MÉTODO PARA AVALIAÇÃO DE ESTRATÉGIAS ORGANIZACIONAIS: APLICAÇÃO AO ESTUDO COMPARATIVO DE ESTRATÉGIAS EM INDÚSTRIAS Marco Antonio Silveira - CenPRA Resumo Este trabalho descreve um método para avaliação do fenômeno da estratégia em organizações baseado em três atributos derivados da conceituação dada por Slack et al. e, em três dimensões de análise, a saber, enfoque estratégico, formalização da estratégia e sua implementação. O uso do método scoring permitiu tratar as variáveis estudadas, que são de natureza qualitativa, quantitativamente e, definir três coeficientes numéricos associados a cada uma das dimensões de análise. Para demonstrar o potencial do método, é apresentada parte de um estudo realizado com 45 indústrias do município de Capivari (SP), para identificar a inserção da questão ambiental em suas estratégias; isso requereu mais duas dimensões de análise, às quais foram associados dois outros coeficientes. Em todos os grupos estratificados, por porte e setor de atuação, os menores valores foram para as três dimensões que demandam maiores aportes de recursos. Identificou-se a existência de correlação linear positiva entre o faturamento das empresas e quatro das dimensões de avaliação; para o número de funcionários só existem evidências de correlação significativa com as duas dimensões ligadas à questão ambiental. O método proposto mostrou-se útil por definir um procedimento estruturado de análise e por permitir o uso de técnicas quantitativas no estudo do fenômeno da estratégia organizacional. INTRODUÇÃO É crescente a percepção que estratégias bem formuladas e adequadamente implantadas constituem-se em fatores fundamentais para que as organizações sejam bem sucedidas em seus propósitos, mercê do maior alinhamento interno em torno dos seus propósitos globais, do posicionamento da organização em relação ao seu ambiente de atuação e, da manutenção da coerência ao longo do tempo proporcionados. O reconhecimento da importância da administração estratégica vem crescendo na proporção em que aumenta o nível de competitividade exigido das organizações e em que acelera o ritmo das transformações no ambiente empresarial. Segundo Ansoff e McDonell (1993), principalmente pelo fato de o ambiente externo da empresa se tornar cada vez mais mutável e descontínuo em relação ao passado, aumenta a importância da administração estratégica, pois os objetivos, isoladamente, são insuficientes como regras de decisão para guiar a empresa de modo a adaptá- la a novos desafios, ameaças e oportunidades. Esses autores, que identificam dois tipos básicos de comportamento organizacional (incremental e empreendedor), escreveram ainda que “a administração estratégica exige um comportamento organizacional empreendedor e a administração operacional funciona bem sob um comportamento incremental. .... Desde a segunda metade do século XX, as empresas têm precisado cada vez mais acomodar os dois tipos de comportamento ao mesmo tempo” (Ansoff e McDonell: 1993, p.292). Diferentes enfoques de estratégia Sobre a etimologia e a evolução inicial do termo estratégia, R.Evered, citado em Mintzberg e Quinn (2001), escreveu o seguinte: “ ’Strategos’ referia-se, inicialmente, a um papel (um general no comando de um exército). Posteriormente, passou a significar ‘a arte do 2 general’.... Ao tempo de Péricles (450 a.C.) passou a significar habilidades gerenciais (administração, liderança, oratória, poder). E, à época de Alexandre (330 a.C.), referia-se à habilidade de empregar forças para sobrepujar a oposição e criar um sistema unificado de governo global” (2001, p. 20). O tema foi sendo incorporado de forma gradual ao universo das organizações, principalmente a partir da segunda metade do século XX, existindo hoje um grande número de trabalhos (livros, artigos, dissertações e teses) contendo citações históricas, discussões e perspectivas sobre o fenômeno da estratégia nas organizações. Da profusão de trabalhos existente, combinada com a complexidade inerente ao fenômeno, resulta uma diversidade de conceituações e enfoques sobre estratégia. A esse respeito, na introdução de seu livro, Mintzberg e Quinn escreveram o seguinte: “O que é estratégia? Não existe uma única definição universalmente aceita. Alguns autores e gerentes usam o termo de maneira diferente; por exemplo, alguns incluem metas e objetivos como parte da estratégia, enquanto outros fazem uma firme distinção entre eles” (2001, p. 19). Nessa mesma obra, Mintzberg (in Mintzberg e Quinn: 2001) conceitua estratégia de forma abrangente e eclética, ressaltando que a definição não pode ser simplificada, necessitando de múltiplas abordagens e por isso, propõe cinco definições, chamadas por ele de os "5 P´s da estratégia", a saber, como Plano, Pretexto, Padrão, Posição e Perspectiva. Em outra obra (Mintzberg et al., 2000) são catalogadas dez diferentes visões sobre o processo de estratégia ou, dez escolas para formulação de estratégia: “do design“, “do planejamento“, “do posicionamento“, “empreendedora“, “cognitiva“, “de aprendizado“, “do poder“, “cultural“, “ambiental“ e “de configuração“. Day e Reibstein (1999) também comentam o fato de os teóricos abordarem a estratégia com perspectivas diferentes e reúnem em sua obra cinco delas, quais sejam, “perspectivas baseadas em recursos e na estrutura que conduz o desempenho”, “teoria dos jogos e visões do comportamento”, “políticas governamentais e tecnologia”, “cenários, jogos de guerra e simulações” e “sinalização e ações”. Já Ohmae (1985) escreve que três elementos básicos devem ser considerados na montagem de qualquer estratégia empresarial e, desses elementos derivam três grupos de estratégias: “fundadas nos clientes“, “fundadas na corporação“ e “fundadas nos concorrentes“. Uma contribuição inovadora foi dada por Prahalad e Gamel (1990) ao proporem