PORTO
GALERIA MUNICIPAL
ALMEIDA GARRETT
10 SET. / 09 OUT.
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
11/14 SET.
VILA NOVA DE FOZ CÔA
AUDITÓRIO MUNICIPAL
MUSEU DO COA
PRAÇA DO MUNICÍPIO
11/14 OUT.
SALA DE EXPOSIÇÕES BIBLIOTECA MUNICIPAL
10 SET. / 09 OUT.
VILA NOVA DE FOZ CÔA
9:30
QUI. 11 SETEMBRO
AUDITÓRIO MUNICIPAL
SEX. 12 SETEMBRO
AUDITÓRIO MUNICIPAL
Sessões infantis
Sessões infantis
MARY POPPINS
de Robert Stevenson
Estados Unidos, 1964
140 min. | suporte digital
19:00
21:30
22:00
DOM. 14 SETEMBRO
AUDITÓRIO MUNICIPAL
CARTA BRANCA leonor pinhão
CARTA BRANCA leonor pinhão
O FANTASMA APAIXONADO
O MENSAGEIRO DO CÉU
ANIKI BOBÓ
de Manuel de Oliveira
Portugal, 1942
68 min. | cópia: 35 mm
FOCO JOSÉ ÁLVARO MORAIS
MA FEMME CHAMAda BICHO
17:00
SÁB. 13 SETEMBRO
AUDITÓRIO MUNICIPAL
de José Álvaro Morais
Portugal, 1976
79 min. | cópia: 16 mm
The Ghost and Mrs. Muir
de Joseph Mankiewicz
Estados Unidos, 1947
104 min. | suporte digital
CERIMÓNIA
DE ABERTURA
FOCO JOSÉ ÁLVARO MORAIS
FOCO JOSÉ ÁLVARO MORAIS
JOÃO BOTELHO
QUARESMA
de José Álvaro Morais
Portugal, 2003
95 min. | cópia: 35 mm
ZÉFIRO
FILME SURPRESA
dedicado à População de Foz Côa
A ARTE DA LUZ TEM
20.000 ANOS
de José Álvaro Morais
Portugal, 1994
52 min.| cópia: 35 mm
FOCO JOSÉ ÁLVARO MORAIS
PIER PAOLO PASOLINI
O BOBO
PEIXE-LUA
O EVANGELHO
SEGUNDO MATEUS
de José Álvaro Morais
Portugal, 1987
123 min. | cópia: 35 mm
de José Álvaro Morais
Portugal/França/Espanha, 2000
123 min. | cópia: 35 mm
The Bishop’s Wife
de Henry Koster
Estados Unidos, 1947
110 min | cópia: 35 mm
de João Botelho
Portugal, 2014
55 min. | suporte digital | ESTREIA
FOCO JOSÉ ÁLVARO MORAIS
Il Vangelo Secondo Matteo
de Pier Paolo Pasolini
Itália/França, 1964 | 140 min. | cópia: 35 mm
VILa nova de foz côa
Coordenação - Câmara
Municipal de V.N. DE Foz Côa
PRESIDENTE - gustavo duarte
VEREADORA - ANDREIA ALMEIDA
Coordenação – FUNDAÇÃO CÔA
PARQUE/ Museu do Côa
PRESIDENTE - FERNANDO REAL
DIRETOR - Antonio Martinho
Batista
COORDENAÇÃO - DALILA CORREIA
Direção Técnica - PEDRO DANIEL
MUNDIAL
SESSÃO DE ENCERRAMENTO
FILME-CONCERTO
BURMESTER. PASOLINI. BACH.
POR PEDRO BURMESTER / PIANO
Colaboradores cm
Sofia Ribeiro
Paula Lourenço
SEX. 12 SETEMBRO
PRAÇA DO MUNICIPIO
SÁB. 13 SETEMBRO
PRAÇA DO MUNICIPIO
PORTO
COORDENAÇÃO - Pelouro da
Cultura da Câmara Municipal
CINEMA E FUTEBOL
CINEMA E FUTEBOL
CINEMA E FUTEBOL
EUSÉBIO,
A PANTERA NEGRA
ZIDANE,
UM RETRATO DO SÉCULO XXI
O MEU AMIGO ERIC
de Juan de Orduña e J. L Pérez
Portugal/Espanha, 1974
85 min. | suporte digital
Zidane, un Portrait du 21e Siècle
de D. Gordon e P. Parreno
França, 2006
90 min. | suporte digital
VEREADOR - PAULO CUNHA E SILVA
ADJUNTO - Guilherme Blanc
DIRETORA MUNICIPAL - Olga Maia
DIRETORA DE DEPARTAMENTO Sofia Alves
CHEFE DE DIVISÃO - Maria João
Sampaio
15:00
sessão apresentada por
António Simões, José Augusto e Nuno Gomes
Produção - Filipa Correia
sessão apresentada por
António Simões, José Augusto e Nuno Gomes
SÁB. 13 SETEMBRO
MUSEU DO CÔA
DOM. 14 SETEMBRO
MUSEU DO CÔA
VIDEOMAPPINGS
DURANTE O FIM
A RAIA VISTA POR…
de Till Roeskens
2009, 46 min
suporte digital
de Hélène Robert e Jeremy Perrin
França, Portugal, 2013 | 72 min.
suporte digital
17 :00
Looking for Eric
de Ken Loach
Grã-Bretanha, 2009
116 minutos | suporte digital
SEX. 12 SETEMBRO
MUSEU DO CÔA
A PRAGA
de João Trabulo
Portugal 2003 | 68 min.
suporte digital
de Pedro Sena Nunes, João Trabulo, Isabel de Ocampo
e Gabriel Velázquez / Chema de la Peña
Portugal/ Espanha, 2011.| 65min. | suporte digital
CHRISTOPHE BISSON
2 FILMES
França 2013/14 | 41+20 min.
suporte digital
Com legendas electrónicas
PAISAGEM
de João Trabulo
Portugal 2009 | 23 min.
suporte digital
PORTO - teatro municipal Rivoli e Galeria Municipal Almeida Garrett
Montagem
Isidro Caldeira
Joaquim Aguiar
Joaquim Tavares
Maria dos Anjos Cerdeira
Octávio Vieira
Paulo Coelho
Paulo Vieira
APDARC/ CINECOA
Diretor Artístico - João
Trabulo
Curadoria - Antonio
Rodrigues
PRODUÇÃO
SÓNIA QUEIRÓS
MARIANA OLIVEIRA
PEDRO FERNANDES
Consultores Internacionais
Francoise Lebrun
Jacques Fieshi
ANDRÉ SARAIVA
LEGENDAGEM – PAULO MONTES
QUA. 10 SETEMBRO
Design - Nuno Rodrigues
BIBLIOTECA MUNICIPAL ALMEIDA GARRETT
Produção APDARC/ CINECOA/
PERIFERIA
Inauguração da
exposição
AS CINZAS DE PASOLINI
Impressão
FUNCHALENSE - EMPRESA
GRÁFICA
O QUE SÃO AS NUVENS?
Organização
APDARC/ CÂMARA MUNICIPAL DE
VILA NOVA DE FOZ CÔA
de Pier Paolo Pasolini
Itália 1968 | 22 min.
21:30
Motoristas
Alexandre Carvalho
Líbano Ferreira
José Pinto
Marco Ferreira
QUI. 11 SETEMBRO
PRAÇA DO MUNICIPIO
sessão apresentada por
António Simões, José Augusto e Nuno Gomes
18:00
Projecionistas e assistentes
de palco
Alberto Marafão
Joel Hipolito
Filipe Leonardo
A TERRA VISTA DA LUA
de Pier Paolo Pasolini
Itália/França 1967 | 30 min.
O REQUEIJÃO
de Pier Paolo Pasolini
Itália 1963 | 35 min.
QUI. 11 SETEMBRO
SEX. 12 SETEMBRO
SÁB. 13 SETEMBRO
DOM. 14 SETEMBRO
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
COMÍCIOS DE AMOR
ÉDIPO REI
AS MIL E UMA NOITES
de Pier Paolo Pasolini
Itália 1964 | 90 min.
de Pier Paolo Pasolini
Itália 1967 | 102 min.
de Pier Paolo Pasolini
Itália / França 1974 | 130 min.
PASSARINHOS
E PASSARÕES
TEOREMA
MAMMA ROMA
de Pier Paolo Pasolini
Itália 1968 | 98 min.
de Pier Paolo Pasolini
Itália 1962 | 110 min.
15:30
19:00
21:30
ACCATTONE
de Pier Paolo Pasolini
Itália 1961 | 120 min.
de Pier Paolo Pasolini
Itália 1966 | 88 min.
O EVANGELHO
SEGUNDO MATEUS
SALÒ OU OS 120 DIAS
DE SODOMA
de Pier Paolo Pasolini
Itália/França 1964 | 140 min.
de Pier Paolo Pasolini
Itália/França 1975 | 117 min.
Editorial3
As Cinzas de Pasolini
4
Exposições5
Programa Ciclo Pasolini 6
“Porque estamos
todos em perigo”
8
José Álvaro Morais
10
Cinema e Futebol
12
Sessões Museu do Coa
13
Sessões Infantis
14
Carta Branca
14
Estreia Mundial
15
Filme concerto
15
Edição APDARC . Publicação gratuita
Número 3 . setembro 2014
Tiragem 10.000 exemplares
EDITORIAL
3
A 4ª edição do CINECOA tem lugar entre 10 e 14 de setembro. Porto e Vila Nova
de Foz Côa acolhem a programação oficial do festival para 2014.
Há muito que tínhamos o desejo de envolver a cidade do Porto e a sua
população nas propostas editoriais do CINECOA. Finalmente vemos concretizado
esse desejo, com um conjunto de iniciativas centradas na figura de Pier Paolo
Pasolini (As Cinzas de Pasolini) a acontecer no Rivoli - Teatro Municipal e na
Biblioteca Municipal Almeida Garrett. Filmes, exposições, debates, com a
presença de algumas personalidades nacionais e estrangeiras, constituem o
núcleo forte da programação do festival deste ano.
