LABORATÓRIO DIDÁTICO E COMPACTO EXPERIMENTAL DA MECÂNICA PARA O ENSINO BÁSICA Giselia Andrea Lopes Pinheiro' Regina Célia de Sousa" RESUMO Mediante a realidade atual do Ensino da Ciência Física nas escolas de ensino médio, propõe-se implementar o mesmo através do Laboratório Didático e Compacto para o Ensino Experimental da Mecânica Básica, onde as atividades possuem contexto construtivista interacionista vivencial, podendo ser realizadas em laboratórios convencionais ou na própria sala de aula e cujas potencialidades abrangem todos os requisitos do Ensino da Mecânica Básica. Palavras-chave: Física, mecânica, instrumentação ABSTRACT By means of the current reality of Physics Teaching in the average education, he intends to implement the same through a Didactic and Compact Laboratory for the Experimental Teaching of Basic Mechanics, where the activities possess context Construti vista Interacionista Vivencial (CVI), could be accomplished in conventional laboratorie or in the own class room and whose potentialities embrace all the requirements of the Teaching of Basic Mechanics. Key-Words: Physics, mechanics, instrumentation 1 INTRODUÇÃO Em uma abordagem interacionista do ensino-aprendizagem cabe ao aluno construir seu próprio saber a partir de vivências livremente estabelecidas segundo seus interesses e desejos. Partindo de uma filosofia Vivencial Carvalho Neto (1999, p.1-200), do fazer para aprender, há necessidade da introdução de um Sistema de Ensino apoiado em atividades práticas e interativas. Com a utilização de métodos experimentais, o aprendizado das ciências poderá ser conduzido de forma a estimular a efetiva participação e responsabilidade social dos alunos, que poderão vivenciar os fenômenos através de experimentações, permitindo a compreensão de conceitos, leis, relações e sua utilização no cotidiano. Dentre algumas propostas de *Licenciada em Física pela Universidade Federal do Maranhão, CINTRA **Doutora em Ciência e Engenharia de Materiais, Departamento de Fí ica, Universidade Maranhão Cad. Pesq., São Luís, v. 12, n. 112, p. 53-61, jan.rdez: 2001. Federal do 53 Y" melhoria do ensino das ciências, tomando-o vivencial, tem-se o Grupo de Reelaboração do Ensino de Física GREF (1990, p.1-306) cuja idéia principal é partir de situações do dia-a-dia, evidenciando a Física no cotidiano. Nela, a abordagem experimental procura apresentar a Física de forma que sejam claras sua relevância prática e sua universalidade, tomando significativo o aprendizado científico mesmo para alunos cujo futuro profissional não dependa diretamente dessa ciência, dando a todos condições de acesso a uma compreensão conceitual e formal consistente, essencial para sua formação. O presente trabalho propõe a melhoria do Ensino da Física nas Escolas de Ensino Médio, baseada na utilização do Laboratório Didático e Compacto para o Ensino Experimental da Mecânica Básica (LDCEEMB). Essa abordagem constitui uma interface entre o ensino experimental formal Arribas (1988, p.l-l06); Máximo e Alvarenga (1997, p.1-394); Zaro; Borchardt; Moraes (1981, p.1-195) e a proposta do GREF. O LDCEEMB, reúne um conjunto de recursos dedicados a gerar fenômenos, detectá-los e medi-los, cujas potencialidades abrangem todos requisitos do Ensino da Mecânica Básica. O LDCEEMB foi confeccionado com materiais simples e de baixo custo. Essa tecnologia permite que todos tenham acesso a ela, e as experiências realizáveis abrangem os conteúdos programáticos propostos em diversas sugestões de currículos nacionais. Esta proposta pretende, ainda, in54 centivar alunos e professores a elaborarem experimentos e outros equipamentos para utilizá-los na criação de condições favoráveis para a observação e manipulação dos diversos fenômenos físicos. 