o enfoque de estratégia baseada nas competências essenciais da corporação. Comentários sobre esse interessante enfoque são encontrados em Montgomery e Porter (1998), onde também é apresentada uma compilação de outros importantes trabalhos sobre estratégias organizacionais. O tema é amplo e há vários outros trabalhos, escritos pelos autores aqui citados e por outros que o espaço não permite citar, que compilam e analisam as diferentes perspectivas sobre estratégias organizacionais. A cada um dos vários enfoques corresponde uma conceituação sobre estratégia e uma discussão sobre os diferentes conceitos transcenderia o escopo deste trabalho. Mas, como a adoção de uma definição se faz necessária para desenvolver o método que se segue, será adotada neste trabalho aquela encontrada em Slack et al. (1997), para estratégia como sendo: "o padrão global de decisões e ações que posicionam a organização em seu ambiente e têm o objetivo de fazê-la atingir seus objetivos de longo prazo"(p. 89). Atributos básicos de estratégias organizacionais A escolha anterior é uma opção pessoal, baseada na capacidade do enunciado proposto por Slack et al. sintetizar três aspectos que nos parecem fundamentais para a moderna administração estratégica1 , a saber: 3 . o alinhamento interno da organização - entendido como a consistência no que se refere a processos, ações, informações e decisões entre as suas diferentes unidades funcionais – que se infere do excerto “o padrão global (isso é, “para toda a organização”) de decisões e ações”; . o posicionamento da organização em seu ambiente, condição sine qua non para a sobrevivência em ambientes competitivos, como o são a maioria dos ambientes de atuação das organizações atuais; . a visão de longo prazo, que proporciona maiores condições para a manutenção da coerência da organização ao longo do tempo, meta desafiadora face à dinâmica do cenário atual. Tendo, portanto, como base a definição proposta por Slack et al., identificam-se três atributos básicos associados à estratégia organizacional: a. enfoque holístico da organização; b. posicionamento da organização em relação ao seu ambiente externo de atuação; c. visão de longo prazo O primeiro dos três atributos acima elencados faz parte da origem da inserção da estratégia no mundo das organizações, segundo Montgomery e Porter (1998). Esses autores citam que nos anos 60, época em que o pensamento gerencial estava orientado para funções individuais, Andrews e Christensen, lideraram a prestigiosa Harvard Business School em direção às idéias modernas de estratégia e, "identificaram uma necessidade urgente de uma forma holística de se pensar a empresa e, articularam o conceito de estratégia como um meio de chegar a isso" (Montgomery e Porter: 1998, p. XII). Objetivo deste trabalho Este trabalho tem como objetivo descrever um método original para avaliação de estratégias organizacionais e de sua implementação. Com o propósito de demonstrar o potencial desse método, é apresentada parte de um estudo mais amplo, cuja finalidade foi avaliar se e como as indústrias do município de Capivari (SP) inserem a questão ambiental em suas estratégias de negócio. Para tanto, foi feita uma pesquisa junto às empresas de diferentes portes existentes no município pertencentes aos setores empresariais com potencial de agressão ao meio ambiente, a saber, têxtil, de confecções, metalúrgico, químico, de marcenaria, eletro-eletrônico e alimentício. Os procedimentos empregados na condução da pesquisa, bem como outros detalhes referentes ao estudo feito são descritos após serem apresentadas as bases do método proposto. DIMENSÕES PARA AVALIAÇÃO DE ESTRATÉGIAS ORGANIZACIONAIS A opção pela conceituação de estratégia organizacional dada por Slack et al. implica em pesquisar os três atributos dela derivados, os quais são, conforme já mencionado, enfoque holístico da organização, seu posicio namento em relação ao ambiente externo e visão de longo prazo. E, o método aqui proposto define, ainda, que a estratégia organizacional pode ser analisada sob três diferentes perspectivas ou, dimensões para avaliação: formalização da estratégia, enfoque estratégico e implementação da estratégia. Além dessas três dimensões para avaliar estratégias, poderá ser conveniente em alguns estudos considerar outras específicas, como, por exemplo, a sua internacionalização, a inserção de responsabilidade social, entre outras. Para os propósitos do presente trabalho, fez-se necessário considerar também se e como preocupações relacionadas com o meio ambiente se inserem nas estratégias das empresas pesquisadas, de onde se derivaram mais duas dimensões de avaliação. 4 A seguir cada uma dessas cinco dimensões para análise da estratégia organizacional é apresentada. Enfoque estratégico Essa primeira dimensão de avaliação visa identificar a existência dos três atributos relacionados com a estratégia na organização, independentemente desta estar ou não formalizada. Vários autores identificaram a diferença entre estratégia formalizada - através de planos, direcionadores formais ou outros elementos – e, o que neste trabalho está se chamando de enfoque estratégico. Mintzberg (em Mintzberg e Quinn, 2001), por exemplo, utiliza o termo estratégia emergente para designar as estratégias formadas em uma organização sem serem intencionalmente formuladas e, portanto, sem estarem formalizadas. Em Barros (2001) são relatadas dez pesquisas sobre formação de estratégias em pequenas empresas, realizadas em diferentes países por diferentes autores, dando conta de que essas organizações não usam um processo formal e estruturado para o desenvolvimento de planejamento estratégico. Barros realizou também uma pesquisa com pequenas empresas e, propõe a seguinte questão: "As pequenas empresas para internet têm sido afetadas pela