Agronomia – Mestrado, área concentração em Fitotecnia, para obtenção do título “Mestre”. Orientador Prof. Dr. Osvaldo Toshiyuki Hamawaki UBERLÂNDIA MINAS GERAIS – BRASIL 2004 2 de de de de SYBELLI MAGDA COELHO GONÇALVES ESPINDOLA SELEÇÃO ASSISTIDA POR MARCADORES MOLECULARES EM SOJA PARA RESISTÊNCIA AO FITONEMATÓIDE Heterodera glycines RAÇA 3 Dissertação apresentada à Universidade Federal Uberlândia, como parte das exigências do Programa Pós-Graduação em Agronomia – Mestrado, área concentração em Fitotecnia, para obtenção do título “Mestre”. Aprovada em 31 de março de 2004 Profa. Dra Maria Amelia dos Santos UFU Dr. Luís Fernando Alliprandini Syngenta Seeds Ltda Dra Maria Eugênia Lisei de Sá Epamig Prof. Dr. Osvaldo Toshiyuki Hamawaki (Orientador) UBERLÂNDIA MINAS GERAIS – BRASIL 3 de de de de DEDICO Ao meu marido Luiz Harmed Salmen Espindola Aos meus pais Antônio Coelho da Silva (“In Memoriam”) Julieta Gonçalves Rosa Coelho Aos meus irmãos Klébia Maria Coelho Gonçalves e Álvaro Alexandre Coelho Gonçalves 4 AGRADEÇO Ao Dr. Luís Fernando Alliprandini pelos valiosos ensinamentos, pela amizade, dedicação e presteza em me orientar, colaborando durante todas as etapas de realização desse trabalho. Ao professor Dr. Osvaldo Toshiyuki Hamawaki pela orientação na confecção desse trabalho e pela confiança em mim depositada. A professora Dra. Maria Amélia dos Santos pela disposição na coorientação desse trabalho, pelos seus ensinamentos e por estar sempre disposta em ajudar. A Dra Maria Eugênia Lisei de Sá pela grandiosa colaboração na execução desse trabalho. Obrigada pela amizade, companheirismo, dedicação e pelas palavras de amizade e estímulo. Ao Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia pela oportunidade de realização do curso de mestrado. Ao CNPq pela concessão da bolsa de estudos. A empresa Syngenta Seeds LTDA pela oportunidade de estágio, pela colaboração no desenvolvendo desse trabalho e contribuição com todo o suporte técnico e financeiro que se fizeram necessários. A Ms. Cristhiane Abegg Bothona por conceder a oportunidade de desenvolvimento desse trabalho contando com sua competência e disponibilidade. Obrigada pela amizade e incentivo. Sou muito grata por tudo. As amigas do laboratório de Marcadores Moleculares da Syngenta Seeds LTDA Kátia Bernardeli e Jéssika Monteiro Rocha pela amizade, dedicação e pela disposição em ajudar em todos os momentos do desenvolvimento desse trabalho. A todos os amigos e funcionários da empresa Syngenta Seeds LTDA que direta ou indiretamente contribuíram para o sucesso desse trabalho. 5 Principalmente ao Claudio Franco, Eliasário César dos Santos, Luciano e José Baltasar de Sousa; obrigada pela atenção e pela disponibilidade de estarem sempre ajudando nos momentos de necessidade. A colaboração de vocês foi de grande importância. Aos professores Dr. Heyder Diniz Silva e Dra. Denise Garcia Santana pela colaboração na análise dos dados e pelo tempo dedicado. A todos os professores, técnicos e funcionários administrativos, que contribuíram para a minha formação, pelos ensinamentos e palavras de amizade e estímulo. A todos os colegas do curso de mestrado, em especial a Lílian A de Oliveira pelo companheirismo; a Daniella A das Virgens, Maria Cecília Sarento de Castro e Vitor Hugo B. Barbieri pelas horas e horas de estudos compartilhadas, pela colaboração e apoio no desenvolvimento desse trabalho e pelo companheirismo. Aos amigos Décio Shigihara e Maurício Souza pela amizade e apoio dedicados. Ao meu marido Luiz Harmed Salmen Espindola por sua paciência, encorajamento e amor. A Deus que permitiu que eu encontrasse essas pessoas pelo meu caminho. 6 SUMARIO página 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................1 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..........................................................................5 2.1- A importância econômica e alimentar da soja..................................6 2.2 Doenças da soja..................................................................................6 2.3-O nematóide de cisto da soja (NCS)..................................................7 2.3.1-Histórico..........................................................................................8 2.3.2- Biologia e Ciclo de Vida................................................................8 2.3.3 Sintomas........................................................................................10 2.3.4-Dispersão e Controle.....................................................................12 2.4- Herança da resistência ao nematóide de cisto da soja.....................15 2.5 Uso de marcadores moleculares no melhoramento genético de plantas.....................................................................................................17 3. MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................23 3.1-Populações avaliadas........................................................................23 3.2-Localização e instalação do experimento.........................................23 3.3-Avaliação Genotípica.......................................................................24 3.4-Avaliação Fenotípica........................................................................24 3.4.1-Obtenção do inóculo......................................................................24 3.4.2-Inoculação.....................................................................................25 3.4.3-Avaliação.......................................................................................25 3.4.4-Herdabilidade................................................................................26 3.4.5-Ganho com a seleção.....................................................................26 3.4.6-Teste qui-quadrado........................................................................27 3.4.7-Análise estatística..........................................................................27 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................28 7 4.1-Variação Fenotípica..........................................................................28 4.2-Predição do fenótipo de resistência ao NCS, raça 3, com os marcadores Satt-141 e Satt-168..............................................................34 5.CONCLUSÕES................................................................................................43 ANEXO A...........................................................................................................44 ANEXO B...........................................................................................................45 6. REFERÊNCIAS..............................................................................................46 8 RESUMO Gonçalves-Espindola, Sybelli M. Coelho. Seleção assistida por marcadores moleculares em soja para resistência ao fitonematóide Heterodera glycines raça 3. UFU, 2004. (Dissertação-Mestrado em Agronomia)* A ocorrência de doenças na cultura da soja é um dos principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos. O nematóide de cisto da soja (NCS), Heterodera glycines,Ichinoe ocupa posição de destaque entre os vários patógenos que reduzem a produção dessa cultura. Sendo esse fitonematóide de difícil controle, a medida mais eficaz tem sido o uso de cultivares resistentes. Para isso, o presente trabalho teve como objetivo identificar genótipos com maior grau de resistência ao nematóide de cisto da soja, raça 3, e avaliar a eficiência dos marcadores Sat-168 e Sat-141 associados a QTL (Quantitative Trait Loci) de resistência a esse caráter. O ensaio foi conduzido em casa de vegetação e o delineamento experimental foi de blocos casualizados com seis repetições. As populações estudadas foram oriundas dos cruzamentos CD-201 (susceptível) e Foster IAC (resistente), Conquista (susceptível) e S83-30 (resistente), La-Suprema (susceptível) e S57-11 (resistente) e Parecis (susceptível) e S65-50 (resistente). As plantas foram previamente genotipadas para a resitência ao NCS com os marcadores microssatélites Sat-141 e Sat-168. Essas populações foram inoculadas com 2154 ovos e juvenis e avaliadas com base no índice de fêmeas(IF), sendo IF<10% classificadas como resistentes e IF≥10%, susceptíveis. A eficiência ou precisão desses marcadores associados foi obtida por meio de uma tabela de contingência, contrastando-se a avaliação genotípica e fenotípica. Foram identificadas 2 linhagens resistentes na população oriunda de CD-201 x Foster IAC; 25 na população resultante de S57-11 x La Suprema; e 6 naquela proveniente de S65-50 x Parecis. Nenhuma linhagem resistente foi observada na população derivada de Coquista x S8330.Considerando o valor preditivo positivo e a precisão apresentada pelos microssatélites Sat-141 e Sat-168, na população derivada de S57-11 x La Suprema, esses marcadores mostraram-se como uma ferramenta útil na seleção para resistência ao NCS, raça 3.Na população derivada de CD-201 x Foster IAC embora os marcadores tenham demonstrado baixa precisão, o alto valor preditivo positivo garante um diagnóstico positivo seguro. * Comitê Orientador: Osvaldo Toshiyuki Hamawaki- UFU; Maria Amelia dos Santos- UFU; Luis Fernando Alliprandini- Syngenta Seeds Ltda e Maria Eugênia Lisei de Sá- EPAMIG. 