2 O LDCEEMB E SUA APLICAÇÃO O LDCEEMB é um conjunto de dispositivos, equipamentos experimentais e metodologias, compondo um poderoso recurso material para o ensino-aprendizagem dedicados ao Ensino da Física, que poderá levar o aluno a experiência direta de uma ocorrência ou fenômeno em busca de sua concretização. As atividades experimentais propostas são interessantes, de rápida execução, seguras e de baixo custo e que a partir da montagem muito simples, podem ser desenvolvidas tanto em laboratórios convencionais quanto em sala de aula. Ao promover o sincronismo da teoria com a prática no próprio processo de ensino-aprendizagem, o LDCEEMB permitirá um aumento da produtividade, da qualidade e da melhoria do Ensino de Física nas escolas. 2.1 Recurso material A parte material do LDCEEMB - Figura 1 é composto de um plano inclinável confeccionado com madeira e revestido em acrílico, que apoiado sobre uma base foram acrescentados vários dispositivos - régua de 1 metro, tubo de Galileu, pista de Newton, suporte para dinamômetro, mola plástica com duas tampas de frascos, roldana Cad. Pesq., São Luís, V. 12, n. 1/2, p. 53-61, jan.rdez. 2001. com suporte e dobradiça; acessórios - anel plástico, cilindro plástico, paralelepípedo plástico, esfera de vidro, cabo tracionador com ganchos, cabo tracionador com prendedores, frascos com tampa sem alça, frascos com tampa e alça, molas de lOgf e SOgf,blocos de atrito de plásticollixa, plástico/ isopor, blocos de referência de madei- ra, automodelo, esferas metálicas de 5mm, lOmm, 14mm e 20mm; componentes de apoio - suporte para o plano inclinável e blocos de plástico; e instrumentos - inclinômetro , paquímetro, régua de 30cm, escalas, cronômetro, transferidor e "pica- pau" (CRUZ; LEITE e CARVALHO, 1997, p.1-44; PINHEIRO, 2000, p.15-19). Fig. 1: LDCEEMB (recurso material) 2.2 Forma de utilização Quanto aos aspectos metodológicos desta proposta, tem-se: - os métodos - expositivo, prático-teóricoprático e experimental - as técnicas de investigação, da descoberta, da aula expositiva construtivista interacionista vivencial, da observação, da demonstração experimental e outras auxiliares - e os recursos - os de natureza humana: o corpo docente, discente e toda a comunidade escolar; os de natureza material. A utilização do LDCEEMB deverá ser feita após o professor ter defi- nido os conteúdos a serem abordados e os objetivos a serem alcançados (planejamento de curso). professor, com a ajuda dos alunos, deverá escolher os recursos materiais disponíveis e a técnica a ser aplicada para que haja coerência e participação nas realizações dos experimentos. Para a realização de atividades vivenciais é preciso uma organização adequada do ambiente de estudo, favorecendo o trabalho participativo e criativo dos alunos. espaço físico para a utilização do LDCEEMB poderá ser um laboratório - para atividades experimentais em grupos - ou a pró- ead. Pesq., São Luís, v. 12, n. 1/2, p. 53-61, jan.Zdez. 2001. ° ° 55 pria sala de aula - tanto para atividades experimentais em grupos, como para demonstração pelo professor. Normalmente as salas de aula são estruturadas nos moldes tradicionais, de forma que para introduzir atividades que permitam o trabalho em equipe, devese reorganizar o ambiente utilizando os recursos disponíveis. Não há necessidade de criar-se uma sala específica para práticas de atividades vivenciais, no caso por exemplo o laboratório, basta um pequeno rearranjo para transformar a tradicional sala de aula num espaço vivencial, como mostra a Figura 2. .c::::::J [LI] [LI] [LI] [LI] [LI] [LI] [LI] [LI] [LI] 000 000 000 o o o 000 000 o o o 000 000 Fig. 2: Rearranjo do ambiente para aula interativa (modelo vivencial). N a figura acima, cada retângulo representa a aproximação de 05 carteiras formando bancadas para cada _ equipe de trabalho. Sobre as bancadas criativas poderão ser colocados os recursos e outros dispositivos, objetos de interação e investigação. Até a mesa do professor poderá servir como bancada de apoio ao material utilizado ou as montagens-modelo. Percebe-se que a mudança na organização das carteiras ou mesas cria um novo ambiente de trabalho que propicia uma nova e mais rica forma de relacionamentos aluno-professor e aluno-aluno. 