falta de ferramentas .... para auxiliar o processo de formulação de estratégias... Como consequência, uma questão fundamental surge para os pesquisadores: Se a formulação estratégica é considerada vital para o sucesso das empresas, que tipo de processo envolvendo a concepção de estratégias essas companhias estão empreendendo para a garantia de sua sobrevivência e crescimento?" (Barros, 2001, p.33) O presente trabalho não se propõe a responder a pergunta formulada por Barros, mas somente identificar a existência de aspectos ligados a uma manifestação que parece guardar alguma relação com o que é percebido pelos leigos como "visão empresarial", ou seja, administradores que parecem ter uma capacidade inata para o enfoque estratégico. Essa capacidade inata foi descrita por Andrews e Christensen como "a noção de adequação entre as capacidades únicas de uma empresa e as exigências competitivas de um setor que a distinguia das demais" [Montgomery e Porter: 1999, p.XII]. Formalização da estratégia Nessa dimensão procura-se avaliar se a estratégia organizacional está formalizada através de documentos e direcionadores estratégicos formalmente definidos. Os documentos que foram avaliados neste trabalho como evidência de formalização da estratégia foram aqueles relacionados com a elaboração sistematizada de planejamento estratégico (por exemplo, análises estruturadas de cenários e análise SWOT) e planos de negócio. Outros elementos pesquisados como evidência da existência de estratégia formalizada na organização foram os vários direcionadores estratégicos, a saber, Missão da organização, Visão de futuro, Valores organizacionais, Objetivos/Metas estratégicos e Políticas da organização (de meio-ambiente, da qualidade, entre outras). Implementação da estratégia Nessa terceira dimensão de avaliação busca-se identificar se a estratégia está implementada ao longo da estrutura da organização. 5 As evidências objetivas buscadas neste trabalho para identificar a implementação da estratégia estão relacionadas com a comunicação da estratégia ao longo da estrutura organizacional e com a definição de objetivos e metas para as diferentes unidades funciona is. Não foi pesquisada a utilização de métodos estruturados para o desdobramento da estratégia, uma vez que somente nos interessava identificar se essa estava ou não implementada. Outras dimensões da estratégia: A questão ambiental Para atender aos propósitos do estudo aqui relatado, foram incluídas mais duas dimensões para análise das estratégias organizacionais, ambas relacionadas com a questão ambiental. Atualmente, em função da pressão de setores da sociedade e da legislação específica sobre o assunto, os aspectos relacionados ao meio ambiente vêm ganhando presença no negócio da empresa. Não agredir, sujar ou poluir está na agenda de muitas empresas que, para tanto, aumentam investimentos em controle da poluição, reciclagem dos resíduos gerados, recuperação de áreas degradadas e outras ações nessa direção. Arango-Alzate (2000) cita alguns autores como Porter e Christensen que defendem ser possível tornar uma indústria “verde” e obter competitividade ao mesmo tempo. Esses autores argumentam que, ao atender às exigências ambientais com criatividade e pró-atividade, as companhias não só eliminam o desperdício fazendo uso mais eficiente dos recursos materiais, como também, muitas vezes, melhoram o processo de produção, diminuem custos, produzem bens de melhor qualidade, aumentam a competitividade da empresa e ganham vantagem competitiva sobre os concorrentes. Essa autora afirma, no entanto, que em uma revisão bibliográfica efetuada sobre a inserção da variável ambiental na gestão de empresas brasileiras, ficou evidenciada a falta de estudos mais concretos sobre esse importante tema. A autora acredita que o motivo seja, em parte, pelo fato de ser recente o estudo sistêmico deste tema no Brasil e, também porque, salvo exceções, só agora as empresas brasileiras começam a visualizar a sua importância. Em função dessa lacuna, o estudo aqui relatado se propôs a investigar se as estratégias organizacionais das empresas pesquisadas inserem a questão ambiental, para o que foram definidas mais duas dimensões de análise, a saber, existência de atenção com o meio ambiente (ou, enfoque ambiental) e a inserção da questão ambiental na estratégia formal da empresa. COEFICIENTES PARA AVALIAÇÃO A estrutura conceitual proposta para avaliar estratégias organizacionais foi anteriormente apresentada, descrevendo os três atributos de análise e as cinco dimensões para sua avaliação. Um estudo abrangente como aqui proposto, principalmente quando direcionado para diversos sistemas organizacionais simultaneamente (neste caso, quarenta e cinco empresas), requer o levantamento de um número considerável de dados. Para facilitar a análise, foi feito o seguinte tratamento dos dados coletados: . transformação das variáveis qualitativas em quantitativas; e, em seguida, . consolidação dos dados em cinco coeficientes ou indicadores numéricos, cada um deles associado a uma das dimensão para avaliação já mencionadas. Os procedimentos empregados na determinação dos coeficientes são descritos a seguir. 