1 INTERNAMENTO EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA: SENTIMENTOS E EXPERIÊNCIA DOS FAMILIARES RELOCATION IN INTENSIVE CARE UNIT: FAMILY’S FEELINGS AND EXPERIENCES Juliana Carvalho Silva Folle1 Maria Cristina Paganini2 RESUMO: A Unidade de Terapia Intensiva (UTI), ainda é considerada um setor assustador para as pessoas, isso devido às complexidades de aparelhos e tecnologias que a cada dia se inovam. O objetivo do estudo foi identificar quais os sentimentos vivenciados pelos familiares dentro da UTI. Trata-se de uma revisão bibliográfica, com artigos dos anos de 2005 a 2011, em base de dados LILACS e SCIELO, que continham sobre os sentimentos, familiar e UTI. Todos foram lidos e analisados, separados os que continham os descritores. A maioria dos artigos pertencia a escolas de Enfermagem. O trabalho teve como finalidade conhecer um pouco mais dos sentimentos que os familiares sentem quando um ente é internado em uma UTI, e qual o papel que o enfermeiro deve manter dentro dessa unidade, e para com os familiares. Os familiares sentem-se impotentes pois veem o familiar internado, sem que possam fazer muita coisa para ajuda-lo, e assim, ficam aguardando as notícias que são transmitidas pelo enfermeiro responsável. PALAVRAS-CHAVE: UTI, Sentimentos, Familiar. ABSTRACT: The Intensive Care Unit (ICU) remains a sector that causes anxiety and fear to people, that due to the complexities of devices and technologies that are used to treat people with health status with a high degree of commitment. The aim of the study was to identify is what feelings and experiences have living relatives when a person admitted to the ICU. This is a literature review using keywords, previously defined to identify articles published from 2005 to 2011; the databases LILACS and SciELO and that addressed the topic. After identifying the items, they were read; separated and analyzed. Most of the articles was written by nurses. The study was aimed to know a little more of the feelings that family members feel when they have a person admitted to the ICU, and what role nurses must keep within this unit, and to the relatives. We conclude that family members feel powerless because they see the familiar admitted, without being able to do much to help him, and so, are awaiting news that are transmitted by the nurse in charge KEYWORDS: ICU, Feelings, Family 1 Enfermeira pela Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. Pós-graduanda em Terapia Intensiva pela Universidade Tuiuti do Paraná. 2 Doutora pela Universidade de São Paulo. Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. Enfermeira do Hospital de Clinicas – UFPR. 2 INTRODUÇÃO As Unidades de Terapia Intensiva (UTI) surgiram devido às necessidades humanas para o tratamento dos pacientes em estado crítico. Muitas pessoas ainda hoje, veem a UTI como um lugar de morte, onde seu ente querido irá entrar para se tratar, mas jamais sairá recuperado. (BETTINELLI, 2009). Considerada como um setor de atendimento ao paciente grave ou que tenha algum risco de morte e que necessite de assistência médica e de enfermagem em tempo integral, com equipamentos específicos necessários para atender a todos. Pode ser ainda, um ambiente em que devido à complexidade das patologias acaba se tornando um setor de emergência, pois os pacientes estão sujeitos a mudanças no seu estado geral nas horas menos esperadas. (URIZZI, 2008) O internamento de um familiar em UTI ocorre quando menos se é esperado, deixando a família fora do seu cotidiano, e cada pessoa enfrenta o internamento de maneira diferente. A doença juntamente com a internação gera uma ameaça na vida familiar, fazendo com esta seja modificada. (URIZZI, 2008) Segundo Frizon (2011), é um momento extremamente difícil para toda a família, pois a partir do internamento e da incerteza da recuperação do estado de saúde, o familiar desenvolve diferentes sentimentos, esses sentimentos ocorrem devido às novas rotinas que lhe são impostas pelo setor, ou pela restrição de contato ou de permanência entre paciente e família. As necessidades desses familiares podem