9 ABSTRACT Gonçalves-Espindola, Sybelli M. Coelho. Marker-assisted selection for soybean resistance to Heterodera glycines, race 3. UFU, 2004. (DissertationMaster Program in Agronomy)* Disease occurrence in soybean is one of the main limiting factors for high yield and the soybean cyst nematode (SCN), Heterodera glycines Ichinohe, chairs among the different pathogens responsible for yield decrease. As the nematode control is difficult the best way to overcome this proble is to develop soybean resistant cultivars. The objective of this study was to identify resistant genotypes and to evaluate the efficiency of marker assisted selection with Sat168 and Sat-141 associated to SCN, race 3, resistance QTL (Quantitative Trait Loci) on identification of resistant genotypes. The experiment was carried out in greenhouse and the experiental desing was in a randoized blocks with six replications. Soybean populations were originated from CD-201 (susceptible) and Foster IAC (resistant), Conquista (susceptible) and S83-30 (resistant), LaSuprema (susceptible) and S57-11 (resistant) and Parecis (susceptible) and S6550 (resistant). Plants were previously genotyped to SCN resistance by using the microsatellite markers Sat-141 e Sat-168. The populations were inoculated with 2154 eggs and juveniles and evaluated according to the Female Index (F I), so that only plants with FI<10% were classified as resistent. The arker selection efficiency or precision was analysed by a contigency table considering the genotypic versus phenotypic evaluation for each line. It was possible to identify two resistant lines in the CD-201 x Foster population, 25 in S57-11 x La Suprema and 6 in S65-50 x Parecis. No resistent line was observed in Conquista x S83-30. Considering the positive predictive values and precision of the icrosatellites Sat-141 and Sat-168, in the S57-11 x La Suprema population these markers showed as an useful tool for selection of SCN, race 3.On population CD-201 x Foster IAC the positive predictive value indicated a safe diagnostic, in despite of its low precision * Advisor Group: Osvaldo Toshiyuki Hamawaki- UFU; Maria Amelia dos Santos- UFU; Luis Fernando Alliprandini- Syngenta Seeds Ltda and Maria Eugênia Lisei de Sá- EPAMIG. 10 1-INTRODUÇÃO A soja [Glycine Max (L) Merril] é uma planta milenar, sendo difícil estabelecer sua origem e sua história. Há relatos de que essa leguminosa já seria cultivada pelos chineses há cerca de cinco mil anos. Sua espécie mais antiga, a soja selvagem, crescia principalmente nas terras baixas e úmidas, junto aos juncos nas proximidades dos lagos e rios da China Central. Há três mil anos a soja se espalhou pela Ásia, onde começou a ser utilizada como alimento (BLACK, 2000; HAMAWAKI,et.al.,2002). Na América foi citada pela primeira vez, nos Estados Unidos, no início do século XIX, como promissora planta forrageira e produtora de grãos, tendo iniciado a sua expansão naquele país, a partir de 1930. Essa expansão em poucas décadas foi um dos mais impressionantes fenômenos da história da agricultura norte-americana. No Brasil, o grão chegou em 1882. Nesse ano, foram relatados os resultados dos primeiros testes feitos com algumas variedades no Estado da Bahia. A partir de então, diversos estudos foram feitos em diferentes pontos do país. Em 1941, essa leguminosa apareceu pela primeira vez nas estatísticas oficiais do Rio Grande do Sul. Foi quando a soja começou a ser cultivada em larga escala, sendo a suinocultura e a triticultura elementos que contribuíram para a sua consolidação nesse estado. Os suinocultores encontraram na soja a fonte de proteína que faltava para a composição da ração, e os produtores de trigo, com a expansão dessa cultura na década de 50, apoiada por ações governamentais, perceberam –na como excelente alternativa para a realização de duas safras por ano agrícola, por meio da alternância trigo/soja, o que maximizava a uso dos ativos agrícolas permanentes. 11 O grão de soja dá origem a subprodutos dos quais os principais são o farelo e o óleo. Outros, mais elaborados, são utilizados pela agroindústria de alimentos e indústria química. A proteína de soja dá origem a produtos comestíveis (ingredientes de padaria, massas, produtos de carne, cereais, misturas preparadas, bebidas, alimentação para bebês, confecções e alimentos dietéticos). Utilizada também pela indústria de adesivos e nutrientes, alimentação animal, adubos, formulador de espumas, fabricação de fibra, revestimento, papel, emulsão para tintas e outras aplicações. Já a soja integral é utilizada pela indústria de alimentos em geral, e o óleo bruto se transforma em óleo refinado e lecitina, que dá origem a inúmeros outros produtos. A boa adaptação da soja nas terras do Sul do país e a crescente demanda dos mercados interno e externo deram estabilidade aos preços do produto no mercado, o que incentivou o aumento de área. Em pouco tempo, os cientistas não só criaram tecnologias específicas para as condições de solo e clima do Cerrado, como conseguiram criar a primeira cultivar para regiões tropicais brasileiras, que permitiu que a soja produzisse no Cerrados, onde antes a planta não se desenvolvia (Embrapa, 2003). A criação de novas cultivares fez muito mais que desbravar as novas fronteiras agrícolas do Brasil, até então consideradas improdutivas, levou a soja a todas as regiões de clima tropical do mundo. A geração de tecnologias contribuiu para que o Brasil aumentasse sua produção de soja, passando a ocupar o segundo lugar entre os maiores produtores de soja do mundo. Em 1975, a produção brasileira era em torno de 10 milhões de toneladas ao ano. Em 2001, o país já produzia cerca de 36 milhões de toneladas, sendo a região central do Brasil responsável por 50% dessa produção. Em 2003, o Brasil figura como o segundo produtor 12 mundial, responsável por 52, das 194 milhões de toneladas produzidas em nível global ou 26,8% da safra mundial (EMBRAPA, 2003). A soja teve rápida expansão no Brasil devido ao seu valor econômico e graças ao seu desenvolvimento por meio de melhoramento genético de novas cultivares mais adaptadas às condições do país. No entanto, essa expansão da cultura foi acompanhada por problemas fitossanitários em que vários patógenos disseminaram pelas regiões produtoras (YORINORI, 2000). No Brasil, cerca de 50 doenças já foram registradas na cultura as quais são responsáveis por prejuízos anuais que chegam a 15-20% da produção total do país. Algumas podem causar 100% de perdas (Embrapa, 2002). O nematóide de cisto da soja (NCS), Heterodera glycines Ichinohe, foi detectado no Brasil na safra 1991/92 (LIMA, et. al.,1992) e tornou-se imediatamente uma grande ameaça à sojicultura nacional. Em áreas já infestadas, há necessidade de conviver com o problema, e para reduzir as perdas existem algumas estratégias de controle, como rotação de culturas, uso de variedades resistentes e manejo do solo (MENDES, 1993). O uso de variedades resistentes é um dos métodos mais eficientes e econômicos para o controle do NCS. Todavia, pela grande variabilidade existente nessa espécie de nematóide, o uso contínuo de uma mesma variedade resistente exerce pressão de seleção, estimulando o desenvolvimento de outras raças capazes de parasitar tal variedade (Niblack,et. al., 1992). Tal fato é possível porque os genes para resistência a uma determinada população não protegem contra outras populações da mesma espécie (Dropkin, 1988). Dessa forma, torna-se 13 necessário a avaliação e desenvolvimento de novos germoplasmas como fonte de resistência para o melhoramento da soja. A evolução de biotecnologia tem sido de grande importância no desenvolvimento de plantas resistentes a patógenos e pragas, buscando disponibilizar, comercialmente, culturas de importância econômica que, por apresentarem graves problemas fitossanitários comprometem sua alta produção ou a sanidade do meio ambiente (utilização de agrotóxicos). O isolamento de novos genes envolvidos na resistência a patógenos e pragas, é um desafio que abre novas perspectivas na obtenção de plantas resistentes. Técnicas de marcadores moleculares tais como, RFLP, microsatélites, RAPD e AFLP, são capazes de identificar loci de resistência. Esses estudos permitiram a identificação de genes de resistência em diferentes culturas. Para o melhorista, é de grande importância o mapeamento genético de características quantitativas de herança (QTLs), associadas à resistência horizontal, ou seja, poligênica, que por sua vez possibilita a identificação de novos genes. Dessa forma, espera-se, com esse trabalho, contribuir com os programas de melhoramento de soja que visam a incorporação de genes de resistência ao nematóide de cisto da soja. Para isso, o mesmo teve como principais objetivos: 1-Identificar genótipos com maior grau de resistência ao nematóide de cisto da soja. 2- Avaliar a eficiência dos marcadores Satt-168 e Satt-141 ligados a QTL (Quantitative Trait Loci) de resistência ao nematóide de cisto da soja, raça 3, para a identificação de genótipos resistentes nas populações estudadas. 14 2-REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1- A importância econômica e alimentar da soja A soja é uma cultura mundialmente importante tanto pelos valores econômicos como nutricionais (Yue, et. al.,2001). Essa cultura tem apresentado, nas últimas cinco décadas, uma taxa superior à taxa de crescimento populacional, ocupando lugar de destaque na alimentação humana e animal, nos cinco continentes. Atualmente é a mais importante oleaginosa cultivada no mundo (BLACK, 2000). Do total mundial de produção das principais oleaginosas (soja, algodão, amendoim, colza, linho e palma) estimada em 280 milhões de toneladas, a soja participa com cerca de 56%, ou seja, aproximadamente 157 milhões de toneladas, sendo a leguminosa de maior expressão econômica no planeta com teor de óleo compreendido entre 20 e 22% e apresentando alto teor de proteínas. A expansão do cultivo da soja no Brasil foi possível pelo pioneirismo no cultivo em regiões com latitudes inferiores a 20o (ROESSING; GUEDES, 1993). Em 2003, o Brasil figurou como o segundo maior produtor mundial de soja, responsável por 52 das 194 milhões de toneladas produzidas em nível global, ou 26,8% da safra mundial. Isso corresponde a 18 milhões de hectares plantados produzindo em torno de 2764kg/ha. A cultura da soja é responsável pelo arrecadamento anual de uma receita direta para o Brasil de mais de sete bilhões de dólares e indiretamente de mais de 35 bilhões de dólares. (Embrapa, 2003). 