Espaço Cultural Usina Chaminé
Manaus, 22 a 25 de maio de 2007
MOSTRA DE
FILMES &
VÍDEOS
Esta mostra de filmes não quer fazer confusão, no sentido da raiz do significado da palavra Babel. Não temos
a pretensão de criar uma torre de simbologias aonde os homens não se entendem ao falarem várias línguas.
O que desejamos é visualizar as várias visões sobre um mesmo lugar - o Rio Negro.
Ao longo dos séculos muitos habitaram, habitam, navegaram e navegam em suas águas se inspirando a
fazer relatos, gravuras, fotografias e filmes, mas aqui, nesta mostra, está reunida uma pequena parte dos
registros sobre este rio, desde o pueril testemunho às imagens construídas.
Mesmo porque para os povos indígenas que sempre habitaram o Rio Negro, as visões dos seus mitos ou o
mundo imaginado, a matéria química da película ou do digital não consegue imprimir. Para eles, o princípio
do começo antes do começo só é possível através da tradição oral ou nas visões xamânicas.
Neste sentido, aquela referência à Babel bíblica talvez esteja mais bem localizada se a situarmos no mundo
contemporâneo, este que celebra o simulacro das imagens.
Venha, embarque conosco nesta viagem arqueológica das múltiplas visões sobre o Rio Negro.
AURÉLIO MICHILES, Curador da Mostra, a convite do ISA
22/05 (ter)
18:00 - Mesa de abertura da mostra, com depoimentos de Milton Hatoum, Márcio Souza,
José Ribamar Bessa e Aurélio Michiles, com mediação de Beto Ricardo (ISA)
A partir das 20:00 – exibição dos filmes:
KOCH-GRÜNBERG EM KOIMÉLEMONG (BRASIL, REGIÃO GUAYANA).
Prod. Theodor Koch-Grünberg e H.Schmidt, 1911, p/b, 9 min, silencioso, doc. Alemanha.
Este é um precioso fragmento das filmagens realizadas no início do século XX pelo
pioneiro da antropologia, aonde podemos observar os índios Taulipang da Guiana no
processamento de milho e mandioca, fiação de algodão, início de produção de uma rede,
jogos de fio, bola e dança. Koch-Grünberg trabalhou muitos anos na região de Roraima
ao Orenoco, onde manteve uma intensa convivência com os povos indígenas que
habitam esta região, onde morreu e ainda se encontra enterrado (Manaus).
RIO NEGRO
Direção e Fotografia: Lúcio Kodato e Roberto Malzoni Filho (Zetas), 64 min,1973.
No início dos anos 70, dois jovens cineastas paulistas resolvem documentar uma viagem
que se inicia na cidade de Manaus e segue até São Gabriel da Cachoeira, no alto Rio
Negro. O quê eles registram ao longo desta aventura é nada mais que o cotidiano dos
índios e caboclos ribeirinhos, mas aos olhos destes jovens viajantes tudo parece ser uma
descoberta sem par. Em 1973, foi exibido no Globo Repórter.
DAVI CONTRA GOLIAS
Direção e roteiro: Aurélio Michiles, 1994, 10 min, prod. Instituto Socioambiental.
Num plano seqüência o líder Davi Yanomami (Prêmio Global, 1989) fala sobre o
massacre sofrido por seu povo na aldeia de Haximú, em julho de 1993, a relação com os
garimpeiros e a sua ida a Brasília para reivindicar ao governo uma tomada de posição.
Esse depoimento é montado simultaneamente à repercussão deste episódio nas mídias
nacional e internacional.
DESANA, DESANA
2005, 90 min, prod. TV Cultura - AM.
23/05 (qua)
Gravação ao vivo da cantata teatral amazônica, durante o XIX Festival Amazonas de
Ópera.
Libreto de Márcio Souza e Aldísio Filgueiras; músicas de Adelson Santos. Inspirada no
mito da criação do mundo na tradição dos povos aruaques do alto Rio Negro, a partir dos
manuscritos do desana Luiz Lana.
A partir das 19:15 – exibição dos filmes:
RIO NEGRO – Missão de São Gabriel
Direção: Major Luiz Thomaz Reis, p/b; silencioso, 17 min, 1927.
Desde 1912, quando foi criado o Serviço de Fotografia e Cinematografia da Comissão de
Linhas Telegráficas e Estratégicas de Mato Grosso ao Amazonas - a Comissão Rondon,
o major Thomaz Reis dirige os documentários desta expedição. No final dos anos 20, sob
a liderança do lendário Marechal Rondon escalam o Monte Roraima na fronteira com a
Venezuela e Guiana, nesta oportunidade eles documentam impressionantes cenas da
catequese dos índios no alto Rio Negro. Aqui exibimos 45 segundos de imagens
reveladoras sobre a “Missão de São Gabriel”.
IAUARETÊ - CACHOEIRA DAS ONÇAS
Direção: Vincent Carelli, 2006, 48 min., documentário. Prod. Vídeos nas Aldeias.
Os índios Tariano, do noroeste da Amazônia, após décadas de catequese missionária,
fazem um registro cultural dirigido às futuras gerações.
Após a exibição dos filmes, depoimentos de Adriano de Jesus Tariano de Iauaretê, Geraldo Andrello
(ISA), com mediação de Eduardo Viveiros de Castro (MN-UFRJ).
24/05 (qui)
A partir das 19:15 – exibição dos filmes:
KINJA IAKAHA - Um dia na aldeia.
Direção e fotografia: Araduwá Waimiri, Iawusu Waimiri, Kabaha Waimiri, Sanapyty Atroari, Sawá Waimiri e Wamé
Atroari, 40 min, 2003.
Seis índios de diferentes aldeias Waimiri e Atroari, no Amazonas, registram o dia-a-dia de
seus parentes da aldeia Cacau. Estes registros nos transportam para a intimidade do
cotidiano indígena e a sua intensa relação com a natureza.
CHASSEURS ET CHAMANS
Direção: Raymond Depardon, França, 32 min, 2003.
Durante sua estadia na aldeia yanomami de Watoriki (AM) com o antropólogo Bruce
Albert, o documentarista e fotógrafo francês Raymond Depardon filmou em paralelo um
grupo de caçadores e um grupo de xamãs Yanomami (incluindo Davi Kopenawa), a fim
de dar a ver - sem ter que explicá-la - a estreita relação de interdependência entre a
metafísica xamânica e o conhecimento tradicional da floresta.
25/05 (sex)
Após a exibição dos filmes, depoimentos de Davi Xirianá Kopenáwa Yanomami (Hutukara), Marcos
Wesley (CCPY), Mario Parwe Waimiri-Atroari, Porfírio Carvalho (PWA), com mediação de Maria Tereza
Quispe (Wataniba, Venezuela).
A partir das 20:00 – exibição do filme:
AJURICABA- O rebelde da Amazônia
Direção: Oswaldo Caldeira, 1977, 105 min. Ficção. Elenco: Paulo Vilaça, Fregolente, Sura Berditchevsky, Nildo
Parente, entre outros.
Numa interpretação livre, este filme conta a história do líder épico e mítico do Rio Negro,
o tuxaua Manaú, Ajuricaba. No início do século XVIII, ele liderou uma confederação de
nações indígenas que combateu os portugueses durante oito anos. Ao final, o tuxaua
Ajuricaba é feito prisioneiro. Segundo os portugueses ao tentar escapar, ele teria se
afogado nas águas do Rio Negro, juntamente com seus guerreiros; transformando-se
numa referência singular da resistência indígena da Amazônia.
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MOSTRA DE FILMES & VÍDEOS - Instituto Socioambiental