ser específicas, e também, podem apresentar altos níveis de estresse, mudança de humor, medo. Essa necessidades podem ser caracterizadas pela vontade de estar próximo do paciente e ter condições de compreender tudo que está sendo feito para ele, além de poder dividir com alguém seus sentimentos e angústias. (SOARES, 2007) 3 Para Silveira (2005), para uma melhor interação da enfermagem com o familiar é necessário um diálogo ou seja, a comunicação que há entre a enfermagem, paciente e familiar deve haver para que a recuperação seja alcançada o mais breve possível. Ainda segundo Soares (2007), esses familiares também podem apresentar estresse elevado, ansiedade e algum tipo de distúrbio de humor devido a situação em que encontram, ou seja, numa sala a espera de notícias do seu ente. ( SOARES, 2007) Para Frizon (2011), alguns dos sentimentos apresentados pelo familiar são a culpa e o medo do ente querido morrer. Além disso, se faz necessário que a enfermagem esteja atenta aos acontecimentos que venham ocorrer a sua volta, tanto com o paciente como com o seu familiar, observando qualquer manifestação que possa ocorrer durante o período de internação. ( SILVEIRA, 2005) Assim, o enfermeiro dessa unidade precisa comunicar-se com a família do paciente, a fim de buscar estabelecer um cuidado mais adequado e lhe oferecer suporte para o enfrentamento da nova realidade. Esse familiar além do apoio que pode representar ao paciente, pode também fornecer informações necessárias para um melhor cuidado, podendo ter grande significância para a Enfermagem. (INABA, 2005) Muitas vezes essa comunicação acaba não acontecendo devido a falta de tempo dos profissionais, ou seja, sua sobrecarga durante o expediente, a falta de treinamento também interfere e até mesmo a exclusão da família. Além disso, a piora no quadro do paciente pois os profissionais sentem-se ineficazes para oferecer cuidado ao familiar. (SANTOS, 2006) 4 Para Silveira (2005), o enfermeiro antes de ajudar a família e o paciente, é necessário que a equipe de enfermagem reveja suas necessidades, suas limitações para poder compreender os outros. Pois para cuidar de alguém, precisamos estar bem, levando em consideração que acabamos sofrendo junto com o paciente. Esse acompanhante é um ser que não necessita de condutas terapêuticas, mas sim de cuidado que requer principalmente confiança. (SANTOS, 2006) O acolhimento do paciente no setor deve incluir a família, para obter o processo de humanização da assistência em um todo, fazendo como isto que o familiar se sinta satisfeito e a qualidade no serviço dos profissionais seja reconhecida. (OLIVEIRA, 2010) Pinho (2004), afirma que o ato do enfermeiro sentar ao lado de seu paciente ou acompanhante, olhar nos seus olhos, ouvir o que ele tem a dizer e mostrar interesse e dedicação irá fazer com que eles sintam confiança na equipe, e assim proporcionar um bom atendimento. Mas para que isso ocorra, o enfermeiro precisa demonstrar a eles o quanto eles são importantes, e que a equipe está ali para atendê-lo da melhor maneira. Segundo Inaba (2005), o familiar não pode ser visto como um auxílio técnico, pois ele também necessita de cuidados, pois assim cumprirá seu papel de dar um suporte a situação em que o paciente se encontra. Ainda de acordo com a autora, os profissionais da saúde não assumem este papel de cuidar dos familiares, e muito menos que são responsáveis por eles. Esses familiares precisam de uma orientação, uma explicação de como é o cenário UTI, para que ao entrarem não se choquem e saiam desesperados com o que viram. É fundamental que o enfermeiro faça este papel de orientador, pois assim facilitará o bem relacionamento entre profissional e familiar. (MARTINS, 2009) 5 Para Almeida (2009), a UTI gera nesses familiares sentimentos negativos devido à sensação de que seu ente querido irá morrer. Os familiares acabam se sentindo confusos, desamparados, impotentes e acham que estão sozinhos. Nos dias de hoje, não basta somente cuidar do paciente hospitalizado, mas da sua família também, pois ela pode necessitar de apoio, para conseguir