AS SOLUÇÕES
ANESTÉSICAS LOCAIS PARA
ODONTOLOGIA
Abril de 2009
FOUFMG
Prof. Luiz César Fonseca Alves
Bases Anestésicas
Lidocaína: Löfgren, 1943
Prilocaína: Löfgren, 1953
Mepivacaína: Ekenstam, 1957
Bupivacaína: Ekenstam, 1957
Articaína: Rusching, 1969
Tipos de Vasoconstritores
I - Catecolaminas
Adrenalina, Noradrenalina, Levonordefrina
II - Fenólicos
Fenilefrina
III - Derivados do ADH
Felipressina
O USO DE VASOCONSTRITORES
Basicamente, reduzem o fluxo sanguíneo, na área em torno
das fibras nervosas, onde as soluções anestésicas são
injetadas
Retardam a absorção
Aumentam a duração
Diminuem toxicidade
Produzem hemostasia
Diminuem perda de sangue
Melhoram o campo operatório
Reduzem a dose
O USO DE VASOCONSTRITORES
“Um
anestésico sem vasoconstritor produz anestesia de menor duração
que a mesma droga com vasoconstritor.
Há menor possibilidade de se obter controle profundo da dor e observase uma resposta de estresse exagerada se o paciente apresentar reação
dolorosa durante o tratamento.”
Malamed, 2005
O USO DE VASOCONSTRITORES
Níveis Sanguíneos de Catecolaminas
Adrenalina
(µg/min)
Secreção da medula
Supra-renal em repouso
Estresse
Anestesia local (adrenalina
a 1:50.000 em 1,8 ml)
7
280
<1
Noradrenalina
(µg/min)
1,5
56
--Malamed, 2005
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Adrenalina
 É um sal ácido muito solúvel em água.
 É o mais potente vasoconstritor e de
uso mais difundido em Odontologia.
 Encontrado em associações com
diversas bases, em concentrações de
1: 50.000, 1:100.000 e 1:200.000 ( no
Brasil).
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Adrenalina
 É potente dilatador da musculatura
lisa bronquiolar.
 Provoca aumento da glicemia e da
lipólise por ação hepática, em doses
altas
 Aumenta o consumo de oxigênio nos
tecidos de injeção.
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Adrenalina
 Recente estudo realizado pela Agency
For Healthcare Research and quality
(AHRQ) mostrou que indivíduos
hipertensos que se submeteram a
extrações dentárias sob efeito de
anestésicos locais com adrenalina
apresentaram pequenos aumentos da
pressão sistólica e freqüência
cardíaca.
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Adrenalina
 tais aumentos, comparados a
pacientes normotensos do mesmo
estudo, também estão relacionados à
tensão natural de se submeter ao
atendimento odontológico.
 Não foram relatados efeitos
adversos ou complicações sistêmicas em
nenhum dos pacientes do estudo.
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Adrenalina
 As doses máximas recomendadas para
pacientes normais saudáveis são de 0,2
mg por consulta, ou:
6,0 tubetes com Ad 1:50.000
12 tubetes com Ad 1:100.000
22 tubetes com Ad 1:200.000
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Adrenalina
Limitações ao uso
 Não existem, à luz da ciência
moderna, contra indicações ao uso
da adrenalina, nas dosagens
odontológicas. Apenas, adequação
das doses.
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Noradrenalina
 Conhecida também como Levophed ou
Levoarterenol, também é um sal ácido
