Pós Graduação em Letras Área de Concentração: Lingüística e Língua Portuguesa Linha de pesquisa: Enunciação e Processos discursivos DrªJane Quintiliano Guimarães Silva Da enunciação ao enunciado: processos de discursivização na/da atividade da linguagem 1 Da enunciação ao enunciado: processos de discursivização na/da atividade da linguagem Jane Quintiliano G. Silva ( PUCMINAS) Considerações iniciais Na tentativa e, por extensão, à área de concentração que de explicitar as condições de produção/emergência do texto que aqui se oferece à leitura e, por conseguinte, levar a efeito o seu propósito norteador – esboçar um projeto de trabalho a ser desenvolvido no interior da linha de pesquisa “Enunciação e Processos discursivos” que integra o Programa de Pós-graduação stricto sensu, Mestrado em Letras, PUCMINAS –, julgo oportuno, para este momento da reflexão, descrever, de forma breve, elementos de minha trajetória acadêmica, particularmente, aqueles relacionados às experiências de pesquisa e ensino. Dada a natureza da atividade discursiva em foco, tal expediente, a meu ver, afigura-se relevante na medida em que por meio dele objetivo tanto assinalar os espaços de tomada de posições teóricas e metodológicas que orientaram (e orientam) o meu modo de olhar os fatos /fenômenos/práticas da linguagem, como criar possibilidades para estabelecer relações de diálogo (e de pertença) com as orientações teóricas e metodológicas que subjazem à linha de pesquisa em destaque a hospeda. Suponho que, ao instaurar esse movimento, trago históricas, nele inscritas marcas políticas, engendradas no sociais processo e pessoais das práticas sociais e discursivas que me envolvem. Ou, deixa-se ali entrever a história de nossas interações, de inserção nas práticas discursivas de uma dada comunidade, no nosso caso, a acadêmico-científica. Do pesquisador e professor A minha trajetória de pesquisadora, no âmbito dos estudos da linguagem, vem sendo construída, a partir do início da década 90, quando ingressei no Mestrado em Educação FAE/UFMG, para desenvolver um estudo chamada sobre tipologia o funcionamento textual escolar, da que compreende basicamente os tipos narrativo, descritivo e dissertativo. Como sabemos, essa tipologia textual, no universo das práticas de ensino de língua materna, possui uma longa história, na qual refletem as concepções de texto, de língua, de autor/produtor, de interlocutor, enfim, dos usos da linguagem e o seu ensino, as quais, no entanto, nem sempre levaram em conta 2 a multiplicidade textos e heterogeneidade produzidos na vida dos cotidiana. A André Petitjean, 1989; Maingueneau, 1989; Bakhtin, 1990, 1992, 1997; Marcuschi, “As 1995a, b, entre outros, nesse percurso, tipologias textuais e a produção de texto na acabei por produzir um pequeno trabalho escola”. teórico dissertação produzida intitula-se Embora à época a discussão sobre sobre (terminologia gênero adotada discursivo por mim nos o ensino de gênero textual nas nossas primeiros estudos) e tipo textual, no qual escolas fosse relativamente tímida, com os procuro desenvolver uma reflexão sobre a resultados dessa pesquisa, fundamentada que funcionamento da linguagem as noções nas dialogismo de “gênero discursivo” e “tipo textual” se bakhtiniano, ia ficando claro para mim que é referem, na atividade de classificação dos através dos gêneros que as práticas de textos (cf. Silva, 1999). Aí, devo dizer, ensino de linguagem deveriam encarnar instalava-se o desejo de empreender um uma de trabalho de investigação sistemática sobre aprendizagem de textos. Noutras palavras, os gêneros textuais que, a princípio, não remetendo-me a uma das passagens do havia a preferência por um ou outro gênero, trabalho citado, as direções subsumidas por vez essa exploratoriamente, operar com a teoria dos hipóteses da teoria significação nas investigação do atividades pautavam-se no a intenção maior era a de, gêneros e a sua aplicação. pressuposto de que: Optando na verdade, o que se aprende (ou se deve ensinar) a escrever são os gêneros discursivos que correspondem a atividades discursivas reais e concretas que o sujeito pratica no universo social em que está inserido. Desse modo, parece evidente que, para se apropriar da linguagem escrita, em seus processos diversos de funcionamento, que ocorrem e se manifestam sob a forma de texto, não basta uma prática escolar de escrita cuja diretriz se dá por meio de um tema qualquer e por indicação de tipos textuais. Escrevem-se, entre outras coisas, cartas, convites, diários, contos, crônicas, procuração, declarações, lista de compra, etc. São essas diferentes práticas de escrita, que figuram na sociedade, com usos