P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 9, n. 2, p. 121-131, 2011
Análise do gerenciamento de resíduos de
lavanderias de Ponta Grossa
Analysis of the laundry waste management at Ponta Grossa
Bruno Alessandro Pacher1
Caroline Rodrigues Vaz1
Ivanir Luiz de Oliveira1
RESUMO: Neste artigo foi analisado os dados obtidos pela aplicação de um questionário, em um
estudo de caso. Tendo 10 lavanderias como universo de pesquisa, representando cerca de 70%
das lavanderias estabelecidas na cidade de Ponta Grossa. Foram dividas em três categorias de
acordo com o público alvo, sendo elas: doméstica, industrial e hospitalar. A partir das respostas
fornecidas pelos proprietários torna-se possível analisar os impactos que tal atividade causa ao
meio ambiente. O processo de lavagem divide-se em: 80% dos casos, lavagem à seco, à base de
produtos químicos e 20% lavagem úmida, utilizando água e produtos convencionais. Na lavagem a
seco alguns produtos químicos são prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Já na lavagem úmida,
os riscos apresentados ao meio ambiente são menores. O emprego de energia pelas máquinas se
dá pela eletricidade e pelo gás. As lavanderias hospitalares devem possuir uma licença para
funcionamento. Conclui-se que pequenas mudanças como a reutilização da água, a utilização de
produtos biodegradáveis, o envio de embalagens de solventes para reciclagem e o tratamento
simples da água antes da evacuação para o esgoto poderia razoavelmente diminuir o impacto
sobre o meio ambiente.
Palavras-chave: Lavanderia; Resíduos; Meio ambiente.
ABSTRACT: In this paper we analyzed the data obtained by applying a questionnaire in a case study.
Having 10 laundries on the research universe, representing approximately 70% of the laundries
established in the city of Ponta Grossa. They were divided into three categories according to the target
audience, namely: domestic, industrial and hospital. Based on the answers provided by the owners
makes it possible to analyze the impacts that this activity causes in the environment. The washing
process is divided into 80% of cases, dry cleaning, chemical-based products and 20% wet-cleaning
using water and conventional products. In some dry cleaning chemicals are harmful to health and the
environment. In the wet-cleaning, the risks posed to the environment are minor. The use of energy for
the machines is by electricity and gas. Hospital laundries must be licensed for operation. We conclude
that small changes like recycling water, using biodegradable products, sending packages to recycle
solvents and simple treatment of water before disposal into the sewer could reasonably reduce the
impact on the environment.
Keywords: Laundry; Waste; Environment.
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo analisar o gerenciamento de resíduos gerados em 12 lavanderias
da cidade de Ponta Grossa, no mês de novembro do ano de 2009, por meio de um questionário a fim de
avaliar os impactos ambientais causados por suas atividades e sugerindo algumas melhorias no processo.
1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná - PPGEP
[email protected]; [email protected]; [email protected]
122
Pacher, Vaz e de Oliveira
P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 9, n. 2, p. 121-131, 2011
Localizada no Segundo Planalto Paranaense, Ponta Grossa, conta com uma infraestrutura de 14
lavanderias, divididas em três categorias: hospitalar, doméstica e industrial, distribuída em vários pontos
da cidade, concentrando-se a maior parte na região central.
Com estas três áreas é possível abranger uma boa parcela do mercado: A lavanderia doméstica é
responsável pela lavagem de roupas simples, de pessoa física. Já as lavanderias industriais e hospitalares
atendem pessoas jurídicas como hospitais, restaurantes, clubes, hotéis, indústrias de diversos ramos,
entre outros.
De maneira simplificada estas lavanderias dividem suas atividades em lavagem úmida e a seco. Para a
realização destas operações são utilizados produtos de diferentes composições. O impacto ocasionado ao
meio ambiente pela utilização de produtos químicos é distinto dependendo do sistema utilizado pelo
estabelecimento.
Uma parcela das lavanderias utiliza-se de produtos prejudiciais a saúde, tornando a lavagem um processo
de degradação e apresentando problemas ambientais. Torna-se visível a identificação do método de
lavagem de acordo com a tecnologia empregada e a evolução das novas técnicas de sustentabilidade.
Por meio da observação in loco pode-se contextualizar algumas técnicas utilizadas nas lavanderias para
minimização da geração de resíduos, justificando assim a procura por produtos de lavagem menos
defasados.