solúvel em água.
 Tem ¼ da potência da adrenalina, mas
sua vasoconstrição é mais duradoura.
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Noradrenalina
 Aumenta pressão sistólica e
diastólica por estimulação extrema dos
receptores α , o que provoca
vasoconstrição periférica com
concomitante aumento da resistência
vascular periférica.
 A vasoconstrição intensa e
duradoura pode levar à necrose de
regiões como o palato duro.
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Noradrenalina
 Os efeitos da superdosagem são potencialmente mais perigosos
para o sistema cardiovascular, do que os da Adrenalina, pela
elevação acentuada da P.A., aumentando, inclusive, o risco de
disritmas cardíacas em pacientes susceptíveis.
Mesmo em pacientes normais há risco de taquicardia.
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Noradrenalina
 Recomendações recentes da
International Federation of Dental
Anesthesiology Societies (IFDAS), sugerem
que a noradrenalina seja eliminada como
vasoconstritor nos anestésicos locais
odontológicos.
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Levonordefrina
 É uma amina simpaticomimética
sintética. Não é muito utilizada. Parecese em tudo com a adrenalina, mas é
menos intensa, tanto nos efeitos
desejáveis, quanto nos indesejáveis.
 Sua dose máxima sugerida é de 20 ml em
soluções de 1: 20.000 para pacientes
normais saudáveis. Para cardiopatas,
10ml .
O USO DE VASOCONSTRITORES
Fenilefrina
 Possui apenas 5% da eficiência da adrenalina
Considera-se que seja 20 vezes menos potente
que a adrenalina, por isso sua concentração é
de 1:2500 (equivalente à adrenalina 1:50.000).
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Felipressina
 É um polipeptídeo análogo sintético da vasopressina. Também
chamado Octapressin.
Sua dosagem é medida em UI. A dose ótima de 0,03 UI/1,8ml
 Sua ação parece ser maior sobre a microcirculação venosa (por
isso sua hemostasia não é boa).
O USO DE VASOCONSTRITORES
A Felipressina
 É totalmente contra-indicada em gestantes, por apresentar
ações ocitócicas que interferem no tônus uterino.
 Também não é boa para procedimentos demorados. o seu efeito é
o menor de todos os vasoconstritores.
Não tem efeito direto sobre o miocárdio.
BASES ANESTÉSICAS
Classificação
 Ésteres
(Procaína, Propoxicaína e Benzocaína); não são
mais usados clínicamente
 Amidas
(Lidocaína, Prilocaína, Mepivacaína, Bupivacaína e
Malamed, 2005
Articaína).
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Lidocaína
 Metabolismo hepático
 excreção renal (10% inalterada)
 Início da ação: rápido ( 2 a 3 minutos)
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Lidocaína
 Concentração eficaz: 2%
 Usado como anestésico tópico em concentrações de 5%
 Segura durante gravidez e amamentação
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Lidocaína
 É muito vasodilatadora. Não há justificativa atual para
seu uso sem vasoconstritor associado.
 Embora haja associações com adrenalina 1:50.000 (para
hemostasia), a escolha deve ser a 1:100.000