e funções sociais diferentes, é que devem constituir o objeto de aprendizagem de língua na escola (cf. Silva, 1995: 202). Convicta que desse pressuposto por essa frente de pesquisa, o meu doutorado me conduziu a uma interlocução mais intensa e metódica com o tema, bibliográfico, mediante na levantamento tentativa de construir parâmetros para operacionalizar teórica e metodologicamente com a categoria gênero. Dessa pesquisa, resultou a tese, intitulada, “Um estudo sobre o gênero carta pessoal: das práticas comunicativas aos indícios de interatividade na escrita dos textos” Sobre essa etapa da minha formação, importa ressaltar alguns aspectos que iluminam questões relativas ao processo de construção da pesquisa (e do objeto) e do pesquisador. Sob uma abordagem lingüístico-textual, o trabalho de e motivada por leitura de alguns autores, como Isenberg, 1987; Bronckart, 1987; análise dos dados – que compreendiam textos escritos configurando, em por alunos termos – ia-se metodológicos, 3 mais como um espaço de formação do práticas pesquisador, de emergência de nova prática acadêmico/escolar. de pesquisa, de um fazer científico, fundado discursivas A frente de do domínio pesquisa por mim em novos gestos de compreensão do objeto empreendida, nesse universo, toma como em foco, ou seja, em uma concepção que central toma subjetividade/subjetivação nos processos de a língua/texto como atividade o tema construção emergência constitutiva produção acadêmica. A proposição desse recorte pelo sujeitos, gerada em situações reais de uso. Filiar-se a essa posição se autoria constrói nos da comunicativa, atividade cognitiva, atividade de da da eventos interesse de de compreender como os sujeitos vão, ao longo metodológica era algo que implicava, a de rigor, a construção de uma identidade de construindo pesquisador para qual passava a ficar claro implicada nas ações e/ou tarefas do mundo o princípio de que não se pode desenvolver acadêmico e profissional. Em outros termos, análise de texto e de discurso adotando toma-se essa orientação na perspectiva da qualquer construção, pelo aluno, de uma posição de concepção de língua/gem, de texto, de gramática, pois, caso o faça, suas experiências uma na academia, posição identitária autoria na sua atividade linguageira. pode-se correr o risco de criar objetos Ora, entende-se que as categorias adulterados. Ora, sob esse enfoque, o texto, eleitas, para pensar tanto o fenômeno em o cena objeto observável do pesquisador e como a própria problemática ali materializado numa dada língua natural, instalada, inscrevem-se na mesma ordem traz na materialidade de seus enunciados do paradigma epistemológico, projetado no um âmbito da linha de pesquisa Enunciação – conjunto operações de e pistas resultantes mecanismos discursivos de lingüísticos, enunciativos que Processos discursivos. Nesse sentido, trabalhar com a categoria sujeito, sob o regulam/ajustam, em grau maior ou menor, recorte o processo de produção de sentido. autoria/posicionamento identitário é, sem Adotando a pesquisa subjetividade/ um dúvida, uma tarefa complexa que exige uma princípio de produção de conhecimento, abordagem interdisciplinar e requer, como venho já desenvolvendo como da trabalhos de investigação que se articulam com um 1 exposto, a instâncias/planos incursão pelas constitutivos do conjunto de pesquisas integradas , cujo foco funcionamento e configuração da atividade recai formação discursiva. identitária do professor no universo das Por sobre o processo de fim, devo registrar que a relevância e as contribuições da pesquisa, a Deve-se esclarecer aqui que o corpus por mim investigado é constituído aproximadamente 120 textos, exemplares de resenhas, produzidas por alunos de Letras, no percurso de três períodos escolares, o que confere à investigação um caráter longitudinal. Com a frente de trabalho que se encontra em andamento, o corpus se constitui de 45 memoriais. 1 meu ver, explicam-se, primeiramente, pelo fato de que se ampliarem as possibilidades para uma compreensão mais aprofundada e sistemática acerca dos processos de 4 formação identitária/ posição-autor e, por emergir (ou não) os movimentos conseguinte, e dos modos de textualizar/de estratégias de uma posição de autoria. e dizer que concorrem para efetivar/ fazer Proposta de trabalho Da enunciação ao enunciado: processos de discursivização na/da atividade da linguagem 1 Apresentação portanto, como objeto de investigação. Para ilustrar essa tendência, reporta-se aqui à 1.1 Justificativa Na constituição da linha de pesquisa “Enunciação e Processos discursivos”, prevê-se a emergência de um amplo quadro de referências teóricas e metodológicas