6 Quantificando variáveis qualitativas Para o tratamento dos dados utilizou-se o método scoring, o qual possibilitou tratar as variáveis estudadas, que são de natureza qualitativa, quantitativamente. O método scoring constitui-se na atribuição de pontos visando transformar uma variável qualitativa qualquer em qualitativa ordinal ou, mesmo, quantitativa. Dessa maneira, torna-se possível definir escalas de medida (para mais detalhes veja, por exemplo, a seção Measurement Scales em Hayes: 1997). As classificações derivadas dessas escalas de medida e dos valores obtidos para os diferentes coeficientes são arbitrárias, tendo como único propósito servir de instrumento para organização dos dados pesquisados e, fazem sentido somente dentro do âmbito do estudo desenvolvido. Assim, por simplicidade, atribuiu-se a todas as questões o máximo de 5 pontos, organizando-as da seguinte forma: . questões com duas possibilidades: sim=5 pontos ; não= 0 pontos; . questões com cinco possibilidades2 : concordo totalmente/ótimo = 5 pontos; concordo/bom = 3 pontos; discordo/regular = 1 ponto ; discordo totalmente = 0 ponto ; não sei = questão desconsiderada. Cálculo dos coefientes Uma vez que se consegue quantificar as variáveis estudadas e, estando as mesmas organizadas de acordo com as dimensões de análise desejadas, é possível calcular os coeficientes associados a essas diferentes dimensões. O quadro 1 apresenta as cinco dimensões de análise e os coeficientes associados. Cada um dos cinco coeficientes é calculado somando-se a quantidade de pontos efetivamente obtidos pela empresa na dimensão de análise e, dividindo pela quantidade de pontos possíveis nessa dimensão (portanto, esses coeficientes podem assumir qualquer valor entre 0 e 1, conforme consta na terceira coluna do quadro 1); matematicamente: ∑ Pontos obtidos pela empresa na dimensão “n” Cn = ____________________________________________ ∑ Total de pontos possíveis na dimensão “n” onde: Cn ≡ C1, C2 .... ou C5 Quadro 1 – Dimensões de análise e coeficientes associados Dimensão de Análise Existência de enfoque estratégico Estratégia formalizada Estratégia implantada Existência de atenção com o meio-ambiente Inserção da questão ambiental na estratégia formal Coeficiente Associado C1 C2 C3 C4 C5 Valores Possíveis para o Coeficiente 0 = Cn = 1 7 Para avaliar a situação da empresa em relação a cada uma das cinco dimensões e posterior cálculo dos coeficientes associados, foram identificadas diversas variáveis de pesquisa. No quadro 2 são apresentadas essas variáveis e a correspondência com cada uma das dimensões de análise; na terceira coluna desse quadro são discriminados os indicadores relacionados com cada uma das variáveis, através do número da questão correspondente no questionário apresentado no apêndice. MÉTODOS UTILIZADOS O propósito desta pesquisa, que é de caráter exploratório, foi fazer um levantamento inicial da realidade vivida nas empresas-alvo, subsidiando trabalhos investigativos posteriores para aprofundamento de questões. Ela faz parte de um estudo mais amplo que se propõe a responder se e como as indústrias do município de Capivari (SP) inserem a questão ambiental em suas estratégias de atuação. Esse município está situado à 140 km da capital do estado e localiza-se próximo a grandes núcleos populacionais e industriais como Campinas, Piracicaba e Sorocaba, tendo uma população de 41.000 habitantes (dado do censo IBGE: 2000). Quadro 2 – Coeficientes de estudo, variáveis correspondentes pesquisadas e indicadores relacionados (através do número da questão correspondente no questionário do apêndice) Coeficiente e Dimensões de Avaliação C1: Relacionado à forma holística de pensar a organização, situada em seu ambiente de atuação e com visão de longo prazo. Variáveis Pesquisadas . Visão de longo prazo . Foco no ambiente (externo) de atuação . Foco no ambiente interno . Visão holística C2: Indica evidências da existência de . Metas e objetivos definidos formalmente planos e direcionadores formalmente . Plano de negócio formalizado definidos, bem como de planejamento . Planejamento estratégico sistematizado estratégico sistematizado. . Missão, visão, valores e políticas formalizados. C3: Indica evidências de que a . Conhecimento da estratégia ao longo da estrutura estratégia está disseminada ao longo da organizacional. estrutura organizacional. . Objetivos e metas definidos para as diferentes unidades funcionais. C4: Relacionado à existência de . Percepção da importância da questão ambiental preocupação com questões ligadas ao para a empresa meio ambiente . Participação em eventos e ações ligados ao meioambiente C5: Indica evidências da inserção da . Existência de política de meio-ambiente questão ambiental na estratégia formal formalizada da empresa . Inserção da questão ambiental nos planos de negócio . Inserção da questão ambiental nos direcionadores estratégicos Indicadores (No da Questão) 1a, 1h 1b, 2a, 2b, 2c, 2e, 2f 1c 1d, 1e 1f, 2h, 9 2i 2j, 6, 8 2g, 3 1g, 4, 5, 6.a, 7 10 1i, 1j, 2d, 14 13 3 1k, 1m, 12 1L, 11 No cálculo dos coeficientes foram utilizadas duas variáveis para estratificação dos dados: o segmento de atuação da empresa e o número de funcionários que nela atuam. No quadro 3 são apresentados os segmentos de atuação das empresas, o número delas em cada um desses segmentos, além da quantidade de funcionários que nelas trabalham. 8 Quadro 3 - Informações gerais sobre as empresas pesquisadas Setor de Atuação Alimentício Metalúrgico Têxtil Confecções Químico Eletro-eletrônico Marceneiro “Outros” Total pesquisadas Total de Empresas 04 07 01 08 04 04 07 10 45 Quantidade de Funcionários (em cada empresa) 200, 150, 22 e 14 funcionários 88, 20 (em três empresas), 17 (em duas) e 11 funcionários 500 funcionários 350, 180, 75, 56, 49, 35, 26 e 4 funcionários 90, 49, 10 e 2 funcionários 82, 50, 20 e 5 funcionários 45, 32, 18, 16, 9 e 8 ( em duas empresas) 370, 280, 60, 35, 25, 23, 12 (em duas empresas), 8 (em duas) funcionários - No setor designado como “outros” no quadro 3 existem empresas do setor vidreiro, de construção civil, de cosméticos, gráfico, entre outros; a empresa do setor têxtil foi deixada em um grupo separado, devido ao alto potencial de agressão ao meio ambiente nela existente. A coleta dos dados foi feita através do questionário apresentado no apêndice, o qual contém tanto questões fechadas como abertas. Seguindo a recomendação de vários autores, foi feito um