enfrentar a situação de distanciamento do seu ente. Percebe-se a necessidade de dar atenção aos sentimentos dessas famílias, olhar eles como seres humanos, deixando um pouco de lado o modelo biomédico e focando-se no cuidado além do paciente. (SILVA, 2011) JUSTIFICATIVA A UTI é uma unidade que tem por objetivo o atendimento de pessoas com certo agravamento de seu estado de saúde. Desta maneira, a dinâmica que envolve a equipe de saúde, pacientes e familiares está focada na rapidez e na eficiência das estratégias utilizadas para evitar danos mais graves ou restabelecer o estado de equilíbrio. Esta dinâmica exige que a equipe de saúde se encontre, muitas vezes, sobrecarregada dando mais importância para realizarem as atividades necessárias, destinadas aos pacientes do que se preocuparem em repassar informações. Por outro lado, devido ao estado de agravamento do estado de saúde dos pacientes, os familiares necessitam sentirem adequadamente informados sobre tudo o que envolve seu ente querido. Pois ficam ansiosos à espera de pareceres que lhe tragam boas notícias. Assim, fica clara a importância dos profissionais em darem um suporte, ou seja, uma informação sobre o estado em que encontra seu ente dentro da unidade 6 de terapia intensiva. Devido a esta falta de informações entre o enfermeiro e o familiar do paciente internado em uma UTI, faz-se necessário um estudo para conhecer mais sobre os sentimentos que este familiar vive quando está na sala de espera aguardando notícias sobre o estado de saúde e da evolução do paciente. Conhecer quais são os sentimentos que sentem esses familiares, talvez relacionados ao medo da morte, a angústia pela falta de informações, às incertezas da alta da UTI, ao sentimento de impotência de não poder permanecer ao seu lado na UTI ou mesmo o de não poder fazer nada, e talvez um dos maiores de culpa pelo estado em que se encontra o familiar. OBJETIVO Identificar quais são os principais sentimentos vivenciados pelos familiares de pacientes internados em uma Unidade de Terapia Intensiva. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de revisão de artigos bibliográficos, que adotou como critério inicial para seleção a consulta a Biblioteca Virtual de Saúde Pública (BVS), e a partir dela foram pesquisadas as bases de dados LILACS (Literatura Latino- Americano e do Caribe em Ciência da Saúde) e SCIELO (Scientific Eletronic Libary Online). Foram encontradas 26 produções bibliográficas utilizando os seguintes descritores: UTI, Família, Internação, Sentimentos. Desses 26 artigos, 10 foram selecionados para estudo. Os critérios de inclusão foram: artigos publicados na íntegra de 2005 a 2012, artigos com publicações em português, artigos que 7 falassem sobre os sentimentos do familiar. O levantamento foi realizado entre os meses de dezembro de 2011 a julho de 2012. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos artigos selecionados foi realizada a leitura de cada um deles e obtivemos o termo prevalente como: Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em 10 artigos, desses artigos, 3 falavam sobre os sentimentos dos familiares, 2 sobre o Internamento do familiar, 1 sobre a visão do familiar pela equipe de enfermagem, 1 sobre a convivência com os familiares, 2 sobre a comunicação entre familiar e enfermagem, 1 sobre acolhimento. Em relação ao ano de publicação dos artigos a maioria estava entre 2005 e 2011. Observou-se também que a maioria dos artigos foi publicada nas revistas de enfermagem. Os artigos que versavam sobre os Sentimentos, destacavam como principal o medo da morte do familiar, eles sabiam que o ente estava sendo bem cuidado, e que no setor de UTI eles teriam todos os recursos necessários para o cuidado, mas a angústia dos familiares com a falta de notícias fazia com que eles pensassem no pior, a morte. Já, os que falavam do internamento tinham ênfase no cuidado em casa descrito pelo familiar, que muitas vezes é a melhor cura que se pode ter. Alguns familiares acham que o cuidar do paciente em casa faz com que o tratamento tenha uma evolução positiva, porém, cada caso é um caso, visto