56 As atividades experimentais serão orientadas através de roteiros experimentais que levarão os alunos a refletir, questionar, criar, concretizar e conectá-las ao conteúdo teórico visto. Devendo, ainda, relacioná-Ias com os diversos fenômenos que os cercam. Após a realização de uma experiência, serão promovidas discussões em equipe sobre o desenvolvimento teórico visto em sala de aula e o desenrolar da atividade experimental, onde os problemas surgidos, as soluções para os mesmos e os resultados obtidos terão enfoque principal. Os alunos, através de suas equipes, deverão relatar todas as experiências vivenciadas através de relatórios que serão elaborados com o auxílio dos roteiros. Após cada atividade experimental, o professor poderá avaliar os resultados parciais alcançados através dos relatórios de cada equipe. Posteriormente, serão promovidas discussões sobre os resultados, juntamente com toda a turma. Nesses eventos será avaliada e reforçada a aprendizagem com perguntas que exijam a explicação dos conhecimentos adquiridos e promovendo, ainda, atividades de enriquecimento. A avaliação final da aprendizagem, dentro desta proposta, poderá ser feita através dos relatórios apresentados e da participação dos alunos nas diversas atividades. Conforme a conveniência, poderão ser aplicadas provas escritas e/ou práticas (realização e explicação da própria experiência). As provas devem estar de acordo cOJUos objetivos propostos, tais como: informa- Cad. Pesq., São Luís, v. 12, n. 112, p. 53-61, jan.rdez. 2001. ção sistemática, compreensão de princípios, generalização e conclusão, aplicação dos conhecimentos do cotidiano, atitudes de observação, precisão e criatividade, numa linha de preocupação de verificação de aprendizagem, partindo dos objetivos mais simples para os mais complexos. Dentro desta proposta foram construídas várias experiências, cujos títulos são: Medidas significativas, Operações com algarismos significativos, Notação científica e ordem de grandeza, Medidas diretas, Medidas de espaço-tempo, Conceituando velocidade escalar média, Medindo velocidades médias, Velocidade escalar média, Velocidade média, Movimento retilíneo uniforme (MRU) - I, Movimento retilineo uniforme (MRU) - lI, O encontro de dois móveis - I, O encontro de dois móveis - lI, Movimento uniformemente variado (MUV) - I, Movimento uniformemente variado (MUV) - II, Trabalhando com gráficos do MlN e suas propriedades, Equação de Torricelli, Lançamento horizontal, A lei da inércia, O princípio da inércia de Galileu, Dinamômetro - "lei de Hooke", Componente da força peso em um plano inclinado, A segunda lei de Newton, A terceira lei de Newton, Medindo a intensidade do atrito, Determinação do coeficiente de atrito estático e cinético entre duas superfícies, Trabalho mecânico, Transformação de energia mecânica, Teorema da energia cinética, Potência mecânica, Conceituando quantidade de movimento, A segunda lei de Newton com função da quantidade de movimento, Quantidade de movimento - I, Quantidade de movimento - II; Impulso, Teorema do impulso, O torque e a variação do momento angular e Conservação do momento angular (LOPES PINHEIRO, 2000, p.22-24). O LDCEEMB ao ser utilizado durante a construção dos conceitos teórico, ou seja, durante a aula expositiva teórico-formal, não será necessário a utilização de roteiros, pois a atividade requer somente que o professor tenha planejado com antecedência a utilização dos recursos. 3 DISCUSSÃO Com os atuais avanços tecnológicos as pessoas estão expostas a massivas cargas de informações. Em uma variada gama de assuntos, as informações chegam de forma muitíssimo atraente, através de visuais dinâmicos (imagem e som). Todo um clima de expectativa é criado previamente, com matérias interessantes e consideradas de utilidade. Essa revolução causada pela informação abundante, através dos meios de comunicação a da informática põe em choque o modelo educacional baseado na informação verbal e puramente simbólico. Atualmente, na maioria das escolas o Ensino das Ciências, em especial o da Física, é repassado através de método puramente expositivo, ilustrando a teoria com uma série de exercícios problemas de forma que os alunos preocupam-se apenas em decorar as expressões matemáticas (fórmulas), sem analisar o fenômeno proposto e relacioná-lo com sua realidade e o cotidiano. Esse modelo que ainda hoje a escola tenta manter, tornou-se inadequado dentro da nova realidade social. Cad. Pesq., São Luís, v. 12, n. 1/2, p. 53-61, jan.rdez. 2001. 