pré-teste desse instrumento de pesquisa, que se constituiu em um prova preliminar para evidenciar possíveis falhas. Esse pré-teste foi fundamental para se chegar ao questionário final, pois várias questões foram suprimidas, incluídas ou alteradas. Para garantir a quantidade de respostas necessária ao estudo, o questionário foi aplicado pessoalmente, sendo que os respondentes eram integrantes da alta administração das empresas pesquisadas. Os dados coletados foram tabulados em planilhas eletrônicas e, os cinco coeficientes foram calculados para cada uma das empresas. Estabeleceu-se arbitrariamente o valor de corte de 0,5 e, assim, procedeu-se à classificação de cada uma das empresas pesquisadas segundo a seguinte tipologia: a. tem sua estratégia formalizada (para C1 > 0,5); b. possui enfoque estratégico (para C2 > 0,5); c. implementa efetivamente sua estratégia (para C3 > 0,5); d. tem preocupação com o meio ambiente (para C4 > 0,5); e, e. insere a questão ambiental em sua estratégia de negócio (para C5 > 0,5). É importante destacar mais uma vez que a classificação acima faz sentido somente dentro do sistema de referências desenvolvido para esta pesquisa. Foi estudada também a existência de correlação linear entre as cinco dimensões de análise e duas características das empresas pesquisadas, a saber, o número de funcionário e o faturamento bruto anual. Como as conclusões tiradas de diagramas de dispersão tendem a ser subjetivas, optou-se pelo cálculo do “coeficiente de correlação de Pearson (r)”, o qual mede o grau de relacionamento linear entre os valores emparelhados “x” e “y” em uma dada amostra (Triola, 1999). PRINCIPAIS RESULTADOS OBTIDOS É grande a quantidade de dados coletados neste trabalho, podendo ser analisados e discutidos diferentes aspectos relacionados com as cinco dimensões avaliadas e com os três 9 atributos da estratégia citados nas seções anteriores. No entanto, devido ao fato dessa pesquisa estar sendo apresentada com o propósito principal de demonstrar o potencial do método de avaliação proposto e, também, por limitação de espaço, será apresentada somente uma parte dos resultados obtidos. Em Giovanetti (2002) podem ser enc ontrados outros resultados obtidos com a pesquisa de campo realizada, bem como uma discussão dos mesmos. A figura seguinte mostra a quantidade de empresas cujos valores dos coeficientes estão acima e abaixo do valor de corte; as barras em cinza escuro representam a quantidade de empresas cujo valor para cada um dos cinco coeficientes é maior que 0,5, enquanto as barras mais claras representam as empresas cujo valor obtido para os mesmos é menor ou igual a 0,5. Duas características do grupo de empresas pesquisadas se destacam na figura apresentada. A primeira é a grande porcentagem (93%) de empresas que possuem “enfoque estratégico” (dimensão associada a C1). O segundo aspecto, é que para as três dimensões de avaliação de natureza mais prática (dimensões associadas a C2, C3 e C5) e que, portanto, requerem mais investimentos, o grupo está praticamente dividido ao meio. 45 40 35 30 Quantidade de 25 Empresas 20 15 10 5 0 C1 C2 C3 C4 C5 Maior que 0,5 42 21 24 35 25 Menor que 0,5 3 24 21 10 20 Coeficientes Figura – Quantidade de empresas com coeficientes acima e abaixo do valor de corte (0,5) Os valores médios dos cinco coeficientes obtidos para cada um dos oitos setores, bem como para o total de empresas pesquisadas, estão apresentados na tabela 1. Considerando a totalidade das empresas, essa tabela revela que os maiores valores obtidos foram para os coeficientes C1 e C4, os quais estão associados à avaliação dos enfoques existentes na empresa (respectivamente, estratégico e ambiental). Já os outros três coeficientes, associados às dimensões que requerem mais investimentos, tiveram valores muito próximos do valor de corte (isso é, 0,5). Verifica-se também através da tabela 1 que um comportamento semelhante (isso é, C1 e C4 maiores que C2, C3 e C5) ocorreu em todos os oito setores pesquisados. 10 Tabela 1 - Valores médios dos cinco coeficientes calculados em função do setor pesquisado Setor de Atuação Alimentício Metalúrgico Têxtil Confecções Químico Eletro-eletrônico Marceneiro “Outros” Média para o total de empresas pesquisadas C1 C2 C3 C4 C5 0,76 0,68 0.82 0,72 0.93 0.82 0.77 0,88 0,44 0,39 0,40 0,43 0,63 0,42 0,56 0,72 0,35 0,31 0,76 0,44 0,56 0,36 0,62 0,64 0,79 0,54 1,00 0,59 0,85 0,60 0,66 0,84 0,46 0,38 0,93 0,52 0,81 0,47 0,57 0,72 0,79 0,53 0,49 0,70 0,58 Na tabela 2 são apresentados os valores médios dos cinco coeficientes calculados para as empresas estratificadas segundo o seu porte; por facilidade, adotou-se o número de funcionários para essa estratificação dos dados. Tabela 2 - Valores médios dos cinco coeficientes calculados em função do porte da empresa Porte das Número de Empresas Empresas Grupo Empresas com menos de 29 “A” 50 funcionários Grupo Empresas com mais de 16 “B” 50 funcionários Diferença percentual de “Cn” (das empresas do Grupo “B” em relação às do Grupo “A”) C1 C2 C3 C4 C5 0,76 0,48 0,46 0,65 0,50 0,84 0,61 0,55 0,80 0,72 + 11% + 27% + 20% + 12% + 44% Observa-se na tabela 2 que os valores de todos os cinco coeficientes obtidos para o grupo “B” (empresas com mais de 50 funcionários) são maiores do que os valores obtidos para o grupo “A”. Para C1 e C4, coeficientes associados à avaliação de enfoque, a diferença fica em torno de 10%, praticamente dobrando para C2 e C3 (27% e 20%, respectivamente), sendo que para o coeficiente C5, o qual está relacionado com a inserção da questão ambiental na estratégia de negócios, a diferença salta para 44%. Muito embora seja necessário um estudo mais aprofundado para afirmar com segurança as razões dos resultados registrados na tabela 2, pode-se especular sobre dois prováveis fatores. O primeiro seria decorrente da necessidade de administrações profissionais - o que inclui gerenciar a estratégia organizacional - normalmente aumentar com o porte da empresa; isso explicaria a razão de todos os cinco coeficientes obtidos para o Grupo “B” serem maiores. O fator que explicaria o outro comportamento dos coeficientes apresentados na tabela 2 – a diferença percentual dos valores obtidos para o Grupo “B” em relação ao Grupo “A” aumentar para os coeficientes C2, C3 e C5 - pode estar associado à maior capacidade de investimento das empresas do Grupo “B”: ao crescer a capacidade de investimento, cresceria também a possibilidade de consubstanciar os “enfoques” existentes em ações efetivas. 