E neste multifacetado cenário ambiental de resíduos gerados por estas lavanderias deve-se enfatizar a
pequena quantidade que se utiliza de produtos biodegradáveis, os quais não geram emissão de poluentes
ao meio ambiente.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Gestão Ambiental
Apesar do termo Gestão Ambiental ser recente sua necessidade é antiga, esta se caracteriza pela
responsabilidade social em adotar práticas melhores para tornar sustentável o desenvolvimento da
empresa, no que diz respeito ao meio ambiente. Desta maneira a gestão ambiental é um referencial para
que as organizações possam atingir essas metas.
A explicação de gestão ambiental em apenas uma frase seria: Coordenar as atividades humanas para que
estas causem o menor impacto possível ao meio ambiente.
Esta relação entre ambiente e empresa, tornou-se muito importante devido à conferência de Estocolmo
em 1972 (1.ª Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente Humano), a partir desta data muitos países
deram origem às secretarias responsáveis ao meio ambiente. Outro relatório muito importante na história
da gestão ambiental é o relatório Brundtland, pois ele incorpora o desenvolvimento sustentável
ressaltando o indispensável papel das empresas.
Com a expansão do tema ambiental, e de várias conferências, deu-se a criação de uma norma de nível
internacional a ISO (Organização Internacional para Padronização, do Inglês International Organization
for Standardization) 14001.
Criada para controlar os impactos gerados pela empresa ao meio ambiente é reconhecida para Sistemas
de Gestão Ambiental (SGA). Com esta titulação o empresário não ganha apenas um certificado de
aprovação, as mudanças que são realizadas pela empresa lhes trazem um grande resultado
principalmente na parte financeira, uma vez que os métodos utilizados visam a remanejamento dos
produtos e resíduos utilizados. Contudo existe uma sequência a ser seguida para a obtenção deste
certificado como mostra a figura 1, que apresenta o sistema de gestão ambiental.
Análise do gerenciamento de resíduos de lavanderias de Ponta Grossa
123
Figura 1 – Sistema de Gestão Ambiental
Fonte: Cajazeira (1998)
Para encaixar-se neste quadro o processo de produção (serviço executado), deve cumprir
primordialmente todas as restrições da legislação ambiental, conciliando a sustentabilidade econômica
com a promoção de um meio ambiente ecologicamente correto, e ao mesmo tempo criando novos
métodos para estabelecer-se no mercado e ganhar a competitividade, tornando-se um fator estratégico
para algumas empresas.
Como evidenciado toda a melhoria que aconteça dentro da empresa, deve sempre girar em torno do meio
ambiente ocorrendo com um simples manejo das atividades, como a redução de água, ou com a elaboração
de novas tecnologias na criação de ações ecologicamente corretas.
Barbieri (2007) afirma que os termos administração, gestão do meio ambiente, ou simplesmente gestão
ambiental serão aqui entendidos como as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais
como, planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter
efeitos positivos sobre o meio ambiente, quer reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados
pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam.
Consequentemente, uma lavanderia deve respeitar o meio ambiente, em todos os aspectos avaliados,
entretanto para a obtenção de uma certificação ISO 14001 é necessário que esta tenha um grande porte,
sendo incogitável nesta amostra analisada.
As obrigações básicas que uma lavanderia deve ter para com o meio ambiente são fornecidas ao
proprietário quando este inicia o processo de abertura de uma empresa prestadora de serviços
(lavanderia). É fornecida uma cartilha explicativa com todas as informações necessárias para os eventuais
procedimentos a serem tomados na instalação de uma lavanderia, principalmente os cuidados ambientais.
A legislação também deve ser de conhecimento do proprietário para que assim a empresa possa estar
dentro das normas. Para os casos particulares de lavanderias hospitalares é necessário que se tenha o
Alvará Sanitário vigente expedido pela vigilância sanitária estadual, municipal ou do Distrito Federal.
2.2. Gerenciamento de resíduos
Existem no mercado atual inúmeros métodos de lavagem conhecidos no cenário de lavanderias, entre esse
existem aqueles adequados ao desenvolvimento sustentável. Os dois métodos utilizados para lavagem são:
método a seco e úmido. Não obstante, a diferença basicamente gira em torno da lavagem a seco, a qual
utiliza de produtos de diferentes composições químicas para lavar certos tipos de roupas.