2.2 Doenças da soja A ocorrência de doenças na cultura da soja é um dos principais fatores que limitam a obtenção de altos rendimentos. Isso, associado a outros fatores como adaptabilidade a diferentes altitudes, solos e condições climáticas, 15 impedem que se alcance a exploração econômica do seu potencial máximo de rendimento. No Brasil já foram identificadas em torno de 50 doenças que ocorrem na cultura da soja, causadas por fungos, bactérias, vírus e nematóides. Esse número continua aumentando com a expansão da soja para novas áreas. Dessa forma, algumas doenças, que ocorriam de forma mais amena em algumas regiões, começam a aparecer trazendo grandes perdas. Assim, pode-se observar que a importância econômica de cada doença varia de ano para ano, e de região para região, dependendo da condição climática de cada safra (YORINORI 2002). A expansão de áreas irrigadas para o cultivo da soja no outono/inverno favorece a sobrevivência de inóculo de fungos e nematóide, causando maiores perdas na safra seguinte. Além disso, a monocultura e a adoção de práticas de manejo inadequadas têm favorecido o surgimento de novas doenças e agravando as de menor importância. De acordo com Yorinori (2002), o aumento da intensidade das doenças aumenta também as perdas na produção da soja brasileira; tendo em 1994 causado prejuízos de US$1.269.485.000 e em 2000 o montante chegou a US$1.388.047.000, sendo que desse total US$133.182.000 foram devido a infestação do nematóide de cisto da soja. 2.3-O nematóide de cisto da soja (NCS) Pelo seu grande potencial em causar prejuízos significativos e comprometer o solo onde a soja é cultivada, o nematóide Heterodera glycines Ichinohe 1952, conhecido como nematóide de cisto da soja (NCS) ocupa posição de destaque entre os vários patógenos que reduzem a produção dessa cultura. 16 2.3.1-Histórico O nematóide de cisto da soja foi relatado pela primeira vez no Japão em 1915, embora se acredite que seja originário da China. Com base na descrição de sintomas e publicações anteriores, alguns autores sugerem que este nematóide já ocorria na região centro-norte do Japão desde 1881, causando a doença conhecida como “nanismo amarelo da soja” (soybean yellow dwarf) (Baldwin & Mundo-Ocampo, 1991). Inicialmente, acreditava-se que a doença era causada por uma raça de Heterodera schachtii capaz de atacar a soja, e somente em 1952 é que a espécie H. glycines foi descrita por Ichinohe. Depois, o nematóide foi relatado na China, Coréia, Taiwan, parte da antiga União Soviética, Canadá, Estados Unidos e Colômbia. Na América Latina, o nematóide de cisto da soja foi encontrado pela primeira vez em 1983, ocorrendo em áreas de soja e feijão, no Vale Del Cauca, na Colômbia (MENDES, 1993). No Brasil, esse nematóide foi identificado na safra de 1991/1992, em amostras de solo e de raízes de soja precedentes de Nova Ponte –MG, Campo Verde-MT, e Chapadão do Céu –GO (LORDELLO ET. AL., 1992; MONTEIRO; MORAIS, 1992; LIMA ET. AL., 1992). A origem deste nematóide no Brasil é desconhecida. É possível que já ocorresse no país, em plantas nativas localizadas em pequenos focos isolados, e em baixo nível populacional. Somente após vários anos de cultivo intensivo da soja os níveis populacionais elevaram, e foram capazes de causar sintomas visíveis. É possível, também, que tenha sido introduzido no Brasil via semente ou outro meio que veicule solo aderente, proveniente de países onde o problema já ocorria há vários anos (MENDES, 1993). 2.3.2- Biologia e Ciclo de Vida Pertencente à família Heteroderidae, o gênero Heterodera inclui espécies que se caracterizam pela formação de cistos. O cisto é o corpo da fêmea 17 adulta morta, cheia de ovos, o qual, no final do ciclo de vida, torna-se um envoltório protetor, de cor marrom, altamente resistente às condições adversas. As espécies deste gênero constituem três grupos: schachtii, com 25 espécies incluindo o H. glycines; goettingiana com 23 espécies, e avenae, com nove espécies (BALDWIN; MUNDO-OCAM PO, 1991). O nematóide H. glycines é uma espécie anfimítica, onde uma única fêmea pode atrair mais de um macho e por eles ser fecundada. Durante seu ciclo de vida, uma fêmea pode produzir de 200 a 600 ovos viáveis, dos quais alguns podem ser ovipositados e mantidos envoltos por uma matriz gelatinosa até a eclosão, enquanto os demais permanecem retidos no interior da fêmea madura que se transformará em cisto (CARES; BALDWIN, 1995). O ciclo de vida pode durar de 24 a 30 dias sob condições ótimas. Os ovos depositados no solo eclodem rapidamente, proporcionando rápido incremento na população através da ocorrência de três a seis ciclos do nematóide em um mesmo ciclo de soja (SCHMITT; BARKER,1985), enquanto 50 a 90% dos ovos retidos no cisto eclodem dentro de um ano. Alguns dos ovos podem permanecer viáveis mais de oito anos, sob condições de elevada umidade e de baixa temperatura (CARES; BALDWIN, 1995). Os juvenis do NCS, na fase de juvenil de 2o estádio, eclodem dos ovos no solo quando a temperatura e umidade forem adequadas, e somente eles são capazes de infectar raízes da soja. Os juvenis eclodidos que não penetram nas raízes do hospedeiro morrem por falta de alimento, por predação, ou pelo parasitismo, dentro de alguns dias ou semanas. O máximo de eclosão ocorre com a temperatura diurna de 26oC, e combinação com a noturna de 22oC, sendo mais estimulada por plantas em fase pós floração do que por plantas no estádio vegetativo. Exsudatos radiculares de plantas hospedeiras possivelmente estimulam mais a eclosão de juvenis e podem estar também envolvidos na atração e na penetração dos juvenis infectivos (SCHMITT; RIGGS,1991) 18 Os juvenis do segundo estádio, geralmente, penetram próximo da ponta da raiz. Após penetrarem nas raízes da soja, os juvenis movem-se até encontrarem o tecido vascular. Nessa fase, param de movimentar, perdem a maioria dos músculos de seus corpos, e começam a se alimentar. Para se alimentarem, os nematóides injetam as secreções que modificam algumas células radiculares, transformado-as em locais de alimentação especializados chamados sincícios. Enquanto os nematóides se alimentam, avolumam o corpo. Os machos, após se libertarem da cutícula de quarto estádio, deixam a raiz em busca de fêmeas maduras expostas na superfície da raiz (CARES; BALDWIN,1995). Após a fertilização, os machos morrem, mas as fêmeas permanecem unidas às raízes e continuam a se alimentar. As fêmeas inchadas começam a produzir ovos, e inicialmente depositam em uma massa gelatinosa fora do corpo, sendo que dois terços dos ovos permanecem ainda,dentro de seus corpos. Quando a cavidade inteira do corpo da fêmea adulta torna-se cheia de ovos, essa morre tornando-se uma estrutura conhecida como cisto. Os cistos são desalojados das raízes e se tornam livres no solo. As paredes do cisto tornam-se muito resistentes e fornecem grande proteção para os ovos ali contidos. Os ovos do NCS sobrevivem dentro do cisto até que as circunstâncias se tornem apropriadas para os juvenis eclodirem. Embora muitos juvenis possam eclodir no primeiro ano, alguns também sobreviverão dentro dos cistos por muitos anos. 2.3.3 Sintomas Os sintomas dos danos do nematóide de cisto da soja podem ser classificados em duas categorias: sintomas na parte aérea, e sintomas no sistema radicular. Na parte aérea, os sintomas dos danos do NCS não são consistentes, e pode haver ausência de sintomas por diversos anos após a introdução do 19 nematóide em uma lavoura. Os sintomas da parte aérea, quando presentes em uma lavoura, formam reboleiras circulares ou oblongas que, após alguns anos, podem ocupar toda a lavoura. Em geral, as plantas apresentam-se com nanismo, folhas amareladas, e, às vezes com as margens necrosadas. Acontece também perda prematura de folhas e floração reduzida com baixa produção de grãos (CARES; BALDWIN, 1995). Os estragos da parte aérea podem ser confundidos pelos danos devido à compactação, a clorose por deficiência do ferro, a outras deficiências nutricionais, ao stress hídrico, ao dano por herbicidas, ou a outras doenças da planta. Freqüentemente, as perdas de produtividade devido ao NCS não são percebidas durante anos, devido à ausência de sintomas na parte aérea, ou porque os sintomas foram atribuídos a algum outro problema da produção da soja. O primeiro sintoma óbvio da infestação do NCS aos campos de soja pode ser a aparência de plantas bem menos vigorosas, amareladas e raquíticas. Adicionalmente, as fileiras de soja em lavouras infestadas, freqüentemente, demoram a fechar as entrelinhas. As plantas que crescem em solos altamente infestados podem permanecer raquíticas durante toda a estação de crescimento. Como mencionado anteriormente, os sintomas dos danos do NCS na parte aérea não ocorrem sempre consistentemente, podendo variar de severos a inexistentes. A intensidade dos sintomas é influenciada pela idade e pelo vigor das plantas da soja, a densidade de população do nematóide nos horizontes do solo, da fertilidade do solo e da umidade, e de outras circunstâncias ambientais. Os danos do NCS geralmente são mais severos em solos arenosos, mas ocorrerão prontamente em todos os tipos de solo. As perdas mais severas de soja estão associadas a solos arenosos (KOENNING et. al., 1988; CARES; BALDWIN, 1995) 20 As raízes infectadas com o nematóide são raquíticas. O NCS diminui também o número de nódulos de fixação biológica do nitrogênio nas raízes, e a infecção das raízes pelo NCS pode torna-las mais suscetíveis à infecção por outros patógenos do solo; podendo também ocorrer aumento no número de raízes secundárias (TODD; PEARSON, 1988; CARES; BALDWIN, 1995). No campo, o único sinal diagnóstico na identificação da infecção do NCS é a presença de fêmeas adultas expostas nas raízes da soja. As fêmeas apresentam formato de limão e são brancas, inicialmente, mas variam em torno do amarelo, chegando ao marrom quando de sua morte (cisto). Na maioria dos anos, tal diagnóstico de campo pode ser executado começando quatro a seis semanas após semeadura, e continua até o início da maturação da soja (MENDES, 1993). 