11 Um outro aspecto a se mencionar dos resultados registrados na tabela 2 é o comportamento dos coeficientes C1, C2 e C3 verificados no gr upo “A”, cujos valores obtidos foram, respectivamente, 0,76, 0,48 e 0,46. Esses resultados obtidos para o grupo de empresas de menor porte são coerentes com os relatos encontrados em Barros (2001) e, apontam na direção de “organizações com enfoque estratégico não formalizado”, segundo a classificação proposta neste trabalho. Na tabela 3 são apresentados os valores dos coeficientes de correlação de Pearson (r) obtidos para a amostra pesquisada. Tabela 3 - Valores dos Coeficientes de correlação de Pearson (r) Valores de “r” Característica da Empresa Pesquisada Faturamento Bruto Anual Número de Funcionários Enfoque Estratégico (C1) 0,198 Estratégia Formaliz. (C2) 0,303 0,164 0,231 Estratégia Atenção ao Meio Amb. Implantada Meio Amb. e Estratégia (C3) (C4) (C5) 0,328 0,411 0,379 0,204 0,382 0,380 Da Tabela de valores críticos de “r”, apresentada em Triola (1999, p.364) extrai-se que para 45 pares de dados amostrais (número de empresas pesquisadas) os valores críticos de “r” são 0,294 e 0,378, respectivamente para α = 0,05 e α = 0,01. Assim, de posse dos valores apresentados na tabela 3 deste trabalho, conclui-se que, para o grupo de empresas pesquisadas, existem evidências estatísticas de correlação linear positiva entre cada uma das duas dimensões de análise ligadas à questão ambiental (C4 e C5) e o faturamento bruto da empresa, pois os valores de “r” são, respectivamente, 0,411 e 0,379. O mesmo ocorre entre C4 e C5 e, o número de funcionários da empresa (valores de “r” são, respectivamente, 0,382 e 0,380). Ao analisar as dimensões relacionadas com C2 e C3, conclui- se que existem, simultaneamente, 95% de chance de haver uma correlação linear positiva dessas duas dimensões com o faturamento das empresas (pois os valores de “r” calculados são maiores que 0,294) e 1% de chance de que não haja correlação linear significativa entre eles (pois, os valores de “r” são menores que 0,378). Em relação à todos outros casos, não existe nenhuma evidência da existência de correlação linear significativa, uma vez que os valores de “r” calculados são menores que o valor crítico mínimo (isso é, 0,294). CONCLUSÕES E COMENTÁRIOS FINAIS Nas seções anteriores foi apresentado um método original para avaliação do fenômeno da estratégia em organizações, tendo sido essa a principal contribuição deste trabalho. A estrutura lógica do método proposto se baseia, fundamentalmente, em quatro pontos, a saber: a) especificar os atributos relacionados com a estratégia organizacional; b) definir as dimensões em que se quer analisar a estratégia; c) identificar variáveis que estejam relacionadas com essas dimensões de análise; d) tratar as variáveis da pesquisa, as quais são de natureza qualitativa, como variáveis quantitativas, o que pode ser feito através do método scoring. Esse método mostrou-se adequado para atender aos propósitos do estudo aqui apresentado por dois motivos principais. O primeiro deles é devido a existência de um procedimento 12 estruturado de análise, através do qual dimensões complexas da administração estratégica puderam ser avaliadas. Esse procedimento se baseia no desdobramento das cinco dimensões de análise em variáveis de pesquisa as quais, por sua vez, desdobram-se em um conjunto maior de indicadores; a natureza desses indicadores é menos complexa, o que os torna mais fáceis de serem objetivamente identificados. Os indicadores são, então, organizados em um questionário relativamente simples e de fácil aplicação, viabilizando a operacionalização da pesquisa. O outro motivo foi o fato do método tratar quantitativamente va riáveis qualitativas, permitindo o uso de técnicas quantitativas, o que facilitou sobremaneira a análise da grande quantidade de dados coletados. Neste trabalho foram usadas três delas, a saber, estratificação, cálculos de tendência central e cálculos do coeficiente de correlação de Pearson, além do cálculo dos cinco coeficientes para cada uma das empresas pesquisadas. Mas, dependendo das características do estudo, outras técnicas quantitativas (como inferência, regressão, análise de variância, entre outras) poderão ser utilizadas. Pelas suas características, o método proposto poderá ser útil em estudos que requeiram o levantamento e tratamento de grandes quantidades de dados; isso ocorre em estudos envolvendo vários sistemas organizacionais, sejam esses sistemas inter-organizacionais, como no presente trabalho ou, sistemas intra-organização, como, por exemplo, as diferentes unidades de uma corporação de grande porte. Além disso, por tratar as variáveis de pesquisa quantitativamente, o método também poderá ser útil em estudos que necessitem acompanhar o comportamento ao longo do tempo de fenômenos relacionados com a estratégia como, por exemplo, em situações de mudança organizacional. Neste trabalho adotou-se como referência a definição de estratégia proposta por Slack et al., de onde se derivaram três atributos principais para esse conceito; no entanto, nada impede que uma conceituação de estratégia