O uso de concentrações de 3%não é clinicamente mais
eficaz e aumenta o risco de toxicidade.
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Lidocaína
 Uso restrito em hepatopatias graves, nefropatias graves,
cardiopatas ASA III e IV e alérgicos aos bissulfitos.
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Lidocaína
Duração do efeito (em minutos)
Pulpar
sem VC
Adrenalina
1: 100.000
10 a 20
60
Tecidos moles
60 a 120
180 a 300
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Lidocaína
Associações comerciais
Xilestesin a 2% com Norepinefrina a 1: 25.000
Xilocaína a 2% sem vasocontritor
Lidostesin a 2% com Norepinefrina a 1:50.000
RUINS
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Lidocaína
Associações comerciais
Lidostesin a 3% com Noradrenalina 1: 50.000
Lidocaína Harvey a 3% com Norepinefrina a 1: 50.000
Desaconselháveis
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Lidocaína
Associações comerciais
 Novocol: a 2% com fenilefrina a 1:2.500
Idêntico à Biocaína
 Alphacaine: a 2% com Adrenalina 1:100.000
BONS
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Mepivacaína
 Sintetizada em 1957, é semelhante à lidocaína em tudo, pois
dela é derivada.
 O anel piridínico da sua molécula, a transforma na base
menos vasodilatadora, por isso alguns autores sugerem sua
utilização sem vasoconstritor o que é totalmente contra
indicado, pois eleva o risco de toxicidade.
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Mepivacaína
 Concentração eficaz: 2% com vasoconstritor.
 Não é bem indicada em grávidas e crianças abaixo de 5 anos,
devido ao seu metabolismo complexo.
 Quando se usa em associação com adrenalina a 1:100.000,
seu efeito hemostático transcirúrgico é melhor que a
Malamed, 2005
associação de lidocaína + adrenalina 1:100.000.
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Mepivacaína
Duração do efeito (em minutos)
Pulpar
Sem VC
Levonordefrin
1: 20.000
Adrenalina
1: 100.000
15 a 30
60
60
Tecidos moles
120 a 180
180 a 300
120 a 300
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Mepivacaína
Associações comerciais
Scandicaína a 2% com Norepinefrina a 1:100.000
Mepivacaína a 2% com Norepinefrina a 1: 50.000
Mepinor a 2% com Norepinefrina a 1: 100.000
RUINS
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Mepivacaína
Associações comerciais
Scandicaína a 3% sem vasoconstritor
Carbocaína a 3% sem vasoconstritor
Mepisv a 3% sem vasoconstritor
Desaconselháveis
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Mepivacaína
Associações comerciais
Scandicaína a 2% special com adrenalina a 1:100.000
Mepiadre a 2% com adrenalina 1: 100.000
Mepi – Levo a 2% com Levonordefrin a 1: 20.000
BONS
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Prilocaína
 Sintetizada em 1953.
 É metabolizada mais eficientemente pelo organismo; apresenta
menor toxicidade absoluta do que a lidocaína.
 Parte de sua degradação já ocorre no local em que foi
injetada e em vários outros tecidos do corpo.
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Prilocaína
 Potência: 1
 Toxicidade: 0,6
 Metabolismo hepático e local
 Excreção renal (100% fragmentada)
 Início de ação: 2 a 4 minutos.
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Prilocaína
 Concentração eficaz: 3 ou 4%
 Contra – indicada para cirurgias extensas, por seu
metabolismo ser mais veloz, o que diminui rapidamente
seu efeito, além de o vasoconstritor associado não ser
considerado potente
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Prilocaína
 Um de seus metabólitos é a orto - toluidina, capaz de provocar meta -hemoglobulinemia.
Por isso, também é contra -- indicada para gestantes (pode ser letal
para o feto) e portadores de hemoglobulinopatias, tais como anemias.
 A própria associação com a felipressina contra -- indica seus
preparados comerciais para uso em gestantes, pois esse
vasoconstritor pode induzir a contrações uterinas.
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Prilocaína
Duração do efeito (em minutos)
Pulpar
Tecidos moles
sem VC
10 a 15
90 a 120
Felipressina
0, 03 UI
40 a 50
160 a 240
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Prilocaína
Associações comerciais
Biopressin a 3% com felipressina a 0,03UI
Citanest a 3% com felipressina a 0,03 UI
Citocaína a 3% com felipressina a 0,03 UI