2.3.4-Dispersão e Controle O cisto, por ser uma estrutura altamente resistente, se caracteriza como a unidade de dispersão mais eficiente. Isso permite que o nematóide seja levado, facilmente, de uma área para outra, a curtas ou longas distâncias por qualquer método que envolva movimento de solo. Dessa forma, o nematóide de cisto pode ser disseminado pelo vento, água da chuva ou irrigação, máquinas e implementos agrícolas, homens, aves, animais domésticos e selvagens (YORINORI, et al., 1994; MENDES, 1995, CARES; BALDWIN,1995, ). As sementes constituem um importante meio de disseminação do nematóide. Sementes de soja, ou outra espécie vegetal, provenientes de áreas infestadas, podem conter torrões com cistos incrustados, e serem responsáveis pela introdução do patógeno em áreas onde ele ainda não ocorre (RIGGS; SCHMITT, 1989; MENDES, 1995). Considerando os modos de disseminação do nematóide de cisto da soja, se torna necessário algumas medidas de controle para evitar ou retardar a entrada 21 desse nematóide em áreas não infestadas. Um bom programa de controle sanitário seria: limpeza de máquinas, implementos agrícolas, veículos, e até mesmo sapatos, para eliminar o solo aderente, e também o uso de sementes beneficiadas, para eliminar os torrões infestados. Essas são medidas que visam prevenir a disseminação do nematóide (MENDES, 1993). Quando o nematóide já foi introduzido, outras medidas de controle devem entrar em ação, na tentativa de minimizar as perdas no sistema de produção. A rotação de culturas é uma medida efetiva e prática para o controle de H. glycines. Geralmente, o cultivo de plantas não hospedeiras como o milho, sorgo, trigo, algodão, amendoim e várias outras culturas, pode reduzir a população do patógeno em 70-90% (CARES; BALWIN, 1995). Este decréscimo na população do nematóide permite que cultivares de soja susceptíveis sejam cultivadas sem que haja perdas significativas na produção. No entanto, após um ano de uso de cultivares susceptíveis, a população do nematóide terá aumentado, exigindo que a seqüência de rotação de cultura com plantas não hospedeiras e cultivares resistentes seja reiniciada (MENDES, 1993). A eclosão de juvenis de H. glycines é lenta e gradual, o que exige períodos longos de rotação, de no mínimo dois anos para o seu controle. O plantio de espécies não hospedeiras e que estimulem a eclosão de juvenis pode reduzir o tempo de sobrevivência dos ovos, permitindo que períodos de rotações menores sejam praticados (SCHMITT; RIGGS, 1991). A rotação de culturas com espécies de plantas que estimulam a eclosão de juvenis, permitindo a sua penetração, mas limitando o seu desenvolvimento e reprodução, tem sido uma das estratégias utilizadas no controle do nematóide de cisto da beterraba açucareira (VALLE, et.al., 1997). O manejo adequado do solo (níveis mais altos de matéria orgânica, saturação de bases dentro do indicado para a região, parcelamento do potássio e solos arenosos, adubação equilibrada, suplementação com micronutrientes e 22 ausência de camadas compactadas) ajuda a aumentar a tolerância da soja ao nematóide (Embrapa, 2003). O uso de cultivares resistentes é um dos métodos mais econômicos e eficientes de controle do nematóide de cisto da soja. A resistência da soja ao H. glycines é do tipo reação de hipersensibilidade, na qual os tecidos afetados morrem e o nematóide não consegue completar seu desenvolvimento. Juvenis de segundo estádio penetram os tecidos das raízes de cultivares resistentes tão rapidamente quanto aquelas de cultivares susceptíveis. Contudo, nas resistentes, poucos dias após a infecção, o sincício necrosa entra e colapso, e o nematóide morre antes de atingir a fase adulta. Em seguida, há deposição de materiais da parede secundária em volta dos tecidos necrosados da área doente (MENDES, 1993). A resposta de hipersensibilidade (HR) é geralmente definida como uma resposta rápida, induzida no vegetal onde ocorre morte celular, localizada na área de infecção do patógeno avirulento. Desta maneira, acredita-se que a planta impede a multiplicação do patógeno nas células infestadas, limitando e interrompendo o processo da disseminação da infecção. Morfologicamente, a resposta de hipersensibilidade é reconhecida como uma clorose localizada, que aparece 24h após a infecção, progredindo para uma lesão necrótica. O mecanismo da ativação da HR em plantas é comparável ao mecanismo da morte celular programada nas células animais (Wang et al, 1996). Plantando soja resistente no solo infestado, a reprodução do nematóide é reduzida. A maioria dos juvenis será incapaz de alimentar-se e reproduzir-se nas raízes de variedades resistentes, mas alguns nematóides sobreviverão e se reproduzirão. Uma conseqüência direta da reprodução reduzida do nematóide na planta resistente da soja é o rendimento melhorado. Embora as variedades 23 resistentes ao nematóide de cisto rendam significativamente melhor do que as suscetíveis nas lavouras infestadas com o nematóide, as variedades resistentes podem produzir ligeiramente menos do que as variedades suscetíveis em lavouras não infestadas. Visto que o uso continuado de cultivares resistentes pode induzir a pressão de seleção e favorecer mudanças na freqüência gênica da população do nematóide, levando ao surgimento de novas raças (RIGGS; SCHMITT, 1988; MENDES, 1993; CARES; BALDWIN, 1995), sugere-se que os programas de controle do nematóide de cisto da soja incluam além de espécies não hospedeiras e cultivares resistentes, também cultivares susceptíveis de soja. Por isso os programas de melhoramento da soja têm buscado a inserção, em seu germoplasma, de genes de resistência ao nematóide de cisto da soja com a intenção de associar plantas com boas características agronômicas à resistência a essa doença. 2.4- Herança da resistência ao nematóide de cisto da soja Muitas fontes de germoplasma resistentes têm sido usadas com sucesso em programas de melhoramento da soja que visam a incorporação de genes de resistência ao nematóide de cisto da soja. Contudo, a ocorrência de múltiplas raças genotípicas no campo faz com que dificulte o controle do NCS, o que resulta na necessidade das cultivares de soja carregarem uma ampla variedade de genes de resistência. Três genes recessivos de resistência, rhg1, rhg2 e rhg3 foram identificados como controladores da resistência na cultivar Peking contra populações encontradas no campo na Carolina do Norte, EUA (CALDWELL, et. al., 1960). Um quarto gene designado como Rhg4 foi identificado em Peking em 1965 (MATSON; WILLIANS, 1965). Contudo, Rao Arelli et. al (1992) identificaram, na mesma cultivar, apenas três genes, dois recessivos e um 24 dominante (rhg1, rhg2 e Rhg4), condicionando resistência ao nematóide de cisto da soja raça 3. Análises com marcadores moleculares localizaram o gene rhg1 no grupo de ligação G do mapa genético da soja (YUE, et. al.,2001;CREGAN, et. al., 1999b; MUDGE et al.,1997; WEBB et al., 1995) e o gene Rhg4, no grupo de ligação A2 (MATHEWS, et. al., 1998; WEISEMANN et. al., 1992) Em trabalhos desenvolvidos por Webb et. al., (1995) e Cregan et. al., (1999b) foi relatado que nenhum dos alelos de resistência rhg1 ou Rhg4 promovem completa resistência. No entanto, o rhg1 é considerado o principal gene, ou seja, a sua presença é necessária para a expressão da resistência (MUDGE, et. al., 1997). Este se encontra presente em várias fontes de resistência tais como: PI209332, PI88788, PI90763, PI437654 e Peking. Este locus controla mais de 50% da variação total da resistência e o alelo resistente tem efeito contra várias raças do nematóide (CONCIBIDO et. al., 1997; MUDGE et. al., 1997). Concibido et. al. (1996) relataram que o QTL mapeado no grupo de ligação G, em PI209332, é responsável por 35% da resistência a raça 1, 50% de resistência à raça 3 e 54% de resistência à raça 6. Diversos trabalhos têm objetivado o mapeamento de genes para resistência ao nematóide de cisto da soja raça 3 (CONCIBIDO et. al., 1994; WEBB et. al., 1995; CONCIBIDO, et. al., 1996a, 1996b; MATHEUS, et. al., 1998; CREGAN et. al., 1999b; QIU, et. al., 1999). Contudo, pouco se sabe sobre os loci de resistência para outras raças e a relação genética entre genes de resistência para as diferentes raças. Yue et. al. (2001), investigando a relação entre locus de resistência a diferentes raças do NCS, mostraram que certos loci de resistência foram ancorados a intervalos pouco comuns, sugerindo que algum desses genes pode compartilhar resistência a diferentes raças. 25 2.5 Uso de marcadores moleculares no melhoramento genético de plantas O uso de variedades com desempenho superior e adaptadas aos ambientes de cultivo é o grande responsável pelos ganhos na produção agrícola. O melhoramento de plantas tem tido papel fundamental no desenvolvimento da agricultura, gerando novas variedades portadoras de características de interesse agronômico. O aumento na eficiência de seleção, o melhor conhecimento e caracterização do germoplasma e a maximização dos ganhos genéticos têm sido objetivos de melhoristas de plantas do mundo inteiro. Sendo assim, tem-se buscado, constantemente, novas formas de alcançar estes objetivos. Os melhoristas de plantas têm tradicionalmente selecionado variabilidade com base no fenótipo (aparência de um indivíduo). Esta estratégia tem sido de sucesso para características de alta herdabilidade, onde o fenótipo reflete a constituição genética do indivíduo, mas nem sempre para características de baixa herdabilidade (o fenótipo pode não refletir o genótipo). Estratégias como teste de progênies e seleção em gerações avançadas têm sido utilizadas para minimizar as dificuldades da seleção. Essas, contudo, não diminuem ou evitam os efeitos da interação genótipo x ambiente, que podem mascarar o fenótipo. Portanto, a expressão do genótipo (constituição genética de um indivíduo) sob condições ambientais específicas pode mudar. Desta forma, selecionar o fenótipo é como perseguir um alvo móvel, que muda com o ambiente. Uma forma de evitar este problema seria selecionar indivíduos superiores com base no genótipo, pois este independe do ambiente e não muda durante o ciclo de vida de um indivíduo. Assim, a utilização de marcadores moleculares torna-se bastante promissora, não só para aumentar a eficiência na seleção de genótipos resistentes a doenças, que são de natureza quantitativa, mas também para auxiliar na escolha de genitores com maior grau de resistência, ou apresentando diferentes 26 genes de resistência, visando o acúmulo destes em seus descendentes. De acordo com Meksem,et. al.,(1999), a variação contínua no fenótipo observado e muitas características importantes para a agricultura são causadas pela segregação independente de poligenes de pequeno efeito. Diversos caracteres das espécies vegetais são controlados por genes qualitativos. Mas a grande maioria de características herdáveis e de importância econômica são de natureza quantitativa, ou seja, resultam da ação conjunta de vários genes. O fenótipo resultante da expressão desses genes apresenta uma distribuição contínua, ao invés de classes fenotípicas