Realçamos a parceria criada entre o CINECOA e o Pelouro da Cultura da
Câmara Municipal do Porto que tornaram este proposta exequível e que
constituem um exemplo claro de colaboração institucional e de política cultural
num dos municípios que ao longo da sua história maior relevância teve na área
de produção e criação artísticas. É nossa intenção dar continuidade e reforçar
esta parceria no futuro, abrindo caminhos e possibilidades para eventos com
grande repercussão internacional.
Para a inauguração de AS CINZAS DE PASOLINI, escolhemos não uma
longa-metragem, porém três curtas-metragens em que se afirma da
maneira mais brilhante aquilo que à época em que estes filmes foram
feitos, os anos sessenta, se denominava o cinema de poesia. Um cinema que não se limita a “contar histórias”, seguindo a estrutura narrativa
de um romance ou conto, mas que engendra filmes que seguem uma
lógica narrativa, oblíqua, indireta, próxima da fábula ou do conto poético. Os três filmes que compõem esta sessão estão entre os pontos
altos da obra de Pasolini.
Pág 06
Em certa medida, o sucesso das três primeiras edições do CINECOA
foi surpreendente, com uma adesão fantástica da população de Vila Nova
de Foz Côa e a procura por parte de um público alargado oriundo de zonas
urbanas do litoral. Ficou provado que não existe incompatibilidade em mostrar
filmes de autor, exigentes e intensos num território sem grandes tradições
cinematográficas e que estes não são só exclusivos dos grandes centros
urbanos.
A linha editorial do festival foca o seu ponto de interesse em cineastas do
presente e cineastas do passado, a partir dos quais se convocam filmes de
todas as épocas e géneros. Nesta ótica, o CINECOA de 2014 organiza um Focus
especial dedicado a José Álvaro Morais, com a exibição integral da sua obra;
As cartas brancas continuam a ser uma das opções do festival, oferecidas
geralmente a realizadores, produtores e personalidades com distinção e
impacto nacional e internacional. Para esta 4ª edição do festival oferecemos a
Carta Branca à jornalista Leonor Pinhão.
O Focus desta 4ª edição é dedicado ao cineasta português José Álvaro
Morais com a exibição integral da sua obra.
Como observou João Bénard da Costa, ele “ficou marginal dentro do
próprio cinema português. Insular, José Álvaro Morais foi, insular ficará.
Nesta homenagem que o Cinecoa lhe presta, poderemos (re)descobrir
as ilhas do seu cinema.
Pág 10
E uma vez que este foi um ano de mundial de futebol no Brasil, contemplamos
um mini ciclo sobre cinema e futebol em jeito de homenagem ao Rei Eusébio
desaparecido recentemente, com a presença de amigos e familiares seus.
Em complemento a esta homenagem, o Sport Lisboa e Benfica associa-se ao
CINECOA, com um conjunto de objectos e narrativas pertencentes a Eusébio
em parceria com o Museu Benfica - Cosme Damião.
João Trabulo
Diretor Artístico
Tempo de Pasolini
Pier Paolo Pasolini foi muito mais do que um grande cineasta. Foi um artista total
pela forma como se relacionou com as diferentes artes, desafiou convenções
formais e morais e interpretou a relação da imagem em movimento com o
pensamento e a produção intelectual.
O CINECOA em parceria com o Teatro Municipal da Guarda, presta
homenagem ao cineasta Pier Paolo Pasolini através de dois filmesconcerto do pianista Pedro Burmester, que interpreta peças de
Johann-Sebastian Bach com imagens dos filmes de Pasolini.
Pág 15
A abertura desta nova temporada, vincadamente marcada por dois grandes
acontecimentos – a Feira do Livro do Porto e o arranque do Rivoli – não
poderia ficar indiferente à proposta de colaboração com o Cinecoa com vista à
imersão da cidade na obra do realizador e escritor italiano. Durante as próximas
semanas a cidade poderá descobrir, ou redescobrir, a obra de Pasolini e
também compreender a relação de diferentes artistas, escritores e encenadores
portugueses com o seu legado artístico e teórico.
Querendo atribuir ao cinema um novo papel no âmbito da atividade do Teatro
Municipal e estando a Feira do Livro enquadrada pelos temas liberdade e futuro
(escolhidos para a edição deste ano) a presença de Pasolini tornou-se uma
inevitabilidade.
Através do cinema e da literatura, mas também da fotografia e das artes
performativas (com a estreia nacional de Teorema, de John Romão, no âmbito
d´O Rivoli já Dança!) a sua obra acaba, em boa verdade, por inundar os principais
eixos programáticos da nova temporada. Em tempos de mudança, quisemos
um tempo para Pasolini.
Paulo Cunha e Silva
Vereador da Cultura da Câmara Municipal do Porto
O Cinecoa em Parceria com a Câmara Municipal de Foz Côa e o Museu
Benfica - Cosme Damião presta homenagem ao rei Eusébio
com uma exposição evocativa do seu talento e génio futebolístico. Pela
primeira vez e depois do seu desaparecimento, a figura de Eusébio
é aqui mostrada na grande tela com a exibição do filme Eusébio A Pantera Negra. Familiares e colegas de equipa de Eusébio marcarão
presença no festival para nos revelar ainda melhor quem foi o homem
e o futebolista.
Pág 15
4
“Trinta e nove anos depois
da sua morte a sua figura e
as suas ideias permanecem
surpreendentemente atuais.
Ver os seus filmes e ler os
seus textos dos anos 60 e
70 ajudam-nos certamente a
melhor perceber o mundo em
que vivemos, aqui e agora.”
Pier Paolo Pasolini
As cinzas de Pasolini
Pier Paolo Pasolini (1922-1975) é uma das figuras mais importantes da paisagem intelectual e artística da Itália
no século XX, pois além da sua obra de cineasta é autor de uma vasta e importante obra literária, que aborda
o romance, a poesia (em italiano e em dialecto do Friul), o ensaio, o teatro. Também foi um brilhante polemista
e uma figura pública. Nascido em Bolonha, onde a sua família voltaria a viver em 1936 e onde ele faria os seus
estudos universitários durante a Segunda Guerra Mundial, Pasolini passou a infância em várias localidades, ao
sabor dos postos para os quais era nomeado o seu pai, um militar. Mas ele sempre considerou a região do Friul,
de onde era originária a sua mãe, como a sua “terra”. Publicou o seu primeiro livro aos 20 anos, poemas em
dialecto friulano. Expulso do Partido Comunista e da aldeia onde era professor em 1950, por uma questão de
costumes, Pasolini instala-se em Roma com a mãe, onde conhece alguns anos de negra pobreza, mas onde
descobre o subprotelariado da capital italiana, que passará a ocupar um lugar central na sua mitologia pessoal.
A sua situação começa a mudar em 1953, quando ele publica num jornal, um capítulo do seu ainda inacabado
romance Ragazzi di Vita (Vadios, na tradução portuguesa de 1966). O editor Livio Garzanti propõe a Pasolini
pagar-lhe o dobro do salário que recebia como professor para que abandone o ensino e acabe o livro. Ao ser
lançado em 1955, este é um êxito literário e um escândalo. O livro é retirado da venda, Pasolini e o editor levados
a tribunal por “publicação obscena”. Este foi o primeiro dos inúmeros processos movidos a Pasolini, alguns dos
quais pelos motivos mais fúteis ou absurdos. Em todos, ele acabou por ser absolvido.
A partir de meados dos anos 50, Pasolini começa a colaborar em argumentos para o cinema (Noites de
Cabíria, de Fellini; Jovens Maridos e La Notte Brava, de Bolognini) e continua a publicar livros importantes,
como Le Cenere di Gramsci (poesia) e Una Vita Violenta (romance). Em 1961, faz a sua estreia de realizador
com Accattone. Bernardo Bertolucci, que o conheceu em adolescente e foi seu assistente neste filme de estreia,
escreveu num texto de 2001: “As suas metamorfoses não conheceram uma pausa. Do cinema, ele conseguiu
viver tudo. Passou da frontalidade sacra do seu estilo inicial ao maneirismo dilacerado e dotado de linguagem
própria, às visões atrozes e sublimes de «Salò». Mas isto só foi possível porque ele era muito mais do que um
realizador”.
Pier Paolo Pasolini é e sempre foi muito mais do que um cineasta: verdadeiro intelectual, era uma homem
que refletia sobre aquilo que o cercava. E como também era um verdadeiro artista, tinha uma imaginação e uma
liberdade de pensamento com as quais a maioria dos cineastas só pode sonhar. Trinta e nove anos depois da
sua morte a sua figura e as suas ideias permanecem surpreendentemente atuais. Ver os seus filmes e ler os seus
textos dos anos 60 e 70 ajudam-nos certamente a melhor perceber o mundo em que vivemos, aqui e agora.
Antonio Rodrigues
5
Exposições
5
Galeria Municipal
Almeida Garrett
10 Setembro a 9 Outubro
Eu sou uma força do Passado.
Só na tradição existe o meu amor.
Venho das ruínas, das igrejas,
dos retábulos de altar, das aldeias
esquecidas dos Apeninos e dos Pré-Alpes,
onde viveram os irmãos.
(…) movo-me
mais moderno do que qualquer moderno
a buscar os irmãos que já não existem.
Pier Paolo Pasolini
poema dito pelo personagem do realizador em “La Ricotta”
A figura de Jesus Cristo habita o cinema desde a sua invenção, mas pode-se
dizer que entre La Passion de Jésus Christ produzida em Paris em 1900 e as
diversas versões de Hollywood (de Cecil B DeMille a Mel Gibson), a sua representação cinematográfica sempre foi convencional e kitsch. Houve exceções
em início dos anos 60, graças a dois cineastas absolutamente diferentes a todos os níveis: Manoel de Oliveira com Acto da Primavera e Pier Paolo Pasolini,
com O Evangelho Segundo São Mateus. Mas estes filmes têm importantes
diferenças: o de Oliveira documenta uma representação numa aldeia e aborda
sobretudo o martírio de Jesus, ao passo que o de Pasolini é uma encenação
concebida por ele aborda sobretudo a palavra de Jesus.