diferente da aqui adotada, que seja mais conveniente a outros pesquisadores, seja utilizada. O mesmo pode ser dito sobre as cinco dimensões de análise utilizadas nesta pesquisa. As escalas de medida aqui adotadas, bem como os valores atribuídos a cada questão, também podem ser alterados, de acordo com a conveniência da pesquisa. É importante perceber que qualquer classificação derivada dessas escalas é arbitrária, fazendo sentido somente dentro do âmbito da pesquisa, a partir do sistema de referências pré-estabelecido pelo pesquisador. Vale frisar que a lógica subjacente ao método apresentado pode ser utilizada em outros contextos e situações. Isso já ocorreu em outra pesquisa por nós coordenada, na qual se avaliou aspectos relacionados com a gestão da reciclagem de resíduos industriais (vide Armelin: 2002). A pesquisa aqui relatada com o objetivo principal de demonstrar o potencial do método proposto, foi empreendida visando identificar algumas práticas administrativas de empresas situadas no município de Capivari (SP), tendo sido três as motivações para a sua realização: a relevância do tema, o interesse acadêmico-científico e a contribuição prática para as organizações envolvidas com o trabalho, como explicado a seguir. O tema do estudo – estratégias organizacionais e a inserção da questão ambiental – tem relevância socioeconômica e ambiental. Na perspectiva do desenvolvimento de conhecimentos na área de administração, além da apresentação do método para avaliação de estratégias organizacionais, este estudo contribuiu, mesmo que de forma modesta, para preencher a lacuna de informações sobre a inserção da variável ambiental na gestão de empresas no Brasil, lacuna essa revelada pela pesquisa bibliográfica aqui citada. E, este estudo se insere dentro da área de concentração do Núcleo de Pesquisas que o subsidiou, contribuindo para o seu enriquecimento e, portanto, capacitando-o para uma ação mais efetiva junto à comunidade circundante. Esta pesquisa foi praticamente um censo dos sete setores empresariais envolvidos, pois a mesma foi feita com mais de 80% das empresas existentes no município; os setores foram escolhidos pelo potencial que têm de agressão ao meio ambiente. 13 Em todos os grupos estratificados, tanto pelo setor de atuação como pelo número de funcionários da empresa, os menores valores obtidos foram para os três coeficientes relacionados com dimensões que demandam maiores aportes de recursos, a saber, os coeficientes C2, C3 e C5. A pesquisa revelou também que 93% das empresas amostradas possui enfoque estratégico, segundo a classificação aqui proposta. Outro comportamento identificado no grupo de empresas pesquisadas é a existência de evidência estatística de correlação linear positiva entre o faturamento bruto da empresa e quatro dos coeficientes (C2, C3, C4 e C5); essa mesma evidência se verifica entre o número de funcionários da empresa e os coeficientes C4 e C5. Não foram estudados as causas dessas correlações e, nem tampouco, dos outros comportamentos identificados neste trabalho. A pesquisa restringiu-se a um município específico e, a quantidade de empresas pesquisadas, principalmente quando estratificadas por setor de atuação, é pequena proporcionalmente ao universo de empresas existentes no país e, portanto, a extrapolação desses dados para qualquer setor empresarial fora do município carece de fundamentação. No entanto, como os resultados encontrados são coerentes com os relatos de Barros (2001), abstraindo-se a questão da localização regional – cuja influência não foi objeto de estudo, mas que pode afetar algumas das práticas administrativas pesquisadas, principalmente tendo em vista o fato de a questão ambiental ser fortemente dependente de políticas públicas (municipais, estaduais e federais) – essa pesquisa pode ter alguma representatividade no universo das empresas de pequeno porte. Mas, ainda assim, este estudo deve ser encarado como exploratório, não se propondo a responder de forma conclusiva às questões abordadas. É importante destacar também que a referência deste trabalho foi a percepção de cada empresa sobre si mesma, não tendo sido avaliado o mérito das respostas e, nem tampouco, as práticas efetivamente adotadas. A contribuição desta pesquisa foi fazer um levantamento inicial da situação nas empresas-alvo, subsidiando trabalhos investigativos posteriores para aprofundamento de questões de interesse. Este estudo foi, portanto, um primeiro passo para a compreensão dos fenômenos pesquisados. Notas 1 A opção pelo enunciado proposto por Slack et al., o qual foi extraído de uma obra cujo foco principal não é estratégia organizacional, se deveu também à sua elegância e concisão. Outras definições para estratégia poderiam ser adotadas, algumas delas com enfoque semelhante à esse encontrado em Slack et al., como por exemplo, a definição dada por Andrews para estratégia como sendo “o padrão de decisões em uma empresa que determina e revela seus objetivos, propósitos ou metas, produz as principais políticas e planos para a obtenção dessas metas e define a escala de negócios em que a empresa deve se envolver, o tipo de organização econômica e humana que pretende ser e a natureza da contribuição econômica e não-econômica que pretende proporcionar a seus acionistas, funcionários e comunidade” (Mintzberg e Quinn, 2001, p. 58). 2 A pontuação atribuída para as questões de escala com diferentes níveis (5-3-1 pontos) foi estabelecida por analogia à ponderação utilizada em matrizes de correlação onde não se deseja dar muita ênfase às diferenças entre os níveis de relação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANSOFF, Igor H., McDONELL, Edward J. Implantando a administração estratégica São Paulo: Atlas, 1993. ARANGO-ALZATE, Claudia T. Gestão e comportamento ambiental de empresas do setor químico. Dissertação de Mestrado – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2000. 