discretas. Os loci associados ao controle genético desses caracteres são denominados QTL (Quantitative Trait Loci - locos controladores de caracteres quantitativos). Os estudos desses caracteres são feitos por meio de análises e inferências estatísticas que procuram descrever as características de uma distribuição fenotípica contínua para a identificação dos QTLs por marcadores moleculares, os quais poderão fornecer informações mais precisas da arquitetura dos genes que controlam caracteres quantitativos (MELO, 2000). O mapeamento de QTLs baseia-se na associação entre os marcadores moleculares e os dados fenotípicos, utilizando-se modelos genético-estatísticos. As metodologias de mapeamento de QTLs têm permitido estimar o número e a localização de genes que controlam a variação fenotípica de um caráter, a magnitude de seus efeitos e as interações com outros QTLs. Isso permite uma melhor compreensão dos caracteres quantitativos, além do monitoramento das regiões genômicas onde estão posicionados os locos de interesse. Marcadores moleculares ligados a esses QTLs têm sido usados na seleção de genótipos (MAS_Marker assisted selection ou seleção assistida por marcadores moleculares) com resistência a doenças. O uso dos marcadores moleculares como uma ferramenta no melhoramento de plantas marca um grande avanço no desenvolvimento de novas 27 cultivares com importantes características agronômicas e de difícil avaliação. Marcadores moleculares podem ser empregados também na seleção de características de interesse. Neste caso, é necessário primeiro identificar marcadores associados a essas características através do mapeamento molecular (MILACH, 1998c). Uma vez que esta informação esteja disponível, é possível selecionar os indivíduos com o marcador de interesse, sem que haja necessidade de avaliar o fenótipo dos mesmos. Essa técnica, também conhecida como seleção assistida por marcadores moleculares (SAMM), pode ter grande impacto nos casos em que a característica de interesse é de avaliação difícil e cara. Os marcadores RFLP (Restriction Fragment Length Polymorphism polimorfismo no comprimento de fragmentos de restrição) (BOTSTEIN, et. al., 1980), baseiam-se na fragmentação do DNA com enzimas de restrição e hibridização de sondas específicas a esses fragmentos. O polimorfismo advém do fato de que diferentes indivíduos podem ter seu DNA cortado em diferentes posições, gerando assim, fragmentos de diferentes tamanhos. Esses marcadores comportam-se como co-dominantes, visto que ambos os alelos podem ser visualizados em indivíduos heterozigotos (ABDELNOOR; ALMEIDA, 1999). A técnica de PCR ( Polymerase Chain Reaction - Reacão em cadeia da polimerase) (SAIKI et. al., 1985) baseia-se na amplificação de segmentos específicos do DNA, utilizando-se de primers que flanqueiam o segmento a ser amplificado. Esses primers hibridizam-se a seqüências complementares de DNA, de tal forma que a amplificação ocorre na região compreendida entre os primers. O RAPD ( Random Amplified Polymorphic DNA - polimorfismo de DNA amplificado ao acaso) (WILLIAMS, et. al., 1990) também é um marcador baseado na técnica de PCR. Os marcadores RAPD são gerados pela amplificação de segmentos espalhados no genoma com o uso de primers únicos de seqüência arbitrária. Esses primers, com tamanho de aproximadamente 10 28 nucleotídeos, ligam-se a seqüências complementares no genoma, permitindo que, assim, haja amplificação de segmentos compreendidos entre esses. Os produtos de amplificação gerados podem ser separados por eletroforese em gel de agarose ou poliacrilamida e corados com brometo de etídium ou prata. Os marcadores RAPD são, geralmente, dominantes, com o polimorfismo verificado pela presença ou ausência de um determinado fragmento. Os marcadores AFLP ( Amplified Fragment Length Polymorphism_ polimorfismo de comprimento de fragmentos amplificados) (VOS, et. al., 1993) são baseados na amplificação seletiva, pela técnica de PCR, de fragmentos de DNA pré-digeridos com duas enzimas de restrição específicas, uma de corte raro e outra de corte freqüente, no genoma. Em cada reação de amplificação são gerados múltiplos fragmentos de DNA, distribuídos aleatoriamente no genoma. Estes fragmentos gerados são visualizados em gel de poliacrilamida desnaturante. O polimorfismo é verificado pela amplificação ou não de determinado segmento do genoma, tratando-se, portanto, de um marcador do tipo dominante, embora, em alguns casos seja possível identificar o heterozigoto pela intensidade das bandas (ABDELNOOR; ALMEIDA, 1999). Marcadores Microssatélites ou SSR ( Simple Sequence Repeat_ Seqüências simples repetidas) (TAUTZ, 1989) consistem numa classe de DNA repetitivo formada por pequenas seqüências (2 a 5 nucleotídeos repetidas ao acaso). A variação no número de repetições dessas seqüências gera uma grande quantidade de polimorfismo, tornando-as bastante atraentes para estudos genéticos (RONGWEN, et. al., 1995). Dentre os marcadores moleculares disponíveis atualmente, os microssatélites constituem a classe com o mais alto grau de polimorfismo. A técnica baseia-se no fato de que as seqüências de DNA que flanqueiam os microssatélites são conservadas, permitindo a seleção de primers específicos. Assim, esses primers são usados para amplificar as regiões repetitivas por meio da reação em cadeia da polimerase gerando bandas que 29 podem variar de indivíduo para indivíduo. Esses polimorfismos são detectados quando o produto da amplificação de um locus, em particular, difere em comprimento do produto de um outro genótipo, devido a diferenças no número de unidades repetidas existentes na região entre os primers, caracterizando o comportamento co-dominante deste marcador, e sendo encontrados, freqüentemente, casos de múltiplos alelos. A utilidade dos microssatélites baseia-se em dois fatores principais: possuem o mais elevado nível de informação de polimorfismo detectado, visto que apresentam a expressão co-dominante, e são capazes de distinguir indivíduos próximos que estejam segregando para poucas características (POWELL, et. al., 1996). Marcadores de DNA possuem um grande potencial no melhoramento visando a resistência ao NCS. Para isso os microssatélites são os mais indicados, pois são mais baratos e menos trabalhosos do que os RFLP. Além disso, apresentam mais polimorfismo em soja do que os RFLP (MUDGE et. al., 1997). O uso de marcadores moleculares é uma eficiente alternativa para a avaliação genotípica da resistência ao NCS e permite uma seleção eficiente de resistência poligênica a esse patógeno (SCHUSTER, et. al., 2001). Ainda, podem ser usados na seleção indireta de caracteres de difícil avaliação e/ou que são altamente afetadas pelo ambiente (SCHUSTER, et. al., 2001;YOUNG; TANKSLEY, 1989;). Em estudos com os marcadores microssatélites Satt-082, Satt-001 e Satt574, Schuster, et. al., (2001) mostraram que a seleção assistida por esses marcadores foi mais eficiente na identificação de plantas resistentes e susceptíveis do que o método convencional. Poucos trabalhos têm sido desenvolvidos para a resistência às raças 1, 2 e 5 do nematóide de cisto da soja (YUE, et.al., 2001). Marcadores RFLP associados aos grupos de ligação B (B1 ou B2), E, H e A2 foram encontrados 30 associados com a resistência à raça 1 do NCS (HEER, et. al., 1998; QIU, et. al., 1999). Vierling et. al (1996) relataram que o marcador RFLP A006 foi associado com um alelo de resistência que foi responsável por 91% do total da variação. O mesmo marcador foi encontrado no grupo de ligação B1 associado com alelos para resistência às raças 1, 2 e 5 do nematóide de cisto da soja, em população resultante do cruzamento entre a cultivar “Hamilton” e a PI89772 (YUE, et.al., 2001). 31 3-MATERIAL E MÉTODOS 3.1- Populações avaliadas No presente estudo foram utilizadas quatro populações oriundas de diferentes cruzamentos. A primeira população foi denominada de 9024, sendo composta de 43 linhagens F5:6 provenientes do cruzamento CD-201 (susceptível) e Foster IAC (resistente) contrastantes em relação à resistência ao NCS, raça 3. A segunda foi denominada de 7103, sendo composta de 38 linhagens F5:6 provenientes do cruzamento Conquista (susceptível) e S83-30 (resistente) contrastantes em relação à resistência ao NCS, raça3. A terceira população foi denominada de 7105, sendo composta de 60 linhagens F5:6 provenientes do cruzamento La-suprema (susceptível) e S57-11 (resistente) contrastantes em relação à resistência ao NCS, raça 3. E, por último, a população denominada 7109, composta por 44 linhagens F5:6 provenientes do cruzamento Parecis (susceptível) e S65-50 (resistente) contrastantes em relação à resistência ao NCS, raça 3. A fonte de resistência das linhagens S57-11 e S65-50 é oriunda da PI 88788 e a fonte da resistência da linhagem S83-30 e da cultivar Foster-IAC é oriunda da cultivar ‘Peking’. 3.2-Localização e instalação do experimento O experimento foi conduzido em condições de casa de vegetação na Estação experimental da Syngenta Seeds Ltda, no período de 15/03/2003 a 28/04/2003. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com seis repetições, onde cada planta constituiu uma repetição. 32 Para todos os experimentos, as sementes das linhagens e variedades (progenitores) foram semeadas em tubetes contendo substrato de solo e areia na proporção de 1:2. Os tubetes foram mantidos em vasos plásticos de 6 L com areia (5 tubetes/vaso) umedecida, diariamente, para o controle da temperatura. 3.3-Avaliação Genotípica As populações utilizadas haviam sido anteriormente submetidas a seleção assistida por marcadores moleculares, de acordo com os procedimentos internos da Syngenta Seeds Ltda (confidencial). Foram utilizados os marcadores microssatélites Sat-141 e Sat-168 para a identificação dos alelos de resistência e classificação das linhagens como resistentes ou suscetíveis. 