Ateu e marxista (embora não leninista), como indica o título original do filme,
Il Vangelo Secondo Matteo e não San Matteo, Pier Paolo Pasolini abordou
o tema com total respeito e a mais absoluta inteligência. Estreado no Festival
de Veneza, em 1964, Il Vangelo Secondo Matteo recebeu o prémio do OCIC, o
Office Catholique International du Cinéma. A obra é dedicada à “alegre, querida e
familiar memória de João XXIII” e é um reflexo das profundas transformações da
Igreja Católica iniciadas pelo “Papa camponês” e continuadas pelo seu sucessor,
Paulo VI, no Concílio Vaticano II (1962-65). Num livro-entrevista de 1969, Pasolini
declarou que se “Pio XII [que morreu em 1958] tivesse vivido mais três ou quatro
anos, eu nunca poderia ter realizado o «Evangelho»”.
João XXIII também despertou de modo indireto o nascimento do filme.
Nestes anos de modernização da Igreja Católica, o papa encorajava o diálogo
entre católicos e marxistas e Pasolini tinha próximas relações com os padres da
comunidade Pro Civitate Christiana, baseada em Assis, que observaram a seu
respeito: “Tivemos uma belíssima impressão de Pier Paolo Pasolini, como de
todas as pessoas que tivemos a ventura de conhecer. Em cada rosto humano
vemos refletido o rosto maravilhoso do Senhor”. Pasolini estava hospedado no
convento da comunidade quando João XXIII, que se encontrava na região, decidiu
subitamente ir a Assis, o que causou enorme reboliço na cidade. Pasolini decide
não sair do seu quarto, no qual só havia um livro: a Bíblia, na tradução dos padres
desta comunidade. Começa a reler o Novo Testamento e ao cabo de alguns
minutos decidiu fazer um filme sobre Cristo.
Pasolini, que fora educado na religião católica conta que no ano em que
completou catorze anos deixou de acreditar em Deus, mas nunca deixou de
admirar a “religião natural” dos camponeses do Friul, com cuja pureza cultural
ele teve uma identificação muito forte. Ao fazer o filme, explicou-se numa
carta a um membros da Pro Civitate Christiana: “Em palavras muito simples
e pobres: não creio que Cristo seja filho de Deus, porque não sou crente –
pelo menos na consciência. Mas creio que Cristo é divino: creio que nele a
humanidade é tão alta, rigorosa e ideal que vai além dos termos comuns da
humanidade. Por isto falo em «poesia»: instrumento irracional para exprimir
este meu sentimento irracional por Cristo”.
Pasolini preparou este filme com cuidado especial. Fez répérages nos
lugares onde nasceu o cristianismo, na Palestina e na Síria, dos quais resultou
um interessante filme de cerca de uma hora, Sopraluoghi in Palestina. Era de
opinião de que o papel de Cristo deveria ser interpretado por um poeta (pensou
em Allan Ginsberg e Yevgueni Evtuchenko) e ficou um ano à procura do intérprete
ideal. O escolhido foi um estudante espanhol de economia, que fora procurálo em Roma para que ele assinasse um manifesto contra Franco. Mal o viu,
Pasolini percebeu que encontrara o seu Cristo. Depois de escolhê-lo, Pasolini
decide não filmar na Palestina e sim em Itália, uma decisão reforçada pelo seu
documentário Comizi d’Amore, em que percorrera todo o país, entrevistando
pessoas de todas as classes sociais: eram aqueles rostos italianos de 1964 que
deviam representar os contemporâneos de Jesus, cuja figura ele se recusou a
confiar a um ator profissional. Como observou o crítico Adelio Ferrero, no filme
“a relação com o livro de Mateus se resolve numa fiel e entretanto libérrima
variação sobre o texto, que se dilata e se transforma” e o Cristo de Pasolini,
inegavelmente o Cristo de um ateu, é austero, exigente, inconformado, quase um
porta-voz dos danados da terra.
No âmbito do evento “As Cinzas de Pasolini”, a Câmara do Porto e o
Festival Cinecoa apresentam uma dupla exposição de fotografias à volta
deste filme que tem um lugar central na obra do seu autor: PASOLINI E O
EVANGELHO SEGUNDO MATEUS, vinda do Archivio Pasolini, da Cineteca
Communale de Bolonha.
A primeira parte consiste em vinte e nove
fotografias de répérages e rodagem de
Evangelho Segundo São Mateus, feitas
por Angelo Novi, um dos mais importantes
e célebres fotógrafos de rodagem italianos; a segunda parte consiste em treze
fotografias de Antonio Masotti, feitas na
Galeria de Arte Moderna em Bolonha, no
dia 31 de Maio de 1975, durante a performance INTELETTUALE, um exemplo de
body art, durante a qual o cineasta Fabio
Mauri projectou trechos do Evangelho
sobre o corpo de Pasolini.
As cinzas de Pasolini
6
BIBLIOTECA MUNICIPAL ALMEIDA GARRETT | TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
Sessão 1
QUA. 10 SET. | 21:30
BIBLIOTECA MUNICIPAL
ALMEIDA GARRETT
O QUE SÃO AS NUVENS?
A TERRA VISTA DA LUA
O REQUEIJÃO
Título original: Che Cosa Sono le Nuvole? (episódio da
longa-metragem Cappriccio all’Italiana; o filme nunca teve
distribuição comercial em Portugal)
Realização: Pier Paolo Pasolini
Argumento: Pier Paolo Pasolini
País: Itália | Ano: 1968 | Duração: 22’
Título original: La Terra Vista della Luna (episódio da longametragem A Magia da Mulher / Le Streghe)
Realização: Pier Paolo Pasolini
Argumento: Pier Paolo Pasolini
País: Itália / França | Ano: 1967 | Duração: 30’
Título original: La Ricotta (episódio da longa-metragem
Rogopag; o filme nunca teve distribuição comercial em
Portugal)
Realização: Pier Paolo Pasolini
Argumento: Pier Paolo Pasolini
País: Itália | Ano: 1963 | Duração: 35’
Descrição: Inserido no filme em episódios Cappriccio
all’italiana, O Que São as Nuvens? é uma fábula em
que vemos diversos títeres, incarnados por atores, que
representam o Otelo de Shakespeare. Dois deles são
atirados a uma lixeira, onde descobrem “a maravilhosa,
dilacerante beleza do criado”, de que fazem parte as nuvens.
“Mortas, as marionetas podem finalmente ver o azul, porque
já não há fios para prendê-las ao «mundo» ilusório que elas
tomavam pelo verdadeiro” (Jacques Aumont).
Sessão 2
QUI. 11 SET. | 19:00
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
Descrição: Como O Que São as Nuvens?, este filme é um
episódio de um filme em várias partes e diversos realizadores,
A Magia da Mulher. Também se trata de uma pequena fábula
e tem os mesmos atores principais: o grande cómico Totó,
Ninetto Davoli e Laura Betti. Num cenário que se parece a
um bairro de lata estilizado, com personagens tão irreais que
parecem “vistos da lua”, um homem e o seu filho enterram
aquela que é respectivamente a mulher e a mãe deles. Com
ela, encontram a felicidade, pois “estar vivo e estar morto é a
mesma coisa”. O resultado é um conto filosófico, porém sem
lição nem moral.
Sessão 3
QUI. 11 SET. | 21:30
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
Descrição: Mais um episódio de um filme com diversos
realizadores, O Requeijão é, como os dois outros filme desta
sessão, um conto filosófico, em parte sobre a criação artística.
A acção se passa na rodagem de um filme sobre a Paixão de
Cristo, cujo realizador é incarnado por Orson Welles, (a cena do
Calvário é uma reprodução de um quadro do Rosso Fiorentino).
Durante a rodagem, um mendigo chamado Stracci (“farrapos”)
morre de indigestão de requeijão ao comer pela primeira na vida
à saciedade… O ateu Pasolini não quis, no entanto, ridicularizar
o tema da Paixão, que “para mim é a maior a ter acontecido e os
textos que a contam os mais sublimes a terem sido escritos”.
O Requeijão é muito mais complexo do que uma sátira, é um
filme que abarca diversos temas centrais da obra de Pasolini:
o cinema, a pintura, a poesia do próprio Pasolini e as classes
subproletárias.
Sessão 4
SEX. 12 SET. | 16:00
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
ACCATTONE
O EVANGELHO SEGUNDO MATEUS
COMÍCIOS DE AMOR
Título original: Accatone (o filme nunca teve distribuição
comercial em Portugal)
Realização: Pier Paolo Pasolini
Argumento: Pier Paolo Pasolini, com a colaboração de Sergio
Citti para os diálogos
País: Itália | Ano: 1961 | Duração: 120’
Título original: Il Vangelo Secondo Matteo
Realização: Pier Paolo Pasolini
Argumento: Pier Paolo Pasolini, a partir de “O Evangelho
Segundo São Mateus”, na edição da Pro Civitate Cristiana
País: Itália / França | Ano: 1964 | Duração: 140’
Título original: Comizi d’Amore (o filme nunca teve distribuição
comercial em Portugal)
Realização: Pier Paolo Pasolini
Entrevistas: Pier Paolo Pasolini
País: Itália | Ano: 1964 | Duração: 90’
Descrição: Dedicado à “alegre e querida memória de João
XXIII”, O Evangelho Segundo São Mateus (no original:
Segundo Mateus, sem o São) mostra-nos Cristo tal como
podia ser visto por um intelectual de meados do século XX,
o Cristo de um ateu que tinha sentido do sagrado, o Cristo
do Concilio Vaticano II (“se Pio XII tivesse vivido mais dois
ou três anos, eu nunca poderia ter realizado este filme”,
declarou Pasolini), quando a Igreja Católica encorajava
o diálogo entre cristãos e marxistas. Recusando atores
profissionais, Pasolini desistiu de filmar na Palestina e
preferiu fazê-lo em Itália, de modo a ilustrar a presença
da fé no mundo contemporâneo. O seu Cristo, incarnado
por um estudante espanhol, é austero, duro, quase
um líder revolucionário, apesar da narrativa respeitar
escrupulosamente os ditos do Evangelho. Pasolini resumiu
a sua abordagem com as seguintes palavras: “Não creio
que Cristo seja filho de Deus, porque não sou crente – pelo
menos na consciência. Mas creio que Cristo é divino: creio
que nele a humanidade é tão alta, rigorosa e ideal que vai
além dos termos comuns da humanidade”.
