Tópico 8. Aula Prática: Movimento retilíneo uniforme variado (Trilho de ar) e uniformemente 1. OBJETIVOS DA EXPERIÊNCIA 1) Esta aula experimental tem como objetivo o estudo do movimento retilíneo uniforme (MRU) e do movimento retilíneo uniformemente variado (MRUV) por meio do experimento de um carrinho que desliza sobre um trilho de ar. O trilho de ar é usado para minimizar a força de atrito. 2) Com os resultados obtidos no MRU, construir um gráfico de espaço em função do tempo e determinar a velocidade do carrinho. 3) Com os resultados obtidos no MRUV, em plano inclinado, construir um gráfico da velocidade em função do tempo e determinar a aceleração do carrinho. 2. TEORIA 2.1 Movimento Retilíneo Uniforme, MRU O movimento retilíneo uniforme (MRU) é um dos movimentos mais simples existentes. Este movimento é caracterizado pelo fato da velocidade ser constante. De acordo com a primeira lei de Newton, uma partícula que esteja em MRU permanecerá com este tipo de movimento, a menos que uma força externa atue sobre a mesma. Você já deve ter observado este tipo de movimento quando está dentro de um carro em movimento. Observando o velocímetro do carro, pode ter trechos em que o velocímetro marca sempre a mesma velocidade em qualquer instante ou intervalo de tempo, como por exemplo, 100 km/h. Figura 1. Variação do tempo para um carro em MRU. O movimento é uniforme quando a velocidade escalar do móvel é constante em qualquer instante ou intervalo de tempo, significando que, no movimento uniforme o móvel percorre distâncias iguais em tempos iguais. O movimento é retilíneo uniforme quando o móvel percorre uma trajetória retilínea e apresenta velocidade escalar constante. Como a velocidade escalar é constante em qualquer instante ou intervalo de tempo no movimento uniforme, a velocidade escalar média é igual à instantânea: π£ = π£πππ π‘ = π£πéπππ = βπ₯ (1) βπ‘ ο Equação horária do movimento retilíneo uniforme A equação horária de um movimento mostra como o espaço varia com o tempo: x = f(t). No movimento uniforme temos que: π£ = π£πππ π‘ = π£πéπππ = βπ₯ βπ‘ = π₯βπ₯0 π‘βπ‘0 (2) Assim, obtemos: π₯ β π₯0 = π£. (π‘ β π‘0 ) para t = 0 temos: π₯ = π₯0 + π£. π‘ (3) onde x é o espaço final, x0 é o espaço inicial e t o instante final. ο Gráfico espaço (x) versus tempo (t) no MRU Conforme pode-se observar da eq. (3), no movimento uniforme a equação horária é uma função do 1o grau, assim o gráfico x versus t é uma reta que pode passar ou não pela origem (fig. 1). Figura 1. Gráfico x (espaço) versus t (tempo) - Movimento Retilíneo Uniforme. Correlacionando a eq. (3) com a função do 1º grau: y = a.x+b, temos que x0 é o coeficiente linear da reta e v é o coeficiente angular da reta (ou inclinação da reta). Para obter x0, basta fazer t = 0 na equação horária x = x0. A velocidade escalar é obtida a partir do gráfico x versus t, calculando a inclinação da reta: v = inclinação da reta = βx/βt = (x - x0)/(t - t0) (4) ο Gráfico velocidade (v) versus tempo (t) no MRU Sendo a velocidade constante em qualquer instante e intervalo de tempo, a função v = f(t) é uma função constante e o gráfico v versus t é uma reta paralela ao eixo do tempo. Pode-se calcular a variação de espaço ocorrida em um intervalo de tempo, calculando-se a área abaixo da reta obtida (área hachurada na fig. 2), que é a área de um retângulo. βx = Aretângulo= base × altura = βt . v (5) Figura 2. Gráfico v (velocidade) versus t (tempo) - Movimento Retilíneo Uniforme. 2.2 Movimento Retilíneo Uniformemente Variado, MRUV (Plano inclinado) Foi visto no tópico anterior que o MRU pode ser definido dizendo que o objeto se move em linha reta, percorrendo deslocamentos iguais em intervalos de tempo iguais. Por isso, o correspondente gráfico da posição em função do tempo é uma reta. De modo análogo, o MRUV pode ser definido dizendo que o objeto se move em linha reta, com o módulo da sua velocidade instantânea tendo variações iguais em intervalos de tempo iguais. Por isso, o correspondente gráfico do módulo da velocidade instantânea em função do tempo é uma reta. O módulo da aceleração pode ser escrito: π = ππππ π‘ = ππéπππ = βπ£ βπ‘ = π£βπ£0 π‘βπ‘0 (6) É usual, na Cinemática, considerar t0 = 0, ou seja, considerar que o intervalo de tempo é marcado a partir do instante inicial de observação do movimento. E o instante final do intervalo considerado pode ser tomado como um instante genérico t. Assim, a expressão (6) fica: π£ = π£0 + π. π‘ (7) Esta expressão é conhecida como a equação horária da velocidade que é uma função do 1º grau. ο Plano inclinado Analise o comportamento de um bloco de massa m apoiado sobre um plano inclinado de ângulo ΞΈ em relação à horizontal; despreze os atritos. Figura 3. Bloco de massa m em um plano inclinado. Conforme se pode observar na figura 3, as forças que atuam sobre esse corpo são: ο· πβ: força de atração gravitacional (força PESO); β : força de reação ao contato do bloco com a superfície de apoio ο· π (força NORMAL). Para simplificar a análise matemática desse tipo de problema, costuma-se decompor as forças que atuam sobre o bloco em duas direções: ο· tangente: paralela ao plano inclinado (chamaremos de direção X); ο· normal: perpendicular ao plano inclinado (chamaremos de direção Y). Assim, ao decompor a força peso πβ tem-se: βββ ππ₯ : componente tangencial do peso do corpo; responsável pela descida do bloco; βββπ¦ : componente normal do peso; é equilibrado pela reação normal N do π βββπ¦ são obtidos a partir das relações da figura 4, plano. Os módulos de βββ ππ₯ e π que é um detalhe ampliado da figura anterior. Figura 4. Decomposição da força peso (plano inclinado). βββπ = π. π), obtemos: Usando a segunda Lei de Newton (πΉ - Na direção X: chega-se à conclusão que a = g . senΞΈ (8) ou seja βa aceleração com que o bloco desce o plano inclinado independe da sua massa mβ. - Na direção Y: N-PY = m.a mas como não existe movimento (logo aceleração) na direção Y 3. PARTE EXPERIMENTAL 3.1. MATERIAL UTILIZADO Para a realização deste experimento, serão utilizados os seguintes materiais: β trilho de ar; β carrinho; β cronômetro ou câmera; β transferidor; β régua. 3.2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL ο Movimento retilíneo uniforme 1- Dê um βempurrãozinhoβ no carrinho que está sobre o trilho de ar, de modo que ele inicie um movimento com velocidade constante. Observação: O trilho de ar possui um atrito desprezível. 2- Quando o carrinho passar pela marca zero, dispare o cronômetro. A partir desse ponto, toda vez que o carrinho passar por uma marca, deve-se apertar o botão "STOP" do cronômetro manual. 3- Os resultados devem ser anotados na tabela 1, identificando-se a medida da distância percorrida pelo carrinho e o correspondente instante de tempo, sem deixar de considerar a incerteza de cada medição. Tabela 1. Dados para a análise do movimento retilíneo uniforme. x (cm) t1 (s) t2 (s) t3 (s) t4 (s) t5 (s) π‘Μ (s) 20 40 60 80 100 ο Movimento retilíneo uniformemente variado (plano inclinado) 1- Definir um ângulo do plano inclinado, anote a altura resultante; 2- Considerar cinco posições diferentes no plano inclinado e medir o tempo em que o carrinho passa por cada posição escolhida, partindo do repouso; 3- Repetir o item anterior 5 (cinco) vezes, anotando os resultados conforme a tabela 2. Tabela 2. Dados para a análise do movimento no plano inclinado. x (cm) t1 (s) t2 (s) t3 (s) t4 (s) t5 (s) π‘Μ (s) π‘Μ 2 (s) 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 4.3. ANÁLISE DE DADOS E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ο Movimento retilíneo uniforme 1- Construa o gráfico x versus t, utilizando os dados da tabela 1. Trace a curva que melhor se ajusta aos pontos marcados utilizando o método dos mínimos quadrados (veja o tópico 4 do curso de física experimental I). 2- Obtenha o valor da velocidade para o movimento analisado a partir do gráfico construído. Determine se o erro no cálculo da velocidade é mínimo através do cálculo do r2 do método dos mínimos quadrados. ο Movimento retilíneo uniformemente variado (plano inclinado) 1- Construa o gráfico de x versus π‘Μ 2 com os dados da tabela 2. 2- Obtenha a reta média que melhor ajusta o conjunto de pontos para cada gráfico do item anterior. 3- Construa uma nova tabela com uma coluna para a velocidade média: π₯π+1 β π₯π π£Μ = π‘π+1 β π‘π , calculada a cada dois instantes de tempo e posições respectivas. 4- Construa a tabela de π£Μ versus βπ‘ (note que o valor de βπ‘ colocado na tabela para construção do gráfico π£Μ versus βπ‘ deve ser acumulativo), e obtenha a reta média que melhor ajusta ao conjunto de pontos. π£Μ (cm) βπ‘ (s) βπ‘1 βπ‘2 βπ‘3 βπ‘ (s) para o grafico βπ‘1 βπ‘1 + βπ‘2 βπ‘1 + βπ‘2 + βπ‘3 βπ‘4 βπ‘5 βπ‘1 + βπ‘2 + βπ‘3 + βπ‘4 βπ‘1 + βπ‘2 + βπ‘3 + βπ‘4 + βπ‘5 5- Calcule o valor da inclinação (coeficiente angular) da reta média para o gráfico de π£Μ versus βπ‘. 6- Interprete fisicamente os resultados obtidos no item anterior, relacionando com a aceleração da gravidade g. Em São José dos Campos adotamos g=(9.78±0.01) m/s2: a que você atribui as diferenças percentuais obtidas nas medições de g? ο Responda as questões destacadas em vermelho ao longo do roteiro experimental no tópico βconclusãoβ do relatório. Referências [1] http://www.dex.ufla.br/ic-complex/arq/lab-roteiro1.pdf [2] http://www.dex.ufla.br/ic-complex/arq/lab-roteiro2.pdf [3] Guia para Física Experimental, Caderno de Laboratório, Gráficos e Erros, Instituto de Física, Unicamp, C. H. de Brito Cruz, et. al., ver. 1.1 ( 1997). www.ifi.unicamp.br/~brito/graferr.pdf [4] http://www.fisica.net/mecanicaclassica/planoinclinado.pdf [5] http://coral.ufsm.br/gef/Cinematica/cinema14.pdf