que alguns pacientes necessitam mesmo da UTI devido a complexidade da doença. A partir do ano de 2009, observou-se um aumento nas publicações que dizem respeito aos sentimentos dos familiares de pacientes internados em uma Unidade de 8 Terapia Intensiva, porém, ainda não sendo suficientes, pois há muito que ser discutido do assunto. A equipe de enfermagem de hoje, está sendo preparada para lidar com situações que possam ocorrer na sala de espera de uma UTI, dentre elas o familiar que ali aguardo uma notícia, ou até mesmo uma resposta sobre o estado de saúde de seu familiar. TABELA: ARTIGOS SELECIONADOS PARA DISCUSSÃO, DE ACORDO COM TITULO, LOCAL DE PUBLICAÇÃO E ANO. AUTOR ARTIGO TÍTULO ARTIGO Inaba; Silva; Telles Paciente crítico e comunicação: visão de familiares sobre sua adequação pela equipe de enfermagem Uma tentativa de humanizar a relação da equipe de enfermagem com a família de pacientes internados na UTI Percepção dos profissionais de saúde sobre a comunicação com os familiares de pacientes em UTIs Cuidando da família de pacientes em situação de terminalidade internados na Unidade de Terapia Intensiva Vivência de familiares de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva Sentimentos dos familiares em relação ao paciente internado em Unidade de Terapia Intensiva Internação em Unidade de Terapia Intensiva e a família: perspectiva do cuidado Grupo de suporte como estratégia para acolhimento de familiares de pacientes em Unidade de Terapia Intensiva Revista Frizon; Nascimento; Bertoncello; Martins; Familiares na sala de espera de uma unidade de terapia intensiva: sentimentos revelados Revista Silva; Souza Sentimentos da família diante enfrentamento do viver-morrer membro familiar na UTI Revista Silveira; Lunardi; Filho; Oliveira Santos; Silva Soares; Urizzi; Carvalho; Zampa; Ferreira; Grion; Cardoso Almeida; Aragão; Moura; Lima; Hora; Silva Bettinelli; Erdmann; Oliveira; Medeiros; Barbosa; Siqueira; Oliveira; Munari Santos; FONTE DO ARTIGO do do Escola ANO de 2005 Enfermagem da USP Texto & Contexto Revista 2005 Brasileira de 2006 Revista Brasileira de Terapia 2007 Enfermagem Intensiva Revista Brasileira de Terapia 2008 Intensiva Revista Brasileira de 2009 Enfermagem Av. de Enfermagem Revista da Escola 2009 de 2010 de 2011 Enfermagem 2011 Enfermagem da USP Gaúcha Enfermagem de UFSM Sentimentos vivenciados pelos familiares dentro de uma UTI São vários os sentimentos que o familiar sente quando um ente querido permanece internado dentro de uma UTI, muitas vezes começa com uma angústia 9 pelo fato do internamento e estende-se até o medo da morte. Isso ocorre devido a falta de orientação sobre o cenário UTI, que para muitos ainda é o setor pelo qual o paciente entra, mas não tem chances de sobreviver, isso ainda ocorre nos dias de hoje pelas pessoas que veem a UTI como o final da vida. Os sentimentos vão aumentando conforme o tempo que este familiar permanece na UTI, passando de angustia para tristeza, a incerteza sobre o estado de saúde, a culpa pelo estado de saúde que ele se encontra, enfim, chegando no medo da morte. A internação juntamente com a doença, são encaradas como uma ameaça vivenciadas de forma grupal, modificando assim, os hábitos de vida de toda família, portanto, o processo do adoecer envolve toda a família. ( ALMEIDA, 2009) Os familiares podem vir também a desencadear estresse, tensão, desesperança, afetando assim, toda a família. Por isso a necessidade de olhares mais profundos nesses sentimentos que são vivenciados por familiares no cenário UTI, pois são sentimentos que não ficam somente ali naquela hora, mas sim que os acompanham dia a dia. Esses sentimentos podem aumentar devido às várias situações que são impostas pela equipe, como o exemplo do horário de visita, que o tempo é muito curto para os familiares, muitos deles acabam não conseguindo entrar e isso aumenta a culpa pelo estado, pois ele não sabe se é real o estado do seu ente querido. Fica claro, que os familiares juntamente com seus sentimentos desencadeados precisam receber mais atenção nesta hora do internamento do ente