57 o professor que ministra suas aulas de forma puramente expositiva, geralmente, não dispõe de recursos materiais, a não ser giz, lousa e voz, que são pouco eficientes na criação de um clima de expectativa e interesse nos alunos. A falta de recursos para animação, demonstração e experimentação, torna o mundo fora da escola muito mais atrativo e interessante do que a sala de aula. Assim, o professor por não dispor de recursos adequados para trabalhar as informações que pretende desenvolver, torna o ensino desinteressante, não permitindo que o assunto estudado seja integrado de forma permanente a uma estrutura conceitual mais ampla. Mesmo sendo de suma importância para o simples cumprimento do programa escolar, as aulas expositivas não utilizam o poder do saber-fazer, e para os alunos um fenômeno é sempre virtual. Assim, as ações pedagógicas estão calcadas nas excessi vas verbalização e formalização, em detrimento de processos vivenciais que estimulem e promovam a construção do conhecimento. Havendo ainda uma ênfase conteudista que adultera o significado avaliatório do ensino. É possível reverter essa situação problema utilizando antigos e/ou novos modelos de ensino que valorizem a vivência, partindo de ações e processos criativos e participativos, e fazendo da tecnologia da informação uma aliada. Na perspectiva construtiva interacionista vivencial (CIV) o conhecimento não é visto como algo situado fora do indivíduo, a ser adquirido através de cópias do real, nem tão pouco 58 como algo que o indivíduo constrói independentemente da realidade exterior, dos demais indivíduos e de suas próprias capacidades pessoais. Há a necessidade do envolvimento interativo da classe e dos grupos de alunos no processo de produção de significados e a interferência do professor articulando as atividades mentais construtivas dos alunos dando, portanto, sentido ao próprio ato de aprender, já agora concebido como um jogo de transferências, de retomadas e de projeções sempre passível de ampliações e de reelaborações. Assim, excluem-se todas as atividades de exercitação que não estiverem contextualizadas. De acordo com os PCN - MEC (1999, p.9) pode-se dizer que o verdadeiro conhecimento só é efetivado através da interação do sujeito com o objeto a ser conhecido, isto é, com o exercício de uma atividade mental profunda e passível de ser fixada não pela memorização/aceitação passiva mas pela apreensão de seu sentido em função do contexto em que se insere e pela conseqüente possibilidade de transferência para outros contextos. Daí a necessidade de mudança do conceito que vem orientando o processo ensino/ aprendizagem atualmente e da conseqüente alteração das funções do professor e do modo de atuação dos alunos. No Ensino das Ciência, verificase que os fenômenos que ocorrem na natureza são, freqüentemente, muito complexos. Com o auxilio do método experimental, é possível compreendêlos através de passos sucessivos (experiências). Naturalmente, para que esse ensino seja produtivo não deve ser Cad. Pesq., São Luís, V. 12, n. 112, p. 53-61, jan.rder. 2001. o professor que ministra suas aulas de forma puramente expositiva, geralmente, não dispõe de recursos materiais, a não ser giz, lousa e voz, que são pouco eficientes na criação de um clima de expectativa e interesse nos alunos. A falta de recursos para animação, demonstração e experimentação, torna o mundo fora da escola muito mais atrativo e interessante do que a sala de aula. Assim, o professor por não dispor de recursos adequados para trabalhar as informações que pretende desenvolver, torna o ensino desinteressante, não permitindo que o assunto estudado seja integrado de forma permanente a uma estrutura conceitual mais ampla. Mesmo sendo de suma importância para o simples cumprimento do programa escolar, as aulas expositivas não utilizam o poder do saber-fazer, e