Moinho Grande Este moinho, localizado nos arredores de Beja, é propriedade de um particular e está na família há várias gerações. A sua construção deve remontar ao ano de 1872, no entanto, o atual monte data já da década de 30 do século passado, assim como o forno e anexos à habitação. Dado o seu interesse patrimonial, este Moinho foi alvo de um projeto de recuperação e reativação, com vista à dinamização do espaço, (re)valorização paisagística dos arredores da cidade e demonstração de uma atividade tradicional intimamente ligada à base económica da região, a produção cerealífera de trigo. BREVE HISTORIAL Consta que a construção do Moinho Grande nasceu de uma contrariedade. O primeiro proprietário terá sido Francisco Frazão Crujo que decidiu construí-lo por teima — tendo-lhe sido negada a venda do Moinho do Meio (um dos dois moinhos do atual conjunto adjacente), prometeu que haveria de fazer um outro maior. A sua construção deve remontar ao ano de 1872. Mais tarde, foi adquirido por outro proprietário, conhecido como José Maria Padeiro, que viria a aforá-lo, e depois a vendê-lo, a Francisco Gertrudes, bisavô do atual proprietário. Este terá ainda testemunhado a construção do Moinho Grande, quando, tendo saído de Beringel, terra onde vivia, foi às “sortes” a Beja. No caminho para a cidade, terá observado os trabalhos de construção do Moinho Grande. O que lhe terá passado pela ideia, nunca chegaremos a sabê-lo, mas talvez logo ali Francisco Gertrudes tivesse pensado em possuir aquele moinho novo. De facto, alguns anos mais tarde, viria a adquiri-lo e a trabalhar nele. O abrigo do moleiro era um casebre baixo encostado ao socalco do lado norte, onde hoje se encontra a casa da amassaria. O atual monte data já da década de 30 do século passado, assim como o forno e anexos à habitação. O casebre que inicialmente servia como habitação veio a ser utilizado para abrigo de ovelhas, galinhas e coelhos, tanto quanto o atual proprietário guarda memória, desde a sua infância. O monte sofreu também alterações ao longo dos anos. No início, toda a largura do lado poente era utilizada como cavalariça e palheiro, numa divisão única. Essa divisão veio a ser ainda utilizada como armazém de utensílios de amassaria. Já em meados dos anos 70, foi construída no “casão” uma parede que passou a dividi-lo em cozinha e casa de arrumos. Havia dois carros de besta, um para transporte de trigo e farinha e outro com uma pipa para abastecimento de água a toda a atividade e consumo de pessoas e animais. Em 1954 foi instalado um motor auxiliar, para mover um casal de mós, ao abrigo de uma Lei que permitia essa instalação. Este melhoramento intensificou a atividade com a fabricação de farinha de uma forma mais regular e garantiu um fornecimento mais eficaz e atempado. Por essa altura foi aberto o poço que veio facilitar a utilização de água. Logo a seguir foi instalado um telefone na casa e adquiriu-se uma “forguneta”, que veio substituir a besta e a carroça, contribuindo para o fornecimento mais rápido dos fregueses. Podemos considerar este período desde 1950 até ao início da década de 70 como o de maior expansão da atividade, após o que, por razões de vária ordem, começou o seu declínio.