3.4 Avaliação Fenotípica 3.4.1-Obtenção do inóculo O inóculo utilizado foi obtido de solo naturalmente infestado por Heterodera glycines, raça 3, coletado na Fazenda Lhoman em Irai de Minas, MG. Para a obtenção de ovos, coletou-se o solo, misturado com raízes. As raízes foram separadas e colocadas sobre a peneira com malha de 0,85 mm ( 20 mesh), acoplada sobre outra com malha de 0,15 mm ( 100 mesh), e lavadas sob jato de água. As fêmeas retidas na peneira foram recolhidas com auxílio de jatos de água de uma pisseta e então colocadas em uma peneira de 100 mesh, usada exclusivamente para o esmagamento de cistos e fêmeas do nematóide. As fêmeas foram esmagadas com o fundo de um tubo de ensaio para a liberação dos ovos. Durante o esmagamento, foi adicionando água para que os ovos passassem para a peneira de malha de 0,026 mm (500 mesh) acoplada abaixo da peneira de esmagamento. Esses ovos retidos na peneira de 500 mesh foram recolhidos com jatos de solução de sacarose (454 g/L de água) e a suspensão centrifugada a 33 2400 rpm, em centrífuga de mesa ' Excelsa Baby II’ modelo 206-R, durante 1 min. O sobrenadante foi vertido em peneira de 500 mesh e lavado, para retirar o excesso de sacarose. Recolheram-se os ovos para um copo de Becker e a suspensão calibrada com auxílio da câmara de Peters para conter 359 ovos/mL. 3.4.2-Inoculação Realizou-se a inoculação 10 dias após o plantio, quando a plântula de soja se encontrava com o primeiro trifólio já abrindo. Fez-se três furos com 1,5 cm de profundidade e 0,5 cm de diâmetro, eqüidistantes entre si. Em seguida, foram depositados, com o auxílio de uma seringa sem agulha, 2mL da suspensão de ovos em cada perfuração. Dessa forma, foram inoculados 2154 ovos/ tubete ou planta. 3.4.3 Avaliação A determinação do número de fêmeas presentes nas raízes foi realizada 33 dias após a inoculação. Para isso as plantas foram cuidadosamente arrancadas dos tubetes e seu sistema radicular lavado, sob jato d’água, em peneira 20 mesh, acoplada sobre a de 100 mesh. As fêmeas retidas na peneira de 100 mesh foram então recolhidas com auxílio de jatos de água para copo de vidro americano simples. Também foi recolhida uma amostra de 200 cm3 do solo de cada tubete. Esse solo foi adicionado para um recipiente que recebeu 1 L de água. Realizouse o processo de destorroar o solo e promoveu-se mistura da suspensão, deixando-a em repouso por 15 s. A suspensão foi vertida na peneira de 20 mesh acoplada a uma de 100 mesh. Os cistos retidos na peneira de 100 mesh foram recolhidos com jatos de água para um copo. As suspensões provenientes de raiz e solo foram filtradas em papel de filtro demarcado e levado ao microscópio estereoscópio, para a contagem de fêmeas (raiz) de cistos (solo). As reações das 34 linhagens foram determinadas com base no índice de fêmeas (IF), proposto por Golden et al (1970): IF = Média de fêmeas desenvolvidas no genótipo x 100 Média de fêmeas desenvolvidas no parental susceptível Para cada linhagem foi calculado o índice de fêmeas. Quando esta apresentava índice menor que 10%, a reação era considerada negativa, ou seja, classificada como resistente. Para ser considerada susceptível deveria apresentar índice maior que 10%. 3.4.4-Herdabilidade Foram estimadas as herdabilidades no sentido amplo, para a seleção com base nas médias dos tratamentos, utilizando as estimativas dos componentes de variância, usando a fórmula representada abaixo: h2= σg2 , onde σg2 = variância genética estimada e σf2 σf2 = variância fenotípica estimada e, σf2 = (θn –1)2 , ou seja, variância das médias = variância fenotípica σg2 foi operado por meio do programa SAS, calculando os componentes de variância entre as progênies. 3.4.5-Ganho com a seleção A partir da estimativa da herdabilidade chegoou-se ao ganho de seleção usando a seguinte fórmula: 35 GS = h2 x Ds Ds= diferencial de seleção Ds = Ms - Mo Mo = média original Ms = média dos genótipos selecionados DS% = GS x 100 Mo 3.4.6-Teste qui-quadrado O teste qui-quadrado foi utilizado para verificar a significância dos desvios. O valor de qui-quadrado foi estimado pela seguinte expressão: χ2 = (Fo-Fe)2 , onde Fo = freqüência observada Fe Fe =freqüência esperada 3.4.7-Análise estatística Para análise estatística os dados foram transformados para (x + ½) e submetidos à análise de variância pelo teste de F. As médias foram agrupadas pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade. 36 4-RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1- Variação Fenotípica Durante o desenvolvimento do experimento a temperatura mínima da casa de vegetação manteve-se, em média, a 19,0oC e a máxima em torno de 32,2oC. A temperatura do solo, medida por um geotermômetro, variou entre 22,6oC e 31,8oC. HILL E SCHMITH (1989) verificaram que o máximo de eclosão dos ovos do nematóide de cisto ocorre com temperatura diurna de 26oC, em combinação com a noturna de 22oC. O ciclo pode se prolongar à medida que a temperatura cai, sendo o desenvolvimento do nematóide totalmente impedido em condições de temperatura inferiores a 10oC e, também, a partir de 34oC (WRATHER et al., 1984). Desse modo, pode-se dizer que o experimento foi conduzido em boas condições de temperaturas do solo e do ar que atingiram estágios críticos, a ponto de interferirem no desenvolvimento normal da população de nematóide inoculada. A partir dos resultados da análise de variância, observou-se variabilidade entre as linhagens e genitores, exceto na população 7103. Os coeficientes de variação encontrados foram 40,84; 39,59; 51,34 e 49,98 para as populações 9024, 7103, 7105 e 7109, respectivamente (Tabela 1A). Todas as populações se comportaram de forma diferenciada quanto à classificação das linhagens em resistente (IF< 10%) e susceptível (IF ≥ 10%). Na população 9024, apenas duas linhagens apresentaram reação de resistência ao NCS, raça 3, que equivale a 4,65% do total (Tabela 1). 37 TABELA 1: Número médio de fêmeas (NMF), índice de fêmeas (IF%) e reação dos genitores e linhagens de soja da população 9024. Uberlândia, 2003. Linhagens/ Parentais NMF IF (%)1 Reação2 9024-38 9024-87 0,00 a 0,50 a 0,0 5,8 9024-148 9024-90 1,67 a 4,60 a 19,2 53,1 9024-39 9024-110 5,00 a 5,20 a 57,7 60,0 9024-122 9024-107 5,60 a 6,00 a 64,6 69,2 9024-77 9024-155 7,00 a 7,33 a 80,8 84,6 9024-101 9024-137 8,20 a 8,67 a 94,6 100,0 9024-16 9024-73 9,00 a 9,00 a 103,8 103,8 9024-124 9024-183 9,17 a 9,17 a 105,8 105,8 9024-27 9024-161 9,20 a 9,25 a 106,2 106,7 9024-100 9024-123 10,00 a 10,00 a 115,4 115,4 9024-91 9024-196 10,17 a 10,80 a 117,3 124,6 9024-199 10,80 a 124,6 R R S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S Linhagens/ Parentais NMF IF (%)1 Reação2 9024-44 9024-93 10,83 a 10,83 a 125,0 125,0 9024-152 9024-166 11,00 a 11,00 a 126,9 126,9 9024-187 9024-144 11,00 a 11,17 a 126,9 128,8 9024-81 9024-117 11,20 a 11,33 a 129,2 130,8 9024-2 9024-26 11,50 a 11,83 a 132,7 136,5 9024-167 9024-127 12,33 a 13,00 a 142,3 150,0 9024-129 9024-55 13,50 a 13,83 a 155,8 159,6 9024-59 9024-71 13,83 a 15,33 a 159,6 176,9 9024-94 9024-86 16,00 a 17,17 a 184,6 198,1 9024-164 9024-115 19,00 a 25,17 a 219,2 290,4 Foster IAC CD-201 0,67 a 8,67 a 7,7 100,0 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S R S 1 IF (%) = (NMF no genótipo/NMF no parental susceptível) x 100. 2 R: resistente, IF < 10%; S: suscetível, IF ≥ 10%.Médias seguidas de letras distintas minúsculas na coluna diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. A população 7103 não apresentou nenhuma linhagem resistente (Tabela 2). A população 7105 apresentou maior variação no número médio de fêmeas e maior número de genótipos resistentes (Tabela 3). Nessa, foram detectados 26 genótipos resistentes, (41,93%) e, em alguns desses genótipos, não foi encontrada nenhuma fêmea ou cisto. 38 TABELA 2: Número médio de fêmeas (NMF), índice de fêmeas (IF%) e reação dos genitores e linhagens de soja da população 7103. Uberlândia, 2003. Linhagens/ Parentais NMF IF (%)1 Reação2 7103-181 7103-109 7103-130 7103-9 7103-182 1,25 b 3,00 b 3,25 b 3,50 b 5,50 b 11,4 27,3 29,5 31,8 50 7103-53 7103-79 6,25 b 6,60 b 56,8 60 7103-70 7103-66 7103-152 7103-22 7103-15 7103-200 7103-85 7,33 b 7,50 b 7,80 b 8,33 b 8,50 b 8,67 b 8,80 b 66,7 68,2 70,9 75,8 77,3 78,8 80 7103-7 7103-174 7103-83 8,83 b 9,00 b 9,00 b 80,3 81,8 81,8 7103-107 7103-40 9,33 b 9,50 b 84,8 86,4 7103-57 9,60 b 87,3 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S Linhagens/ Parentais NMF IF (%)1 Reação2 7103-72 7103-176 7103-162 7103-35 7103-74 9,60 b 9,80 b 10,60 b 11,20 b 11,20 b 87,3 89,1 96,4 101,8 101,8 7103-169 7103-26 11,33 b 13,20 a 103 120 7103-113 7103-154 7103-98 7103-156 7103-172 7103-39 7103-167 13,33 a 13,67 a 13,67 a 13,83 a 16,50 a 16,50 a 16,60 a 121,2 124,2 124,2 125,8 150 150 150,9 7103-140 7103-166 7103-43 20,00 a 20,50 a 22,00 a 181,8 186,4 200 7103-179 S-8330 26,67 a 0,50 b 242,4 4,5 Conquista 11,00 b 100,0 S S S S S S S S S S S S S S S S S S R S 1 IF (%) = (NMF no genótipo/ NMF no parental susceptível) 2 R: resistente, IF < 10%; S: suscetível, IF ≥ 10%. x 100. Médias seguidas de letras distintas minúsculas na coluna diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. Na população 7109 foram observadas 6 linhagens resistentes ao NCS, ou seja, 13,63% do total (Tabela 4). Embora conceitualmente este parental seja classificado como susceptível (IF=10,2), sua reação pode ser vista como sendo de resistência quando analisado do aspecto da proximidade do valor de corte admitido e pela sua capacidade de gerar progênies com IF menores que seu valor. 39 TABELA 3: Número médio de fêmeas (NMF), índice de fêmeas (IF%) e reação dos progenitores e linhagens de soja da população 7105. Uberlândia, 2003. Linhagens/ Parentais NMF IF (%)1 Reação2 Linhagens/ Parentais NMF IF (%)1 Reação2 7105-105 7105-120 7105-167 7105-51 0b 0b 0b 0b 0 0 0 0 R R R R 7105-23 7105-158 7105-188 7105-106 3,5 a 3,6 b 4,2 b 5,5 a 15,2 15,7 18,3 23,9 S S S S 7105-173 7105-155 7105-26 7105-94 7105-161 0,33 b 0,5 b 0,5 b 0,5 b 0,6 b 1,4 2,2 2,2 2,2 2,6 R R R R R 7105-144 7105-135 7105-166 7105-31 7105-175 5,5 b 6,0 a 6,0 a 6,0 a 6,5 a 23,9 26,1 26,1 26,1 28,3 S S S S S 7105-34 7105-151 0,6 b 0,75 b 2,6 3,3 R R 7105-164 7105-152 6,8 a 7,0 a 29,6 30,4 S S 7105-41 7105-103 0,75 b 1b 3,3 4,3 R R 7105-95 7105-148 7,0 a 7,17 a 30,4 31,2 S S 7105-70 7105-130 7105-126 7105-30 7105-8 7105-75 7105-154 7105-146 7105-184 7105-98 7105-185 1,17 b 1,2 b 1,25 b 1,4 b 1,5 b 1,67 b 1,8 b 2b 2b 2b 2,2 b 5,1 5,2 5,4 6,1 6,5 7,2 7,8 8,7 8,7 8,7 9,6 R R R R R R R R R R R 7105-24 7105-13 7105-142 7105-53 7105-48 7105-197 7105-49 7105-4 7105-77 7105-156 7105-32 8,0 a 8,5 a 8,75 a 8,8 a 9,0 a 9,5 a 9,5 a 10,0 a 10,0 a 10,83 a 11,5 a 34,8 37 38 38,3 39,1 41,3 41,3 43,5 43,5 47,1 50 S S S S S S S S S S S 7105-99 7105-11 7105-36 7105-56 7105-176 2,2 b 2,33 b 2,5 b 2,5 b 3,25 b 9,6 10,1 10,9 10,9 14,1 R S S S S 7105-122 7105-35 7105-58 7105-50 7105-14 11,67 a 11,8 a 12,0 a 16 a 16,75 a 50,7 51,3 52,2 69,6 72,8 S S S S S 7105-108 7105-170 3,4 b 3,5 b 14,8 15,2 S S S-5711 La Suprema 1 IF 0,33 b 23 a 1,4 R 100,0 S (%) = (NMF no genótipo/NMF no parental susceptível) x 100. resistente, IF < 10%; S: suscetível, IF ≥ 10%. Médias seguidas de letras distintas minúsculas na coluna diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. 