para os alunos um fenômeno é sempre virtual. Assim, as ações pedagógicas estão calcadas nas excessivas verbalização e formalização, em detrimento de processos vivenciais que estimulem e promovam a construção do conhecimento. Havendo ainda uma ênfase conteudista que adultera o significado avaliatório do ensino. É possível reverter essa situação problema utilizando antigos e/ou novos modelos de ensino que valorizem a vivência, partindo de ações e processos criativos e participativos, e fazendo da tecnologia da informação uma aliada. Na perspectiva construtiva interacionista vivencial (CIV) o conhecimento não é visto como algo situado fora do indivíduo, a ser adquirido através de cópias do real, nem tão pouco 58 como algo que o indivíduo constrói independentemente da realidade exterior, dos demais indivíduos e de suas próprias capacidades pessoais. Há a necessidade do envolvimento interativo da classe e dos grupos de alunos no processo de produção de significados e a interferência do professor articulando as atividades mentais construtivas dos alunos dando, portanto, sentido ao próprio ato de aprender, já agora concebido como um jogo de transferências, de retomadas e de projeções sempre passível de ampliações e de reelaborações. Assim, excluem-se todas as atividades de exercitação que não estiverem contextualizadas. De acordo com os PCN - MEC (1999, p.9) pode-se dizer que o verdadeiro conhecimento só é efetivado através da interação do sujeito com o objeto a ser conhecido, isto é, com o exercício de uma atividade mental profunda e passível de ser fixada não pela memorização/aceitação passiva mas pela apreensão de seu sentido em função do contexto em que se insere e pela conseqüente possibilidade de transferência para outros contextos. Daí a necessidade de mudança do conceito que vem orientando o processo ensino/ aprendizagem atualmente e da conseqüente alteração das funções do professor e do modo de atuação dos alunos. No Ensino das Ciência, verificase que os fenômenos que ocorrem na natureza são, freqüentemente, muito complexos. Com o auxilio do método experimental, é possível compreendêlos através de passos sucessivos (experiências). Naturalmente, para que esse ensino seja produtivo não deve ser Cad. Pesq., São Luís, v. 12, n. 1/2, p. 53·61, jan.rdez. 2001. implementado sem o auxílio de subsídios. No início, deve-se ter idéia de como se desenvolve o fenômeno que pretende-se estudar. A partir disso, formulamse hipóteses que eventualmente podem ser sugeridas por algumas semelhanças com outros fenômenos já conhecidos. A experimentação, seja ela de demonstração, de observação ou de manipulação (situações e equipamentos) é importante, pois permite aos alunos diferentes formas de percepção qualitativa e quantitativa. Permite, ainda, a obtenção de fórmulas, com as quais criam-se os modelos matemáticos para explicar e auxiliar no entendimento dos fenômenos, além de propor hipóteses explicativas e fazer previsões sobre outras experiências não realizadas. Essas atividades se baseiam em situações e elementos do cotidiano e, portanto, amplamente acessíveis. A inexistência de materiais didáticos, nas maioria das escolas, para experimentação foi provavelmente a mola propulsora para a elaboração do LDCEEMB, que pretende apoiar a prática no Ensino de Física, excessivamente teórico-formal, buscando soluções inovadoras, seguras e de baixo custo. Foi dentro deste quadro crítico e desafiador que esta proposta surgiu redimen s i o nando/ adaptan do metodologias dentro de uma expectativa construcionista do conhecimento. O LDCEEMB quando utilizado em laboratório, para a experimentação pura e simples, faz-se uso dos métodos expositivo e experimental, que propiciam a elaboração e investigação dos modelos vivenciais construídos no propósito de aplicar e constatar a veraciCad. Pesq., São Luís, V. dade da teoria ministrada em sala de aula. Es es mesmos métodos são aplicados quando o LDCEEMB é utilizado em sala de aula, tendo como diferencial a aplicação concomitante a constru. ção dos conceitos teóricos, intercalando as demonstrações e