Prilonest a 3% com felipressina a 0,03 UI
BONS
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Bupivacaína
 Sintetizada em 1957
 Apresenta 5 X mais potência e 4 X mais toxicidade
absoluta do que a lidocaína, mas tem toxicidade relativa
menor, pois é usada em menores concentrações.
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Bupivacaína
 Potência: 5
 Toxicidade relativa: 0,25
 Metabolismo: hepático
 Excreção: renal (16% inalterada)
 Início de ação: 6 a 10 minutos.
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Bupivacaína
 Concentração eficaz: 0,5%
 Contra – indicada para crianças abaixo de 12 anos, gestantes e
idosos acima de 65 anos, hepatopatas e nefropatas pois o
metabolismo é complexo e a ação é prolongada.
 Bem indicada para procedimentos invasivos e emergências.
Proporciona excelente hemostasia trans – cirúrgica (associação
com adrenalina), tranqüilidade trans --- operatória e analgesia pós –
operatória.
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Bupivacaína
 Há um protocolo desenvolvido por Hargreaves, em 2002,
para o controle da dor pós – operatória:
Uso de uma dose de AINE antes do procedimento, seguido
de aplicação do anestésico de escolha para o caso.
Depois, administração de Bupivacaína imediatamente
ANTES da alta do paciente.
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Bupivacaína
Duração do efeito (em minutos)
Pulpar
Adrenalina
1: 200.000
90 a 300
Tecidos moles
240 a 540
(relatos de até 720)
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Bupivacaína
Associações comerciais
Neocaína a 0,5% com Adrenalina a 1: 200.000
Marcaína a 0,5% com adrenalina a 1: 200.000
Cirucaína a 0,5% com adrenalina a 1:200.000
BONS
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Articaína
 Sintetizada em 1967
 É a única base que tem um anel tiopental ou tiofênico. Isso
aumenta seu grau de difusão tecidual. Aventa-se, inclusive,
possibilidade de extrações no arco superior apenas por
injeção vestibular.
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Articaína
 Potência: 1,5
 Toxicidade: 0,6
 Metabolismo hepático
 Excreção renal (10% inalterada)
 Início de ação: 1 a 2 minutos
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Articaína
 Concentração eficaz: 4%
 Contra – indicada em gravidez, anemia (potencial
metahemoglobulinemia) e em alérgicos a medicamentos que
contêm enxofre
(Sulfa, por exemplo) devido ao anel tiopental.
Malamed, 2005
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Articaína
Duração do efeito (em minutos)
Pulpar
Adrenalina
1: 100.000
60 a 75
Tecidos moles
180 a 360
BASES ANESTÉSICAS
Amidas - Articaína
Associações comerciais
Septanest a 4% com Adrenalina a 1: 100.000 ou a 1: 200.000
Articaine a 4% com adrenalina a 1: 100.000 ou a 1: 200.000
BONS
DOSAGEM MÁXIMA DOS ANESTÉSICOS LOCAIS
DROGA
D.OSE MAX.IMA
TUBETES
LIDOCAÍNA. 2% +
ADRENALINA ( I/100 MIL )
4,4Mg/Kg
7,5
MEPIVACAÍNA. 2% +
LEVART.(1/30 MIL)
4,4Mg/Kg
7,5
PRILOCAÍNA. 3% +
6Mg/Kg
6,5
1,3Mg/Kg
8,5
7Mg/Kg
5,5
FELIPRESSINA (0,03 UI)
BUPIVACAÍNA. 0,5%
ADRENALINA,(1/100 MIL)
ARTICAINA, 4 % +
ADRENALINA ( 1/200 MIL )
BASES ANESTÉSICAS
Os Riscos da dose excessiva
SNC: ansiedade, agitação, respiração profunda,
tremores, convulsões, respiração desordenada,
SNC superestimulado e, finalmente, deprimido.
SCV: diminuição da eficiência do músculo cardíaco,
diminuição do débito cardíaco, vasodilatação,
palidez e queda da pressão arterial.
BASES ANESTÉSICAS
Controle da toxicidade
 A prevenção da toxicidade está intimamente relacionada:





* ao uso de seringa aspiratória;
* ao uso de vasoconstritores sempre que for possível;
* respeitar as dosagens das bases ;
* respeitar as dosagens dos vasoconstritores;
* respeitar condições sistêmicas.
Bibliografia

Niwa et al, Osaka University, Japão, 2001, Oral surgery, oral medicine, oral pathology

Boutox Gary F. and Punnia-Moorthy Arumugan, Bupivacaine versus Lidocaine for Third Molar
Surgery: a double-blind Randomized, Crossover study, Atlanta, 1999, J Oral Maxillofacial
Surgery

III Congresso Brasileiro de Hipertensão Artetial, Brasil, Novembro de1998, Revista
Brasileira de Clinica e Terapia

Malamed S. F., Manual de anestesia local, 2000

Scully C. and Cawson R. A., Medical Problems in Dentistry, London, 2000
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