A lavagem úmida não detém muitos segredos, sendo utilizada em roupas que possuem tecidos de fácil
manuseio. Os produtos utilizados na maioria das vezes não são nocíveis ao meio ambiente, pelo fato de
serem mais populares, e não restritos para o uso de lavanderias, uma vez que possuem o mesmo princípio
daqueles utilizados para lavagens residenciais.
É importante destacar que, na maioria das vezes, não são utilizados os mesmo produtos que se encontram
no supermercado, uma vez que se trata de uma escala maior de roupas a serem lavadas. Existem no
124
Pacher, Vaz e de Oliveira
P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 9, n. 2, p. 121-131, 2011
mercado de produtos de limpeza, alguns com compromisso ambiental, é o caso de determinadas marcas
de amaciantes, alvejantes, e sabão.
O termo lavagem a seco estabeleceu-se devido a não utilização de água na lavagem de roupas, contudo não
se pode afirmar que a lavagem não envolve algum tipo de líquido. Mesmo recebendo esta denominação,
uma lavagem a seco deixa a roupa úmida.
O diferencial é que esta roupa é imersa em outro componente, produto o qual será responsável pela
retirada das manchas, como citado pelos entrevistados, e esses podem variar de acordo com a lavanderia.
Neste processo, o produto terá a ação de “encharcar” as fibras dos tecidos, agindo de maneira superficial,
logo a fibra não absorverá a substância (solvente), diferente do que ocorre com a lavagem a úmido (água)
onde a fibra “incha” devido à absorção de água e quando é posta para secar, “desincha” resultando na
deformação do tecido como um todo, podendo encolher a roupa.
A escolha pela lavagem a seco varia como o tecido da roupa, sendo muito utilizada na lavagem de roupas
de trajes fino, como, por exemplo, ternos, vestidos etc. Seu custo com obviedade é maior do que em uma
lavagem a úmido, devido a todo o ciclo que o envolve.
É utilizada a lavagem a seco também para a remoção de sujidades oleosas e gordurosas. Um dos pontos
positivos é o fato de manter a durabilidade da peça de roupa de cinco a oito vezes mais comparando a uma
lavagem úmida, uma vez que não provoca desgaste nas fibras do tecido e não provoca o desbotamento das
cores vivas, principalmente, quando bem manuseado.
Nesta pesquisa foram encontradas quatro naturezas de produtos utilizados para a lavagem a seco, sendo
eles:
Varsol Casa
Há aproximadamente 30 anos no mercado o Varsol (nome comercial), é produzido pela Esso. Utilizado
como um removedor doméstico apresenta um cheiro mais acentuado e uma secagem mais rápida,
comparado a outros produtos da categoria. É recomendado para retirar manchas de vários produtos
têxteis como carpetes, tapetes e roupas.
Considerado um solvente o Varsol é uma mistura, combinação de Hidrocarbonetos alifáticos (Composição
aproximada: 18% hidrocarbonetos aromáticos. 40% hidrocarbonetos naftínicos e 42% em parifínicos),
produzido a partir da destilação do petróleo. Uma de suas propriedades que se destaca é sua densidade, a
qual gira em torno de aproximadamente 0, 790 g/cm³.
Isto faz com que a densidade caracteriza-se menor que a densidade do ar, a qual gira em torno de 1,2
g/cm³, proporcionando sua fácil secagem, em outros termos, evapora de maneira rápida quando aplicada
na lavagem de roupas.
Por outro lado este produto é considerado altamente inflamável, sendo muito perigoso. Deve ser
manuseado com muito cuidado. Esta propriedade faz com que muitas lavanderias estejam optando por
outros produtos, que possuem um maior grau de segurança. Sua exposição prolongada pode causar asfixia
e transtornos fisiológicos.
Solvente n° 1
Algumas lavanderias utilizam este tipo de produto para lavagem à seco, mas como no caso do Varsol, o
solvente apresenta-se muito inflamável, sendo perigoso. Além de serem considerados produtos químicos
muito fortes podem causar efeitos sobre quem o manipula e ao meio ambiente. Um dos fabricantes de
solventes para esta atividade é a Petrobrás.