experimentações à teoria (método prático-teórico-prático). Com a utilização desse recurso material concretiza-se a idéia de criar um ambiente de aprendizado que potencialize a formação de noções e mesmo a construção de conceitos científicos, onde a metodologia empregada prioriza o trabalho vivencial do aluno à medida que estas vivências propiciam uma aprendizagem significativa. No entanto, para que tais mudanças alcancem a sala de aula e possam transformá-Ia num Espaço-Laborarorial é indispensável que o professor-educador esteja apto a utilizar esta proposta e, mais importante ainda, reencontre seu próprio caminho profissional e educacional, reorientando-se diante de metodologias que apontam para mudanças verdadeiramente revolucionárias. O Laboratório, além do mais, não é um local físico ele é, antes de tudo, um estado de competência do educador. Pode-se transformar uma sala de aula, uma quadra, os corredores da escola e outros ambientes, em Espaços Laboratoriais. Mas é preciso que antes, do desafio, da investigação e da construção de modelos da realidade, que a postura do professor-educador seja alcançada. Isso não significa improvisar o tempo todo, pois a educação pressupõe objetivos claros, expressos num planejamento consistente e comprome- 12, n. 1/2, p. 53-61, jan.rdez. 2001. 59 tido com a qualidade do trabalho que se quer desenvolver. Trabalhar com a Ciência, e principalmente a Física, é lidar com fenômenos, desafios, investigação e criatividade, buscando no caos dos acontecimentos alguma regularidade, algum padrão de comportamento capaz de ser percebido, organizado e expresso. É topar com o desconhecido, mas também com o conhecido que empresta sentido à existência humana. Por essa ótica, é visível a importância da utilização do LDCEEMB nas escolas, para a melhoria do Ensino da Física. 4 CONCLUSÃO a) a proposta de utilização do LDCEEMB tem uma perspectiva construtiva interacionista vivencial, onde as situações criadas dará ao aluno oportunidade de construir modelos explicativos, linhas de argumentação e instrumentos de verificação; b) os recursos materiais do LDCEEMB são confeccionados com materiais simples, de baixo custo e recicláveis, constituem-se, portanto, em uma poderosa ferramenta que poderá auxiliar o professor no ensino prático da Mecânica; c) as atividades experimentais proposta no LDCEEMB podem ser desenvolvidas tanto em laboratório, como na própria sala de aula; d) LDCEEMB quando utilizado em laboratório, para a experimentação pura e simples, fazse uso dos métodos expositi vo e experimental; e) quando o LDCEEMB é utilizado em sala de aula, tem como diferencial a aplicação concornitante a construção dos conceitos teóricos, intercalando as demonstrações e experimentações à teoria (método prático-teórico-prático ). Com a utilização do LDCEEMB é possível adotar estratégias de ensino diversificadas, que mobilizem menos a memória e mais o raciocínio e outras competências, bem como potencializem a interação entre aluno-professor e aluno-aluno para a permanente negociação dos significados dos conteúdos. REFERÊNCIAS ARRIBAS, S. D. Experiências de física ao alcance de todas as escolas. Rio de Janeiro: FAE, 1988. 106p. CRUZ, R. et aloExperimentos de física em microescala. São Paulo: Scipione, 1997. 44p. BRASIL. Ministério da Educação. Secretária de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasilia: MEC, 1999. 364p. GRUPO DE REELABORAÇÃO DO ENSINO DE FÍSICA. Física 1: Mecânica. São Paulo: EDUSP, 1990. 306p. VI. 60 MÁXIMO, A. e ALVARENGA, B. Cur- Cad. Pesq., São Luís, V. 12, n. 112, p. 53-61,jan./dez. 2001. so de Física. São Paulo: Scipione, 1997. 394p.V1. CARVALHO NETO, C. Z. Programa Vivencial. São Paulo: Ed. Laborciência, 1999., 400p. VI e 2. PINHEIRO, G. A.L. Um laboratório didático e compacto para o ensino experimental de mecânica básica. 2000. 65f. Monografia (Licenciatura em Física) - Departamento de Física, Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2000. ZARO, M. A. et alo Física Experimental. Porto Alegre, 1981. 195p. Cad. Pesq., São Luís, v. 12, n. 112, p. 53-61, jan.rdez: 2001. 61