que pode contribuir para construção de estudos sobre a língua/gem sob a perspectiva que eleja a língua discursiva, como (inter) uma atividade subjetiva, cognitiva, concebida na e para interação, daí seu caráter palavras, social e esse histórico. recorte, Em que outras pressupõe movimentos da/na atividade linguageira, fundados na relação possibilidades estudos para sobre contemplam enunciação, fatos interpessoal, que se da elementos da abre invista em linguagem que do discurso/da língua/gem (em funcionamento), da interação, da ação dos sujeitos na atividade discursiva. Esses fatos, dentre outros, vale salientar, por longo tempo, na história dos estudos da linguagem, ficaram à sombra, por serem vistos como algo caótico, assistemático, sujeito às oscilações e inconcebíveis, distinção saussuriana entre língua e fala, em que esta, por trazer em sua emergência as vozes, as emoções, os traços da circunstância de uso da língua, as marcas da singularidade e da subjetividade dos falantes, fora alçada à condição de um objeto não legítimo para fins de um estudo sistemático. Seguindo-se esse raciocínio, acha-se perfeitamente adequada a observação que Mari (1997, 148) apresenta, ao ponderar que o que se vê, na história moderna da lingüística, é um outro padrão de percepção dos fatos da linguagem e isso se instaurou, dentre outros fatores, com (...) o processo migratório que a lingüística passagem enfrentou do plano na do enunciado para o plano da enunciação pelo (...) processo A incursão enunciativo redefine o problema em outros patamares. A estrutura perde a sua autonomia no processo e toda a ilusão que alimentou em 5 favor de um ‘eu’, consagrado considerações tecidas, formular, para os como termos-chave que tematizam a linha de centro começa a do ser sentido, desfeita, em pesquisa em foco, a seguinte interpretação: favor da aceitação da voz de a) com o um outro (...) compreender termo "enunciação", deve-se que a enunciação é uma atividade por meio da qual o sujeito coloca a Os efeitos de deslocamento dessa ordem se refletem numa guinada língua em funcionamento e dela se apropria, mas também age com e sobre ela nos significativa, que, no curso da história das eventos idéias em implica a emergência de eu e um tu que se uma série de rupturas que, permitiram uma mostram, discursivamente, na materialidade redefinição e, dos enunciados. na preciso que se opere com a idéia de da discurso, de língua e sujeitos que em cena linguagem. Somente para ilustrar, apontam- assumem uma função enunciativa e se se, definem intersubjetivamente. lingüísticas, consubstanciaram metodológica fundamentalmente, abordagem dos fatos como metodológico, epistemológica e fenômenos deslocamento mudanças teórico- ato de enunciar Pensar em enunciação é b) com o termo "processos discursivos", língua para a fala e para o discurso, da deve-se assinalar o caráter dinâmico e competência processual o como: O da para tais interações. desempenho; do que se reveste a atividade enfoque da forma para a função, da frase discursiva, na qual se atualiza um conjunto para de ações lingüístico-discursivas para levar a o texto; do enunciado para a enunciação. efeito um sentido - projeção da enunciação Antes de encerrar esta seção, vale no enunciado (processo de referenciação assinalar que, com relação aos termos- pessoal, chave da linha de pesquisa, “enunciação e intradiscurso; estratégias (re) formulação processos uma textual; estratégias de referenciação textual articulação metodológica que deixa entrever (prevêem- se aqui também as diferentes a sugestão de percurso (metodológico) que formas de semiose). nos discursivos”, levaria A partir desse quadro de discussão, pelos a proposta de trabalho aqui em pauta diferentes planos e sistemas – enunciativo, estabelece como ponto de partida, para discursivo, conceitual, lingüístico e textual – levar a efeito os objetivos em mente, a que convergem (imbricam e se pressionam) implementação de uma disciplina, cujo na tessitura do texto, o que concorre para nome procuraria projetar o alcance que enfatizar intenta: a enunciação/ único à dimensão do interdiscurso, seu acontecimento da presume-se espaciotemporal); incursão processual na abordagem do objeto (Beugrande, 1997). Sob essa orientação, que, a rigor, Da enunciação ao enunciado: processos da discursivização na atividade da linguagem (?) intenta precisar abrangência da linha de Nesses termos, salienta-se mais uma vez pesquisa, que o estudo a ser empreendido no campo procuro, com bases nas 6 dessa disciplina e viés histórico, pretende desenvolver uma oportuno tendo em vista que a abordagem reflexão sobre os estudos da enunciação enunciativa tem