Hidrocarboneto
Considerado também um solvente, entretanto sem nenhuma restrição de uso. Não exala nenhum odor,
não agride as roupas e mesmo utilizado na temperatura ambiente cumpre com sua função.
O site do fabricante deixa evidente que o produto, a base de hidrocarbono, higieniza as roupas, não
afetando as cores e muito menos causando o encolhimento das roupas.
Análise do gerenciamento de resíduos de lavanderias de Ponta Grossa
125
Ressalta ainda que este solvente é Licenciado pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)
Ministério da Saúde. Isto se deve ao fato deste produto não agredir o meio ambiente e ser ecologicamente
correto e também não oferece riscos àqueles que o manuseiam.
Uma propriedade que é responsável pela sua alta eficiência é o fato de aumentar a sua cadeia para assim
ele aumentar seu nível de adsorção.
Colágeno
Um produto muito novo no Brasil é baseado na proteína fibrosa, constituída basicamente da substância
intercelular do tecido conjuntivo. É proveniente de animais, suas contra indicações encontradas são a
ocorrência de alergias.
Do ponto de vista ambiental, tratando-se de um produto de origem animal, não sendo ecologicamente
correto, neste ponto, apresenta-se sem malefícios algum quando aplicado a lavagem à seco de roupas.
Quando descartado ao meio ambiente não oferece risco nenhum ao sistema ecológico.
3. MÉTODO DE PESQUISA
3.1. Classificação da Pesquisa
Para efeito de analogia entre o sistema de gerenciamento de efluentes químicos utilizou-se de uma
pesquisa bibliográfica embasados na área ambiental e também foi realizada uma pesquisa de campo
aplicando-se um questionário e entrevistas, aos responsáveis (proprietários ou aqueles que possuíam
poder de decisão), avaliando basicamente os quesitos voltados à gestão ambiental em um universo
composto de 12 lavanderias. Com base nas respostas obtidas, analisou-se cada item sendo ele qualitativo
ou quantitativo.
3.2. Local da pesquisa
Este estudo delimitou-se à região urbana da cidade Ponta Grossa, localizada no estado do Paraná, tendo
como população 306.351 habitantes de acordo com censo realizado em 2007 (IBGE, 2007). Sua área total
é de 2.112,6 Km².
3.3. Procedimento da pesquisa
Elaborou-se um questionário contendo 22 questões relacionadas ao tema de análise e gerenciamento de
resíduos de lavanderias de Ponta Grossa, segundo Quadro 1, propondo o levantamento de dados para
inicialmente avaliar os impactos ambientais gerados, concretizando uma pesquisa de campo.
Com apenas uma parte o questionário tem como objetivo avaliar alguns dados físicos da empresa, como
também quais os tipos de lavagem e subseqüentemente quais os tipos de cuidado que fazem referência a
parte ambiental, é desenvolvida por essas empresas.
O questionário do Quadro 1 faz relação ainda com os tipos de energia utilizada, para alimentação do
maquinário, bem como a fonte e a quantidade de água utilizada.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1. Análise do questionário
Para uma maior representação dos resultados do questionário, este trabalho apresentará gráficos de cada
questão aplicada na presente seção.
Analisando-se a Figura 2, observa-se que a fatia equivalente a metade das lavanderias entrevistadas,
abrange a fatia doméstica do mercado da cidade de Ponta Grossa. Dentre estas se constata que todas são
de porte pequeno variando de 80m² a 260m². Estas lavanderias são responsáveis pelas lavagens
domésticas, voltada para atendimento ao público, tendo como serviços, pequenas peças de roupas, calças
jeans, camisas, moletons, meias etc. E em menor quantidade cobertores, edredons e acolchoados em geral.
Em segundo lugar com 25% da parte no mercado ficam as lavanderias que tanto atendem ao público como
também a empresas. Com dois públicos alvos estas lavanderias, possuem uma área de serviço maior que
aquelas que eram responsáveis apenas pelo ramo domiciliar, apresentando uma área média ente 200m² e
800m². Além de atenderem pessoas físicas, recebem serviços de muitas empresas, como hotéis,
restaurantes, salões de beleza, indústrias metalúrgicas, alimentícias, ente outros setores.
126
Pacher, Vaz e de Oliveira
P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 9, n. 2, p. 121-131, 2011
Quadro 1 – Questionário aplicado
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
8.
9.
10.
11.
12.
13.
14.
15.
16.
17.
18.
19.
20.
21.
22.
Em qual segmento exerce suas atividades? Doméstico, Industrial ou Hospitalar? Qual o porte da lavanderia?
Sua empresa possui licenciamento ambiental?
Sua empresa possui alvará de funcionamento?
Qual seria o tipo de lavagem? À seco ou na água?
Como é feito o abastecimento de água da lavanderia?
Qual a quantidade de água utilizada pela lavanderia?
Após utilização desta água, o que é feito dela?Algum tipo de tratamento?
Qual é o destino final dos efluentes industriais?
É feito tratamento antes de evacuar os efluentes industriais?
Há utilização de caldeira?
Qual é o combustível utilizado nas caldeiras?
Se for lenha, ela provém de fontes regulamentadas ou é clandestina?
Se for a gás, qual é a fonte?
Se for óleo, como é feito o abastecimento e de onde vem?
Possui um controle de emissão de poluentes?
Qual? E como é?
Qual (ais) é (são) o(s) produto(s) utilizado(s) na lavagem normal á água de roupas?
Qual é a fonte de origem e qual o consumo/mês deste(s) produto(s)?
Qual (ais) é (são) o(s) produto(s) químico(s) utilizado(s) na lavagem a seco das roupas?
Qual é a fonte de origem e qual o consumo/mês deste produto?
Como se dá a ação do produto na roupa?
Caso seja Percloroetileno, qual o tratamento aplicado após seu uso?
Figura 2 – Classificação das lavanderias
Em seguida com 16,67% se encontra a lavanderia hospitalar, a qual trabalha apenas com clientes voltados
a área da saúde, como hospitais, clínicas e postos de saúde. Sendo necessário um tratamento diferenciado
para este tipo de setor.
Por fim as lavanderias que são apenas industriais, o campo de atuação é o mesmo de uma lavanderia
domiciliar/industrial. Contudo, sem a parte domiciliar, comparando apenas a industrial.
Esta classificação inicial, proposta pelo item 1 do Quadro 1, é de suma importância para que se possa
separar o campo de atuação de cada estabelecimento, analisando assim sua relação de abrangência para
associar ao porte da lavanderia e por fim estudar seu impacto para com o meio ambiente.
É imprescindível comentar que o licenciamento ambiental, questionado pelo item 2. Ele apenas é
necessário quando se trata de uma lavanderia do tipo hospitalar. Todavia existe uma percentagem, como
mostrado na Tabela 1, que relata possuir esta documentação.
Tabela 1 – Licenciamento ambiental
Licenciamento Ambiental
SIM
NÃO
Percentagem
60%
40%
Constatou-se que algumas daquelas lavanderias que não necessitam possuir o licenciamento ambiental,
foram sujeitas a obtê-lo devido à necessidade da instalação de um ponto de luz trifásico para o
funcionamento das máquinas. Este pedido veio da companhia que administra a eletricidade em Ponta
Grossa.
Análise do gerenciamento de resíduos de lavanderias de Ponta Grossa
127
Seguindo a sequência de questões, o quesito 3 do Quadro 1 obteve 100% de concordância entre os
estabelecimentos visitados, pois todos possuíam o alvará de funcionamento cedido pela prefeitura do
município.
Em relação ao tipo de lavagem (vide Figura 3), o número de lavanderias que não possuem ambos os
sistemas são poucas, pode-se apontar alguns esclarecimentos. Para lavagem a seco, o maquinário a ser
utilizado deve ser diferente daquele para lavagem a úmido; os produtos utilizados, como visto, são
específicos e ainda se dá apenas em alguns tipos de roupas especiais, não sendo viável para qualquer
tecido.
Figura 3 – Tipo de lavagem
O abastecimento dos estabelecimentos é feito pela SANEPAR (Companhia de abastecimento de água do
município de Ponta Grossa) em 90% dos casos, sendo que nos 10% restantes ele é feito de maneira a
conciliar a água vinda da rede de saneamento e um poço artesiano, o qual é levado para análise
frequentemente. Logo, se conclui que não existe nenhuma utilização de água de maneira clandestina.
Determinando por uma média aritmética, obtêm-se o valor de aproximadamente 121 m³ de água utilizada
no período de um mês. Este valor é válido apenas para aquelas lavanderias que utilizam água da
SANEPAR.
Questionando diretamente na área ambiental, item 7 do Quadro 1, é possível quantificar as lavanderias
que possuem um sistema de tratamento particular, antes da água evacuar.
Neste quesito 100% das lavanderias afirmam lançar suas águas na rede de esgoto, destinada para este fim.
Logo, todas estão corretas, uma vez que não é permitida a liberação desta água em galerias pluviais, muito
menos direto ao meio ambiente.
A Figura 4 representa graficamente a percentagem de estabelecimentos que tratam a água antes de ejetálá ao esgoto.
Figura 4 – Tratamento da água
Assim, se deduz que apenas 10% dos estabelecimentos tratam a água antes de liberá-la. Contudo, ela será
tratada novamente pela estação de tratamento. Este processo é muito importante, pois auxilia,
aumentando a qualidade da água evacuada com um pré-tratamento, reduzindo a probabilidade de serem
liberados dejetos químicos e até mesmo pequenos “fiapos” de roupas.
Neste caso, o tratamento é feito por uma simples decantação da água utilizada em todo o processo de
lavagem da lavanderia. A água repousa em uma fossa por alguns dias até que toda sujeira permaneça no
fundo, para que assim seja bombeada a parte superior da fossa para o esgoto.
Porém, este processo acarreta um custo para os proprietários os quais não são ressarcidos pela
companhia de água nem pela prefeitura ou por qualquer órgão público. A manutenção desta fossa deve ser
frequente, para que possa ser esvaziada a crosta que se forma no fundo, com todos os materiais e sujeiras
que acabariam na rede de esgoto sem tratamento algum.
128
Pacher, Vaz e de Oliveira
P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 9, n. 2, p. 121-131, 2011
Conclui-se então que o restante está agindo de maneira correta, contudo existem alguns que vão além
tratando anteriormente esta água, pode-se refletir também que possa ser devido à falta de incentivo por
parte de algumas entidades responsáveis pela vistoria. Como se sabe estes tipos de tratamentos geram
despesas que devem ser pagas pelo proprietário, desestimulando o processo de tratamento.
Este tratamento viabiliza a preservação da natureza, por meio do não lançamento de dejetos químicos,
direto no meio ambiente.
Dentro desta mesma questão pode-se encaixar também a reciclagem da água. Este método é utilizado
principalmente visando à economia de água dentro do ciclo de lavagem. Com um esquema de
funcionamento muito simples, ele utiliza a água na qual a roupa é enxaguada diversas vezes, ou seja, após
ensaboada, a roupa deve ser enxaguada, a fim de que todo o sabão existente saia da peça. Entretanto, não
existe apenas um enxágue e sim vários.
Logo, a água que é utilizada nos últimos ciclos é praticamente limpa, podendo ser utilizada na pré-lavagem
de tecidos de mesma fazenda, gerando uma economia que pode ser notada ao final de cada mês, na conta
de água. A Figura 5 apresenta o percentual de lavanderias que praticam esta atividade.
Figura 5 – Reciclagem da água
Em todos os casos, mesmo após os devidos cuidados que algumas lavanderias tomam, o destino final dos
efluentes é a rede de esgoto, onde serão direcionados a um tratamento normal como em todos os casos.
O único tratamento realizado antes de evacuar os efluentes industriais (item 9 do Quadro 1), como já
citado, é a decantação, para que por meio desta seja eliminado o máximo possível de produtos químicos e
outros resíduos.
O uso da caldeira se dá por apenas 10% das lavanderias entrevistadas. Sua aplicação é basicamente para a
utilização do ferro a vapor. Neste caso, a caldeira possui capacidade de 50l, não causando nenhum impacto
ambiental.
O combustível utilizado na totalidade das lavanderias que empregam caldeiras é a eletricidade. Logo, se
confirma que não causa nenhum impacto direto ao meio ambiente. Ela é apenas utilizada para gerar vapor
ao ferro para obter assim um melhor alinhamento da roupa.
O item 12 do questionário não se aplicou a nenhuma das lavanderias visitadas.
A utilização do gás é apenas para o uso das secadoras de roupas, é importante salientar que o uso de gás
requer muito cuidado, uma vez que sejam utilizados produtos inflamáveis na lavagem a seco.
É possível, dentro desta questão, fazer mais um comparativo: dentre as lavanderias que utilizam de
secadoras movidas a gás, quais utilizam produtos inflamáveis na lavagem a seco?
Todas as lavanderias que utilizam secadoras a gás fazem o uso de solventes para a lavagem a seco. A
manipulação destas lavagens deve ser muito cuidadosa, para evitarem danos piores.
As máquinas devem ser mantidas a certa distância umas das outras e deve-se certificar que as conexões
estão dentro do prazo de validade e, por último, mas não menos importante, verificar se não há contato
nenhum entre a parte propagadora de energia da secadora com o solvente presente nas roupas.
Este método pode não representar um risco imediato ao meio ambiente, contudo se não for bem
manipulado pode acarretar riscos muito piores, não só a níveis ambientais.
Ressalta-se que os 50%, que não utilizam gás, fazem uso da energia elétrica para secagem das roupas.
Análise do gerenciamento de resíduos de lavanderias de Ponta Grossa
129
Os itens 14, 15 e 16 do Quadro 1 não se aplicaram a nenhuma das lavanderias visitadas.
Como citado na fundamentação teórica, existem vários produtos que são utilizados na lavagem úmida. Os
mais usados são:
• Detergente;
• Cloro;
• Pasta umectante;
• Neutralizante;
• Amaciante;
• Desengordurante.
Apenas 40% das lavanderias apresentaram informações a respeito dos produtos utilizados na lavagem
úmida. Dentre estes apenas 30% delas apresentam produtos ecologicamente corretos, sendo
biodegradáveis ao meio ambiente.
É recomendado que para não causar nenhum prejuízo ao meio ambiente seja necessária a utilização de
produtos biodegradáveis. Os produtos convencionais podem trazer danos a natureza quando jogados em
esgotos a céu aberto, este impacto pode ser visível quando atinge lagos, rios ou mares, colocando em risco
a vida marinha.
Primeiramente, a fonte de origem dos produtos na maioria das vezes não é de Ponta Grossa, devido à falta
de fornecedores. Este fato gera uma maior despesa ao proprietário devido ao deslocamento do material de
higiene.
O consumo de maneira aproximada pode ser considerado médio, devido a falta de controle de alguns
estabelecimentos, não se pode aproximar um valor numérico, contudo pode-se afirmar que o consumo
pode ser classificado como médio, devido a grande concentração que existe em cada produto.
Isto representa uma economia de embalagem e frete, uma vez que a concentração é grande a freqüência
na qual é pedido o produto é menor, logo são despejados no meio ambiente uma menor quantidade de
frascos plásticos e serão feitas menos viagens para entregar o produto.
A utilização de produtos concentrados é positiva, tornando-se melhor ainda quando estas são
biodegradáveis. Outro quesito muito importante é o destino das embalagens plásticas de onde provêm
estes produtos, uma pequena quantia de lavanderias, aproximadamente 9%, afirmam tornar disponível
para reciclagem os frascos de produtos utilizados nas lavagens úmidas, apenas.
Como enunciado na fundamentação teórica desta pesquisa, foram encontrados quatro produtos diferentes
para a lavagem a seco. A Figura 6 apresenta o quanto de cada um é consumido pelas lavanderias.
Figura 6 – Lavagem a seco
As fontes de origem, como ocorre com os produtos da lavagem úmida, são de outras cidades, ainda mais
que um produto para lavagem a seco tem uma área de abrangência muito restrita.
Existem algumas empresas com responsabilidade social que retornam as embalagens já utilizadas de
produtos específicos desta lavagem. Entretanto, não é a empresa que fabrica o produto que recolhe, a
empresa que faz este serviço é o fornecedor dos produtos de lavagem úmida.
130
Pacher, Vaz e de Oliveira
P&D em Engenharia de Produção, Itajubá, v. 9, n. 2, p. 121-131, 2011
Este processo é feito, pois caso este material venha a ser descartado diretamente no meio ambiente sem
proteção alguma, certamente haverá um risco, pelo fato de ser um produto nocivo ao equilíbrio ecológico.
A ação no produto não se dá diretamente, ele é diluído na água ou é vaporizado na roupa. Quando o
processo é terminado uma pequena quantidade do produto, ainda presente na roupa, é evaporado. Por
menor que seja esta quantidade, ela é liberada para a atmosfera.
O item 22 do Quadro 1 não se aplicou a nenhuma das lavanderias visitadas. Uma vez que estas não
utilizam de Percloroetileno para lavagem a seco, primeiramente por exigir um maquinário diferenciado e
o produto ter um alto custo de mercado.
5. CONCLUSÕES
O gerenciamento ambiental das lavanderias em Ponta Grossa apresenta-se em evolução no cenário atual.
Com esta pesquisa foi possível dimensionar e quantificar a situação dos resíduos.
Muitas lavanderias ainda não apresentam nenhum sistema de tratamento nos estágios do processo de
lavagem. Todavia, existem aqueles que a partir de métodos simples conseguem minimizar os riscos
oferecidos pelos produtos utilizados.
Alguns estabelecimentos tratam da reciclagem da água, mas não se encontra aqueles que possuem um
ciclo de reciclagem integral. Um fator observado dentre as lavanderias que possuem algum tratamento foi
que o incentivo que deveria partir dos órgãos competentes não veio à tona, sendo que para realizar este
serviço quem deve custear é o proprietário.
Os produtos utilizados para lavagem úmida estão em constante desenvolvimento, por possuírem uma
abrangência maior que os de lavagem à seco, que por sua vez possuem alguns pontos de fragilidade em
relação ao meio ambiente.
Através dos dados foi possível notar que apenas 10% tratam a água antes de ser evacuada na rede de
esgoto. E apenas 30% utilizam sabão biodegradável.
Nessa perspectiva, constatou-se que algumas empresas não se atualizam em novidades relacionas à área
do desenvolvimento sustentável, não tomando dimensão da situação em que se encontra o nosso planeta.
Pequenos cuidados poderiam ser tomados como a devolução de embalagens de produtos químicos, a
reciclagem de embalagens plásticas, a reutilização da água, o tratamento dos efluentes químicos, a
utilização de produtos biodegradáveis, entre outros.
Não se pode caracterizar o cenário como crítico, pois não existe nenhuma espécie de atividade irregular.
Com o passar dos anos a tendência será a melhoria, uma vez que parte da sustentabilidade de uma
lavanderia está diretamente ligada aos produtos e técnicas que esta usufrui.
REFERÊNCIAS
Agência
de
Vigilância
Sanitária.
Disponível
cartilha_licitacao.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2009.
em:
<http://www.anvisa.gov.br/divulga/
BARBIERI, J. C. Gestão Ambiental Empresarial: Conceitos, Modelos e Instrumentos. 2. ed. São Paulo:
Editora Saraiva, 2007.
BRUNS, G. B. de. Gestão Ambiental. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br/
composer.php3?base=./gestao/index.html&conteudo=./gestao/artigos/artigo_gestao.html>. Acesso em:
12 nov. 2009.
CAJAZEIRA, J. E. R. ISO 14001 – Manual de Implantação. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1998.
COSTA, A. F. de S. Aplicações de Tratamento biológicos e físico-químicos em efluentes de lavanderia
e tinturaria industriais do município de Toritama no estado de Pernambuco. 2008. 100 f.
Dissertação (Desenvolvimentos de Processos Ambientais) – Tecnologia e Meio Ambiente, Universidade
Católica de Pernambuco, Pernambuco, 2008.
GOMES, L. F. Uso de um Misturador-Decantador na Purificação de Tório Proveniente do Hidróxido
de Tório Bruto. 2004. 112 f. Dissertação (Tecnologia Nuclear-Materiais) – IPEN - AUTARQUIA
ASSOCIADA À UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, São Paulo, 2004.
Análise do gerenciamento de resíduos de lavanderias de Ponta Grossa
131
NAVACHI, J. A. Reutilização dos Efluentes Tratados: Caso de uma Lavanderia Industrial. 2002. 95 f.
Dissertação (Ciências Tecnológicas) – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2002
Portal UFRGS. Disponível em: <http://www.portalga.ea.ufrgs.br/>. Acesso em: 11 nov. 2009.
SILVA, G. L. da. Diagnóstico Ambiental das Lavanderias de Jeans de Toritama - Pernambuco. In: 23º
Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental, Pernambuco, 2008.
Download

Análise do gerenciamento de resíduos de lavanderias de Ponta