2 R: 40 TABELA 4: Número médio de fêmeas (NMF), índice de fêmeas (IF%) e reação dos progenitores e linhagens de soja da população 7109. Uberlândia, 2003. Linhagens/ Parentais NMF IF (%)1 Reação2 Linhagens/ Parentais NMF IF (%)1 Reação2 7109-199 7109-80 0,2 c 0,5 c 2 5,1 R R 7109-94 7109-167 5,2 c 5,4 c 53,1 55,1 S S 7109-83 7109-92 7109-163 7109-30 7109-87 7109-120 7109-141 7109-194 7109-119 7109-173 7109-28 0,5 c 0,6 c 0,75 c 0,8 c 1,33 c 1,5 c 1,5 c 1,5 c 1,6 c 1,8 c 1,8 c 5,1 6,1 7,7 8,2 13,6 15,3 15,3 15,3 16,3 18,4 18,4 R R R R S S S S S S S 7109-23 7109-70 7109-162 7109-38 7109-77 7109-174 7109-139 7109-99 7109-97 7109-125 7109-110 6c 6,8 c 7,17 c 8,17 c 8,25 c 8,5 c 8,6 c 8,6 c 10,4 b 10,5 b 10,75 b 61,2 69,4 73,1 83,3 84,2 86,7 87,8 87,8 106,1 107,1 109,7 S S S S S S S S S S S 7109-85 7109-56 1,8 c 2c 18,4 20,4 S S 7109-172 7109-123 12,33 b 13,33 b 125,9 136,1 S S 7109-8 7109-164 7109-74 2c 2,33 c 2,33 c 20,4 23,8 23,8 S S S 7109-115 7109-79 7109-192 13,8 b 17,33 a 20,5 a 140,8 176,9 209,2 S S S 7109-14 7109-128 2,83 c 3,5 c 28,9 35,7 S S 7109-184 7109-121 21,17 a 22,33 a 216 227,9 S S 7109-33 7109-42 3,5 c 4,17 c 35,7 42,5 S S 7109-101 S-6550 24,5 a 1c 250 10,2 S R* 7109-78 4,4 c 44,9 S Parecis 9,8 b 100,0 S 1 IF (%) = (NMF no genótipo/NMF no parental susceptível) 2 R: resistente, IF < 10%; S: suscetível, IF ≥ 10%. x 100. Médias seguidas de letras distintas minúsculas na coluna diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Scott-Knott. *Genitor considerado como resistente. A estimativa da herdabilidade é um parâmetro de grande utilidade em programas de melhoramento. Ela permite antever a possibilidade de sucesso com a seleção, refletindo a proporção da variação fenotípica como indicador do fator reprodutivo (RAMALHO et al., 2000). Tal parâmetro foi estimado para as populações 9024, 7103, 7105 e 7109 apresentando, respectivamente, 46%, 28%, 41 66% e 77% de herdabilidade para a característica resistência ao nematóide de cisto da soja, raça 3 (Tabela 1A e 2A). Esses valores indicam a proporção da variação do número de fêmeas, que é de natureza genética. Dessa forma, pode-se observar que as populações 7105 e 7109 sofreram menor influência de fatores ambientais quando comparadas com as outras duas populações. SHUSTER et al. (2001), trabalhando com uma população de soja oriunda do cruzamento entre a cultivar resistente ‘Hartwig’ e a linhagem susceptível BR-92-31983, para resistência ao NCS, raça 14, estimaram uma herdabilidade de 70,2%. Essas estimativas, como calculadas no presente estudo, consideram todos os loci envolvidos com a resistência. Para obter essas estimativas é necessário avaliar famílias com várias repetições. MANSUR et al. (1993) encontraram valores altos de herdabilidade para a resistência ao NCS, raça 3, usando análise das médias das gerações. O mesmo resultado foi encontrado por WEBB et al. (1995), baseando nos componentes de variância, para estimar a resistência ao nematóide de cisto da soja. Dessa forma, pode-se dizer que nas populações 7105 e 7109 o fenótipo representou bem o genótipo, sendo possível aplicar uma seleção fenotípica. Na população 9024 e também na 7103 essa representação foi pouco precisa. Nas quatro populações o ganho de seleção estimado foi de 31,31%; 0,0%, 25,06% e 41,47%, respectivamente (Tabela 1A). As populações 7105 e 7109 destacaram-se por apresentarem melhores perspectivas dentro de um programa de melhoramento, pelo fato de apresentarem maiores variabilidades genéticas e maiores valores de herdabilidade para a característica em questão, especialmente a população 7109, na qual obteve-se maior ganho de seleção estimado. 42 4.2 Predição do fenótipo de resistência ao NCS, raça 3, com os marcadores Sat-141 e Sat-168 O melhoramento para a resistência ao nematóide de cisto da soja traz consigo algumas complicações, quando baseado somente na análise fenotípica do caráter em questão. Linhagens em gerações iniciais, selecionadas por meio da análise fenotípica apenas, provavelmente, irão segregar nas gerações seguintes para o devido locus heterozigoto. Por isso, a seleção baseada em ambos, fenótipo e genótipo (seleção assistida por marcadores moleculares), é requisitada para assegurar a resistência estável. As populações analisadas fenotipicamente foram genotipadas para a resistência ao NCS, raça 3, utilizando-se os marcadores microssatélites Sat-168 e Sat-141. Esse último flanqueia o principal locus de resistência, o rhg1, e está localizado a uma distância de 1,5 cM deste, no grupo de ligação molecular G da soja, desenvolvido por CREGAN et al. (1999b). O Sat-168 situa-se a 0,4 cM do locus rhg1 e está localizado no grupo de ligação B. A eficiência ou precisão desses marcadores associados em distinguir linhagens resistentes e susceptíveis ao nematóide de cisto, raça 3, foi analisada nas quatro populações em estudo. Isso foi feito por meio de uma tabela de contingência do genótipo analisado por microssatélites versus o fenótipo analisado em casa de vegetação. Para auxiliar na interpretação desses dados, alguns parâmetros foram avaliados, tais como a sensibilidade, a especificidade, o valor preditivo positivo, o valor preditivo negativo e a eficiência ou precisão dos marcadores (Tabela. 5). 43 TABELA 5: Parâmetros determinados na avaliação da performance dos marcadores Satt-141 e Satt-168 nas populações 9024, 7103, 7105 e 7109 Termos Descrição Diagnóstico positivo Indica presença do alelo de resistência Diagnóstico negativo Indica ausência do alelo de resistência Sensibilidade Proporção dos diagnósticos positivos corretos (verdadeiros positivos) no total de casos positivos Proporção de diagnósticos negativos corretos (verdadeiros negativos) no total de casos negativos Proporção dos diagnósticos positivos corretos no total de diagnósticos (fenotípico) positivos. Proporção dos diagnósticos negativos corretos no total de diagnósticos (fenotípico) negativos. Proporção dos diagnósticos corretos (positivos e negativos) no total de diagnósticos. Especificidade Valor Preditivo Positivo Valor Preditivo Negativo Precisão ou Exatidão Adaptado de Vieira, 2003 Para a população 9024, os marcadores microssatélites apresentaram, juntos, uma precisão de 45% (18/40) (Tabela 6). Em contra partida, mostrou alta especificidade de 100% (17/ 17) (Tabela 6 e 7). Em outras palavras, não apresentou nenhum resultado falso negativo. A alta especificidade garante que o marcador se liga apenas ao locus de resistência quando ele está presente. Dessa forma, pode-se dizer que na população 9024 os microssatélites Sat-168 e Sat141 possuem a probabilidade de 100% de não detectar o locus de resistência ao NCS, raça 3, quando ele não está presente. Nessa população, por apresentar alta 44 especificidade e baixa sensibilidade de 4,35% (1/23) e ainda, não ter apresentado nenhum resultado falso negativo, esses marcadores são mais eficientes em diagnosticar a ausência do locus de resistência. Embora a probabilidade dos marcadores estarem ligados ao locus de resistência seja muito pequena (4,35%), quando isso ocorre, a probabilidade de que seja um diagnóstico errado é nula, pois seu valor preditivo positivo é de 100% (1/1). TABELA 6: Tabela de contingência comparando a análise fenotípica para resistência ao NCS, raça 3, e a análise genotípica com os marcadores Sat-141 e Sat-168 para a população 9024. Uberlândia, 2003. Sat-141 e Sat-168 Não Possui gene Possui gene Casa de Total Resistência Resistência Vegetação 17 22 39 Susceptível 00 01 01 Resistente 17 23 40 Total 2 χ =0,02 P<0,05 Modelo: 9:7 Para a população 9024, pelo teste de χ2, aceitou-se a hipótese de que os marcadores segregam de acordo com o modelo de epistasia recessiva dupla (9:7) (Tabela 6), pela recombinação entre dois genes independentes com dois alelos cada. Dessa forma, a resistência somente ocorre quando existe a participação conjunta nos dois locos. No caso de susceptibilidade, os indivíduos possuem ausência completa dos alelos dominantes ou apenas um alelo dominante em um dos loci. Para a população 7103 aceitou-se a hipótese, pelo teste de χ2, de segregação 3:1 (Tabela 8). Essa proporção é característica do modelo dominância completa entre os alelos. Nesse caso, o homozigoto dominante e 45 heterozigoto apresentam o mesmo fenótipo, ou seja, resistente. Os indivíduos susceptíveis possuem o genótipo homozigoto recessivo. A população 7105, também se adequou ao modelo de dominância completa (Tabela 9), porém ao contrário da 7103, a característica de resistência foi recessiva. Para a população 7109 (Tabela 10) foram aceitas tanto a hipótese de dominância completa (3:1), como a de epistasia recessiva dupla (9:7), com dominância para o caráter de resistência. TABELA 07: Resumo dos parâmetros admitidos pelos marcadores Sat-141 e Sat-168 nas populações 9024, 7103, 7105 e 7109. Uberlândia, 2003. Populações Parâmetros Sensibilidade (%) Especificidade (%) Valor Preditivo positivo (%) Valor Preditivo negativo (%) Exatidão (%) 9024 7103 7105 7109 4,3 100,0 100,0 43,5 45,0 0,0 100,0 0,0 27,0 27,0 76,4 73,8 54,1 88,5 74,5 11,1 84,6 60,0 31,4 32,0 Para a população 7103 os marcadores Sat-141 e Sat-168 apresentaram precisão de 27,03% (10+0/37) (Tabela 8). Embora tenha sido observada uma alta especificidade de 100% (10/10), a sensibilidade foi nula (0/27). Dessa forma, nessa população, a probabilidade dos marcadores não identificarem o locus de resistência quando ele não está presente é de 100%, ou seja, não ocorre diagnóstico falso-negativo. Porém, a probabilidade de ocorrer o contrário é de 0%, que é a sensibilidade dos marcadores. Os valores preditivos indicam se os marcadores