ocupado um espaço cada que vez discurso mais mostra-se expressivo linguagem. Para adequado dos estudos acercar-me da desse operem e com enunciação, atividade do língua, sujeito. Essa orientação visa rastrear os trabalhos que propósito, passo agora tanto à indicação dos promoveram objetivos norteadores da ação acadêmica enunciação /subjetividade no estudo da bem linguagem. como à proposição dos a A introdução partir /inclusão desse da recorte, a temas/conteúdos que se afiguram como disciplina também se volta para um exame objetos das operações discursivas, com ênfase nos de reflexão na composição do quadro teórico, metodológico e conceitual a mecanismos ser explorado pela disciplina. enunciativas: (1) ancoradas na enunciação/ e estratégias (meta) no acontecimento discursivo (referenciarão 2 Objetivo Geral: pessoal, espacio-temporal) e ancoradas no A disciplina visa propiciar uma reflexão enquadre social/institucional (assunção de sistemática posições sobre a problemática da discursivas/identitárias); (2) enunciação, numa abordagem discursiva, atualizadas ressaltando-se discursos (modos dizer que refletem as a relação entre língua, entre enunciados e entre discurso e (inter) subjetividade. ações do sujeito sobre o seu próprio dizer, 2.1 Objetivos específicos: sobre o dizer do outro, sobre o dito; nesse a) Refletir sobre os objetos e princípios processo teóricos, gerenciamento metodológicos e conceituais prevê-se de o chamado vozes, e, por defendidos pelos estudos enunciativos a fim conseguinte, relações de interdiscurso e de intradiscurso). assinalar as especificidades e singularidade de cada um dos estudos, sob um viés histórico. Em termos metodológicos, a disciplina b) Analisar a relação enunciação, língua, pretende desenvolver as suas atividades em discurso um e intersubjetividade numa quadro em que se combinam a perspectiva discursiva. dimensão teórica e conceitual e a dimensão c) Descrever e explicar analiticamente as empírica. operações discursivas presentes nos textos trabalho de análise de textos empíricos empíricos a fim de demonstrar a ação do (oriundos do banco de dados do projeto de sujeito no discurso e/ou no texto. pesquisa Propõe-se por mim empreender coordenado) um para identificar e explicar, analiticamente, as operações discursivas neles presentes, à luz Esboço do quadro teórico-metodológico de uma matriz teórica organizada a partir da disciplina dos princípios teóricos e metodológicos dos O foco de interesse da disciplina recai sobre uma abordagem que, sob um estudos do campo da linguagem em questão. Nesse contexto, prevê-se também 7 o desenvolvimento uma inauguração de um estudo de abordagem discussão teórico-metodológica por meio da enunciativa), o estudo de Antoine Culioli qual se possa assinalar (ou não) as relações (1973) que propõe um conjunto de co- de interdisciplinaridade (ou de interlocução) localizações (repérage) de enunciados e entre desenha o estudo/ sistemático estudiosos de que foram tomados como referência para empreender a atuação do enunciador no enunciado/enunciação. o trabalho de análise. Ampliando essa discussão, podem-se Composição do quadro de leituras e propor reflexões particularmente, “Esboço de uma teoria da De Benveniste a Bakhtin: percursos os estudos de Ducrot (1987) enunciação”, em que a autor rompe-se com a unicidade do sujeito, que é dotado de uma dos estudos enunciativos- competência psicofisiológica, propondo a Não se pretende aqui desenvolver uma tese seguinte: o sujeito /autor como a discussão aprofundada sobre o tema. O que origem dos atos ilocutórios realizados no se quer, de fato, dada a natureza do curso da enunciação, cuja atualização se dá trabalho em pauta, é apresentar, de forma por meio de marcas de primeira pessoa. sumarizada, o universo de obras e estudos Para encerrar esse percurso, apontam-se os que poderão ser objeto de reflexão da estudos disciplina. Do ponto de vista da delimitação Marxismo e Filosofia da Linguagem (1991), dos estudos teóricos, para se compor o que apresenta, de forma programática, a quadro explorado, chamada Teoria Enunciativa, a qual opera percurso com o princípio do dialogismo: o da a bibliográfico sugere-se que a a ser abertura do bakhtinanos, particularmente, teórico, metodológico e conceitual a ser interação desenvolvido se instaure com os estudos de construção da língua e da constituição do Benveniste (1989), particularmente, com o sujeito; e o da texto “O aparelho formal da enunciação”, a discursos. fim de refletir sobre a instauração da (inter) criação verbal, Bakhtin pode contribuir para subjetividade da um trabalho de sistematização sobre a e problemática em foco, na medida em que Nesse