Descrição: Pasolini realizou alguns documentários sobre
viagens a terras distantes (a Índia) ou sobre espaços onde
pensava filmar, caso da África Negra para as tragédias
de Ésquilo e da Palestina para os passos do Evangelho.
Comícios de Amor é o único exemplo na sua obra do que
se chamava à época o cinema verdade (mais tarde, mais
modestamente, cinema direto), ou seja o documentário feito
com as então novas tecnologias (câmaras e microfones
muito leves, que permitiam o som direto). Neste filme,
Pasolini percorreu a Itália de norte a sul e interrogou
pessoas das mais variadas camadas sociais, fazendo-lhes
perguntas sobre um único tema: o sexo. Foi ao fazer este
filme que Pasolini decidiu filmar O Evangelho Segundo São
Mateus em Itália em vez de fazê-lo na Palestina, como
pensara.
Descrição: Filme de estreia de Pasolini, quando este já se
aproximava dos quarenta anos e era um escritor reconhecido,
Accatone (literalmente: “pequeno mendigo”) tem uma relação
superficial com a célebre escola neo-realista do cinema
italiana, já praticamente extinta quando Pasolini filmou, na
medida em que mostra o quotidiano de um sub-proletário
(que também é um pequeno ladrão e um pequeno proxeneta)
e daqueles que o cercam, assim como a sua “desesperada
vitalidade”. O filme também foi o primeiro gesto daquilo a que
o crítico Adelio Ferrero definiu como “a sacralidade do mundo
proletário” na obra de Pasolini. Realizado num momento em
que o cinema começava a mudar profundamente, Accatone foi
o primeiro sinal desta mudança em Itália.
7
Sessão 5
SEX. 12 SET. | 19:00
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
Sessão 6
SÁB. 13 SET. | 16:00
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
Sessão 7
PASSARINHOS E PASSARÕES
ÉDIPO REI
TEOREMA
Título original: Uccellacci e Uccellini (o filme nunca teve
distribuição comercial em Portugal)
Realização: Pier Paolo Pasolini
Argumento: Pier Paolo Pasolini
País: Itália | Ano: 1966 | Duração: 88 minutos
Título original: Edipo Re (o filme nunca teve distribuição
comercial em Portugal)
Realização: Pier Paolo Pasolini
Argumento: Pier Paolo Pasolini, basesado em”Édipo Rei” e
“Édipo em Colona”, de Sófocles
País: Itália | Ano: 1967 | Duração: 102’
Título original: Teorema
Realização: Pier Paolo Pasolini
Argumento: Pier Paolo Pasolini
País: Itália | Ano: 1968 | Duração: 98’
Descrição: Depois de dois filmes iniciais (Accattone e Mamma
Roma) em que há ainda diversos resquícios de “realismo” e
de filmar a vida de Cristo, Pasolini enveredou por um cinema
cada vez menos “figurativo”, cada vez menos “de prosa” e
mais “de poesia”, com fábulas e alegorias. Passarinhos e
Passarões foi a sua primeira longa-metragem nesta veia. Uma
dupla formada pelo grande cómico Totò e pelo jovem Ninetto
Davoli percorre a Itália do século XX, com uma incursão pelos
tempos de São Francisco de Assis. Durante a sua viagem, a
dupla encontra um corvo falante (e intelectual de esquerda)
que vai comentando tudo o que acontece, o que acaba por
tornar a sua presença insuportável para os dois amigos, que
são levados a tomar uma medida drástica.
Sessão 8
DOM 14 SET. | 16:00
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
Descrição: Édipo Rei é um filme charneira na obra de Pier
Paolo Pasolini, o primeiro em que ele adapta um mito
da Antiguidade e o primeiro em que ele vai em busca de
povos longínquos (o filme foi feito em Marrocos), que
para ele tinham uma pureza cultural semelhante aos
dos subproletários italianos que ainda não tinham sido
contaminados pelo consumismo. O filme narra sem
alterações a conhecida história de Édipo, porém Pasolini
insere um prólogo e um epílogo no mundo contemporâneo,
o que é uma maneira hábil e sutil de invocar a interpretação
freudiana do mito de Édipo, sem fazer alusões diretas a
Freud. O modo de representação adotado em Édipo – mistura
de italianos e figurantes locais posteriormente dobrados,
adereços e figurinos intemporais – será retomado por Pasolini
em vários dos seus filmes posteriores.
Sessão 9
DOM 14 SET.| 19:00
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
SÁB. 13 SET. | 19:00
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
Descrição: Um dos filmes mais abstratos de Pasolini, em
que ele aborda o tema da visitação: um jovem extremamente
belo (Terence Stamp) vindo não se sabe de onde chega à
mansão de uma rica família italiana e tem relações sexuais
sucessivamente com todos os seus membros: a criada, a
filha, o filho, a mãe e o pai. De seguida, o jovem desaparecerá,
como um anjo ou um enviado do céu. Cada um dos membros
da família será transformado pela experiência, alguns caindo
na mediocridade ou fechando-se em si mesmos, outros
ascendendo a uma espécie de santidade. O filme causou
polémica à época e foi objeto de discussões infindas sobre o
seu “sentido”.
Sessão10
DOM 14 SET. | 21:00
TEATRO MUNICIPAL RIVOLI
AS MIL E UMA NOITES
MAMMA ROMA
SALÒ OU OS 120 DIAS DE SODOMA
Título original: Fiore delle Mille e Una Notte
Realização: Pier Paolo Pasolini
Argumento: Pier Paolo Pasolini, com a colaboração de Dacia
Maraini, baseado nos contos de “As Mil e uma Noites”,
País: Itália / França | Ano: 1974 | Duração: 130’
Título original: Mamma Roma
Realização: Pier Paolo Pasolini
Argumento: Pier Paolo Pasolini, com a colaboração de Sergio
Citti para os diálogos
País: Itália | Ano: 1962 | Duração: 110’
Descrição: Entre 1971 e 1974, Pasolini realizou três filmes
muito mais simples do que aqueles que fizera até então, três
filmes de apelo popular que denominou a trilogia da vida.
Decameron, Os Contos de Canterbury e As Mil e uma Noites.
Este último, o mais conseguido dos três, adapta alguns
episódios dos célebres contos árabes (omitindo porém, a
figura de Xerazade), num canto ao prazer erótico, em que uma
história principal (um rapaz que busca a escrava e amante
que lhe roubaram) é entremeada com várias outras. Mais uma
vez, Pasolini misturou europeus e figurantes dos diversos
países em que filmou (Etiópia, Iémen, Irão e Nepal) num dos
seus filmes mais sedutores: “A verdade não está num sonho,
a verdade está em muitos sonhos”, é a réplica final do jovem
protagonista, ao termo do seu périplo.
Descrição: Segundo filme de Pasolini, Mamma Roma tem a
poderosa presença de Anna Magnani, um dos grandes nomes
do cinema italiano da sua geração, uma das raríssimas
vedetas a ter trabalhado com Pasolini. O filme tem um
teor “realista” mais pronunciado do que o de Accatone: a
protagonista é uma ex-prostituta, que é forçada a voltar à
sua antiga profissão por um proxeneta. Mas não estamos
num mundo estático, como o de Accattone, em que cada
um parece prisioneiro de em destino traçado de antemão,
estamos num mundo dinâmico, em que tudo muda
constantemente. Como em Accattone, Pasolini faz referências
eruditas neste filme sobre o subproletariado romano que tão
bem conhecia: quando o filho da mulher é amarrado a uma
cama destinada a “conter” doentes mentais, Pasolini “cita” um
Cristo morto de Mantegna, fiel à sacralização do proletariado
que foi um dos elementos centrais da sua obra.
Título original: Salò o le 120 Giornate di Sodoma
Realização: Pier Paolo Pasolini
Argumento: Pier Paolo Pasolini, com a colaboração de Sergio
Citti e Pupi Avati, baseado em “Les Cent-Vingt Journées de
Sodome”, do Marquês de Sade
País: Itália / França | Ano: 1975 | Duração: 117’
Descrição: Última obra de Pasolini, estreada algumas
semanas depois do seu homicídio, Salò adapta o romance
Os 120 Dias de Sodoma do Marquês de Sade (que este
escreveu quando estava preso na fortaleza da Bastilha),
transpondo-o para a pequena cidade de Salò, que foi o último
reduto dos fascistas italianos, entre 1943 e 1945, depois das
forças aliadas terem libertado grande parte do país. Quatro
aristocratas instalados num castelo fazem raptar diversos
jovens dos dois sexos, que submetem a várias sevícias, antes
de os assassinarem. Terrível alegoria sobre o poder absoluto,
o filme também prolonga as violentas, amargas e lúcidas
reflexões de Pasolini sobre o mundo contemporâneo, fixadas
nos artigos de jornal que publicou regularmente nos seus
últimos anos (coligidos com o título de Escritos Corsários, em
português mais prosaicamente Escritos Póstumos), em que
ele vocifera contra o “novo fascismo” do consumismo e da
“colonização dos corpos”. Uma obra terrível e indispensável.
«Eis aqui, o sentido de tudo – quero
dizer – tu não sabes quem está a
pensar matar-te agora.
Põe este título, se quiseres:
“Porque estamos todos em
perigo”».
Esta entrevista teve lugar no sábado 1 de Novembro,
entre as 4 e as 6 da tarde, poucas horas antes de Pasolini
ter sido assassinado. Quero esclarecer que o título da
entrevista é seu e não meu. De facto, ao fim da conversa que
frequentemente, como noutras ocasiões, nos surpreendeu
com convicções e pontos de vista diferentes, pergunteilhe se queria dar um título à sua entrevista. Reflectiu um
bocadinho, disse-lhe que não tinha importância, mudou
de assunto, rapidamente voltamos ao argumento de fundo
que aparece continuamente nas respostas que seguem.
«Eis aqui, o sentido de tudo – quero dizer – tu não sabes
quem está a pensar matar--te agora. Põe este título, se
quiseres: “Porque estamos todos em perigo”».
Pasolini, nos teus artigos e escritos deste muitas versões daquilo que detestas. Abriste uma luta, só, contra
muitas coisas, instituições, convicções, pessoas,
poderes. Para que seja menos complicado o discurso
eu direi o «sistema», e tu saberás que quero falar das
coisas contra às quais, em geral, te bates. Agora faço-te
esta objecção. O «sistema», com todos os males que tu
dizes, contem tudo o que te permite ser Pasolini. Isto
é: o mérito e o talento são teus. Mas os instrumentos?
Esses pertencem ao «sistema». Edições, cinema, organização, até os objectos. Digamos que possuis um pensamento mágico. Fazes um gesto e tudo desaparece.
Tudo isso que detestas. E tu? Tu não ficarias sozinho e
sem meios? Quero dizer meios expressivos?
Sim, entendi. Mas esse pensamento mágico não só o procuro,
como acredito nele. Não no
sentido mediático. Mas porque
sei que batendo sempre sobre o
mesmo prego pode até derrubar-se uma casa. Em sentido restrito, um bom exemplo nos dão
os radicais, quatro gatos que
conseguem remover a consciência de um país (e tu sabes que
nem sempre estou de acordo
com eles, mas estou precisamente a ponto de sair agora para ir ao seu congresso).
Em sentido lato, o exemplo dá-nos a história. A rejeição
foi sempre um gesto essencial. Os santos, os ermitas,
mas também os intelectuais. Os poucos que fizeram
história são aqueles que disseram não em absoluto os
cortesãos e os ajudantes dos cardeais. A rejeição, para
funcionar, deve ser grande, não pequena, total, não sobre
este ou aquele ponto «absurdo», não de sentido comum.
Eichmann, esse amigo, tinha muito sentido comum. O
que lhe faltou? Faltou-lhe dizer não, antes, no princípio,
quando o que fazia era só administração de rotina, burocracia. Talvez tenha dito aos amigos. Não gosto muito
desse Himmler. Terá murmurado, como se murmura nos
editoriais, nos jornais, no amiguismo e na televisão. Ou
também se terá revelado porque este ou aquele comboio
parava uma vez por dia para as necessidades e o pão e a
água dos deportados, quando foram mais funcionais ou
mais económicas duas paragens. Mas nunca bloqueou
a engrenagem. Então os problemas são três. Qual é,
como tu dizes, «o sistema» e porque se deveria pará-lo
ou destruí-lo?! E como?!
Isto é, descreve “o sistema”. Sabes perfeitamente que
as tuas intervenções e a tua linguagem têm um pouco o
efeito do sol que atravessa o povo. És uma imagem bela,
mas entende-se pouco.
8
Obrigado pela imagem do sol, mas pretendo muito
menos. Pretendo que olhes à tua volta e te dês conta
da tragédia. Qual é a tragédia? A tragédia é que já não
somos seres humanos, somos estranhas locomotivas
que chocam umas contra as outras. E nós, os intelectuais, escolhemos os horários dos comboios do ano
passado, ou de há dez anos, e dizemos: que estranho,
esses comboios já não passam por aí, como é que se
destruíram dessa maneira? Ou o maquinista ficou louco
ou é um criminoso isolado ou trata-se de um complot.
O complot, sobretudo, faz-nos delirar. Liberta-nos de
todo o peso de enfrentarmos a verdade sozinhos. De que
vale se enquanto nós estamos aqui a conversar alguém
numa taberna está a fazer planos para desfazer-se
de nós. É fácil, é simples, é a resistência. Perderemos
alguns camaradas e depois iremos organizarmo-nos
deixando para trás alguns outros. Não te parece? Eu sei
que quando dá na televisão - Arde Paris? Todos estão
em frente à televisão com lágrimas nos olhos e uma
vontade louca de que a história se repita, bela, limpa (um
efeito do tempo é que “lava” as coisas, como as fachadas
das casas). Simplesmente; eu aqui, tu aí. Não façamos
brincadeiras com o sangue, o odor, a fadiga que a gente
pagou por “eleger”. Quando estás com a cara esmagada
contra aquele momento, aquele momento da história,
eleger é sempre uma tragédia. Mas, admitamos, era
mais simples. O fascista de Saló, o nazi das SS, o homem
normal, com a ajuda do valor e da consciência, consegue
rejeitá-lo, inclusive da sua vida interior (que é de onde
começa sempre a revolução). Mas agora não. Um vem
ao teu encontro vestido de amigo, é gentil, cortez e “colabora” (digamos que na televisão) por ir sobrevivendo
ou porque não é uma infracção. O outro – ou os outros,
os grupos – vai ao teu encontro ou cai-te em cima - com
as suas chantagens ideológicas, com os seus sermões,
as suas pregações, as suas críticas, e tu sentes que também são ameaças. Desfilam com bandeiras e palavras
de ordem, mas o que é que os separa do “poder”?
O que é o poder para ti, onde está, onde se encontra,
como o tiras da sua toca?
O poder é um sistema de educação que nos divide em
subjugados e subjugadores. Mas cuidado. Um mesmo sistema educativo que nos forma a todos, desde
as chamadas classes dirigentes até aos pobres. Por
isso todos querem as mesmas coisas e se portam da
mesma maneira. Se tenho nas mãos um conselho de
administração ou uma operação bolsista, utilizo-as. Se
não, uma barra de ferro. E quando utilizo uma barra de
ferro faço uso da minha violência para obter o que quero. Porque o quero? Porque me disseram que era uma
virtude querê-lo. Eu exerço o meu direito-virtude. Sou
assassino e sou bom.
Acusaram-te de não distinguir política e ideologia, de
ter perdido o sentido da diferença profunda que tem de
haver entre fascistas e não fascistas, por exemplo entre
os jovens.
Por isso te falava do horário ferroviário do ano passado. Nunca
tinhas visto essas marionetas
que fazem rir tanto as crianças
porque têm o corpo de um lado
e a cabeça do outro? Parece-me
que Totó fazia um truque parecido. E é assim que vejo a imensa
tropa de intelectuais, sociólogos,
especialistas e jornalistas das
intenções mais nobres, as coisas
sucedem aqui e a cabeça olha
para lá. Não digo que não exista
o fascismo. Digo: deixa de falar-me do mar enquanto
estamos na montanha. Esta é uma paisagem distinta.
Aqui existe o desejo de matar. E este desejo ata-nos
como irmãos sinistros de um fracasso sinistro de todo
um sistema social. Também eu gostaria que tudo se
resolvesse isolando a ovelha negra. Eu também vejo
as ovelhas negras. Vejo muitas. Vejo-as todas. Este é
o problema, já o disse a Morávia: pela vida que tenho
pago um preço…É como alguém que desce ao inferno.
Mas quando volta – se volta – vê outras coisas, más
coisas. Não digo que tenhais de acreditar em mim. Digo
que tendes que mudar continuamente o discurso para
não terdes de enfrentar a verdade.
E qual é a verdade?
Sinto ter utilizado esta palavra. Queria dizer “evidência”.
Deixa-me pôr outra vez as coisas em ordem. Primeira
tragédia: uma educação comum, obrigatória e equivocada que nos empurra a todos para a competição para
ter tudo a todo o custo. Para esta arena nos empurram
como uma estranha e obscura armada em que uns têm
os canhões e outros têm barras de ferro. Então, uma
primeira divisão, clássica, é “estar com os fracos”. Mas
eu digo que, num certo sentido, todos são os fracos,
porque todos são vítimas. E todos são culpados, porque
todos estão prontos para o jogo do massacre. Para o
conseguir a educação recebida foi: ter, possuir, destruir.
Então deixa que volte à pergunta inicial. Tu, magicamente, anulas tudo. Mas vives dos livros, e necessitas de
inteligências que leiam. Isto é, consumidores educados
do produto intelectual. Tu fazes cinema e precisas não
só de grandes plateias disponíveis (de facto no geral
tens muito êxito popular, ou seja és «consumido» avidamente pelo teu público) mas também de uma grande
9maquinaria
técnica, organizativa, industrial, que está no
meio. Se deixas isso tudo, com uma espécie de monaquismo mágico do tipo paleo-católico, o que te resta?
A mim resta-me tudo, ou seja, eu mesmo, estar vivo, estar no mundo, ver, trabalhar, compreender. Há centenas
de maneiras de contar histórias, de escutar as línguas,
de reproduzir os dialectos, de fazer teatro de fantoches.
Aos outros resta-lhes muito mais. Podem fazer-me
frente, cultos como eu ou ignorantes como eu. O mundo
torna-se grande, tudo passa a ser nosso e não temos de
utilizar nem a Bolsa, nem o conselho de administração,
nem a barra de ferro para lutarmos. Vês, no mundo que
muitos de nós sonhávamos (repito: ler o horário de comboios do ano passado, mas neste caso podemos dizer
de muitos anos atrás) havia o patrão infame com chapéu
de copa e os dólares que se aglomeravam nos bolsos e a
viúva esquelética que pedia justiça para os seus filhos.
O bom mundo de Brecht, em suma.
É como dizer que tens nostalgia daquele mundo.
Não! Tenho saudade da gente
pobre e verdadeira que lutava
para derrubar aquele patrão sem
converter-se naquele patrão.
Como estavam excluídos de
tudo, nada os tinha colonizado.
Eu tenho medo destes negros
em revolta, iguais ao patrão,
outros saqueadores que querem
tudo a todo o custo. Esta obscura obstinação na violência total
não deixa ver já “de que signo é”?
Qualquer um que levado ao hospital no fim da sua vida seja levado moribundo interessa-lhe mais – se tem no entanto um sopro de vida – que
lhe dirão os médicos sobre as suas possibilidades de
viver que o que lhe dirão os polícias sobre a mecânica
do delito. Repara que eu não tenho nenhum processo de
intenções nem me interessa a relação causa efeito, primeiro eles, ou primeiro ele, ou quem é o chefe-culpado.
Parece-me que definimos o que tu chamas a «sistema».
É como quando numa cidade chove e se entopem os
esgotos. A água sobe, é uma água inocente, água da
chuva, não tem nem a fúria do mar nem a maldade das
correntes de um rio. Mas, por qualquer razão não baixa,
mas sobe. É a mesma água da chuva de muitos pequenos poemas infantis e das musiquinhas do «cantando
sob a chuva». Mas sobe e afoga-te. Se chegamos a este
ponto eu digo: não percamos todo o tempo a pôr uma
etiqueta aqui e outra ali. Vejamos como se desentope
esta maldita banheira, antes que nos afoguemos todos.
E tu, por isso, quiseste que todos fossem pastorinhos
sem ensino obrigatório, ignorantes e felizes.
Dito assim seria uma estupidez. Mas o chamado ensino
obrigatório fabrica à força gladiadores desesperados. A
massa torna-se maior, como a desesperança, como a
raiva. Admitamos que tenha tido uma saída estrondosa
(mesmo que não o creia). Dizei-me vocês outra coisa.
Entende-se que desejo a revolução pura e directa da
gente oprimida que tem o único objectivo de ser livre e
dona de si mesma. Entende-se que imagino que possa
ainda chegar um momento assim na história italiana e
na do mundo. Na minha opinião poderá até inspirar-me
num dos meus próximos poemas. Mas não o que sei e o
que vejo. Quero dizer com toda a franqueza: eu desço ao
inferno e sei coisas que não perturbam a paz dos outros.
Mas prestem atenção. O inferno está a subir também
entre vocês. É verdade que sonha com o seu uniforme
e a sua justificação (às vezes). Mas também é verdade
que a sua vontade, a sua necessidade de golpear com
a barra de ferro, de agredir, de matar, é forte e geral. Não
será por muito tempo a experiência privada e perigosa de
quem, como dizê-lo, tocou «a vida violenta». Não tenhais
ilusões. E vocês, com a escola, a televisão, a pacatez dos
vossos jornais, vocês são os grandes conservadores desta ordem horrível baseada na ideia de possuir e na ideia
de destruir. Ditosos vocês que ficaram tão felizes quando
podeis pôr sobre um crime uma boa etiqueta. Para mim
esta parece-me outra das muitas operações da cultura
de massa. Como não podemos impedir que passem
certas coisas, ficamos tranquilos compartimentando-as.
Mas abolir tem que dizer à força criar, se não tu também
és um destruidor. Os livros por exemplo, o que será deles? Não quero fazer o papel de quem se angustia mais
pela cultura do que pela gente. Mas esta gente salva, na
tua visão de um mundo diferente, já não pode ser primitiva (esta é uma acusação frequente que te fazem) e
se não queremos utilizar a repressão «mais avançada»…
Dá-me calafrios.
Se não queremos usar frases feitas, uma indicação tem
no entanto que existir. Por exemplo, na ficção-cientifica,
como no nazismo, queimam-se sempre os livros como
gesto inicial de extermínio. Fechadas as escolas, encerrada a televisão, como animas o teu Belém?
Penso ter-me explicado com Morávia. Fechar, na minha
linguagem, quer dizer mudar. Mudar mas de um modo
tão drástico e desesperado como drástica e desesperada é a situação. O que impede um verdadeiro debate
com Morávia, mas sobretudo com Firpo, por exemplo, é
que parecemos pessoas que não vêem a mesma cena,
que não conhecem a mesma gente, que não escutam as
mesmas vozes. Para vocês uma coisa ocorre quando é
uma crónica, feita, estruturada, editada e titulada. Mas
o que há por baixo? Aqui falta o cirurgião que tem a
coragem de examinar o tecido e de dizer: senhores, isto
é cancro, não uma coisa benigna. O que é o cancro? É
uma coisa que muda as células todas, que as fazem
crescer todas de forma enlouquecida, fora de qualquer
lógica precedente. É um nostálgico o doente que sonha
com a saúde que tinha antes, ainda que antes fosse um
estúpido e um desgraçado? Antes do cancro, digo. Quer
dizer, antes de tudo será necessário fazer não só um
esforço para ter a mesma imagem. Eu ouço os políticos
com os seus formulações, os políticos todos, e fico
louco. Não sabem de que País estão a falar, estão tão
distantes como a lua. E os literatos. E os sociólogos. E
os especialistas de todo o tipo.
Porque pensas que para ti certas coisas se tornarão
mais claras?
Não gostaria de falar mais de
mim, talvez tenha falado demasiado. Todos sabem que as
minhas experiências pago-as
pessoalmente. Mas estão também os meus livros e os meus
filmes. Talvez seja eu quem se
equivoca. Mas continuo a dizer
que estamos todos em perigo.
Pasolini, vê se consideras a
vida assim - ou se aceitas esta
pergunta - como pensas evitar o
perigo e o risco?
[Fez-se tarde, Pasolini não acendeu a luz e
tornou-se lhe difícil tomar mais apontamentos.
Olhamos os dois para os meus. Depois pediu-me
que lhe deixe as perguntas.]
Há pontos que me parecem demasiado absolutos.
Deixa-me pensar, e relê-los. E dá-me tempo para encontrar uma conclusão. Tenho uma coisa na cabeça para
responder à tua pergunta. Para mim é mais fácil escrever do que falar. Deixo-te as notas que vou acrescentar
amanhã de manhã.
No dia seguinte, domingo, o corpo sem vida de
Pier Paolo Pasolini estava na casa funerária da
polícia de Roma.
Texto da entrevista de Furio Colombo a Pier Paolo Pasolini
publicada no suplemento “Tuttolibri” do jornal “La Stampa”
de 8 de Novembro de 1975 | Tradução de Andrea Perciaccante
Focus
José Álvaro Morais
José Álvaro de Morais (1943-2004) foi um dos nomes mais importantes do cinema português e também
dos mais isolados. Nascido em Coimbra, foi estudar cinema em Bruxelas em 1969, diplomando-se pelo
INSAS (Institut National Supérieur de Arts et du Spectacle). Logo a seguir ao 25 de Abril regressou a
Portugal e começou a filmar, de início no género documental, que abordou de maneira nada convencional
(Cantigamente e Ma Femme Chamada Bicho). Muda de direção ao lançar-se no mais ambicioso projeto
da sua carreira, uma adaptação do romance O Bobo, de Alexandre Herculano. A produção deste filme, um
autêntico pesadelo, arrastou-se por oito anos, incluindo diversas pausas, mais ou menos longas. Esta
complicada aventura foi certamente um dos motivos para que a obra de José Álvaro de Morais viesse a ser
relativamente curta, mas não foi o único. Como testemunhou o seu amigo e colega João Botelho, “o seu
percurso foi solitário e lento. O José era lento porque era perfeccionista, capaz de demorar uma semana
a escrever uma página, mas a página vinha perfeita.” José Álvaro Morais estava destinado a permanecer
isolado, mesmo no contexto do cinema de autor português, que permitiu certas extravagâncias por parte
dos realizadores. E no entanto, Zéfiro mostrou uma faceta totalmente diferente da sua personalidade
artística e a partir de início dos anos 2000, com Peixe-Lua o realizador pareceu encontrar um ponto de
equilíbrio entre a sua exigência artística e as realidades da produção, apontando um caminho novo para a
sua obra. Mas a morte veio levá-lo ainda cedo e, como observou João Bénard da Costa, ele “ficou marginal
dentro do próprio cinema português. Insular, José Álvaro Morais foi, insular ficará”. Nesta homenagem que
o Cinecoa lhe presta, poderemos (re)descobrir as ilhas do seu cinema.
11
QUI. 11 SET. | 21:30
Auditório Municipal
O BOBO
SEX. 12 SET. | 19:00
Portugal, 1987 | 123 minutos | cópia: 35 mm
Interpretação: Fernando Heitor, Paula Guedes, Luís Lucas
Um dos filmes mais ambiciosos de José Álvaro de Morais,
cuja rodagem foi extremamente complicada e demorada,
mas que se viu recompensado pelo Leopardo de Ouro no
Festival de Locarno. Em 1978, em Lisboa, um encenador
teatral dirige os últimos ensaios de uma adaptação teatral
do romance O Bobo, de Alexandre Herculano. O filme articula
elementos do presente e do passado, intrigas políticas e
amorosas, acompanhando as transformações da sociedade
portuguesa posterior a 1974, numa teia complexa. Notável
trabalho de fotografia e cenários.
Auditório Municipal
QUARESMA
Portugal, 2003 | 95 minutos | cópia: 35 mm
Interpretação: Beatriz Batarda, Filipe Cary,
Ricardo Aibéo, Teresa Madruga
Este foi o último filme de José Álvaro de Morais (se não contarmos um trabalho inacabado sobre o Teatro da Cornucópia) e de
certa forma é o reflexo invertido de Peixe-Lua: trocamos os
cenários do sul pelos do norte – a Serra da Estrela e a
Dinamarca – a trama narrativa é menos densa. Mas há muitas
semelhanças entre os personagens, membros da burguesia
local, ainda jovens e algo desorientados. Apresentado no
Festival de Cannes (Quinzena dos Realizadores).
SEX. 12 SET. | 17:00
Auditório Municipal
MA FEMME
CHAMADA BICHO
Portugal, 1976 | 79 minutos
Com as presenças de: M
aria Helena Vieira da Slva,
Arpad Szenes
Documentário sobre Maria Helena Vieira da Silva e o seu
marido Arpad Szenes, que a chamava afetuosamente de
Bicho. O filme é um retrato íntimo de Vieira da Silva vista
por Arpad Szenes e da profunda intimidade do casal: ambos
estrangeiros na sua cidade de adoção, Paris, ambos pintores,
com imaginários e carreiras diferentes.
SÁB. 13 SET. | 19:00
Auditório Municipal
ZÉFIRO
Portugal, 1994 | 52 minutos | cópia: 35 mm
Interpretação: P
aula Guedes, Inês Medeiros,
José Meirelles, Paulo Pires, Rogério Paulo
Com Zéfiro José Álvaro de Morais abordou um tema que
lhe era caro: o Sul geográfico e mitológico. E fê-lo em
Lisboa, cidade atlântica que ele via como “a última cidade
mediterrânica”, precisamente por ser do sul. Neste filmemosaico, vemos o trajeto dos barcos que ligam as duas
margens do Tejo, evoca-se o passado histórico das planícies
que prolongam a cidade, misturando realidade e ficção,
documentário e imaginário, numa obra extremamente livre.
Apresentado no Festival de Locarno.
SEX. 12 SET. | 21:30
Auditório Municipal
PEIXE-LUA
Portugal/França/Espanha, 2000 | 123 minutos | cópia: 35 mm
Interpretação: B
eatriz Batarda, Paula Guedes,
Francisco Rabal, Marcello Urgeghe
O filme que marca o regresso de José Álvaro de Morais à
realização, depois de um silêncio de seis anos e pareceu
indicar uma nova direção no seu cinema. A ação se situa na
herdade de uma abastada família do Alentejo e em Granada.
Evocando mais uma vez as mitologias do Sul – as planícies
do Alentejo e da Andaluzia, as touradas, o flamenco, a
lembrança de Garcia Lorca – José Álvaro de Morais funde-as
numa trama de conflitos e interesses pessoais e políticos.
Apresentado no Festival des Films du Monde, em Montreal.
Marcello Urgeghe
apresenta
PEIXE LUA
e
Paulo Pires
apresenta
ZÉFIRO
12
EUSÉBIO – PANTERA NEGRA
Uma exposição imperdível
Cinema
e Futebol
Talvez um pouco inesperadamente, o Cinecoa inclui este ano
no seu cartaz a exibição de um filme sobre aquele que é, por
muitos, considerado o maior futebolista português de todos os
tempos. “Eusébio – A Pantera Negra”, realizado pelo espanhol
Juan de Orduña em 1973, ressurge, assim, numa altura em
que o desaparecimento recente de Eusébio da Silva Ferreira já
pedia a sua evocação na grande tela.
Mas a organização do festival não quis ficar-se por aqui, e a
iniciativa desta homenagem ganha um fôlego muito especial
com a inauguração da primeira exposição oficial sobre Eusébio
após a sua perda.
Concebida e realizada em parceria com o Sport Lisboa e
Benfica e o Museu Benfica – Cosme Damião, esta mostra
centra a sua atenção em momentos únicos da vida pessoal
e desportiva do futebolista, trazendo a palco uma narrativa
singular, complementada com testemunhos materiais alusivos
ao “Rei”, muitos deles nunca antes vistos.
Com a clara intenção de estabelecer um vínculo com a vocação
do festival, a memória de Eusébio é aqui retratada através do
recurso à própria memória do cinema. Uma realização que cita
o mundo encantatório da lanterna mágica, à luz dos desenhos de um grande nome da ilustração nacional: Eugénio Silva.
Peça de culto entre os amantes da BD, o livro “Eusébio - Pantera Negra” – de 1990 e recentemente reeditado – serviu de mote à concepção da mostra. Uma forma
diferente de olhar um homem e um desportista cuja memória é património dos portugueses. Num local também ele lendário, de história grande, património da UNESCO.
Luís Lapão
Curador do Museu Benfica – Cosme Damião
Em 2014 o futebol esteve mais no centro das atenções do
que nunca e o Cinecoa dedica uma das suas secções ao
desporto mais popular do mundo. Começamos por prestar
homenagem ao grande Eusébio, com a apresentação de
um filme sobre a sua vida e de uma exposição sobre o seu
percurso. Com a colaboração do Museu do Bencia - Cosme
Damião este breve ciclo é completado por um filme sobre
Zinédine Zidane, inteiramente organizado à volta de um jogo
e de uma comédia em que surge Eric Cantona.
QUI. 11 SET. | 22:00
13
TODAS AS sessÕES apresentadaS pelos
antigos jogadores do Benfica
António Simões, José Augusto
e Nuno Gomes
SEX. 12 SET. | 22:00
PRAÇA DO MUNICÍPIO
PRAÇA DO MUNICÍPIO
SÁB. 13 SET. | 22:00
PRAÇA DO MUNICÍPIO
EUSÉBIO, A PANTERA NEGRA
ZIDANE, UM RETRATO DO SÉCULO XXI
O MEU AMIGO ERIC
de Juan de Orduña e J. L Pérez
Portugal/Espanha, 1974 | 85 minutos | cópia digital
com Eusébio, Flora da Silva, José Rocha
Zidane, un Portrait du 21e Siècle
de Douglas Gordon e Philippe Parreno
França, 2006 | 90 minutos | cópia digital
Looking for Eric
de Ken Loach
Grã-Bretanha, 2009 | 116 minutos | cópia digital
com Eric Cantona, Steve Evets, Stéphanie Bishop
Realizado pelo veterano espanhol Juan de Orduña (autor
de El Último Cuplé, que fez de Sara Montiel uma vedeta),
Eusébio, a Pantera Negra é um “docudrama”, uma mistura
de documentário e ficção. O filme foi feito quando o grande
jogador anunciara a sua próxima retirada da profissão e
reconstitui a sua infância em Moçambique, utilizando atores,
passando depois aos seus anos de glória. Um importante
documento sobre uma glória do futebol português, que
também é uma espécie de biografia autorizada.
Documentário sobre Zidane, então no auge da fama, algum
tempo antes do pouco glorioso fim da sua carreira, devido a
uma cabeçada. Este filme segue um jogo entre o Real Madrid
e o Villareal, concentrando-se quase exclusivamente sobre
Zidane. O grande diretor de fotografia Darius Kondji (Alien: o
Regresso, Meia-Noite em Paris de Woody Allen) coordenou
uma equipa de dezassete operadores de câmara, numa
verdadeira proeza técnica. Filme realizado pelos famosos
artistas Douglas Gordon e Philippe Parreno.
SEX. 12 SETEMBRO
MUSEU DO CÔA
15:00
DURANTE O FIM
«No ecrã, não há nada além de outro ecrã. Uma folha branca, intacta,
é manchada a pouco e pouco por pequenos traços mais ou menos
retilíneos. Estes traços que crescem se empurram, se entrecruzam,
acabam por se organizar num desenho, num traçado, delineiam uma
topografia, assinalam lugares, constroem casas, indicam percursos,
descrevem ao pormenor meadas de estradas, de obstáculos.
Desenham biografias planas. Seis folhas se animam lentamente,
ao ritmo de narrativas feitas por vozes de crianças, de mulheres, de
homens, que não veremos nunca. Onde estão estas vozes?...»
Durante o Fim é uma viagem ao universo artístico, interior e
secreto do escultor Rui Chafes. No atelier, território de eleição do
artista, percebe-se como tudo acontece: do barulho das máquinas
ao silêncio que envolve a concepção e idealização de cada
escultura, surgem sons, imagens e vozes de outros tempos.
A PRAGA – LA PLAIE
AU MONDE
de Hélène Robert e Jeremy Perrin
França, Portugal, 2013 | 72 min..| suporte digital
Co-produção Audimage produção Mitiki e Periferia Filmes.
Com a participação do CNC, regiões da Normandia e Rhône-Alpes,
Saco Azul Associação Cultural.
17:00
SÁB. 13 SETEMBRO
MUSEU DO CÔA
VIDEOMAPPINGS
de Till Roeskens
2009, 46 min. | suporte digital
Neste documentário inquieto, a cidade do Porto revela os seus
medos e fantasias através das suas lendas animais. A Praga
captura os rumores em redor da cada vez mais ameaçadora
presença das gaivotas na cidade e segue o percurso singular de
José Roseira, um portuense em busca de histórias. São muitas as
histórias contadas pelos habitantes, algumas entusiasmantes ao
ponto de não se distinguir o verdadeiro do falso.
Mestre do realismo e da denúncia social, Kean Loach fez com
este filme uma comédia sobre um pacato cidadão inglês, cuja
vida pessoal está num estado da mais absoluta confusão:
a sua mulher desapareceu, os enteados não o respeitam, a
filha tem problemas. Em desespero de causa, o homem, que
se chama Eric, senta-se diante de um cartaz com uma foto
do seu ídolo Eric Cantona e pede-lhe ajuda. Como o génio da
lâmpada de Aladino, Cantona “sai” do cartaz e começa a dar
conselhos ao seu fã.
de João Trabulo
Portugal 2003 | 68 min. | suporte digital
de Christophe Bisson
com Joel Perrote
França, 2013 | 41 min.| suporte digital
Na sequência de uma operação à laringe, que lhe tirou a fala, um
homem, Joël Perrotte, decide fechar-se na cave da sua casa.
LIQUIDATION
de Christophe Bisson
França 2013 – 20 min / digital
Arranhões. Riscos. Rasuras. Listras.
Arnaud ataca incansavelmente com a ponta da sua caneta
reproduções de mestres da pintura.
DOM. 14 SETEMBRO
MUSEU DO CÔA
A RAIA VISTA POR…
de Pedro Sena Nunes, João Trabulo, Isabel de Ocampo e Gabriel Velázquez /
Chema de la Peña
Portugal/ Espanha, 2011.| 65min. | suporte digital
O TMG e a Junta de Castilla y León desafiaram realizadores
portugueses e espanhóis a filmar a Raia (linha de fronteira que
separa Portugal e Espanha) e a mostrar a sua visão das histórias,
das relações sociais e dos acontecimentos entre ambos os
povos vizinhos. O resultado pode ser visto agora no Cinecoa
com quatro curtas-metragens, numa edição luso-espanhola. De
Portugal foram convidados os realizadores Pedro Sena Nunes e
João Trabulo e de Espanha Isabel de Ocampo e a dupla Gabriel
Velázquez / Chema de la Peña.
PAISAGEM
de João Trabulo
Portugal 2009 | 23 min. | suporte digital
Apresentado na “Paisagem”, a exposição que o Centro de Artes
Visuais dedicou a João Luís Carrilho da Graça, um dos mais
importantes arquitectos da actualidade, tanto a nível nacional
como internacional.
O filme documenta alguns aspectos da obra e dos métodos de
concepção deste brilhante arquitecto.
Sessões infantis
CINECOA 2014- 4º FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE VILA NOVA DE FOZ CÔA
Desde a sua primeira edição, o Cinecoa organiza sessões destinadas
ao público infantil. Este ano veremos dois clássicos: Mary Poppins,
das produções Walt Disney e Aniki Bobó, de Manoel de Oliveira.
QUI. 11 SET. | 09:30
Auditório Municipal
SEX. 12 SET. | 09:30
Auditório Municipal
MARY POPPINS
ANIKI BOBÓ
de Robert Stevenson
com Julie Andrews, Dick Van Dyke
Estados Unidos, 1964 / 140 min / cópia digital
de Manoel de Oliveira
com Américo Botelho, Feliciano David, Fernanda Matos
Portugal, 1942 / 71 minutos / cópia 35 mm
Um dos maiores êxitos das produções Walt Disney e um dos
últimos a terem sido feitos sob a supervisão direta de Disney.
A ação se passa em Londres em fins do século XIX, na casa de
um rico banqueiro, onde reina uma severa disciplina. Entra em
ação Mary Poppins, uma ama que voa e que trará alegria a toda
a família.
O primeiro filme de Manoel de Oliveira, A ação tem lugar no
Porto, essencialmente na Ribeira. Os protagonistas são crianças
que brincam aos polícias e aos ladrões. O título do filme é
precisamente o nome de uma brincadeira infantil para dividirmos
“polícias” e os “ladrões”. Uma bela incursão ao mundo infantil,
que também se tornou um magnífico documentário sobre o Porto
na década 40.
Carta branca
Leonor Pinhão
Conhecida jornalista, Leonor Pinhão tem duas paixões principais: o cinema
e o futebol (é benfiquista mais do que convicta). Leonor Pinhão frequentou
o Conservatório Nacional de Teatro e Cinema e foi co-argumentista de Um
Adeus Português, de João Botelho, entre outras colaborações no cinema.
No domínio do futebol, foi comentadora do programa Donas da Bola na
televisão e tem uma coluna semanal no jornal desportivo A Bola, além de
dirigir um talk show semanal sobre futebol no CANAL Q.
SÁB. 13 SET. | 17:00
Auditório Municipal
Este é um espaço em que personalidades
são convidadas a selecionar dois filmes
à sua escolha.
DOM. 14 SET. | 17:00
Auditório Municipal
O FANTASMA APAIXONADO
O MENSAGEIRO DO CÉU
The Ghost and Mrs. Muir
de Joseph Mankiewicz
com Gene Tierney, Rex Harrison
Estados Unidos, 1947 | 104 min. | Cópia digital
The Bishop’s Wife
de Henry Koster
com Cary Grant, Loretta Young, David Niven
Estados Unidos, 1947 / 110 min
Um dos mais belos filmes de amor a terem sido feitos: uma jovem
se une ao fantasma do capitão de marinha que fora o proprietário
que mansão que ela vem habitar. Ela será fiel ao homem
durante toda a sua vida terrena e este amor se prolongará
pela eternidade. Os dois protagonistas têm um desempenho
extraordinário.
Um filme em tom de comédia sobre um sacerdote que tem planos
para mandar construir uma igreja, com a ajuda de uma viúva rica
e um tanto imprevisível. Surge um homem disposto a ajudá-lo,
que na verdade é um anjo, mas o sacerdote pensa que o anjo
quer tomar o lugar dele. Este filme relativamente pouco visto é
um belo exemplo do cinema americano clássico, com magníficas
interpretações.
Ante-estreia
15
João Botelho
A Arte da Luz tem 20.000 Anos
de João Botelho
Portugal, 2014 / 55 min.
com as presenças de António Martinho Baptista, Joana Botelho,
Cláudio da Silva e Ricardo Aibéo
Imagem: João Ribeiro
Som (stereo): Francisco Veloso
Montagem: João Brás
Produção: Alexandre Oliveira, para Ar de Filmes com a participação da
Câmara de Vila Nova de Foz Côa
Filme apresentado pelo realizador João Botelho
No Vale do Côa, a “Arte da Luz” no seu esplendor por todo
o sempre diante de nós, mesmo para aqueles que ainda
não viram, mas que seguramente farão a peregrinação
obrigatória, porque é de arte que se trata, e a arte é condição
primordial da existência humana e da sua liberdade.
Benditos sejam os que lutaram contra quem queria inundar
e sepultar para sempre talvez o maior tesouro artístico que
existe em Portugal. Benditos sejam os que nos livraram
do pecado infecto da destruição irremediável do legado de
artistas geniais que produziram a maior concentração da
grande “Arte da Luz” que no mundo aconteceu! Há mais
de 15 mil anos, há mais de 20.000 anos num pequeno e
desgraçado território que há apenas 900 anos se passou a
chamar Portugal!
João Botelho, Agosto de 2014
Filme concerto
ANTE-ESTREIA MUNDIAL
DOM. 14 SET. | 21:30
Nascido em Lamego, João Botelho
é um dos mais conhecidos e importantes cineastas portugueses em
atividade, como atesta a exposição
intitulada “Só Acredito num Deus
que Saiba Dançar”, atualmente
apresentada no Centro Internacional de Arte José de Guimarães, em
Guimarães. Botelho estreou-se na
longa-metragem em 1982, com
Conversa Acabada, baseado na
correspondência entre Fernando
Pessoa e Mário Sá-Carneiro e realizando de seguida Um Adeus Português, o primeiro filme português
a abordar a Guerra Colonial. Desde
então realizou mais de dez longas-metragens e diversas curtas, entre
as quais se destacam Tempos
Difíceis, Três Palmeiras, Tráfico,
Filme do Desassossego, baseado
mais uma vez em Fernando Pessoa. O seu filme mais recente, Os
Maias – Cenas da Vida Romântica,
que adapta o romance de Eça de
Queirós terá estreia nacional no
corrente mês de Setembro.
Pedro Burmester
Auditório Municipal
BURMESTER . PASOLINI . BACH
Escritor, jornalista, argumentista, marxista, cristão, herege...
cineasta, Pier Paolo Pasolini foi um dos realizadores italianos mais
importantes de todos os tempos e é figura central da 4ª edição do
CINECOA - Festival Internacional de Cinema de Vila Nova de Foz
Côa que decorre entre os dias 10 e 14 de setembro em Vila Nova
de Foz Côa e no Porto
O Teatro Municipal da Guarda em Parceria com o CINECOA
prestam homenagem ao grande pensador italiano através de
dois cine-concertos do pianista Pedro Burmester interpretando
composições (músicas/peças) de Johann-Sebastian Bach com
imagens de filmes de Pasolini. SÁB. 13 SET. | 21:30
GRANDE Auditório
TEATRO MUNICIPAL DA GUARDA
sessão
de encerramento
Pedro Burmester é um dos mais
conceituados pianistas portugueses da atualidade. A sua discografia inclui três CDs a solo com obras
de Bach, Schumann e Schubert,
um em duo com Mário Laginha e
três gravações com a Orquestra
Metropolitana de Lisboa. Em 1998
foi editado um CD a solo com obras
de Chopin. Em 1999 gravou as dez
sonatas para violino e piano de Beethoven com o violinista Gerardo
Ribeiro. Em 2007, juntamente com
Bernardo Sassetti e Mário Laginha,
editou o CD e DVD “3 Pianos”,
gravado ao vivo no Centro Cultural
de Belém. Em 2010 grava e edita a
Sonata em Lá Maior D959 de Franz
Schubert e os Estudos Sinfónicos
op. 13 de Robert Schumann.
Budget Castanheira . Câmara Municipal do Porto . João Fontes . Casas do Côro . Casa Vermelha . Catarina Capelo . Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema . Cláudia Pinto
Direcção Regional da Cultura do Norte . João Luís Sequeira . Alexandre Oliveira (Ar de Filmes) . João Botelho . Triptyque Films . Fernando Seara . Fundação Calouste Gulbenkian
Governo de Portugal . Hotel Vale do Côa . Ignasi Duarte . Leonor Pinhão . Luís Lapão . Inês Mata . Pedro Blanco . António Simões . José Augusto . Nuno Gomes . Marcello Urgeghe
Paulo Pires . Sara Moreira . Rita Azevedo Gomes . Sport Lisboa e Benfica . Joana de Verona . Olga Carneiro . Victor Afonso . José Manuel Costa . Luís Miguel Oliveira . Macedo
Pianos Manuel Macedo . Paula Franca . Symington Real Estates . Cineteca Bologna . Roberto Chiezi . Stefano Masotti . Quinta do Vesúvio . Ramos Pinto . Rosa Almeida
RTP . RTP2 TAP Portugal . Imacustica . EPSON . TMG
Exposições
As cinzas de Pasolini
PORTO
Galeria Municipal
Almeida Garrett
10 Setembro a 9 Outubro
EUSÉBIO – PANTERA NEGRA
Uma exposição imperdível
VILA NOVA DE FOZ CÔA
SALA DE EXPOSIÇÕES
BIBLIOTECA MUNICIPAL
10 Setembro a 9 Outubro
Download

PORTO VILA NOVA DE FOZ CÔA