PD61- Síncopes de etiologia cardiovascular em Pediatria – um desafio diagnóstico Maria Teresa Dionísio, Paula Martins, Marta António, António Pires, Graça Sousa, Isabel Santos, Ana Mota, Eduardo Castela Hospital Pediátrico de Coimbra Introdução: A síncope define-se como a perda súbita e transitória da consciência e tónus postural, com recuperação espontânea e sem sequelas neurológicas. O seu diagnóstico diferencial constitui um desafio para o clínico. É habitualmente benigna (síncope neurocardiogénica ou vaso-vagal), no entanto pode ser um sintoma premonitório de morte súbita, quando associada a cardiopatia quer congénita quer adquirida, sendo a sua exclusão mandatória. A fim de ilustrar a diversidade etiológica cardiovascular desta entidade, os autores descrevem quatro casos clínicos. Descrição dos casos clínicos: Caso 1: Adolescente de 11 anos com episódio inaugural de síncope após mergulho na piscina. O electrocardiograma (ECG) revelou intervalo QT corrigido prolongado para a frequência cardíaca de base (480ms). Diagnosticada Síndrome de QT Longo. Ecocardiograficamente, sem cardiopatia estrutural. Medicada com betabloqueante, estando assintomática. O estudo molecular identificou três mutações para LQT1, LQT2 e LQT5. O estudo familiar foi positivo, revelando duas mutações na mãe. Caso 2: Adolescente de 11 anos enviado à consulta por síncopes de repetição. Antecedentes familiares de Miocardiopatia Hipertrófica (MCH) confirmada por estudo molecular. Da investigação efectuada, destacava-se padrão de pseudoenfarte no ECG e ecocardiograficamente padrão de miocardiopatia hipertrófica obstrutiva. Foi colocada a hipótese diagnóstica de MCH Familiar, aguardando estudo genético. Medicado com betabloqueante, estando actualmente sem queixas. Caso 3: Criança de 4 anos em que, na sequência de síncope, insuficiência cardíaca e cianose, foi feito o diagnóstico de Hipertensão Arterial Pulmonar idiopática. Dos exames efectuados evidenciava-se estudo hemodinâmico com prova de vasorreactividade da árvore vascular pulmonar negativa. Melhoria clínica sob terapêutica combinada com antagonista do receptor da endotelina e análogo da prostaciclina. Caso 4: Adolescente de 11 anos com episódios de síncope diários em contexto de ansiedade, precedidos de pródromos, desde os 9 anos. Da investigação realizada, destacava-se Teste de Inclinação Ortostática (TILT) positivo com resposta cardioinibitória sem assistolia. Diagnosticada síncope neurocardiogénica. Boa evolução com medidas conservadoras. Discussão: Apesar da etiologia mais frequente da síncope ser benigna e auto-limitada (síncope neurocardiogénica), é importante o despiste de patologia cardiovascular pela sua associação à morte súbita. Palavras-chave: Síncope, cardiovascular, morte súbita, neurocardiogénica