14 ARMELIN, Marco A.. Gestão da reciclagem industrial: Mapeamento das indústrias do município de Capivari. Dissertação de Mestrado – Mestrado Nacional em Administração. Brasília: Campanha Nacional de Escolas da Comunidade, 2002. BARROS, Marco A. Estratégia nas empresas de internet: Lições da informalidade. Revista de Administração de Empresas. São Paulo: Fundação Getúlio Vargas. Out. /Dez. v.41, n.4, p.3243, 2001. DAY, George S., REIBSTEIN, David J. A dinâmica da estratégia competitiva. Rio de Janeiro: Campus, 1999. GIOVANETTI, Francisco C. Estratégia de negócio e a questão ambiental: Estudo com indústrias do município de Capivari. Dissertação de Mestrado – Mestrado Nacional em Administração. Brasília: Campanha Nacional de Escolas da Comunidade, 2002. HAYES, Bob E. Measuring customer satisfaction: Survey design, use, and statistical analysis methods. Milwaukee: ASQC Quality Press. MINTZBERG, Henry, AHLSTRAND, Bruce, LAMPEL, Joseph. Safári de estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2000. MINTZBERG, Henry, QUINN, James B. O Processo da estratégia. Porto Alegre: Bookman, 2001. MONTGOMERY, Cynthia A., PORTER, Michael E. Estratégia: A busca da vantagem competitiva. São Paulo: Campus, 1998. OHMAE, K. O estrategista em ação. São Paulo: Pioneira, 1985. PRAHALAD, C. K., HAMEL, Gary. The core competence of the corporation. Harvard Business Review. Mai./Jun., pp. 79-91, 1990. SLACK, Nigel, CHAMBERS, Stuart, HARLAND, Christine, HARRISON, Alan JOHNSTON, Robert. Administração da Produção. São Paulo: Atlas, 1997. TRIOLA, Mario F. Introdução à estatística. Rio de Janeiro: LTC, 1999. AGRADECIMENTOS À Faculdade Cenecista de Capivari pelo apoio financeiro e institucional dado através do seu Núcleo de Pesquisas. Aos Prof.Me. Francisco Giovanetti e Prof.Me.Marco Armelin, a quem tive o prazer de orientar, pela coleta dos dados aqui apresentados. À Rosana Haddad, pesquisadora e colega do Laboratório de Tecnologia de Gestão de Empresas do CenPRA, pela leitura crítica deste trabalho. APÊNDICE QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA DE CAMPO Questão 1) Escolha a opção que melhor reflete a situação na tua empresa Concordo Concordo Totalm. Parcialm. a. Trabalhamos com visão de longo prazo b. Conhecemos as ameaças e as oportunidades existentes no nosso mercado de atuação c. Conhecemos nossas forças e fraquezas d. Enxergamos a empresa como um todo integrado e. Trabalhamos sabendo que o resultado final da empresa depende de todos. f. Temos objetivos e metas bem definidos g. Cada funcionário sabe o que esperamos dele Discordo Parcialm. Discordo Totalm. Não Sei 15 h. Mantemos a coerência ao longo do tempo i. Temos forte preocupação com o meio ambiente j. A questão ambiental merece investimentos da nossa empresa k. Investimos efetivamente para preservar o meio ambiente l. Nossa estratégia de atuação considera a questão ambiental m. Acreditamos que o desempenho competitivo da empresa pode aumentar com a inserçào da questão ambiental Questão 2) Classifique o nível da sua empresa em relação aos itens abaixo Ótimo Bom Regular Inexiste Não Sei a. Monitorar a atuação dos concorrentes b. Pesquisar o nível de satisfação dos clientes c. Desenvolver produtos com base no que o cliente deseja d. Monitorar questões gerais ligadas ao meio-ambiente e. Acompanhar as tecnologias de interesse para o negócio f. Acompanhar aspectos da economia do país g. Definir uma estratégia de negócio h. Implantar a estratégia de negócio i. Elaborar plano do negócio j. Elaborar planejamento estratégico Questões 3) à 6) 3) A estratégia está formalmente definida em sua empresa? Sim Não * Indique os elementos que estão formalmente definidos: . missão . política de meio-ambiente . valores . visão . política da qualidade . metas anuais para a empresa . (outro) _______________ 4) Esses elementos são do conhecimento de que grupo de funcionários? . diretoria . gerências e supervisão . nível operacional 5) Quais são os meios utilizados para comunicar a estratégia? . reuniões . publicações internas . murais . (outro)__________________________ 6) Possui um plano estratégico de negócios formalmente definido? Sim 6.a) O plano estratégico é de conhecimento de que grupos de funcionários: . diretoria . gerências e supervisão . nível operacional Não Questões 7) à 15) 7) Quais são os meios utilizados para comunicar o plano de negócios? . reuniões . publicações internas . murais . (outro)__________________________ 8) Qual é a periodicidade de revisão deste plano? . até 3 meses . de 3 a 6 meses . de 6 a 12 meses 9) Possui metas e objetivos estratégicos formalmente definidos? Sim Não Cite exemplos: ______________________________________________________________ 10) Existem meios para garantir que cada setor e nível hierárquico da organização estejam cientes de quais são os seus objetivos e metas? Sim Não 16 Cite exemplos: ______________________________________________________________ 11) As diretrizes estratégicas consideram a questão ambiental? Sim Não Cite exemplos: ______________________________________________________________ 12) O plano estratégico de negócio prevê a questão ambiental? Sim Não Cite exemplos: ______________________________________________________________ 13) Existem pessoas que participam de eventos ligados à meio-ambiente? Sim Não Cite exemplos: ______________________________________________________________ 14) De que forma você acredita que a inserção ambiental poderia ajudar a sua empresa? . uma vantagem competitiva . melhorando a imagem da empresa . melhorando a qualidade . outras formas: 15) Quais os principais entraves à inserção da questão ambiental na sua empresa: . Verba . Visão da diretoria . Qualificação do funcionários . outros: