1 Pró-Reitoria desCapa Graduação capa Curso de Contra Enfermagem Lista de abreviaturas Sumário o de Curso Introdução PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS QUE ATUAM NAS UNIDADES XIXN° conhecimento sobre as condições de DA BÁSICAS No DEséculo SAÚDE 4 E N°5 DEcientífico CEILÂNDIA – DF ACERCA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE expressão ATENÇÃO saúde das coletividades humanas encontravam noINTEGRAL estudo da À SAÚDE DOformava HOMEM higiene, disciplina que se sob (PNAISH) a influência 2011 do intenso processo de transformações pela qual passavam a sociedades européias com advento da industrialização e da urbanização. Londres, Paris, Berlin e, no continente americano, Nova Iorque, atingiram a marca de 1 milhão de habitantes naquele século, caracterizando o fenômeno da formação das sociedades de massa e de Karolliny intenso processo de publicação de relatórios Autores: Gonçalves Nogueira de Sousa médicos e propostas de reformas sanitárias e urbanas. Já no Rio de e Stéphanie Guedes de Alencar Janeiro, então capital da República dos Estados Unidos do Brasil, Orientador: Dra. Mª dode Socorro Evangelista contavam em 1900Profa. com uma população 700.000Nantua habitantes (Finkelman, 2002). Murard & Zylberman (1985) entendem que a higiene de fins do século XIX inicio do século XX pode ser entendida como ciência social aplicada. Observam que, desde 1829, anunciava-se o programa higienistas na França: a medicina não teria por objetivo apenas estudar e combater as doenças; ela apresentava fortes Aline Costa Ra KAROLLINY GONÇALVES NOGUEIRA DE SOUSA Brasília – DF 2011 2 KAROLLINY GONÇALVES NOGUEIRA DE SOUSA STÉPHANIE GUEDES DE ALENCAR PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS QUE ATUAM NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE N°4 E N°5 DE CEILÂNDIA DF ACERCA DA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM (PNAISH) 2011. Monografia apresentada ao curso de graduação em Enfermagem da Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do titulo de bacharel em enfermagem. Orientador: Profa. Nantua Evangelista Brasília 2011 Dra. Mª do Socorro 3 Monografia de autoria (Karolliny Gonçalves N. de Sousa, Stéphanie Guedes de Alencar), intitulada “PERCEPÇÃO DOS ENFERMEIROS QUE ATUAM NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE N°4 E N°5 DE CEILÂNDIA DF ACERCA DA IMPLANTAÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DO HOMEM (PNAISH) 2011” apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Enfermagem da Universidade Católica de Brasília, em 18 de Novembro de 2011 para banca examinadora abaixo assinada: ______________________________________ Profª Drª Maria do Socorro Nantua Evangelista ______________________________________ Profº Mestre Mauríco de Oliveira Chaves Enfermagem - UCB ______________________________________ Profª Especialista Silene Ribeiro Miranda Barbosa Enfermagem - UCB Brasília 2011 4 DEDICATÓRIA À Deus e a minha família por estarem sempre ao meu lado tendo paciência e me dando forças para não desistir. Aos meus amigos e namorado pelo carinho, amizade, força e carinho diário. Karolliny Gonçalves Nogueira de Sousa À Deus, por guiar-me sempre. Meus pais, minha irmã, meus avós e tio pela confiança, amor e incentivo. A todos da minha Comunidade, pelas orações. Stéphanie Guedes de Alencar 5 AGRADECIMENTOS Agradeço à Deus pelo dom da vida e pela sabedoria para a realização deste sonho. Aos meus pais Jose Nogueira de Souza e Antonia Gonçalves N. de Sousa, sem a ajuda deles e sua fortaleza esta seria uma tarefa interminável. À minha mãe Margareth G. Nogueira de Sousa, pois sem teu amor eu não seria nada. À minha família e namorado... Porque família é tudo. Aos nossos Mestres pelo conhecimento, sabedoria e paciência nessa jornada que está apenas começando...O meu Muito Obrigada à todos. Karolliny Gonçalves Nogueira de Sousa À Deus: Meu amparo e refúgio, alegria da minha alma, onde encontro esperança. E suas mãos que me guiam e acolhem. Aos meus pais Sonisval e Manedes, minha corrente forte que jamais partirá. As mãos amigas que me acalentam, dão força e me guiam. É com grande alegria e gratidão que dedico esta minha vitória a vocês, pessoas que me possibilitaram todo suporte seja ele emocional ou financeiro, no decorrer de minha vida. Se venço hoje, é graças também a vocês. Os amo e essa conquista é nossa Aos meus avós Francisco e Neci, pelo amor que tem para comigo. Por acreditarem e torcerem sempre por mim, me incentivando em todos os momentos em que precisei. Se cheguei aqui é porque tive vocês como base. Vocês são únicos e o meu agradecimento é eterno. Eu consegui junto com vocês vencer mais uma etapa. Muito obrigada! A minha irmã Stefânia, agradeço pelas nossas diferenças, mas que sempre nos uniam pelo amor de uma para com a outra. A orientadora Profª. Drª Maria do Socorro Nantua Evangelista, pelas cobranças, exigências, dinamismo e paciência. Muito obrigada por tudo. A Profª Silene Barbosa, pelo apoio, paciência, palavras de incentivo e pela preocupação. Stéphanie Guedes de Alencar 6 RESUMO ALENCAR, Stéphanie. G, SOUSA, Karolliny. G. N. Percepção dos Enfermeiros que atuam nas Unidades de Saúde n°4 e n°5 de Ceilândia DF acerca da implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem 2011. 2011. Trabalho de Conclusão de Curso – Universidade Católica de Brasília, 2011. A Política de Atenção Integral a Saúde do Homem (PNAISH) considera a necessidade de apoiar a qualificação de profissionais de saúde para o atendimento específico da população masculina. O estudo objetiva analisar a percepção dos Enfermeiros acerca da implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem nas Unidades Básicas de Saúde n° 4 e n° 5 da Regional de Ceilândia-DF. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo com abordagem quanti-qualitativa, realizado por meio da aplicação de questionário semiestruturado com questões objetivas, subjetivas, com sete enfermeiros, sendo que os dados coletados foram analisados descritivamente. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética, parecer n°481/11. Os resultados apontaram que os enfermeiros apresentaram pouco conhecimento acerca da Política de Saúde do Homem, que não houve capacitação dos enfermeiros para a implantação da política, não foi constatado aumento da procura dos homens pelos serviços e não foram criadas estratégias específicas para atender aos homens. A Política de Saúde do Homem não foi implantada nas duas Unidades de Saúde analisadas. Palavras-chave: Saúde do homem. Política de saúde. Epidemiologia. 7 ABSTRACT ALENCAR, Stéphanie. G, SOUSA, Karolliny. G. N. Perception of nurses working in the Health Units No. 4 and No. 5, DF Ceilândia about the implementation of the National Policy for Integral Attention to Men's Health 2011. 2011. Completion of Course Work Catholic University of Brasilia, 2011. The Politics of Integral Attention to Men's Health (PNAISH) considers the need to support the qualification of health professionals to meet the specific needs of the male population. The study aims to analyze the perception of nurses regarding the implementation of the National Policy for Integral Attention to Men's Health in Primary Health Units No. 4 and No. 5 of the Regional Ceilândia-DF. This is an exploratory descriptive study with quantitative and qualitative approach, carried out by applying semi-structured questionnaire with objective questions, subjective, with seven nurses, and the data collected was analyzed descriptively. The study was approved by the Ethics Committee, Opinion No. 481/11. The results showed that nurses had little knowledge about the Men's Health Policy, there was no training of nurses for implementing the policy was not found increased demand for services and the men were not created specific strategies to meet men. The Men's Health Policy has not been implemented in two health units analyzed. Keywords: Health of mankind. Health policy. Epidemiology. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES Gráfico 1- Distribuição percentual da população masculina brasileira 44 Gráfico 2 - Percentagem de óbitos de acordo com as causas (CID 10) 46 Gráfico 3- Principais causas externas de internações na população masculina dos 25 a 59 anos 50 Gráfico 4: Distribuição dos setores procurados pelos homens na UBS nº4 e n°5 de Ceilândia em 2011 59 Gráfico 5: Como estava a procura dos homens pelos serviços oferecido na UBS n° 4 e n° 5 de Ceilândia em 2011 60 Gráfico 6: Quem mais procura atendimento para DST’s/AIDS nos Centro de Saúde n° 4 e n°5 de Ceilândia 2011 66 Gráfico 7: Idade dos homens que procura atendimento na UBS n°4 e n°5 da Ceilândia em 2011 67 9 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - População masculina brasileira de acordo com as diferentes fases da vida 44 Quadro 2 - População masculina dos 25-59 anos, de acordo com as faixas etárias 45 Quadro 3- Série histórica das causas externas de óbitos da população masculina por 46/47 grupo etário de 2001 a 2005. Quadro 4- Incidência projetada para os homens com tumores malignos no Brasil em 2008 48 10 LISTA DE ABREVIATURAS ABRASCO Associação Brasileira de Saúde Coletiva ACS Agentes Comunitários de Saúde AIS Ações Integradas de Saúde APS Atenção Primária à Saúde CAPS Caixas de Aposentadorias e Pensão CDS Conselho de Desenvolvimento Social CEBES Centro Brasileiro de Estudos de Saúde CEF Caixa Econômica Federal CIPLAN Comissão Interinstitucional de Planejamento CIT Comissão Intergestores Tripartide CNRS Comissão Nacional de Reforma Sanitária CONASENS Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde CONASP Conselho Consultivo Administrativo de Saúde Previdenciária CONASS Conselho Nacional de Secretários de Saúde DNS Departamento Nacional de Saúde ESF Equipe de Saúde da Família FAS Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social FGTS Fundo de Garantia de Tempo de Serviço FNS Fundo Nacional de Saúde IAPB Instituto de Aposentadoria dos Bancários IAPC Instituto de Aposentadoria dos Comerciários IAPM Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos IAPTEC Instituo de Aposentadoria dos Empregados de Transporte IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 11 INAMPS Instituto Nacional de Assistência Médica a Previdência Social INCA Instituto Nacional do Câncer INPS Instituto Nacional de Previdência Social ISSB Instituto de Serviços Sociais do Brasil LOPS Lei Orgânica da Previdência Social MOPS Movimentos Populares em Saúde MPS Ministério da Previdência Social MS Ministério da Saúde NOAS Normas de Assistência à Saúde NOBS Normas Operacionais Básicas OMS Organização Mundial de Saúde OPAS Organização Panamericana de Saúde PAB Piso Assistencial Básico PAISM Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher SGEP Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa PASEP Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público PECS Programas de Extensão de Coberturas PIASS Programa de Interiorização das Ações de Saúde PIS Programa de Integração Social PNAB Política Nacional de Atenção Básica PSF Programa de Saúde da Família SAMDU Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência SCTIE Secretaria de Ciência, Tecnologia e Informação em Saúde SESI Serviço Social da Indústria SGTES Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde 12 SNS Serviços Nacionais de Saúde SUDS Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde SUS Sistema Único de Saúde SVS Secretaria de Vigilância em Saúde TCG Termos de Compromisso de Gestão 13 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES ...................................................................................................... 8 LISTA DE QUADROS .............................................................................................................. 9 LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................. 10 SUMÁRIO ................................................................................................................................ 13 1 Justificativa ............................................................................................................................ 15 1.1 Objetivo Geral ................................................................................................................. 16 1.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 16 2 METODOLOGIA.................................................................................................................. 17 2.1 Local de Estudo .............................................................................................................. 17 2.2 Tipo de Estudo ................................................................................................................ 17 2.3 Estratégia para Coleta de Dados ..................................................................................... 18 2.3.1 Instrumento de Pesquisa ........................................................................................... 19 2.4 Sujeitos ou Amostra ........................................................................................................ 19 2.5 Análise dos Dados .......................................................................................................... 19 2.6 Critérios para Suspender ou Encerrar o Estudo .............................................................. 20 2.6.1 Análise de Riscos e Benefícios ................................................................................ 20 2.6.2 Aspectos Éticos da Pesquisa .................................................................................... 20 3 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 21 3.1 Histórico das doenças transmissíveis e evoluções nas ações em saúde .......................... 21 3.2 A História da Previdência no Brasil................................................................................ 22 3.2.1 A previdência Social nos anos 1920 a 1930 ............................................................. 22 3.2.2 A previdência Social nos anos 1930 a 1945 ............................................................. 22 3.2.3 A previdência Social nos anos 1945 a 1960 ............................................................. 23 3.2.4 A previdência Social nos anos 1970 ........................................................................ 26 3.3 Início da Reforma Sanitária no Brasil e suas contribuições .......................................... 27 3.4 A Reforma sanitária nos anos 1980 ................................................................................ 29 14 3.5 A origem do Sistema Único de Saúde no âmbito legal .................................................. 31 3.6 O Programa Saúde da Família – evoluções e perspectivas ............................................. 37 3.7 Portarias e Diretrizes importantes na efetivação de melhorias na Saúde Pública : o Pacto pela Saúde ............................................................................................................................. 38 3.7.1 Pacto pela Vida........................................................................................................ 39 3.7.2 Pacto em Defesa do SUS......................................................................................... 39 3.7.3 Pacto de Gestão ....................................................................................................... 40 3.7.4 A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) ............... 40 3.7.5 Indicadores Demográficos........................................................................................ 43 3.7.6 Indicadores de Mortalidade Masculina no Brasil ..................................................... 45 3.7.7 Causas externas ........................................................................................................ 46 3.7.8 Tumores ................................................................................................................... 47 3.7.9 Outras causas de Mortalidade .................................................................................. 49 3.8 Indicadores de Morbidade no Brasil ............................................................................... 49 3.8.1 Causas Externas........................................................................................................ 50 3.8.2 Principais doenças dos aparelhos digestivo, urinário, circulatório e respiratório .... 50 3.8.3 Plano de Ação Nacional (2009-2011) ...................................................................... 52 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 57 5 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 70 6 RECOMENDAÇÕES........................................................................................................... 71 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 72 8 ANEXOS ............................................................................................................................... 76 Anexo 1- Autorização para pesquisa envolvendo Seres Humanos ....................................... 76 Anexo 2- Instrumento de Pesquisa ....................................................................................... 76 Anexo 3- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................................................... 81 15 1 Justificativa Observa-se que uma das maiores dificuldades para se combater as doenças crônicas nos homens é a pouca adesão destes com os tratamentos crônicos e de longa duração. Isso pode ser explicado pelo fato dos esquemas terapêuticos necessitarem de um grande empenho do paciente e por exigir mudanças nos hábitos de vida para completar o tratamento. A implementação de ações que promovem a prevenção contra essas doenças se faz necessária para auxiliar esses pacientes adquirirem novos comportamentos, ultrapassando os obstáculos culturais e de resistência na adoção de ações básicas para a manutenção da saúde. As causas da baixa adesão aos serviços de saúde pelos homens e as ações de saúde são constituídas, entre outras, pelas barreiras sócio-culturais e barreiras institucionais que afastam a permeabilidade de inserção deste segmento no Sistema de Saúde. Um mecanismo utilizado pelo Sistema Único de Saúde para atrair os homens é a atenção especializada, por meio da Política integral da Saúde do Homem (PNAISH), por isso a importância de se elaborar este estudo que analisa os aspectos que dificultam a inserção dos homens através da percepção de enfermeiros no Sistema de Saúde. O presente estudo se justifica pela carência na literatura de um método de avaliação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, principalmente no que se refere à implementação nas Unidades Básicas de Saúde (Centros de Saúde) e a capacitação dos Enfermeiros, para melhor atendimento, qualidade e resolubilidade nos serviços de saúde voltadas a atenção ao homem. 16 1.1 Objetivo Geral Analisar e avaliar a percepção dos Enfermeiros acerca da implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem nas Unidades Básicas n° 4 e n°5 de Saúde da Regional de Ceilândia – DF. 1.2 Objetivos Específicos Analisar a implantação da PNAISH nas UBS n°4 e n°5 de Ceilândia; Avaliar a capacitação realizada na PNAISH; Avaliar a demanda dos homens; Avaliar a organização e a elaboração de estratégias nas Unidades Básicas de Saúde nº4 e n°5 de Ceilândia. 17 2 METODOLOGIA 2.1 Local de Estudo O local onde o estudo foi a Regional da Ceilândia do Distrito Federal nas Unidades Básicas de Saúde (Centros de Saúde nº 4 e nº 5). Optou-se por escolher este local porque era o local onde se encontravam todos os sujeitos que detêm os atributos relacionados ao que se pretendia estudar, ou seja, os enfermeiros da SES-DF (FEDERAL, 2011). A Ceilândia é uma Região Administrativa do Distrito Federal do Brasil, cidade-satélite situada a 26 quilômetros do Plano Piloto de Brasília. É a região administrativa com a maior população do Distrito Federal. Atualmente a cidade conta com uma população de 378.000 habitantes (é o segundo maior colégio eleitoral do DF), com cerca de 4,5 mil estabelecimentos comerciais (entre formais e informais) e 1,6 mil indústrias. A população economicamente ativa é de mais de 160 mil pessoas (FEDERAL, 2011). Além disso, a rede de saúde de Ceilândia conta com 12 Centros de Saúde. Nos centros de saúde existem os atendimentos em ações básicas tais como: Sala de pré-consulta do adulto, da mulher e da criança; Teste do pezinho; Sala de injeções e curativos; Sala de imunização; Nebulização; Coleta de exames laboratoriais; e Dispensação de medicamentos (FEDERAL, 2011). 2.2 Tipo de Estudo Trata-se de um estudo exploratório-descritivo com abordagem quanti-qualitativa que possibilita levantar problemáticas com base em uma realidade vivenciada, pois segundo Lobiondo-Wood & Haber (2001), 18 A pesquisa qualitativa é particularmente bem adequada ao estudo da experiência humana sobre saúde, uma preocupação fundamental da ciência da enfermagem, esse método permite uma compreensão mais ampla e profunda a respeito dos comportamentos humanos (p.25). A pesquisa descritiva visa o estudo de fatos e fenômenos do mundo físico e especialmente do mundo humano, sem a interferência do investigador além de procurar descobrir a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e características. Busca conhecer diversas situações e relações que ocorrem na vida social, política e econômica e demais aspectos do comportamento humano (TOMASI & YAMAMOTO, 1999). A pesquisa quantitativa desvincula-se dos critérios positivistas de validade dos dados, voltando-se, então, para o aprofundamento da compreensão de um fenômeno social, do seu universo de significados, algo que não pode ser quantificado (RICHARDSON, 1999; MINAYO, 2002). Este tipo de pesquisa aparece de forma cada vez mais frequente, pois integra dados qualitativos e quantitativos em um único estudo, permitindo que cada método ofereça o que tem de melhor , evitando as limitações de cada abordagem. Assim, possibilita demonstrar as vantagens da complementaridade (RICHARDSON, 1999; MINAYO, 2002). 2.3 Estratégia para Coleta de Dados Os pesquisados estavam nas Unidades Básicas de Saúde (Centros de Saúde nº 4 e 5), que foi o local de estudo escolhido para levantar dados em relação a quantidade de enfermeiros que atuam com a Saúde do Adulto, em cada Centro de Saúde. O estudo foi autorizado pelo Diretor da Regional da Ceilândia e os Gerentes de cada Centro de Saúde, logo após a aprovação do Projeto de pesquisa pela FEPECS. Após estarem com a autorização em mãos as pesquisadoras voltaram para as UBS e deram início a aplicação dos questionários. 19 2.3.1 Instrumento de Pesquisa O instrumento que foi utilizado neste estudo, trata-se de um questionário semiestruturado com questões objetivas e subjetivas que buscou registrar, analisar, interpretar e avaliar o nível de conhecimento dos Enfermeiros frente ao tema em estudo. 2.4 Sujeitos ou Amostra A amostra do estudo compreendeu sete que atuam nas UBS, que estiveram presentes no local do estudo e na data da coleta de dados, estabelecidos pelas pesquisadoras, nos Centros de Saúde nº4 e nº 5 da Regional de Ceilândia-DF. 2.4.1 Critérios de Inclusão Profissionais de enfermagem (enfermeiros graduados) que atuam nas Unidades Básicas de Saúde da Regional da Ceilândia; e Enfermeiros que aceitaram participar do estudo proposto que estavam presentes no dia da coleta de dados. 2.4.2 Critérios de Exclusão Foram excluídos os profissionais que não aceitaram participar da pesquisa; Enfermeiros que não atuavam nas Unidades Básicas de Saúde da Regional de Ceilândia; Profissionais que não estivam presentes no local e na data da coleta de dados; Os profissionais que não exerciam o cargo de Enfermeiro. 2.5 Análise dos Dados Os dados coletados foram analisados descritivamente. 20 2.6 Critérios para Suspender ou Encerrar o Estudo 2.6.1 Análise de Riscos e Benefícios Esta pesquisa não ofereceu risco à saúde do sujeito da pesquisa e trouxe como benefício o conhecimento do atual contexto dessa problemática na região de estudo. 2.6.2 Aspectos Éticos da Pesquisa No que se refere aos aspectos éticos, à pesquisa seguiu todas as recomendações da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, o qual oferece diretrizes e normas para todo e qualquer tipo de pesquisa em saúde que envolve seres humanos. Foram garantidos aos cidadãos envolvidos na pesquisa todos os direitos citados no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) onde autorizam por escrito sua participação e foi utilizada para a identificação dos sujeitos apenas à denominação de Discurso com número correspondente. Após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde da Secretária de Estado de Saúde do Distrito Federal, em 26 de Outubro de 2011, sob protocolo nº481/2011, foi dado início ao levantamento dos dados. 21 3 REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Histórico das doenças transmissíveis e evoluções nas ações em saúde Os problemas sanitários brasileiros surgem como desafio para o Estado e Sistema de Saúde que passam a criar estratégias para a resolução dessa problemática. No século XIX os estados brasileiros buscam em experiências vividas na Europa e Estados Unidos políticas de intervenção para os problemas de saúde apresentados propiciando melhores condições para as reformas urbanas (BRIGGS, 1961). A primeira Conferência Sanitária ocorreu em 1851 e de acordo com Dias (1953) visava à simplificação dos regulamentos nos portos marítimos, como forma de controlar as enfermidades que chegavam por esses locais. Essa Conferência pode ser tomada como um marco para as mudanças que estavam prestes a ser implementadas na área de saúde (FINKELMAN, 2002). Ainda no século XIX, em 1851, o continente americano realizou a quinta Conferência Sanitária Internacional, com o objetivo de ampliar as áreas de ação em saúde, com abordagens mais efetivas. Entretanto, a representação dos países americanos era basicamente dos diplomatas com a reduzida presença das autoridades sanitárias nacionais (FINKELMAN, 2002). A Política Sanitária se deparou no fim do século XIX, com o grande desafio da febre amarela nas Américas, pois era uma doença que se alastrava rapidamente entre os comerciantes e população em geral. Em parte, este fato desempenhou um papel no continente americano similar ao da cólera na Europa, uma vez que a febre amarela foi uma das doenças mais marcantes da história da saúde pública brasileira, com impactos sobre os processos políticos e o desenvolvimento científico no país (FINKELMAN, 2002). Para conter o avanço das epidemias de cólera e febre amarela, em 1873, houve a Convenção Sanitária, em Montevidéu, que firmou um acordo entre o Brasil, Argentina e Uruguai determinando medidas comuns de prevenção em relação a cólera, febre amarela, peste e tifo (FINKELMAN, 2002). 22 No Brasil, em 1887, realizou-se, no Rio de Janeiro, novo colóquio com os mesmos países de Montevidéu, em que se estabeleceu a Convenção Sanitária do Rio de Janeiro (VERONELLI & TESTA, 2002). Entre os principais resultados do movimento de reforma da saúde durante a Primeira República (1889-1930), destaca-se a consolidação da imagem de uma sociedade marcada pela presença de doenças transmissíveis, o que, de forma satírica, encontraria, mais tarde, expressão em Macunaíma, de Mário de Andrade: “Pouca saúde, muita saúva: os males do Brasil” (FINKELMAN, 2002). 3.2 A História da Previdência no Brasil 3.2.1 A previdência Social nos anos 1920 a 1930 A partir da década de 1920, com a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública começou a ser gestado um modelo centralizado de longa sobrevivência na área da saúde (FINKELMAN, 2002). A promulgação da Lei nº 4.682 de 24 de janeiro, de autoria do Deputado Eloy Chaves, marca a chegada do seguro social no Brasil em 1923. Pela lei ficou instituído o sistema de Caixas de Aposentadorias e Pensão (CAPS), que atendeu, em um primeiro momento aos trabalhadores ferroviários e posteriormente, aos marítimos e estivadores (FINKELMAN, 2002). O primeiro período da história da Previdência brasileira ocorreu no período de 1923 e 1930 em que vigorou, de maneira mais ou menos homogênea, um determinado padrão de funcionamento da estrutura Previdenciária no País (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986). 3.2.2 A previdência Social nos anos 1930 a 1945 Em 1930 foi criado o Ministério da Educação e Saúde que passou a coordenar as ações de saúde de caráter coletivo e preventivo, enquanto a assistência médica era prestada pelo sistema previdenciário aos assalariados e seus dependentes. Assim, as pessoas que não 23 estavam vinculadas ao mercado formal de trabalho, dependiam da assistência dada pelas entidades de caridade (CARVALHO et al., 2001a). Em 1933 foi criada uma nova estrutura de Previdência Social, os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), organizadas por categorias e não mais por empresas. Dentre as instituições que foram criadas, se pode citar o Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM), Instituto de Aposentadoria dos Bancários (IAPB), Instituto de Aposentadoria dos empregados de Transportes e Cargas (IAPTEC), Instituto de Aposentadoria dos Comerciários (IAPC), entre outros (FINKELMAN, 2002). A partir dessa época o presidente dos institutos passou a ser nomeado pelo Presidente da República, o representante dos empregados indicado pelo sindicato e o financiamento passou a ser tripartite, feito pelo Estado, pelos empregados e pelos empregadores, sendo os recursos centralizados na mão do Estado (MENDES, 1996; OLIVEIRA; TEIXIERA, 1986). Nas décadas de 1930 e 1940, o Brasil progressivamente ocupava posição de mais destaque na Organização Pan- Americana de Saúde (OPAS), o que culminou com a escolha de João de Barros Barreto, Diretor do Departamento Nacional de Saúde Pública, para ViceDiretor na X Conferência realizada em Bogotá, em 1938. Em 1941 a estrutura verticalizada e centralizadora encontraria expressão com a criação Serviços Nacionais de Saúde (SNS), (FINKELMAN, 2002). 3.2.3 A previdência Social nos anos 1945 a 1960 A Lei Orgânica dos Serviços Sociais do Brasil, promulgada em 7 de maio de 1945 pelo Decreto-Lei n.7526, pretendia unificar a previdência brasileira, substituindo os diversos Institutos de Aposentadorias e Pensões por um Instituto de Serviços Sociais do Brasil (ISSB) (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986). Em setembro de 1946 foi promulgada a nova Constituição Federal que incorporava, de maneira clara, a questão da assistência sanitária à Previdência Social, eliminando com isso o 24 argumento predileto dos atuários do período anterior de que a assistência médico-hospitalar não era “atribuição” previdenciária (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986). A maior inovação na assistência à saúde aconteceu em 1949, durante o segundo governo do presidente Getúlio Vargas, quando foi criado o Serviço de Assistência Médica Domiciliar de Urgência (SAMDU). A importância histórica desse evento decorre de três características inovadoras da iniciativa: a) o atendimento médico domiciliar até então inexistente no setor público - embora comum na prática privada; b)o financiamento universal ainda que consorciado entre todos os IAPs; e, c) o atendimento universal ainda que limitado aos casos de urgência (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986). Em 1950, firmou-se um convênio entre o Departamento Nacional de Saúde (DNS) e a Repartição Sanitária Pan-Americana, estabelecendo cooperação com vistas a uma campanha continental contra a febre amarela. O Instituto Oswaldo Cruz e o Serviço Nacional de Febre Amarela do Departamento Nacional de Saúde do Brasil, por meio da OPAS, proporcionariam serviços de diagnóstico e de patologias, como também forneceriam vacinas contra febre amarela para uso nas Américas (FINKELMAN, 2002). No início dos anos 1960, dominava o debate teórico e prático em áreas diversas do conhecimento e de implementações de políticas, com presença marcante da proposta da saúde como direito (FINKELMAN, 2002). A Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS- Lei nº 3807) criada em 26 de agosto de 1960 trouxe um avanço significativo no sentido de viabilizar a futura unificação da Previdência Social, visto que uniformizava os tipos de benefícios concedidos, a forma de contribuição para o financiamento do sistema e os procedimentos administrativos dos institutos. A vigência da LOPS, contudo, não corrigiu todas as distorções originárias da multiplicidade de institutos. Após sua promulgação ainda prevalecia uma falta de uniformidade na distribuição dos gastos entre os diversos programas (FINKELMAN, 2002). Em 1963, a OPAS convocou uma reunião de Ministros de Saúde com a missão de estabelecer o Plano Decenal de Saúde Pública para as Américas, calcada na compreensão da 25 saúde como problema técnico, social, econômico, jurídico e cultural. Outra iniciativa importante foi a associação com o banco Interamericano de Desenvolvimento denominado por Abrahan Horwitz como “banco de saúde”, o que permitiu o investimento em programas de saúde no continente durante as décadas de 1960 e 1970 (OPAS, 1992). Foi no período 1966-1976 que se consolidou a duplicidade de responsabilidades federais no campo da saúde, divididas entre o Ministério da Saúde (MS) e o Ministério da Previdência Social (MPS). Isto porque a fusão das instituições de seguro social fortaleceu a previdência social tanto administrativa como, sobretudo, financeira e politicamente, contribuindo para o fracasso das tentativas integracionistas conduzidas na órbita do Ministério da Saúde (FINKELMAN, 2002). O Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) foi criado pelo Decreto Lei nº 72 de 21 de novembro de 1966, com o objetivo central de corrigir os inconvenientes da segmentação institucional e, com isto, aumentar a eficiência do sistema. Foram ainda introduzidas algumas modificações na Lei Orgânica da Previdência Social e no extinto SAMDU. A despeito da justificativa racionalizadora, a rapidez e eficácia da fusão podem ser atribuídas fundamentalmente ao instrumento autoritário (Decreto-Lei) que gerou, em plena vigência do regime de exceção instaurado em abril de 1964 (FINKELMAN, 2002). Outros programas e Fundo considerados de extrema relevância para a regulamentação da assistência a saúde foram o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS), criado em 1967 acrescido posteriormente do Programa de Integração Social (PIS) e o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP) em 1970 (FINKELMAN, 2002). O Plano Nacional de Saúde (PNS) foi elaborado por iniciativa do então Ministro da Saúde, Leonel Miranda, em 1968, e atribuía ao Poder Público a atenção à saúde necessária à melhoria da produtividade e bem estar da população, determinando as atividades de assistência médica que deveriam ser de natureza primordialmente privada sem prejuízo do custeio parcial do poder público (LUZ, 1979). 26 3.2.4 A previdência Social nos anos 1970 Em 1974 com a Lei n. 6.118, de 9 de outubro, foi criado o Conselho de Desenvolvimento Social (CDS) com a atribuições de assessorar o Presidente da República na formulação da Política Social e na coordenação dos Ministérios envolvidos na implementação desta política. Reafirmando ainda as competências do Ministério da Saúde e do Ministério da Previdência e Assistência Social, sendo que a definição da Política de Saúde seria uma atribuição do Ministério da Saúde (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986). O Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS) foi criado pela Lei n. 6.168, de 9 de dezembro de 1974, e representava um dos mais importantes instrumentos de ação estratégica do Estado na área social. O FAS era composto de duas contas distintas, uma de transferências e repasses diretos aos Ministérios e a outra de aplicações a cargo da Caixa Econômica Federal - CEF (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986). Em 1975, o Governo Federal por meio do Ministério da Saúde toma a iniciativa de organizar o setor de saúde sob a forma sistêmica, por isso promulgam os Serviços Nacionais de Saúde em 17 de Julho de 1975 (OLIVEIRA; TEIXEIRA, 1986).. A Lei nº 6.229, dispondo sobre a organização, definiu dois grandes campos institucionais: 1) do Ministério da Saúde, de caráter eminentemente normativo, com ação executiva preferencialmente voltada para as medidas e os atendimentos de interesse coletivo, inclusive vigilância sanitária; e 2) do Ministério da Previdência e Assistência Social, com atuação voltada principalmente para o atendimento médico-assistencial individualizado (FINKELMAN,2002). O Programa de Interiorização das Ações de Saúde (PIASS) foi criado em 1976 e seguia um modelo de medicina comunitário com extensão de cobertura ao oferecer serviços básicos, conforme preconizado por organismos internacionais e tendo como referência as experiências municipais de projetos alternativos. O PIASS significou o fortalecimento do setor público, particularmente do Ministério da Saúde, que era o coordenador do programa, 27 das Secretarias Estaduais, uma vez que as ações se faziam por meio de cooperação entre suas duas estâncias governamentais (FINKELMAN,2002). O PIASS teve outro efeito político relevante ao propiciar o aparecimento de uma frente política dos secretários de saúde envolvidos no programa, com o objetivo principal de reivindicar os recursos da Previdência Social (MENICICCI, 2007). 3.3 Início da Reforma Sanitária no Brasil e suas contribuições No Brasil, em meados da década de 1970, com o movimento de redemocratização da saúde, participação de estudantes, professores universitários, setores populares e entidades de profissionais de saúde houve um consenso para a defesa das mudanças na saúde, culminando com a criação do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), em 1976 (FLEURY, 1997). No final dos anos 1970 e no início da década seguinte, repercutiu sobre o setor saúde os primeiros movimentos da transição democrática, além da profunda crise econômica do país, com especial repercussão no financiamento do Estado frente a questão da saúde (FINKELMAN,2002). O papel desempenhado pelo movimento que buscava a Reforma da Saúde Pública na consolidação do Estado Nacional no Brasil foi bem explorado por Gilberto Hochman (1998), que, com base no conceito de interdependência social, relacionou as possibilidades de expansão territorial da autoridade pública com o impacto das ideias científicas sobre a transmissibilidade de doenças. Os caminhos trilhados pelos sanitaristas nesse período, a partir da abordagem da doença como principal problema nacional, interagiram decisivamente com questões cruciais da ordem política brasileira: as relações entre o público e o privado e entre poder local e o central (FINKELMAN, 2002). O projeto da Reforma Sanitária foi entendido como um conjunto articulado de políticas visando à modificação das condições de vida e de saúde da população e à reformulação do setor (AROUCA, 1988). Os movimentos sociais pela democratização da 28 saúde que se originaram na sociedade civil, ainda no período autoritário (movimento sanitário),contribuíram para a construção da Reforma Sanitária, e tiveram a sua expressão mais sistematizada na VIII Conselho Nacional de Saúde. Do mesmo modo, a implementação de políticas racionalizadas que permitiram certa modernização das burocracias da saúde, sobretudo em função dos Programas de Extensão de Cobertura (PEGS), o que facilitou a formação de quadros técnicos que se tornaram aliados na construção político-social do projeto da Reforma Sanitária (PAIM, 1998). Em 1979, o núcleo do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES) de Brasília teve uma atuação parlamentar importante, assessorando parlamentares da Comissão de Saúde, o que teve como um dos resultados mais expressivos a realização, por iniciativa da Comissão, do I Simpósio sobre Política Nacional de Saúde. Este Simpósio foi um marco do movimento pela Reforma Sanitária, pois contou com a participação de um bom público, que contava com a participação de pessoas de todo país, marcando a vinculação do movimento sanitário com a discussão concreta da política de saúde. O documento aprovado no Simpósio teve papel simbólico de lançar o projeto do Sistema Único de Saúde ao sugerir os principais componentes da proposta alternativa à política vigente. Entre estes, destacam-se: a saúde como direito de todos e dever do Estado; a detenção do empresariamento da medicina, considerando os atos médicos como um bem social gratuito; a unificação do sistema de saúde, cabendo ao Estado a administração do sistema; a participação popular na política de saúde; os mecanismos eficazes de financiamento; a descentralização; e o fim dos convênios com pagamento por unidade de serviço. No mesmo ano foi criada a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (ABRASCO) que surgiu para organizar a prática acadêmica em torno da crítica ao modelo de assistência à saúde e para formular propostas, sendo também uma importante entidade para a veiculação de ideias (MENICUCCI, 2007). 29 A formação da proposta de reforma da Política de Saúde se deu a partir de meados da década de 1980, em que houve a articulação de um movimento político-ideológico por uma reforma sanitária, vista como parte integrante de um processo mais amplo de democratização. Esse movimento envolveu a construção teórica de um modelo com base nos determinantes sociais de saúde e um conjunto de ações estratégicas visando à divulgação de idéias, à articulação de pessoas e experimentação de projetos inovadores como mecanismo de constituição de uma alternativa à política vigente (MENICUCCI, 2007). O estudo de Sarah Escorel (1998) sobre o movimento sanitário brasileiro das décadas de 1970 e 1980 traz importante contribuição ao demonstrar o quanto essa base institucional, e o apoio efetivo de organismos internacionais tais como a Organização Pan- Americana de Saúde (OPAS) teve papel decisivo ao constituir a base acadêmica para a articulação do movimento. Tais espaços foram também fóruns de debates para os projetos e teses que viriam mais tarde a ganhar notável visibilidade durante a VIII Conferência Nacional de Saúde. Realizada no período de redemocratização, a Conferência incluiu em seu temário três questões principais: a saúde como dever do Estado e direito do cidadão, a reformulação do Sistema Nacional de Saúde e o financiamento setorial, dando relevo às relações entre saúde e democracia (FINKELMAN, 2002). 3.4 A Reforma sanitária nos anos 1980 A partir dos anos 1980 a discussão da reformulação da Política de Saúde ganha a adesão dos Movimentos Populares em Saúde (MOPS), que vinham se desenvolvendo desde a década anterior e aos poucos foram incorporando as propostas do movimento sanitário. Entre as propostas apresentadas destaca-se a crítica à medicina privada financiada pelo Setor Público. Esses movimentos proliferaram em torno de associações de moradores e outras entidades de bairro em favelas e bairros pobres das periferias das grandes cidades (GERSCHMAN, 1995). Em 1980 foi criada a Comissão Interinstitucional de Planejamento (CIPLAN), cuja principal função era fixar os repasses federais dos dois Ministérios - Saúde e Previdência Social, para financiar os serviços prestados pelas redes estaduais e municipais, além de 30 estabelecer normas de articulação programática entre Ministério da Saúde, Previdência e Educação (Hospitais Universitários e de ensino) (FINKELMAN,2002). Em 1980 o primeiro projeto a ser elaborado foi o Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (Prev-Saúde) que buscava traduzir as experiências institucionais anteriores incorporando as propostas da Organização Mundial da Saúde e do Movimento Sanitário. Além disso, estabelecia condições para a inclusão dos serviços privados no Sistema Público, limitando-os aos serviços sem fins lucrativos, de forma que gerou intensa reação da sociedade. Contudo, mesmo sendo reformulado, sua implementação nunca foi realizada (MENICUCCI, 2007). Em 1982 foi criado o Conselho Consultivo da Administração de Saúde Previdenciária (CONASP) que seguia as diretrizes como a prioridade para a atenção primária, a integração das diferentes agências públicas de saúde em um sistema regionalizado e hierarquizado e a diminuição da capacidade ociosa do setor público ((MENICUCCI, 2007; FINKELMAN, 2002). A partir de 1984 houve a implantação das Ações Integradas de Saúde (AIS), que reforçou a atuação da Comissão Interinstitucional de Planejamento na área federal, e estimulou a criação de comissões Interinstitucionais de Saúde, no âmbito dos Estados, das regionais estaduais de saúde e dos municípios (FINKELMAN,2002). A partir de 1985 até 1988, com a Nova República, foram introduzidas importantes modificações nas políticas econômicas e sociais brasileiras. Do ponto de vista econômico e social, houve um compromisso de crescimento dos movimentos organizados da sociedade, com maior presença nos conselhos de gestão nacional, nas áreas de saúde, previdência, educação e trabalho. O que se observa nesse período foram as discussões amplas destinadas à realização de reformas dos sistemas tributários, financeiro e administrativo, e de reformas na área social (educação, previdência social, habitação, assistência social, alimentação e nutrição). No caso da saúde, esse processo ocorre através do movimento de Reforma Sanitária, que levou a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) (FINKELMAN, 2002). 31 A partir de 1985 o movimento político setorial teve um amplo crescimento, em que seu ponto culminante foi a realização da 8ª Conferência Nacional de Saúde (1986) e os trabalhos técnicos desenvolvidos pela Comissão Nacional de Reforma Sanitária (CNRS), criada pelo Ministério da Saúde, em atendimento a proposta do 8ª Conselho Nacional de Saúde (CNS) e o projeto legislativo de elaboração da carta constitucional de 1988 (FINKELMAN,2002). Rodriguez Neto (1988) afirma que o 8ª Conselho Nacional de Saúde resultou da negociação entre o Ministério da Previdência e Assistência Social e o Ministério da Saúde, em virtude do impasse entre os dois ministérios quanto ao aprofundamento da Reforma Sanitária, especialmente a passagem do Instituto Nacional de Assistência Médica a Previdência Social (INAMPS) para o Ministério da Saúde. Assim, o 8ª CNS formulado por técnicos e outros dirigentes não tinha poder para aprofundar o processo da Reforma Sanitária, embora existisse um comprometimento nesse sentido. O fato decorria de que não houvera, com o governo Sarney, uma substituição das forças políticas, mas apenas uma ocupação de espaços institucionais por determinadas pessoas comprometidas com a Reforma. Em suma, não houve mudanças estruturais, e a questão da saúde era, ainda, tratada de forma técnico-acadêmica e necessitava adquirir dimensão política e social (FALEIROS, SILVA, SILVEIRA E VASCONCELLOS, 2006). Com o início do Programa de Desenvolvimento de Sistemas Unificados e Descentralizados de Saúde nos estados (SUDS), em 1987, o foco era as Secretarias Estaduais de Saúde que deveriam assumir as responsabilidades de órgãos, dentro dos sistemas estaduais de saúde. Tratava-se de uma antecipação, em certa medida do modelo posteriormente adotado pelo SUS por meio da Comissão Interinstitucional Tripartite e as Comissões Bipartites (FINKELMAN, 2002). 3.5 A origem do Sistema Único de Saúde no âmbito legal Em outubro de 1988 foi aprovado o texto constitucional que tinha como destaque: a adoção de um conceito de saúde com articulação de políticas sociais e econômicas que ampliava seu campo de atuação para dar assistência médica; estabelecia a saúde como direito social universal; caracterizava as ações e serviços de saúde como de relevância pública; e a 32 criava o Sistema Único de Saúde, organizado segundo as diretrizes de descentralização, atendimento integral e participação da sociedade (MENICUCCI, 2007). O novo conceito impôs uma transformação radical no Sistema de Saúde Brasileiro, por reconhecer a saúde como direito social e definir um novo paradigma para a ação do Estado na área. Esse novo marco referencial está expresso em dois dispositivos constitucionais: Art. 196- o direito à saúde deverá ser garantido mediante políticas econômicas e sociais que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação (artigo 196, CF) Por meio deste artigo era reconhecida, por conseguinte a múltipla determinação e a estreita relação da saúde com o modelo de desenvolvimento. Art.198- as ações e serviços públicos de saúde serão organizados em uma rede regionalizada e hierarquizada, constituindo um Sistema Único de Saúde, de acordo com as seguintes diretrizes: 1) o atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; 2) a descentralização com direção única em cada esfera de governo; e 3) a participação comunitária (FINKELMAN, 2002). Ao detalhar os princípios e diretrizes sobre os quais o sistema passou a ser organizado e as competências e atribuições das três esferas de governo, as regulamentações (Leis 8080, de 19/09/1990 e nº 8142, de 28/12/1990), buscaram delinear o modelo de atenção e demarcar as linhas gerais para a redistribuição de funções entre os entes federados. O SUS foi definido e constituído pelo conjunto de ações e Serviços de Saúde, prestados por órgãos e instituições públicas, federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público (Lei 8080, art. 4º caput). A iniciativa privada pode participar do SUS em caráter complementar (CF, art. 199, § 1º; Lei nº 8080, art.4º; § 2º), mediante contrato de direito público, mas as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência (CF, art. 199, § 1, Lei 8080, art. 25) (FINKELMAN,2002). 33 Consolidando o processo de evolução do Sistema Público de Saúde, a Constituição Federal de 1988 consagrou o acesso universal e igualitário aos serviços de saúde como um direito de cidadania (CF, art. 196). A regulamentação instituída pela lei 8080/1990 inclui entre os princípios do SUS, a “igualdade da assistência, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie” (art. 7º inciso IV). A referida lei em seu artigo 43 garante a gratuidade da atenção de modo a impedir que o acesso seja dificultado por uma barreira econômica, além das já existentes, como por exemplo a distância dos serviços, o tempo de espera, o horário de funcionamento, a expectativa negativa quanto ao acolhimento, além de fatores educacionais e culturais (FINKELMAN, 2002). Um olhar mais atento sobre a Lei nº 8080 é suficiente para detectar a suas principais tendências: realce das competências do Ministério da Saúde, restringindo-lhe a prestação direta dos serviços apenas em caráter supletivo; ênfase na descentralização das ações e serviços para os municípios; e valorização da cooperação técnica entre Ministério da Saúde, os estados e municípios, onde estes ainda eram vistos, preponderantemente, como receptores de tecnologia (FINKELMAN, 2002). Na área da saúde, tais mecanismos se referem aos fóruns exclusivos de representantes das instâncias subnacionais de governo, “beneficiários” por assim dizer, da descentralização. Isto é, estados e municípios, para os quais o processo descentralizador, em tese, transfere poder retirado do nível central. Os dois fóruns de participação e articulação neste caso são: 1) o Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS), criado em 1980, que reuniu os secretários de saúde dos 26 Estados e do Distrito Federal; e 2) do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde ( CONASENS), instituído em 1988 e ao qual estão filiados secretários de cerca de 90% dos municípios (FINKELMAN, 2002). Esses dois colegiados, criados antes da nova constituição tiveram a ação destacada no processo constituinte. Embora, eventualmente, tenham interesses políticos não coincidentes já que representam diferentes esferas de poder, constituíram-se como elementos fundamentais na 34 articulação entre instâncias de governo tanto no âmbito Estadual (Comissões Bipartites) como no Federal (Comissão Tripartite) (FINKELMAN,2002). A criação desses colegiados na saúde propiciaram efetivos progressos a partir da Lei 8142/90 que se limitou ao sistema público de saúde deixando de regular o sistema privado autônomo (MENICUCCI, 2007). Em menos de seis anos foram instalados Conselhos de Saúde na área federal em todos os estados em 3.321 municípios (55% do total) (FINKELMAN, 2002). Logo no início dos anos 1990, as relações internas do SUS passaram a ser subordinadas por normas técnicas publicadas em Portarias Ministeriais. As Normas Operacionais Básicas conhecidas como NOBs foram editadas entre os anos de 1991 e 1996 (FINKELMAN, 2002). Alguns autores como Carvalho (1996) e GERSCHMAN (1995) avaliaram a NOB como um retrocesso em relação à Constituição, e afirmavam que seus preceitos a contrariavam. Isso porque se mantinha a gestão de recursos da saúde pelo INAMPS, a instituição-símbolo do modelo assistencial anterior com transferência para o Ministério da Saúde em 1990, que só seria extinto formalmente em 1993 (MENICUCCI, 2007). Em janeiro de 1991 foi publicada a NOB 01 que regulamentava os repasses de recursos para Estados e municípios de forma que contrariava o estabelecido na legislação (PAIM, 1992). A Norma Operacional Básica de 1993 instituiu diferentes condições de gestão (incipiente, parcial e semiplena) para permitir a transição de uma situação em que os municípios eram tratados como meros prestadores de serviços para uma fase de municipalização plena prevista pela legislação em vigor (CUNHA,1994). Esta norma, embora avançasse no sentido da descentralização, permaneceu ainda distante do que dispõe a legislação (PAIM,1998). 35 A partir de 1993 com a descentralização das políticas de saúde, a articulação se efetivou entre os diversos programas, sendo que a parceria entre governo e os movimentos sociais foram tomados como inovações que permitiram uma redução das práticas clientelistas, com um distanciamento das políticas assistenciais, dando continuidade aos programas. A introdução de critérios de delimitação territorial do público-alvo, aliados aos de renda, permitiram uma melhor focalização dos beneficiados (FINKELMAN, 2002). No início de 1996, o paradigma de transferências de recursos foi definido, em substituição ao pagamento de serviços por comprovação de faturas. Os repasses seriam determinados com antecedência, realizados sob a responsabilidade do Fundo Nacional de Saúde (FNS), diretamente para os Fundos Municipais. A grande novidade era o estabelecimento de um valor per capita mínimo, com base de cálculo do produto orçamentário destinado ao município. Finalmente, com a criação do Piso Assistencial Básico (PAB) e a sua transferência regular e automática, o Ministério da Saúde assegurava ao município um montante fixo mensal para a execução de serviços essenciais, individuais e coletivos, de promoção e assistência à saúde e bem-estar da sua população - atendimento básico, vacinação, assistência pré-natal, pequenas cirurgias em ambulatórios entre outros (FINKELMAN, 2002). O Piso Assistencial Básico trouxe estabilidade ao sistema, mas o seu impacto não foi imediato, se não progressivo e surpreendente; em 1996, apenas 114 municípios eram diretamente responsáveis pelo gerenciamento dos seus recursos; em 1998, 1.343 já haviam sido habilitados. Em dezembro de 2001, 5.516 municípios, ou seja quase a totalidade dos municípios brasileiros, com uma população de 172,1 milhões de pessoas eram beneficiadas com R$10,00 por habitantes/ano em transferências diretas Fundo a Fundo, ou seja, do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Municipais (FINKELMAN, 2002). A Portaria GM/MS nº 1399, de 15 de dezembro de 1999 regulamentou a NOB/96, no que se refere às competências da União, Estados, Municípios e Distrito Federal na área de epidemiologia e controle de doenças. No ano 2000, o Ministério da Saúde por intermédio da Fundação Nacional de Saúde, iniciou a implementação do processo de descentralização nessa área (FINKELMAN, 2002). 36 A partir de junho de 2001, o volume de recursos transferidos Fundo a Fundo para estados e municípios foi subdividido em quatro itens principais: Recursos para a Atenção Básica (PAB Fixo e PAB Variável); Recursos para a Vigilância Epidemiológia e Controle de Doenças; Recursos para a Assistência de Média Complexidade; Recursos para a Assistência de Alta Complexidade. As Normas Operacionais Básicas, portanto, foi o principal instrumento legal para a descentralização das ações de saúde, particularmente, as de atenção básica. O mesmo, entretanto, não se podia dizer dos serviços de maior complexidade. Faltava, ainda, uma abordagem regionalizada e mais adequada a estrutura administrativa do país e das suas particularidades (FINKELMAN, 2002). Diante desse quadro era necessário pensar numa política de incentivos que concebesse ao município, sua experiência e tradição na oferta de serviços de assistência à saúde de complexidade e alcance regional. Uma política que superasse o viés da atomização na municipalização dos recursos, ampliando a cobertura das ações e serviços para além dos limites do município, com economia de despesas e ganho de qualidade para a saúde. Essa necessidade gerou em janeiro de 2001, as Normas de Assistência à Saúde (NOAS) em substituição às NOBs, instituídas pelo Ministério da Saúde, apoiado pela Comissão Intergestores Tripartite (FINKELMAN, 2002). A publicação da Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS-SUS 01/2001), de janeiro de 2001, foi resultado desse longo processo de negociação e teve como objetivo central “promover maior equidade na alocação de recursos e no acesso da população às ações e serviços de saúde em todos os níveis de atenção”. Para alcançar tal objetivo instituiu a regionalização como macroestratégia fundamental naquele momento (FINKELMAN, 2002). A NOAS previa a organização de uma assistência qualificada e de melhor resolutividade na atenção básica, a partir da identificação de áreas estratégicas essenciais, 37 relacionadas aos problemas de saúde de abrangência nacional: saúde da mulher, saúde da criança, saúde bucal, controle da hipertensão e diabetes, controle da tuberculose eliminação da hanseníase. Além disso propôs a formação de módulos assistências resolutivos, formados por um ou mais municípios, que garantiam, no âmbito microrregional, o acesso ágil e oportuno de todos os cidadãos a um conjunto de procedimentos de saúde necessários para o atendimento de problemas mais comuns, nem sempre oferecidos em municípios menos populosos (FINKELMAN, 2002). Do ponto de vista do financiamento, as NOAS significaram um novo incentivo a nível federal. O Piso Assistencial Básico Fixo foi implantado para a cobertura de procedimentos do primeiro nível da média complexidade ambulatorial, com base em um valor per capita nacional (FINKELMAN, 2002). 3.6 O Programa Saúde da Família – evoluções e perspectivas Desde os anos 1980, a atenção básica à saúde já era uma prioridade nas intenções e nos discursos do Governo Federal no que tange as questões sociais. Faltava a decisão política dos governantes no sentido da sua concretização em objetivos, programas e metas de ação. Enquanto isso, o Sistema em crise, sediava espaço ao avanço da chamada Medicina Suplementar, representada pelos Planos de saúde e seguros privados de saúde (FINKELMAN, 2002). Em 1994 foi criado o Programa Saúde da Família (PSF ) para incorporar e reafirmar os princípios básicos do SUS na estrutura da Unidade de Saúde da Família, vinculada à rede de serviços de forma a garantir a atenção integral aos indivíduos e família, bem como assegurar a sua transferência para clínicas e serviços de maior complexidade, sempre que a saúde da pessoa assim o exigisse. Cada Unidade de Saúde da Família trabalha em um território de abrangência definido, sendo responsável pelo cadastramento e acompanhamento da população adscrita a essa área (FINKELMAN, 2002). 38 A Equipe de Saúde da Família (ESF) é composta, minimamente, de um médico, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem e quatro a seis Agentes Comunitários de Saúde (ACS), podendo ser complementadas por outros profissionais como dentistas, assistentes sociais e psicólogos, de acordo com as necessidades e possibilidades locais (FINKELMAN, 2002). 3.7 Portarias e Diretrizes importantes na efetivação de melhorias na Saúde Pública : o Pacto pela Saúde O documento que divulga o Pacto pela Saúde 2006 – Consolida o SUS e aprova as Diretrizes Operacionais do referido Pacto que foi publicado pela Portaria/GM nº 399 de 22 de Fevereiro de 2006. Contempla o Pacto firmado entre os gestores do SUS, em suas três dimensões: Pacto pela Vida, Pacto em defesa do SUS e Pacto de Gestão (Portaria/GM nº 399/2006). A implantação deste Pacto possibilita a efetivação de acordos entre as três esferas de gestão do SUS, para a reforma de aspectos institucionais vigentes, promovendo inovações nos processos e instrumentos de gestão que visam alcançar maior efetividade, eficiência e qualidade de suas respostas e, ao mesmo tempo, redefinir responsabilidades coletivas por resultados sanitários em função das necessidades de saúde da população e na busca da equidade social (MS, 2006). Esse Pacto apresenta mudanças significativas para a execução do SUS, dentre as quais ressaltamos: a substituição do atual processo de habilitação pela adesão solidária aos Termos de Compromisso de Gestão (TCG); a Regionalização Solidária e cooperativa como eixo estruturante do processo de Descentralização; a Integração das várias formas de repasse dos recursos federais; e a Unificação dos vários pactos hoje existentes (MS, 2006). Ele é o resultado de um intenso trabalho de discussão de cerca de dois anos, envolvendo os técnicos e a direção de diversas áreas do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Secretários Municipais (CONASEMS) e do Conselho Nacional de Secretários de 39 Saúde (CONASS) que foi aprovado na reunião da Comissão Intergestores Tripartide (CIT) de 26 de janeiro de 2006, e na reunião de 9 de fevereiro do mesmo ano, pelo Conselho Nacional de Saúde. 3.7.1 Pacto pela Vida O Pacto pela Vida está constituído por um conjunto de compromissos sanitários, expressos em objetivos de processos e resultados e derivados da análise da situação de saúde do País e das prioridades definidas pelos governos Federal, Estadual e Municipal (Portaria/GM nº 399/2006). Este pacto reforça no SUS o movimento da gestão pública por resultados, estabelecendo um conjunto de compromissos sanitários considerados prioritários, pactuado de forma tripartite, a ser implementado pelos entes federados. Esses compromissos deverão ser efetivados pela rede do SUS, de forma a garantir o alcance das metas pactuadas. As prioridades estaduais, regionais ou municipais podem ser agregadas às prioridades nacionais, a partir de pactos locais. Os estados e municípios devem pactuar as ações que considerarem necessárias ao alcance das metas e objetivos gerais propostos (MS, 2008). O Pacto pela Vida contém os seguintes objetivos e metas prioritárias: I - atenção à saúde do idoso; II - controle do câncer de colo de útero e de mama; III - redução da mortalidade infantil e materna; IV- fortalecimento da capacidade de respostas às doenças emergentes e endemias, com ênfase na dengue, hanseníase, tuberculose, malária, influenza, hepatite, aids; V - promoção da saúde; VI - fortalecimento da atenção básica; VII - saúde do trabalhador; VIII - saúde mental; IX - fortalecimento da capacidade de resposta do sistema de saúde às pessoas com deficiência; X - atenção integral às pessoas em situação ou risco de violência; e XI - saúde do homem (Portaria GM/MS nº 325, de 21 de fevereiro de 2008). 3.7.2 Pacto em Defesa do SUS Expressa os compromissos entre os gestores do Sistema Único de Saúde com a consolidação do processo da Reforma Sanitária Brasileira e articula as ações que visam 40 qualificar e assegurar o SUS como política pública. Também expressa movimento de repotilização da saúde, com uma clara estratégia de imobilização social na busca por um financiamento compatível com as necessidades da saúde, por parte dos entes federados, incluindo a regulamentação da emenda constitucional nº 29 do Congresso Nacional (MS, 2006). 3.7.3 Pacto de Gestão O Pacto de Gestão do SUS valoriza a relação solidária entre gestores, definindo as diretrizes e responsabilidades e contribuindo para o fortalecimento da gestão, nos seguintes eixos de ação: Descentralização; Regionalização; Financiamento do SUS; Planejamento no SUS; Programação Pactuada Integrada (PPI); Regulação da Atenção à Saúde e Regulação Assistencial; Participação e Controle Social; Gestão do Trabalho na Saúde; e Educação na Saúde; 3.7.4 A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) No discurso de posse em março de 2007, o médico sanitarista José Gomes Temporão, Ministro da Saúde nomeado por Luiz Inácio Lula da Silva, listou a implantação de uma “Política Nacional para a Assistência à Saúde do Homem”, com uma das principais metas a serem perseguidas durante sua gestão (CARRARA, RUSSO, FARO 2009). Um dos aspectos que contribuíam para essa decisão na definição dessa política foi a relevância dada ao papel da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), como interventora dos problemas sexuais masculinos (CARRARA, RUSSO, FARO, 2009). 41 Desde 2004, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) vinha empreendendo esforços para chamar a atenção para a causa da Saúde do Homem. Tais ações se estenderam ao longo de todo o ano de 2008, e esse órgão (SBU) passou a exercer forte pressão junto aos diferentes setores do governo, parlamentares, aos Conselhos de Saúde (CONASS e CONASEMS) e a sociedade médica, para o lançamento de uma política específica voltada à Saúde do Homem. No mês de julho daquele mesmo ano, um acordo de cooperação técnica seria assinado entre o Ministério da Saúde e a SBU, com o objetivo de promover a assistência ao homem no sistema público de saúde e reduzir assim as taxas de mortalidade masculina (CARRARA, RUSSO, FARO, 2009). Na luta pela implantação da nova política que a Sociedade Brasileira de Urologia manteve durante o ano de 2008, outro evento que contribuiu para que a SBU obtivesse êxito foi a audiência pública, convocada pela Câmara dos Deputados, no âmbito do IV Fórum Políticas Públicas de Saúde do Homem, realizado em agosto de 2008. Nesse encontro o Ministério da Saúde apresentou seu projeto para a área, paralelamente o Ministério divulgou o documento “Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem” (PNAISH), quando a versão final do documento foi oficialmente divulgada (CARRARA, RUSSO, FARO 2009). Em 27 de agosto de 2009, no auditório da Organização Pan- Americana de Saúde em Brasília, o Ministério da Saúde lançou oficialmente a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (CARRARA E RUSSO). Segundo o documento, estudos comparativos têm demonstrado que os homens são mais vulneráveis às doenças do que as mulheres, especialmente às enfermidades crônicas e graves, por isso uma tendência para que morram mais cedo. Além disso, os homens não tem acesso aos serviços de atenção primária, uma vez que sua entrada no Sistema de Saúde se dá principalmente pela atenção ambulatorial e hospitalar de média e alta complexidades, configurando um perfil que favorece o agravo da morbidade pela busca tardia ao atendimento (PNAISH, 2008). Para explicar a “resistência masculina à atenção primária”, o texto da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem lança mão de pesquisas qualitativas que apontam 42 diversas razões para o fenômeno de maior propensão masculina para as doenças graves, em síntese foram agrupadas em dois tipos de determinantes: “barreiras institucionais” e “barreiras socioculturais”, enfatizando as chamadas “variáveis culturais”. De acordo com o olhar masculino: A doença é considerada um sinal de fragilidade que os homens não reconhecem como inerentes à sua própria condição biológica. O homem se julga invulnerável, o que acaba por contribuir para que ele cuide menos de si mesmo e se exponha mais às situações de risco (PNAISH, 2008, p. 6). Uma vez explicitadas o que são as “variáveis culturais”, o documento afirma que o grande desafio de uma política voltada para os homens é mobilizar a “população masculina brasileira para a luta pela garantia de seu direito social à saúde”. Para tanto, a política em questão pretende Politizar e sensibilizar homens para o reconhecimento e a enunciação de suas condições sociais e de saúde, para que advenham sujeitos protagonistas de suas demandas, consolidando seu exercício e gozo dos direitos de cidadania (PNAISH, 2008, p. 7). A Política de Atenção Integral à Saúde do Homem se estabeleceu mediante um recorte estratégico da população masculina na faixa etária de 25 a 59 anos. Isto não deve configurar uma restrição da população alvo, mas uma estratégia metodológica. Aproximadamente 75% das enfermidades e agravos dessa população está concentrada em 5 (cinco) grandes áreas especializadas: cardiologia, urologia, saúde mental, gastroenterologia e pneumologia. A partir desta constatação as sociedades médicas representativas destas áreas foram convidadas, juntamente com a participação de outros profissionais da saúde, pesquisadores, acadêmicos, representantes do CONASS e CONASEMS e entidades civis organizadas a participar de 5 (cinco) eventos distintos, onde foram traçados os consensos (PNAISH, 2008). Finalmente, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem está alinhada com a Política Nacional de Atenção Básica, com porta de entrada do Sistema Único de Saúde e estratégias de humanização em saúde, em consonância com os princípios do SUS, fortalecendo ações e serviços em redes e cuidados da saúde, privilegiando a Estratégia de 43 Saúde da Família, evitando assim, a setorialização de serviços ou a segmentação de estruturas (PNAISH, 2008). O item do documento da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem intitulado “Diagnóstico” é bastante extenso, e, como o nome indica, procura oferecer um quadro amplo acerca dos agravos à saúde masculina, percorrendo temas como a violência, alcoolismo e tabagismo, que são os principais agentes nas taxas de mortalidade e de morbidade. Em relação aos direitos sexuais e os direitos reprodutivos o documento afirma, por exemplo, que é necessário “superar a restrição da responsabilidade sobre as práticas contraceptivas às mulheres”, de modo a assegurar aos homens “o direito à participação no planejamento reprodutivo”, a paternidade deve ser vista como Um direito do homem a participar de todo o processo, desde a decisão de ter ou não filhos, como e quando tê-los, bem como do acompanhamento da gravidez, do parto, do pós-parto e da educação da criança (PNAISH, 2008, p. 16). O homem estão mais vulneráveis à violência, por estarem mais expostos nas ruas, bares e eventos noturnos, essa vulnerabilidade ocorre tanto na situação de autores, como de vítimas. Essa situação é mais acentuada quando estão na adolescência, pois é um período onde os homens sofrem mais lesões e traumas devido a agressões que demandam maior tempo de internação, em relação às mulheres (SOUZA, 2005). A violência no sentido amplo deve ser compreendida como determinante dos indicadores de morbimortalidade por causas externas em todas as suas dimensões, a saber: acidentes por transporte, agressões e lesões autoprovocadas voluntariamente e/ou suicídios de acordo com os dados que serão apresentados (PNAISH, 2008,). 3.7.5 Indicadores Demográficos Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o total da população residente no Brasil, em 2010 foi de 183,9 milhões de habitantes. Sendo que na época a população do Distrito Federal (DF) estava em 2.562.963, sendo 1.225.237 homens (PNAISH, 2008). 44 A população de homens no Brasil, com distinção de diferentes fases do ciclo de vida, é delimitada em termos absolutos e percentuais conforme o quadro abaixo: Área Técnica Grupo etário Infância População % 0-9 18.200.403 Adolescência 10-21 24 28.053.005 31 Idade adulta 25-59 37.414.895 41 Idoso 60 ou + 7.002.716 8 90.671.019 100 Idoso TOTAL 20 Quadro 1 - População masculina brasileira de acordo com as diferentes fases da vida. Fonte: IBGE/PNAD/MS/SE/DATASUS (2005). Quanto ao percentual da população masculina brasileira o gráfico abaixo ilustra sua distribuição em termos de faixa etária: 45,00% 41,30% 40,00% 35,00% 30,90% 30,00% 0-9 anos 25,00% 20,10% 10-21 anos 20,00% 25-59 anos 15,00% 7,70% 10,00% Idoso 60 ou + 5,00% 0,00% Infância Adolescência Idade adulta Idoso Gráfico 1- Distribuição percentual da população masculina brasileira. Fonte: IBGE/MS/SE/DATASUS,2005 45 O grupo populacional masculino brasileiro preponderante está entre na faixa de 25 a 59 anos, correspondendo a 37.414.895 habitantes. A distribuição masculina em termos numéricos está distribuída da seguinte forma: Faixa etária Nº de homens 25 a 29 anos 7.421.610 30 a 34 anos 6.925.476 35 a 39 anos 6.470.059 40 a 44 anos 5.552.259 45 a 49 anos 4.568.323 50 a 54 anos 3.691.489 55 a 59 anos 2.785.679 Quadro 2 - População masculina dos 25-59 anos, de acordo com as faixas etárias. Fonte: IBGE/MS/SE/DATASUS,2005 3.7.6 Indicadores de Mortalidade Masculina no Brasil Em 2005 ao se analisar as causas de mortalidade na população masculina na faixa etária que variava de 25-59 anos se observou que, em 75% dos casos, os óbitos incidiam em 5 (cinco) grupos principais de entidades mórbidas (Gráfico 2). 46 Gráfico 2 - Percentagem de óbitos de acordo com as causas (CID 10). Fonte: PNAISH (2008). De acordo com os dados a maior porcentagem de óbitos devia-se às Causas Externas; logo depois viriam as Doenças do Aparelho Circulatório; os Tumores; as Doenças do Aparelho Digestivo e, finalmente, as Doenças do Aparelho Respiratório, conforme demonstrado no Gráfico anterior. 3.7.7 Causas externas Sob esta denominação, a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, em sua Décima Revisão (OMS, 1996), engloba uma série polimorfa de agravos, dos quais os mais importantes são os acidentes, notadamente os acidentes de transporte, as lesões autoprovocadas voluntariamente e as agressões. Estes três tipos de agravos corresponderam, em 2005, à maioria dos óbitos (78%), das causas externas, tal como ilustrado pelo quadro abaixo: 2001 2002 2003 2004 2005 Idade Totais % Totais % Totais % Totais % Totais % 25 a 15.722 14 14.468 14 14.640 14 14.578 14 14.530 14 29 47 30 a 11.261 11 11.463 11 11.288 11 11.106 11 11.110 11 9.612 10 9.789 10 9.820 10 9.728 10 9.552 10 7.941 8 8.040 8 8.083 8 8.302 8 8.225 8 6.143 6 6.375 6 6.440 6 6.525 6 6.731 6 4.602 5 4.739 5 4.890 5 5.168 5 5.312 5 3.308 3 3.558 3 3.837 3 3.809 3 3.881 3 + 60 9.752 10 9.847 10 10.314 10 10.966 10 11.507 10 Total 100.379 100 104.487 100 104.779 100 105.248 100 105.062 100 34 35 a 39 40 a 44 45 a 49 50 a 56 55 a 59 Quadro 3- Série histórica das causas externas de óbitos da população masculina por grupo etário de 2001 a 2005. Fonte: MS/SVS/DATASIS-SIM. Os óbitos por causas externas constituem a primeira causa de mortalidade no grupo populacional dos 25 aos 59 anos, como pode ser observado (Quadro 3). Assim, os dados não deixam dúvidas quanto ao fato que as causas externas constituem um grande problema de saúde pública, pois trazem fortes impactos na mortalidade e morbidade da população masculina (PNAISH, 2008, MS). Do total de óbitos do sexo masculino por causas externas, ocorridos em 2005, 40,3% foram por homicídios; 30,0% por acidentes de transporte; 7,4% por suicídios e 22,3% por outras causas (PNAISH, 2008, MS). 3.7.8 Tumores Os tumores que incidem com maior freqüência na faixa etária dos 25 aos 59 anos são oriundos dos aparelhos digestivo, respiratório e urinário. Aproximadamente 43,2% de todos os tumores tem origem no aparelho digestivo (PNAISH, 2008, MS). 48 A mortalidade por câncer do aparelho digestivo, no ano de 2005, teve sua maior expressão com a incidência de câncer de estômago, seguida pelo câncer de boca e de esôfago (PNAISH, 2008, MS). As neoplasias malignas do aparelho respiratório determinaram um número significativo de mortalidade na faixa populacional dos 25 aos 59 anos, que totalizou 12.005 óbitos no ano de 2005 (PNAISH, 2008, MS). O câncer da próstata é uma neoplasia que geralmente apresenta evolução muito lenta, de modo que a mortalidade poderá ser evitada se o processo for diagnosticado e tratado com precocidade (PNAISH, 2008, MS). Uma estimativa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) para o aparecimento de novos casos de cânceres no ano de 2008, apontou o câncer de próstata como sendo o mais frequente, sendo superado apenas pelo câncer de pele não-melanoma (Quadro 4) (PNAISH, 2008, MS). Localização Primária da Neoplasia Maligna Nº de casos Pele Não Melanoma 55.890 Próstata 49.530 Traquéia, Brônquio e Pulmão 17.810 Estômago 14.080 Cólon e Reto 12.490 Cavidade Oral 10.380 Esôfago 7.900 Leucemias 5.220 Pele Melanoma 2.950 Outras localizações 55.610 Quadro 4- Incidência projetada para os homens com tumores malignos no Brasil em 2008. Fonte: INCAIncidência do Câncer no Brasil, Estimativa (2008). 49 As neoplasias malignas do aparelho urinário incluem o câncer de pênis, sendo que no Brasil, este câncer representa cerca de 2,0% de todas as neoplasias que atingem os homens (PNAISH, 2008). Entre os tumores do aparelho urinário há ainda de se assinalar a hipertrofia prostática benigna, que atinge a maioria da população masculina após os 50 anos, produzindo diversos sintomas urinários, com impacto bastante negativo sobre a qualidade de vida desses pacientes. Por falar em qualidade de vida, é importante destacar um acompanhamento contínuo para com os pacientes que sofreram prostatectomias, sobretudo as radicais, cujas lesões nervosas podem determinar disfunções eréteis e incontinência urinária (PNAISH, 2008). 3.7.9 Outras causas de Mortalidade Existem outras causas de mortalidade, dentre elas se podem destacar as doenças do aparelho digestivo, tais como a do fígado que, em 2005, foi responsável por 70% das causas de morte de homens de 25-59 anos. Destas, 46% deve-se a doença alcoólica, 36% a fibrose e cirrose e 18% a outras doenças relacionadas ao fígado (PNAISH, 2008, MS). Nota-se que a maior incidência de mortalidade masculina, no ano de 2005, por doenças do aparelho circulatório ocorreu após os 60 anos (72,2%). No mesmo ano, observouse maior incidência nos óbitos por causas cardiovasculares, na população dos 25 aos 59 anos, que chegou aos 26,8%. Ao assinalar estes fatos constata-se a perda de muitas vidas, com maior incidência de óbitos que poderiam ser evitados se houvesse maior participação do público masculino nos programas de prevenção existentes no sistema de saúde e se houvesse uma efetiva política de prevenção primária para a população masculina (PNAISH, 2008). 3.8 Indicadores de Morbidade no Brasil 50 Quanto ao número de internações, entre os anos 2000 e 2007, foi observada uma redução do número de pacientes internados por enfermidades do aparelho respiratório, digestivo e de outras causas. Contudo, houve um aumento na quantidade de internações por tumores, doenças do aparelho circulatório e causas externas. A internação por tumores praticamente dobrou, havendo também um aumento na quantidade de pacientes internados por causas externas (PNAISH, 2008). 3.8.1 Causas Externas No ano de 2007, de um total de 11.332.460 internações, 4.510.409 foram de internações masculinas (39,8%), sendo que 1.737.716 (15,3%) correspondia ao número de internações na faixa populacional dos 25 aos 59 anos. Destes casos 16% foram por causas externas (PNAISH, 2008). As principais causas externas de internamento masculino no Brasil em 2007, em comparação com as outras causas que demandaram internação normalmente estão percentualmente assinaladas abaixo (Gráfico 10) (PNAISH, 2008). Gráfico 3- Principais causas externas de internações na população masculina dos 25 a 59 anos. Fonte: MS/DATASUS/SIH (2007). 3.8.2 Principais doenças dos aparelhos digestivo, urinário, circulatório e respiratório 51 Durante o ano de 2007, entre os tumores do Aparelho Digestivo apresentadas, as neoplasias malignas do lábio, cavidade oral e faringe foram as que tiveram o maior número de internações (8.744), seguida pelo câncer de estômago (5.316), de cólon (5.085) e neoplasia maligna de esôfago (4.715) (MS/SIH/SUS – TabNet). No caso do aparelho respiratório, as neoplasias malignas da traquéia, brônquios e pulmões foram responsáveis, no ano de 2007, por 3.836 internações, seguidas pelo câncer de laringe com 3.237 casos (MS/SIH/SUS – TabNet). Dentre as internações por tumores do aparelho urinário, destacamos a neoplasia maligna da próstata com 2.377, sendo que os tumores malignos do aparelho genital masculino foram responsáveis por 2.183 internações, seguidas de 1.510 casos de neoplasia maligna da bexiga em 2007 (MS/SIH/SUS, 2007). Em termos de doenças do aparelho circulatório, foi constatado que, a maior parte das internações masculinas, ocorreu devido aos acidentes coronarianos (40,5 %), seguido da hipertensão arterial (18,7 %) (PNAISH, 2008, MS). As principais doenças do aparelho digestivo responsáveis pelo maior número de internações foram as doenças ácido-pépticas (35.782), do fígado (27.354) e colelitíase e colecistite (25.333) (PNAISH, 2008, MS). Entre os fatores de morbidade não se pode deixar de mencionar as disfunções sexuais, notadamente a disfunção erétil, que acomete cerca da metade dos homens depois dos cinqüenta anos. Há de se mencionar também que a disfunção erétil é um importante marcador para certas doenças, como a coronariopatia e diabetes (PNAISH, 2008, MS). Infelizmente a maioria dos profissionais da saúde não está capacitada para realizar o tratamento adequado (psicoterapia associada à farmacoterapia) das disfunções sexuais masculinas. O tratamento geralmente limita-se a uma forma parcial de abordagem, esquecendo-se que cada vertente terapêutica não é excludente, mas ambas são essenciais e se complementam (PNAISH, 2008, MS). 52 3.8.3 Plano de Ação Nacional (2009-2011) A expectativa em relação ao Plano de Ação Nacional (2009-2011) é que este sirva de subsídio para Gestores dos Estados e Municípios selecionados desenvolverem estratégias e ações voltadas para a Saúde do Homem, inserindo-os em seus respectivos Planos de Saúde, respeitando as especificidades e as diversidades locorregionais (PAN, 2009-2011, MS). Nesse contexto, o Plano de Ação Nacional (2009-2011) deverá colaborar para nortear também, em um primeiro momento, a elaboração de Projetos-Piloto nos 26 Estados, DF e em 26 Municípios – um por Estado - selecionados pelo Ministério da Saúde. Os Projetos-Piloto deverão ser construídos de forma conjunta com os Estados-Municípios. Em razão de sua situação peculiar será realizado apenas um Projeto-piloto para o Distrito Federal (PAN, 20092011, MS). O Plano de Ação Nacional (2009-2011) possui nove Eixos: 1. Eixo I: Implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem - insere estratégias e ações voltadas para a Saúde do Homem nos Planos de Saúde Estaduais e Municipais até o terceiro trimestre de 2010 (PAN, 2009-2011, MS). 2. Eixo II: Promoção de saúde - elabora estratégias que visam aumentar a demanda dos homens nos serviços de saúde (PAN, 2009-2011, MS). 3. Eixo III: Informação e comunicação - sensibiliza os homens e suas famílias, incentivando-os ao auto-cuidado e hábitos saudáveis, através de ações de informação, educação e comunicação (PAN, 2009-2011, MS). 4. Eixo IV: Participação, relações institucionais e controle social - trabalha com a Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa –SGEP para associar as ações governamentais com as da sociedade civil organizada, a fim de efetivar a atenção integral à saúde do homem (PAN, 2009-2011, MS). 5. Eixo V: Implantação e expansão do Sistema de Atenção à Saúde do Homem fortalece a atenção básica e melhora o atendimento, a qualidade e a resolubilidade dos Serviços de Saúde (PAN, 2009-2011, MS). 53 6. Eixo VI: Qualificação de profissionais da saúde - trabalha com a Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde – SGTES em estratégias de educação permanente dos trabalhadores do SUS (PAN, 2009-2011, MS). 7. Eixo VII: Insumos, equipamentos e recursos humanos – trabalha com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Informação em Saúde – SCTIE e a Secretaria de Vigilância em Saúde – SVS para avaliar recursos humanos, equipamentos e insumos (incluindo medicamentos) para garantir a adequada atenção à população masculina (PAN, 20092011, MS). 8. Eixo VIII: Sistemas de informação - analisa de forma articulada com as demais áreas técnicas do Ministério da Saúde os sistemas de informação (PAN, 2009-2011, MS). 9. Eixo IX: Avaliação do Projeto-Piloto - realiza estudos e pesquisas que contribuem para a melhoria das ações através do monitoramento da Política, com o auxílio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Informação em Saúde – SCTIE (PAN, 2009-2011, MS). Eixos I: Implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem Metas Transferir parcela única de R$ 75 mil para cada Secretaria Estadual de Saúde, com o objetivo de incentivar a elaboração e a implementação de estratégias e ações de saúde, focadas na população masculina, inseridas nos seus respectivos Planos de Saúde, até o terceiro trimestre de 2010. O repasse do incentivo financeiro será realizado através do Fundo Nacional de Saúde - FNS. Obs: os 26 Municípios que participarão do projeto-piloto serão selecionados pelo Ministério da Saúde. II: Elaborar estratégias que visem aumentar a demanda dos homens aos Serviços de Saúde, por meio de ações proativas de promoção e prevenção dos principais problemas que atingem essa população. Atender, no mínimo, 5% dos homens com idade entre 20-59 anos nos serviços de saúde; III: Estimular o auto cuidado na população Distribuir 10 milhões de folders para todas as UFs, Realizar um atendimento/ano em no mínimo 20% da população de 40 a 59 anos. 54 masculina através da informação, educação e comunicação. até o final de 2010, focando, principalmente, fatores de risco/auto-cuidado; Distribuir 26,1 milhões de cartilhas para Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, e Colegiados Regionais e Estaduais. IV: Trabalhar com a Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP) para associar as ações governamentais com as da sociedade civil organizada a fim de efetivar a atenção integral à saúde do homem. Implementar o projeto/ programa de saúde para a população masculina - inicialmente com o SESI – com o apoio das Confederações Sindicais, que inclua, no mínimo, 50 empresas com mais de 1.000 trabalhadores; Estabelecer uma parceria para incorporar a saúde do homem ao projeto de saúde de uma das Forças Armadas - inicialmente com o Exército - até o final de 2010; Implantar 92 novos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS AD, CAPS I ou CAPS III). V: Trabalhar com a Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP) para associar as ações governamentais com as da sociedade civil organizada a fim de efetivar a atenção integral à saúde do homem. Estabelecer uma parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia para desenvolver o projeto "Hipertensão +10"- até o final de 2010. Realizar um atendimento/ano em no mínimo 20% da população de 40 a 59 anos, até o final de 2011; Possibilitar aos homens de 20 a 59 anos, serviço de saúde de segundo nível ambulatorial e terceiro nível com profissionais capacitados para atender suas necessidades de forma oportuna e com resolubilidade; Ampliar a quantidade de vasectomias, passando de 35 mil, em 2008 para 40 mil, em 2009 e 50 mil, em 2010; Ampliar em 20% ao ano o financiamento, para disponibilizar um maior número de ultrasonografias transrretais, passando de 78 mil, em 2008, para 93 mil, em 2009 e 110 mil, em 2010, como um apoio ao diagnóstico de neoplasias da próstata; Ampliar em 20% ao ano o número de ultrasonografias transrretais passando de 60 mil, em 2008, para 72 mil em 2009 e 86 mil em 2010, facilitando o diagnóstico de neoplasias da próstata; Ampliar em 10% ao ano o financiamento para cirurgias de patologias e cânceres do trato genital 55 masculino, passando de 100 mil, em 2008 para 110 mil, em 2009 e para 121 mil cirurgias até 2010. VI: Trabalhar com a Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (SGTES/MS) em estratégias de educação permanente dos trabalhadores do SUS. Qualificar 32 mil equipes de Estratégia de Saúde da Família- ESF, até o final de 2011; Inserir a saúde do homem nos conteúdos de educação a distância do Tele Saúde visando capacitar os profissionais para o diagnóstico de patologias e câncer do trato genital masculino, aprimorando o Projeto do Ministério da Saúde com o auxílio da SGTES e do DAB; Qualificar profissionais de nível médio em áreas técnicas estratégicas para saúde - Programa de Formação de Profissionais de Nível Médio para Saúde (PROFAPS). VII: Trabalhar com a Secretaria de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (SGTES/MS) em estratégias de educação permanente dos trabalhadores do SUS. Adquirir 165 milhões de unidades de preservativos, até o final de 2010, que serão distribuídos para Estados e Municípios através do Programa Nacional DST/AIDS; Capacitar e qualificar 32.000 equipes da ESF capacitadas; Firmar uma parceria com o ME para incluir a Saúde do Homem nos programas das instituições formadoras de profissionais da área de saúde (nível técnico e superior) e nos programas de residência médica(Comissão Nacional de Residência Médica). VII: Trabalhar com a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Informação em Saúde (SCTIE) e a SVS para avaliar recursos humanos, equipamentos e insumos (incluindo medicamentos) para garantir a adequada atenção à população masculina. VIII: Analisar de forma articulada com as demais áreas técnicas do Ministério da Saúde sistemas e de informação. Realizar um estudo para definir recursos humanos, equipamentos e insumos necessários para atender aos Homens; Adquirir 517 milhões de unidades de preservativos, ao final de 2011, da fábrica de Xapuri /AC, incluindo subsídios para melhoria contínua do processo de produção e desenvolvimento de novas tecnologias de interesse da saúde. Elaborar uma lista dos sistemas de informação e dos indicadores utilizados, incluindo a Sala de Situação em Saúde. 56 IX: Trabalhar com o Departamento de Ciência e Tecnologia da SCTIE para avaliar a implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem em Estados e Municípios, a partir do segundo semestre de 2009. Monitorar e avaliar semestralmente. os Planos de Ação Quadro 5: Política Nacional de Atenção Integral á Saúde do Homem Plano de Ação Nacional (2009-2011) Ações Prioritárias 57 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO A pesquisa analisou sete enfermeiros das Unidades Básicas de Saúde n°4 e n°5 de Ceilândia. Dentre os entrevistados três eram procedentes da Gerência de Enfermagem, outro da Sala do Adulto e o quinto da Vigilância Epidemiológica, os demais eram responsáveis pela Vigilância Epidemiologia, Hipertensão e Diabetes Mellitus, respectivamente. Quando questionados em relação ao ano da implementação da Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem (PNAISH) todos afirmaram ter conhecimento do momento da implementação da PNAISH, e referem que se tratava da Portaria GM n° 1.944 de 27 de agosto de 2009, emitida pelo Ministério da Saúde. Na análise sobre a implantação da PNAISH nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) n° 4 e n°5 foram obtidas as seguintes respostas: Entrevistado 1: “Ainda não foi implementada de forma integral”. Entrevistado 2: “Não” . Entrevistado 3: “Não foi implantada”. Entrevistado 4: “Não foi implementada”. Entrevistado 5: “Não ocorreu ainda”. Entrevistado 6: “Não foi implantada até o momento”. Entrevistado 7: “Ainda não foi implantada”. Ao analisar a fala dos entrevistados, verificou-se que a política de atenção do homem não foi implantada nas UBS n°4 e n°5 da Ceilândia, segundo os entrevistados 2, 3, 4, 5, 6 e 7 a política não foi implantada nos Centros de Saúde pesquisados, com exceção do entrevistados 1 que informou que em sua unidade de saúde a política não foi implementada de forma integral. 58 Segundo o Plano de Ação Nacional da PNAISH a política deveria estar implantada desde o segundo trimestre de 2010. Contudo, a entrevista ocorreu no segundo semestre de 2011, e de acordo com o que foi apresentado pelos entrevistados, ainda falta muito para a política estar funcionando de acordo com o que está preconizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2009). Ao serem interrogados quanto aos programas e ações que constam na PNAISH, verificaram-se as seguintes repostas dos entrevistados: Entrevistado 1: “Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus, Doenças Sexualmente Transmissíveis, Tuberculose, Clínica Médica e Hanseníase”. Entrevistado 2: “Nada”. Entrevistado 3: “Capacitação dos profissionais, medicamentos e promoção da Saúde”. Entrevistado 4: “Câncer de próstata, hipertensão e Doenças Sexualmente Transmissíveis”. Entrevistado 5: “Antígeno Prostático Específico (PSA), Doenças Sexualmente Transmissíveis, Hipertensão Arterial, Diebetes Mellitus, Impotência Sexual”. Entrevistado 6: “Câncer de próstata, Hipertensão Arterial Sistêmica, Doenças Sexualmente Transmissíveis e Diabetes Mellitus”. Entrevistado 7: “Não sei o que ela contempla”. Pode-se perceber que os entrevistados 1, 3, 4, 5 e 6 demonstraram ter conhecimento sobre alguns temas que estão contemplados na política, citando alguns programas e ações já existentes na Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e na Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH). De acordo com a resposta do entrevistado 2 e 7 ficou perceptível o desconhecimento desses profissionais sobre a PNAISH. Essa política tem como princípio a humanização e a qualidade da assistência, que implicam na promoção, reconhecimento e respeito à ética e aos direitos do homem, 59 obedecendo às suas peculiaridades sócio-culturais (BRASIL 2008). São programas e ações que pretendem ampliar em 20% ao ano o número de ultrasonografias transrretais facilitando o diagnóstico de neoplasias da próstata. Também prevê o projeto "Hipertensão +10"- até o final de 2010 e a criação de parceria com o Ministério da Educação, para incluir a saúde do homem nos programas das instituições formadoras de profissionais da área de saúde (nível técnico e superior) e nos programas de residência médica (Comissão Nacional de Residência Médica), até o final de 2011 (BRASIL, 2009). Já a Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) tem atuação em todo o território nacional nas áreas da hanseníase, do controle da tuberculose, controle da hipertensão arterial e Diabetes Mellitus, bem como conta com programas de eliminação da desnutrição infantil, da saúde da criança, saúde da mulher, do idoso e da saúde bucal, além da promoção da saúde (BRASIL, 2006). A partir das respostas dos entrevistados percebeu-se que esses enfermeiros não apresentaram conhecimento sobre os princípios e diretrizes da PNAISH, e, faz abordagem na perspectiva da PNAB que já foi implantada há algum tempo nos serviços de saúde. A seguir apresentam-se os locais mais procurados pelos homens nos Centros de Saúde n°4 e n°5 de Ceilândia. . Gráfico 4: Distribuição dos setores procurados pelos homens na UBS nº4 e n°5 de Ceilândia em 2011. 60 Os setores mais procurados pelos homens nas UBS nº4 e n°5, de acordo com os enfermeiros entrevistados, foram os grupos de Diabetes Mellitus (28,0), Hipertensão (28,0) e na Sala do Adulto (28,0). O setor de Vigilância Epidemiológica surgiu como o menos procurado pelos homens (16,0), este último apresenta ações preventivas de interesses masculinos, tais como a prevenção de AIDS/DST’s, Tuberculose e Hanseníase. Cabe ressaltar nesse estudo que os homens procuraram atendimento em áreas que já tratavam de pessoas acometidas de alguma enfermidade (Gráfico 4). Para Araújo, Gomes e Nascimento (2007) a “pouca procura” dos homens pelos Serviços de Saúde não está relacionada com o consumo desses serviços, mas com a dificuldade de acesso, e também a falta de hábito de prevenção entre os homens. Segundo os autores Araújo, Gomes e Nascimento (2007), a proposta da política do homem é a promoção e prevenção da saúde, entretanto, eles não procuram os serviços de saúde com estas finalidades, daí favorece o adoecimento e afasta de um diagnóstico precoce, e também tornando o acesso aos serviços mais difícil, provavelmente, por isso eles chegam mais tardiamente. . Gráfico 5: Como estava a procura dos homens pelos serviços oferecido na UBS n° 4 e n° 5 de Ceilândia em 2011. 61 De acordo com a ilustração acima (Gráfico 5) constata-se que a procura dos homens pelos serviços nas UBS n°4 e 5 foi regular. Contudo essa resposta teve um padrão comparativo com a procura das mulheres nas UBS, visto que elas tiveram maior incidência na procura pelos serviços quando comparada com os homens. O fato de o gênero masculino associar o ser homem à invulnerabilidade, força e virilidade, isso prejudica a aquisição de hábitos para a manutenção à saúde, isso porque tratase de um ato interpretado como de fraqueza, medo, ansiedade, insegurança ou vulnerabilidade. Sendo assim, essas características e fragilidades são incompatíveis com a procura aos serviços de saúde de forma precoce pelos homens (ARAÚJO, GOMES, NASCIMENTO, 2007). Nota-se que se a política estivesse implantada na íntegra nas UBS n° 4 e 5 da Ceilândia, a procura dos homens seria considera excelente e não regular. Em relação aos benefícios oferecidos pela UBS n°4 e 5 baseado na PNAISH os enfermeiros emitiram às seguintes respostas: Entrevistado 1: “Grupo de Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus e atendimento na Vigilância. Epidemiológica e Clínica Médica”. Entrevistado 2: “Nenhum”. Entrevistado 3: “Diagnosticar as patologias diminuído os efeitos sociais, econômicos para a sociedade”. Entrevistado 4: “Nada”. Entrevistado 5: “Fornecer melhor atendimento ao homem”. Entrevistado 6: “Nenhum”. Entrevistado 7: “Um atendimento melhor e mais qualificado para os homens”. Em nenhuma das respostas foi mencionado os benefícios que deveriam ser oferecidos pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) n° 4 e n° 5. Somente o Entrevistado 1 mostrou maior conhecimento sobre a Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem. Os 62 entrevistados 2, 4 e 6 não souberam assinalar quais os benefícios que as UBS poderiam oferecer ao homem. Os entrevistados 3, 5 e 7 relataram ter melhor entendimento sobre o tema, mas apresentaram dificuldade em responder a questão. Os benefícios oferecidos pela PNAISH são a promoção da mudança de paradigmas no que concerne à percepção da população masculina em relação ao cuidado com a saúde pessoal e da família; capacitação precoce da população masculina nas atividades de prevenção primária relativa às doenças cardiovasculares e cânceres - entre outros agravos recorrentes; organização, implantação, qualificação e humanização - em todo o território brasileiro; atenção integral à saúde do homem; fortalecimento da assistência básica no cuidado com o homem, facilitando e garantindo o acesso e a qualidade da atenção necessária ao enfrentamento dos fatores de risco das doenças e dos agravos à saúde; capacitação e qualificação dos profissionais da rede básica para o correto atendimento à saúde do homem (BRASIL, 2008). Verificou-se a partir das respostas dos enfermeiros entrevistados que, de fato, não existia um programa específico para a saúde do homem, além de ser observado a não existência de benefícios nas UBS n°4 e n°5 de Ceilândia. Na questão relacionada aos programas existentes na UBS, para melhor atender aos homens existem 3 recomendações da PNAISH: a) distribuição de cartilhas sobre a saúde do homem; b) mudança no horário de atendimento da unidade; e c) “Outro”. Todos os enfermeiros entrevistados marcaram a opção “Outro”, o que demonstra a inexistência de programa para os homens, ou seja, sem a PNAISH implantada. Outra proposta prevista dentro da política do homem é a distribuição de 26,1 milhões de cartilhas para Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, Conselhos Estaduais, Municipais de Saúde, Colegiados Regionais e Estaduais com o objetivo de promover a Saúde do Homem e hábitos saudáveis, assim como a prevenção, diagnóstico e tratamento de câncer. Outro aspecto importante é a mudança de horário de atendimento nas UBS, que deverá ser realizado de segunda a sexta-feira de 17h às 22h, com agenda aberta, sem marcação de consultas (BRASIL, 2009; BRASÍLIA, 2011). 63 Sabe-se que a distribuição de cartilhas sobre a saúde do homem poderia esclarecer as dúvidas, o que desencadearia um aumento da procura masculina em relação às ações de promoção e prevenção de saúde. Quanto à mudança no horário de atendimento da UBS para o período noturno é uma opção proposta pelo Plano de Ação Nacional, visto que facilitaria o acesso dos homens ao atendimento, uma vez que não seria necessário perder um dia de trabalho para procurar os serviços de saúde. Isto significa uma mudança na organização dos serviços de saúde para atender a essa nova demanda. Nesta pesquisa os enfermeiros foram questionados quanto ao conhecimento dos homens sobre a PNAISH, a totalidade dos entrevistados responderam que os homens não conheciam essa política, sendo que as explicações dadas para esse desconhecimento foram às seguintes: Entrevistado 1: “O programa ainda não foi implementado na íntegra, portanto, a política ainda não está bem conhecida”. Entrevistado 2: “Falta divulgação pelos meios de comunicação e nos Serviços de Saúde”. Entrevistado 3: “Não respondeu a questão”. Entrevistado 4: “Não se interessam e falta de divulgação”. Entrevistado 5: “Falta divulgação”. Entrevistado 6: “Falta divulgação”. Entrevistado 7: “Porque não conhecem”. Mais uma vez a fala dos entrevistados revelou que não houve a implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem naquelas unidades de saúde. Uma das premissas da PNAISH é a elaboração e distribuição de10 milhões de folders para todas as Unidades Federativas até o final de 2010, focando, principalmente, os fatores de risco para o autocuidado e na realização de uma campanha nacional de sensibilização da 64 população masculina, entre 2009 e 2010, que de acordo o Ministério da Saúde foram realizadas. (BRASIL 2009) Cabe ressaltar que os maiores divulgadores da PNAISH deveriam ser os profissionais de saúde, e entre eles, os Enfermeiros. De acordo com as informações apresentadas verificouse que não houve capacitação dos profissionais quanto à PNAISH, o que impossibilita a sociedade e os homens de terem maior conhecimento sobre uma atuação específica que beneficie este segmento social. Nesta pesquisa procurou-se levantar junto aos Enfermeiros entrevistados se houve aumento da procura dos homens pelas vasectomias, sendo que quatro afirmaram que houve aumento e os demais que não houve, e o tempo de espera média para a realização da vasectomia. De acordo com cada entrevistado foram levantadas as seguintes respostas: Entrevistado 1: “Seis meses”. Entrevistado 2: “Mais de seis meses”. Entrevistado 3: “Desconheço”. Entrevistado 4: “Seis meses”. Entrevistado 5: “Não sei.” Entrevistado 6: “Seis meses.” Entrevistado7: “Acredito que mais de seis meses”. Cabe assinalar que o tempo relatado pelos enfermeiros quanto à espera da vasectomia foi de seis meses. Também houve o desconhecimento do assunto pelos entrevistados 2 e 5, demonstrando mais uma vez que a política não foi implantada naquela unidade de saúde. O Ministério da Saúde recomenda a qualificação dos profissionais de saúde que realizam o planejamento reprodutivo na Atenção Básica para atender também, a população masculina, até o final de 2011 (BRASIL, 2009). A PNAISH garante a contracepção cirúrgica voluntária masculina nos termos da legislação específica Lei nº 9.263, de 12 de Janeiro de 65 1996. Já o PAN prevê a ampliação da quantidade de vasectomias, passando de 35 mil, em 2008 para 40 mil, em 2009 e 50 mil, em 2010. De acordo com o Ministério da Saúde foram realizadas 34.144 vasectomias no ano de 2009, demonstrando que a meta para de 40 mil não foi atingida (BRASIL, 2011). Vale ressaltar que além do homem ter que romper diversas barreiras sociocultural para procurar atendimento nos Serviços de Saúde, eles ainda encontram problemas relacionados a falta de acesso aos Serviços de Saúde e a falta de capacitação dos profissionais da rede básica. Ao serem questionados se houve aumento da procura dos homens por preservativos depois da implementação da PNAISH, quatro Enfermeiros afirmaram que não houve aumento e os demais assinalaram que houve maior procura por camisinhas. Sabe-se que por uma questão sociocultural os homens não gostam de utilizar este método contraceptivo, de acordo com Buunk, Murphy, Boggess, Nieto, Andrade, Izazola (1998) a utilização da camisinha é associada à perda de sensibilidade, seja do homem ou mulher. Guerriero, Ayres, Hearstc (2002) afirmaram que a não-utilização da camisinha é atribuída à questão da estética, alto custo e medo de perder a ereção. A Política preconiza o uso de preservativo como medida de dupla proteção, da gravidez inoportuna e das DST/AIDS (BRASIL, 2008). Por sua vez o PAN promove a prevenção e o controle das doenças sexualmente transmissíveis e da infecção pelo HIV na população masculina, conjuntamente com o Programa Nacional de DST/AIDS (BRASIL, 2009). Cabe aos enfermeiros conhecer e intervir sobre as contracepções masculinas, não só porque elas podem contribuir para aumento da vulnerabilidade para diversos agravos incluído o HIV, mas, também porque podem apontar caminhos mais efetivos para a prevenção de doenças. 66 Gráfico 6: Quem mais procura atendimento para DST’s/AIDS nos Centro de Saúde n° 4 e n°5 de Ceilândia 2011. De acordo com gráfico “6” quem mais procura tratamento para DSTs/AIDS nos CS n°4 e n°5, foram as mulheres. A Política de Atenção Integral à Saúde da Mulher funciona na íntegra há anos, Diferentemente da dos homens que é recente e ainda não foi impnatada. Para as mulheres, as medidas especiais de saúde começaram a surgir no Brasil, nos anos 1930, centradas na chamada saúde materno-infantil. Em 1983, com a criação do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), esse foco mudou para uma estreita colaboração entre os grupos feministas e o Ministério da Saúde. Desde então o PAISM foi implantado nos Serviços de Saúde no país como um todo (COSTA, 1999). Diferententemente, no contexto do gênero masculino, os culturalmente são considerados viris, fortes, invulneráveis e provedores, e esse é um fator que justifica a ausência durante muito tempo de políticas específicas para atendê-los, tornando o acesso deles à saúde cada vez mais difícil até hoje. 67 Gráfico 7: Idade dos homens que procura atendimento na UBS n°4 e n°5 da Ceilândia em 2011. De acordo com as respostas dos enfermeiros e análise do gráfico “7”, 72,0 dos homens que procuraram atendimento nas UBS n°4 e n°5 de Ceilândia, em 2011, tinham a idade entre 60 a 79 anos de idade. Os homens que estão nesta faixa etária já têm uma política específica que a da Atenção à Saúde da Pessoa Idosa e Envelhecimento, daí o melhor acesso. Uma das propostas da PNAISH é atender, no mínimo, 5,0 dos homens de 20-59 anos nos Serviços de Saúde e realizar um atendimento por ano de, no mínimo, 20,0 da população de 40 a 59 anos até o final de 2011 (BRASIL, 2009). A importância de atender a população masculina entre 20 a 59 anos está em função dessa população ser maior e possibilitar a detecção de agravos que podem ser tratados e acompanhados, evitando assim maiores complicações com o passar do tempo. Nesse período acredita-se que essa população esteja mais preparada para um novo estilo de vida, facilitando a promoção da saúde e a prevenção de doenças. Quando os entrevistados foram questionados se existia a PNAISH nas UBS onde trabalhavam com o grupo de hipertensos, todos afirmaram positivamente esta questão. Contudo cinco enfermeiros afirmaram que não houve aumento da procura dos homens por esse grupo nos Centros de Saúde pesquisados. 68 A hipertensão afetou de 11 a 20,0 da população adulta com mais de 20 anos e por esse motivo foi estabelecida uma parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia para desenvolver o projeto "Hipertensão +10 (BRASIL, 2001; 2009). A captação precoce dos hipertensos se faz necessária para que sejam instituídas as medidas terapêuticas apropriadas a cada situação. Contudo se a PNAISH não está implantada nas UBS pesquisadas, não há como realizar está captação precoce na atenção básica. Os homens irão procurar atendimento hospitalar quando a patologia já estiver instalada, demonstrado mais uma vez que a atenção básica ainda não responde a demanda dos homens. Verificou-se a partir das respostas dos entrevistados que nas UBS onde trabalham existia o grupo de Diabetes Mellitus, cinco enfermeiros assinalaram que não houve aumento da procura dos homens por esse grupo nos Centros de Saúde n°4 e n°5 da Ceilândia em 2011, porém, os demais programas houve certo aumento. O Diabetes Mellitus vem aumentando sua importância por sua crescente prevalência. Calcula-se que, em 2025, poderá existir cerca de 11 milhões de diabéticos no País, o que representa um aumento de mais de 100,0 em relação aos atuais 5 milhões de diabéticos, no ano 2000. O PNAISH pretende captar precocemente a população masculina nas atividades de prevenção primária relativa às doenças cardiovasculares e cânceres (BRASIL, 2001; 2008). O diagnóstico precoce da Diabetes Mellitus é fundamental para que o paciente possa, o quanto antes, ter respostas ao tratamento, melhorando, assim, a qualidade de vida e prevenindo maiores agravos relacionados à patologia. A partir das afirmações dos entrevistados constatou-se que o horário onde houve maior procura dos homens por atendimento na UBS pesquisadas foi o matutino. Com isso foi possível observar que neste horário a maior parte dos homens tinham mais de 60 anos de idade, e baixa quantidade de homens na idade entre 20 a 59. Uma questão apontada pelos homens pela não procura dos Serviços de Saúde está relacionada a sua posição de provedor, assim alegam que o horário do funcionamento dos 69 serviços coincide com a carga horária do trabalho. O PAN tem com estratégia facilitar e ampliar o acesso, reduzir o tempo de espera, adequando e flexibilizando o horário de atendimento e melhorando o acolhimento nas Unidades de Saúde (BRASIL, 2008; 2009). Finalmente, pela análise verificou-se que não houve mudança no horário de atendimento nos locais de estudo, o que demonstra que a PNAISH não foi implantada nessas unidades de saúde. 70 5 CONCLUSÕES Todos os enfermeiros entrevistados demonstraram ter conhecimento de quando a PNAISH foi implementada, porém afirmaram que não houve implantação da política nas UBS n°4 e n°5 de Ceilândia e os mesmos demonstraram pouco conhecimento sobre o que consta na política. Os setores mais procurados pelos homens foram os grupos de Diabetes Mellitus, Hipertensão e a Sala do Adulto. Notou-se que a procura dos homens por esses serviço foi regular e que existe nos CS pesquisado os grupos de Diabetes Mellitus e Hipertensão, porém não houve aumento da procura dos homens por esses grupos após a implementação da PNAISH. Observou-se que as unidades básicas de saúde n°4 e n° 5 não ofereciam benefícios para os homens baseado na PNAISH e inexistia programa especifico para o atendimento da população masculina. Na visão dos entrevistados havia o desconhecimento por parte dos homens sobre essa política, e a principal explicação para o fato é a falta de divulgação. Houve aumento da procura dos homens pela vasectomia e que eles demoram em média seis meses para a realização da cirurgia. Os enfermeiros assinalaram que não houve aumento da procura dos homens por preservativos e que as mulheres procuram mais tratamento para DSTs/AIDS do que os homens. Observou-se que 72,0 dos homens que procuraram atendimento nas CS n°4 e n°5 tinham entre 60 a 79 anos de idade, em função do programa de Saúde do Idoso. E que o horário de maior procura por atendimento é o matutino. Concluiu-se que não houve implantação da PNAISH, não houve capacitação dos enfermeiros para a implantação da política, não foi constatado aumento da procura dos homens pelos serviços e não foram criadas estratégias especificas para atender aos homens. O planejamento e o desenvolvimento do atendimento à saúde do homem neste serviço de atenção básica ainda é muito incipiente porque existem determinantes que dificultam este atendimento, dentre eles a capacitação dos profissionais, e em seguida a implantação da PNAISH nos locais de estudo. 71 6 RECOMENDAÇÕES Sugere-se que haja uma capacitação dos enfermeiros acerca do conteúdo que envolve a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH). Sugere-se também que estes serviços tenham condições de infra-estrutura física, de pessoal, de equipamentos e de materiais a fim de garantir uma assistência qualificada à população masculina. Além disso, deve-se organizar os serviços, implantado um horário mais flexível e mais amplo de atendimento nas unidades de saúde, no sentido de assegurar o acesso dos homens ao atendimento de saúde e ao mesmo tempo garantir que a jornada laboral dos mesmos seja preservada. 72 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AROUCA, Antônio Sérgio da Silva. 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VIGILÂNCIA EPIDEMIOLOGICA SALA DO ADULTO GRUPO DE DIABETES MELLITUS GRUPO DE HIPERTENSÃO OUTRO 5 – Como está à procura dos homens pelos serviços oferecidos nesta UBS? RUIM BOA REGULAR ÓTIMA EXCELENTE 79 6 – Quais são os benefícios oferecidos pela sua UBS baseada na PNAISH? Resposta: ____________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ 7 – Quais os programas existentes na sua UBS para melhor atender aos homens? DISTRIBUIÇÃO DE CARTILHAS SOBRE A SAÚDE DO HOMEM MUDANÇA NO HORÁRIO DE ATENDIMENTO DA UNIDADE OUTRO 8 – Os homens que procuram atendimento na sua UBS têm conhecimento da PNAISH? SIM (vá para questão 9) NÃO 8.1 – Em caso negativo. Porque eles desconhecem? Resposta: ____________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ 9 – Quanto à questão do uso de métodos anticontraceptivos entre eles a vasectomia, houve aumento da procura dos homens pela vasectomia na sua UBS? SIM NÃO 10 – Quanto tempo o homem espera em média pela realização da vasectomia? Resposta: ____________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________________________ 11 – Quanto à procura dos homens por preservativos, houve aumento da procura depois da implementação da PNAISH? SIM NÃO 12 – Quem procura mais a atendimento para as DSTs/AIDS? MULHER HOMEM 80 13 – Qual a idade dos homens que procura mais atendimento na sua UBS? DE 20 A 39 ANOS DE 40 A 59 ANOS DE 60 A 79 ANOS ACIMA DE 80 ANOS 14 – Existe grupo de Hipertensos na sua unidade? SIM NÃO (vá para questão 15) 14 1 – Se “SIM”, houve aumento da procura dos homens? SIM NÃO 15 – Existe grupo de Diabetes Mellitus na sua unidade? SIM NÃO (vá para questão 16) 15 1 – Se “SIM”, houve aumento da procura dos homens? SIM NÃO 16 – Qual o horário de maior demanda de homens na sua UBS? MATUTINO VESPERTINO Agradecemos a sua colaboração! NOTURNO 81 Anexo 3- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido O (a) Senhor (a) está sendo convidado (a) a participar do projeto: Percepção dos Enfermeiros que atuam nas Unidades Básicas de Saúde n°4 e n°5 de Ceilândia – DF acerca da implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) 2011. O objetivo desta pesquisa é: analisar e avaliar a percepção dos Enfermeiros acerca da implantação da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem nas Unidades Básicas de Saúde da Regional de Ceilândia – DF e tem como benefício o melhor conhecimento do estado dessa problemática na região de estudo. O (a) senhor (a) receberá todos os esclarecimentos necessários antes e no decorrer da pesquisa e lhe asseguramos que seu nome não aparecerá sendo mantido o mais rigoroso sigilo através da omissão total de quaisquer informações que permitam identificá-lo (a) A sua participação será através de um questionário que o (a) senhor (a) deverá responder no Centro de Saúde nº4 e nº5 na Cidade de Ceilândia DF na data combinada com um tempo estimado para sua realização: de trinta minutos. Não existe obrigatoriamente, um tempo pré-determinado, para responder o questionário (ou entrevista). Será respeitado o tempo de cada um para respondê-lo. Informamos que o (a) Senhor (a) pode se recusar a responder qualquer questão que lhe traga constrangimento, podendo desistir de participar da pesquisa em qualquer momento sem nenhum prejuízo para o (a) senhor (a). Os resultados da pesquisa serão divulgados na Universidade Católica de Brasília podendo ser publicados posteriormente. Os dados e materiais utilizados na pesquisa ficarão sobre a guarda do pesquisador. Se o (a) Senhor (a) tiver qualquer dúvida em relação à pesquisa, por favor, telefone para: Drª Maria do Socorro Nantua Evangelista, na instituição Universidade Católica de Brasília, telefone: 9119-7560, no horário: 14h às 17h. Este projeto foi Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da SES/DF. As dúvidas com relação à assinatura do TCLE ou os direitos do sujeito da pesquisa podem ser obtidos através do telefone: (61) 3325-4955. Este documento foi elaborado em duas vias, uma ficará com o pesquisador responsável e a outra com o sujeito da pesquisa. ______________________________________________ Nome / assinatura ____________________________________________ Pesquisador Responsável Drª Maria do Socorro Nantua Evangelista Brasília, ___ de __________de _________