quadro, na sua reflexão incide sobre o pressuposto de na indissociabilidade da atividade do sujeito. linguagem ou língua, discurso verbal como espaço da polifonia, relações entre De igual modo, Em Estética da tentativa de refletir sobre as chamadas que formas da fundamentalmente dialógica tendo em vista enunciação, pretende-se investir em uma que a compreensão responsiva, atitude que discussão que enfatize os processos de instaura a alteridade discursiva. da língua/sistema e as a enunciação é uma atividade discursivização das categorias enunciativas. pertinente À luz da breve descrição que aqui se sugerir os estudos de Jakobson (1993) talhou para promover uma visibilidade do relativos aos embreantes /shiffers (tendo que se pretende empreender, apontam-se, em vista a hipótese de que ali se dá a agora, a unidades de trabalho e/ou os Na esteira desse debate, é 8 módulos de estudo que a disciplina poderá Direções didático-pedagógicas: compreender. Somente Para empreender a proposta de trabalho em informação, cada para efeito módulo de poderá pauta, tomam-se como adequadas, no compreender uma carga horária de 8 horas, âmbito das ações da disciplina, as seguintes o que corresponderia a duas aulas de 4 atividades didáticas: horas cada uma delas. (1) Aulas expositivas – para expor e fundamentar as reflexões sobre o tema em Proposição das unidades de trabalho pauta. Unidade 1: A problemática da enunciação - 2) Lingüística problemática e/ou um autor organizados da enunciação e teorias da Seminários, em torno de uma enunciação: as relações de interseção. pelos Unidade basicamente o projeto de leitura/produção 2: Introdução da categoria alunos, em que se sujeito/subjetividade no campo dos estudos de sentido apresentado pelo aluno. da (3) linguagem (teorias da enunciação, Pragmática, Semântica da argumentação). Unidade 3: Processos discursivos 1 Discussão de temas avaliará realizada via internet, nos MSN,, espaço que possibilita a – socialização de reflexões e tarefas do discursivização das categorias enunciativas. universo acadêmico. Unidade 4: Processos discursivos 2 – a Avaliação polifonia do/no discurso (argumentavidade Prevê-se como instrumento de avaliação, a da produção de um artigo ou uma resenha língua, gerenciamento de vozes e definição dos lugares enunciativos). teórica que propicie ao aluno sistematizar as suas reflexões sobre o tema em foco. Bibliografia ANSCOMBRE, J.C. et DUCROT, O. (1983). L'argumentation dans la langue. Bruxelles, Mardaga. AUSTIN, John. (1962) Quando dizer é fazer. Porto Alegre, Artes Médicas. AUTHIER-REVUZ, (1998) J. Palavras incertas. Campinas. Editora da Unicamp. BAKHTIN / Volochinov. (1991) Marxismo e filosofia da linguagem. S. Paulo, Hucitec. BAKHTIN, Mikhail. (1992). Estética da Criação verbal. São Paulo: Martins Fontes. BAKHTIN, Mikhail. (1997). 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Os estudos enunciativos incorporam à ciência da linguagem muitos fatos que tinham sido desprezados por uma Lingüística da língua ou uma Lingüística da competência e, por esse motivo, tornam-se alvo de grande interesse por parte dos lingüistas e objeto de pesquisas cada vez mais diversificadas. Conteúdo 1. A problemática da enunciação.2.O enunciado e a enunciação enunciada.3.A debreagem e a embreagem.4.A actorialização.5.A temporalização.6.A espacialização.7.A aspectualização.8.A modalização.9.O ethos do enunciador e a imagem do enunciatário.10.A dêixis discursiva.11.O estilo e o ethos.12.A heterogeneidade constitutiva.13.A heterogeneidade mostrada.14.Os conectores argumentativos.15.Os atos de linguagem. 5 Questões e perspectivas abertas Com o passar dos anos, surgiram várias questões importantes para a agenda de investigação da ACD, mas que ainda não foram adequadamente discutidas. Gostaríamos de mencionar algumas que são centrais, e que também são discutidas em Meyer, 2001. 13 1. problema da como operacionalizar as teorias, e de como relacionar a dimensão lingüística com as dimensões sociais (o problema da mediação). 2. A teoria lingüística a ser aplicada: é freqüente vermos o uso de um conjunto desconectado de indicadores e variáveis lingüísticas na análise de textos, sem que essa análise esteja sustentada por noções teóricas e por uma teoria gramatical. 3. A noção de ‘contexto’, que com freqüência é definida ou de forma muito ampla, ou de forma muito restrita: de quanta informação precisamos para analisar textos, e qual é o impacto causado pelas teorias? 4. A acusação de parcialidade – como justificar e validar certas leituras do texto? 5. Ainda não conseguimos tornar a inter ou transdisciplinaridade uma parte realmente integral das análises textuais. 14