estão, de fato, fazendo o diagnóstico correto , ou seja, se positivo, indica a presença do locus de 46 resistência, se negativo, indica ausência. Um valor preditivo alto significa alta probabilidade de acerto e vice-versa (VIEIRA, 2003). O valor preditivo do marcador de DNA depende da ligação com o gene de resistência e da expressão fenotípica do gene em seus genitores além do ambiente (PRABHU, et al., 1999). TABELA 8: Tabela de contingência comparando a análise fenotípica para resistência ao NCS, raça 3, e a genotípica com os marcadores Sat-141 e Sat-168 para a população 7103. Uberlândia, 2003. Sat-141 e Sat-168 Não Possui gene Possui gene Casa de Total Resistência Resistência Vegetação 10 27 37 Susceptível 00 00 00 Resistente 10 27 37 Total χ2=1,29 P<0,05 Modelo: 3:1 Ao contrário da população 9024, a 7103 apresentou valores preditivos positivo e negativo baixos de 0% e 27%, respectivamente. Isso indica uma alta taxa de diagnósticos falso–positivos, o que não proporciona confiabilidade no diagnóstico feito por esses marcadores, nessa população. Um dos principais inconvenientes na seleção assistida por marcadores moleculares acontece quando o marcador usado para a seleção está distante do gene de interesse, levando a ocorrência de “crossing-over” entre o marcador e o gene. Isso resulta em uma alta porcentagem de diagnósticos falso-positivos e/ou falso-negativos (MOHAN et al., 1997). Os marcadores Sat-141 e Sat-168 apresentaram uma precisão de 74,58% (31+13/59) em distinguir os fenótipos resistentes e susceptíveis ao NCS, raça 3, na população 7105 (Tabela 9). Para essa mesma população, apresentaram, ainda, 47 um alto valor preditivo negativo de 88,57% (31/35) (Tabela 7). Dessa forma, pode-se dizer que a probabilidade de se ter um diagnóstico positivo correto (valor preditivo positivo= 54,17%) é menor do que a de dar um diagnóstico negativo correto (88,57%). Foram observadas altas taxas de sensibilidade e especificidade, 76,47% e 73,81%, respectivamente. Isso refletiu em um número menor de diagnósticos falso- positivos. Apresentando uma precisão de 74,58% e ainda um valor preditivo negativo de 88,57%, os microssatélites utilizados apresentaram boa performance nessa população. Dessa forma, tem-se uma maior confiabilidade na seleção das linhagens, ou seja, ao selecionar plantas susceptíveis, a chance de sucesso é maior (88,57%) do que ao selecionar plantas resistentes (54,17%). TABELA 9: Tabela de contingência comparando a análise fenotípica para resistência ao NCS, raça 3, e a análise genotípica com os marcadores Sat-141 e Sat-168 para a população 7105. Uberlândia, 2003. Sat-141 e Sat-168 Não Possui gene Possui gene Casa de Vegetação Total Resistência Resistência 31 04 35 Susceptível 11 13 24 Resistente 42 17 59 Total χ2=0,35 P<0,05 Modelo: 3:1 Para a população 7109, os microssatélites Sat-141 e Sat-168 apresentaram uma precisão de apenas 32,5% (14/40) (Tabela 7 e10). Além disso, a sensibilidade foi de apenas 11,11% (3/27), o que refletiu em um alto índice de resultados falso-positivos (24). Em contra partida, obteve-se uma especificidade de 84,61% (11/13), ou seja, não indicou presença do alelo de resistência quando 48 este não estava presente. Essa alta especificidade trouxe, como conseqüência, a baixa ocorrência de diagnóstico falso-negativo. O valor preditivo positivo (3/5) indicou que houve 60%(3/5) de probabilidade de acerto nos diagnósticos positivos. TABELA 10: Tabela de contingência comparando a análise fenotípica para resistência ao NCS, raça 3, e a análise genotípica com os marcadores Satt-141 e Satt-168 para a população 7109. Uberlândia, 2003. Sat-141 e Sat-168 Não Possui gene Possui gene Casa de Total Resistência Resistência Vegetação 11 24 35 Susceptível 02 03 05 Resistente 13 27 40 Total χ2=0,14 P<0,05 Modelo: 3:1 9:7 Seleções com marcadores moleculares associados podem permitir seleção de segmentos genômicos com alta probabilidade de carregar o alelo de resistência rhg1, mas também poderiam acarretar uma quantia significativa de arraste de ligação (linkage drag). Esse é um lado negativo das cultivares resistentes, onde na maioria das vezes, os genes de resistência estão ligados a genes que conferem características agronômicas indesejáveis, como a baixa produtividade e coloração atípica do tegumento (CARES & BALDWIN, 1995) A utilização de um locus apenas poderia selecionar, pelo menos, algum genótipo susceptível (falso-positivo) como resultado de recombinação entre o microssatélite e o alelo de resistência (CREGAN, 1999b). 49 locus Uma possível solução para a não ocorrência de diagnóstico falsopositivo seria o uso de marcadores mais próximos do locus de resistência. Por isso, nesse trabalho, foram utilizados dois marcadores que flanqueiam o alelo rhg1. Apenas a população 7105 apresentou baixa taxa de diagnóstico falso positivo. As populações nas quais os marcadores apresentaram melhor eficiência foram a 7105, com bons resultados em todos os parâmetros avaliados; e a 9024, com o valor preditivo positivo de 100%. MUDGE et al. (1997), ao utilizarem dois marcadores microssatélites (BARC- Satt-038 e BARC- Satt-130), observaram 97% de precisão na predição do fenótipo resistência ao NCS, raça 3. CONCIBIDO et al. obtiveram 90% de eficiência na seleção de indivíduos resistentes e uma população F5:6 usando marcador molecular associado com o QTL de resistência ao NCS. CREAGAN (1999b) afirmou que a seleção de genótipos, carregando algum alelo de resistência ao NCS, com o locus rhg1, pode ser consumada com alto grau de sucesso usando seleção assistida por marcador molecular com Satt309 e/ou Sat-168. Também relatou que a presença do locus Sat-141, próximo de rgh1, pode permitir a seleção de genótipos sem o arraste de ligação. Considerando os resultados de outros trabalhos e os encontrados no presente estudo, provavelmente, a porcentagem de eficiência da seleção não será a mesma para outras populações provenientes de outros cruzamentos, mesmo tendo a mesma fonte de resistência. Essa variação é influenciada, principalmente, pela variação fenotípica e pela distância entre o locus do marcador e o locus que controla a resistência à doença. Por isso, torna-se necessário a utilização de, pelo menos, dois marcadores fortemente associados ao locus de resistência ou, ainda, um marcador que seja o próprio gene de resistência. 50 A baixa herdabilidade encontrada nas populações 7103, 7105 e 9024 pode inviabilizar a seleção baseada na análise fenotípica apenas. Nesse caso, o uso de marcadores pode tornar a seleção eficiente, visto que não é afetada pelo ambiente. Considerando o valor preditivo positivo e a precisão apresentada pelos marcadores Sat-141 e Sat-168 na população 7105, esses mostraram-se como uma ferramenta útil na seleção para resistência ao NCS, raça 3, nessa população. Na população 9024, embora os marcadores tenham demonstrado baixa precisão, o alto valor preditivo positivo garante um diagnóstico positivo seguro. Dessa forma, o melhorista pode optar pelo uso desses marcadores, de acordo com o objetivo no momento da seleção. Para seleção de materiais resistentes em todos os genótipos diagnosticados como positivos, a probabilidade de ser um diagnóstico errado é nula. O uso de marcadores moleculares no melhoramento de plantas é uma prática recente e ainda requer alguns cuidados. A prática da seleção assistida por marcadores pode auxiliar bastante um programa de melhoramento, principalmente, quando o caráter desejado apresenta baixa herdabilidade e grande influência do ambiente. A melhor alternativa tem sido a prática em conjunto do melhoramento baseado em análise fenotípica e genotípica. Enquanto isso, esforços têm sido feitos para o desenvolvimento de um número maior de marcadores em busca daquele que seja o próprio gene. 51 5-CONCLUSÕES Foram identificadas duas linhagens resistentes resultantes do cruzamento CD-201 x Foster IAC (população 9024). A população resultante do cruzamento S-8330 x Conquista (população 7103) não apresentou nenhuma linhagem resistente. A população 7105 se apresentou como a mais promissora para seleção com base na avaliação fenotípica e genotípica, apresentando 25 linhagens resistentes. Sendo esta seguida da população 9024 que apresentou valor preditivo de 100%. Já a população 7109 apresentou 6 linhagens resistentes. Os marcadores moleculares Sat-141 e Sat-168, na população 7105, se apresentaram como ferramenta útil na seleção assistida por marcadores para a resistência ao NCS, raça 3. As populações apresentaram correlação entre o fenótipo de resistência ao NCS e o diagnóstico dado pelos marcadores Sat-141 e Sat-168. Visto os resultados obtidos nas tabelas de contingência, os marcadores microssatélites Sat-141 e Sat-168 se mostraram mais seguros para o uso na seleção prévia de genótipos que apresenta a susceptibilidade ao NCS, raça 3, nas populações 7105 e 9024. Ainda são necessários novos estudos com relação a utilização de marcadores para a seleção de genótipos visto que não se pode esperar os mesmos resultados de outras populações oriundas de outras fontes de resistência. 52 ANEXO A TABELA 1A Resumo da análise de variância quanto à reação ao NCS , raça 3, em genótipos de soja das populações 9024, 7103, 7105 e 7109. População População População População 9024 7103 7105 7109 GL QM GL QM GL QM GL QM FV Blocos 5 25.37** 5 36,73 5 2,71* 5 4.46* Tratamentos 44 2.88** 39 2,52 61 3,14** 45 4.91** Progênie 42 2.54* 37 2,03 59 2,87** 43 4.96* Resíduo 198 1.29** 146 1,32 184 0,97** 180 1.14** Média 2,85 2,9 1,96 2,23 CV 40.84 39.59 51,34 49.98 h2 (%) 46 28 66 77 GS (%) 31,31 0 25,06 41,47 Todos os dados foram transformados em x+1/2 FV: fatores da variação; Gl: graus de liberdade; QM: quadrado médio; CV: coeficiente de variação; h2: herdabilidade; GS: ganho de seleção estimado. *teste significante a 5% de probabilidade. **teste significante a 1% de probabilidade. 53 ANEXO B TABELA 2A-Variância genética e fenotípica entre as progênies das populações 7103, 7105, 7109 e 9024. População 7103 População 7105 População 7109 População 9024 σ2g 0,1452 0,4666 0,7677 0,2260 σ2f 0,5024 0,7033 0,9988 0,4912 σ2g= variância genética estimada σ2f= variância fenotípica estimada 54 6-REFERÊNCIAS ALBDENOOR, R. 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