querido. Eles também precisam ser orientados de como ocorrem as visitas, as 10 rotinas da UTI, e de como eles poderão ajudar, pois essa ajuda é muito importante para o cuidado. O papel do Enfermeiro de UTI O enfermeiro é o profissional que se mantém mais próximo do paciente dentro da UTI, é ele quem presta os cuidados necessários para a boa recuperação do paciente, portanto é ele que tem a função de orientar os familiares que aguardam na sala de espera, sobre o estado em que se encontra seu ente. É ele quem ouve os familiares que do lado de fora aguardam apreensivos, ansiosos a espera de notícias. Esse profissional deve estar preparado para cuidar também desses familiares, que acabam se tornando paciente, devido o enfrentamento da doença do ente querido. Muitos deles veem o enfermeiro como a pessoa de confiança para o desabafo, é nesta hora que o enfermeiro deve saber ouvir, transmitir tranquilidade ao familiar, fazer com que ele veja a UTI de outra maneira, como o setor mais apropriado naquele momento. O profissional enfermeiro tem que estar ciente que precisará também prestar assistência a toda família, a qual necessita se manter segura e forte, pronta para enfrentar as situações servindo de suporte ao paciente. A enfermagem deve ser acessível, perceptiva, ter disponibilidade e estar preparada para as necessidades dos familiares, perceber a família como foco de cuidado também, e não apenas como mais um familiar. Isso deve acontecer no momento da acolhida, ocorrendo um diálogo entre profissional e familiar criando assim um vínculo, que mais tarde será utilizado em prol do paciente. Por isso a importância da acolhida no momento do internamento, pois a enfermagem poderá obter algo a mais para o cuidado deste paciente. E para maior interação de familiar e profissional, umas das autoras nos mostra o quanto a comunicação se torna importante na vida das pessoas, essa 11 mesma comunicação se faz necessária dentro da UTI, ou seja, é através dela que o profissional pode ajudar o paciente a enfrentar os seus problemas, tirar suas dúvidas, e fazer alguns esclarecimentos referentes ao estado de saúde do seu familiar. Essa comunicação também se faz necessária do lado de fora, na sala de espera onde os familiares aguardam. Pois os familiares também tem que saber se comunicar com a equipe. É diante disso, que o profissional intensivista deveria se preocupar e ter a responsabilidade e o compromisso ético de educar tanto o paciente quanto os seus familiares sobre o significado da UTI, mostrando a eles a importância do cuidado dentro de uma UTI. CONCLUSÃO O presente estudo possibilitou analisar quais são os sentimentos mais vivenciados pelos familiares na sala de espera de uma UTI. Foi realizada uma revisão bibliográfica em artigos que falassem sobre esses sentimentos. Os artigos nos mostraram quais são os maiores sentimentos vivenciados pelos familiares na sala de espera de uma UTI. Pudemos perceber que são vários os sentimentos, entre eles a angústia, a tristeza, o estresse, a culpa, e o medo da perda do ente querido é o maior deles, ou seja, para muitos a vida acaba ali. A sala de espera é o lugar mais próximo que eles podem chegar do seu familiar, pois as visitas são limitadas e com horários em que em muitas UTIs apenas um familiar pode entrar. Pudemos perceber ainda que os familiares se sentem como impotentes diante dessa situação, ou seja, veem o familiar internado e não podem fazer nada, e é nessa sala que ficam aguardando as notícias que são transmitidas pelo enfermeiro 12 responsável. Mas, às vezes esse enfermeiro deixa de lado essa importante responsabilidade e não passa as informações aos familiares. É nessa hora que angústia aperta mais, sem notícias coerentes sobre o estado de saúde do paciente, as coisas se tornam difíceis para esse familiar, ele acaba ficando nervoso e se desespera com toda a situação. Esse enfermeiro deve estar preparado para lidar com as situações que lhe são impostas, inclusive esse papel de cuidar também do familiar, que necessita de cuidados tão quanto o paciente e que muitas vezes acaba adoecendo devido as situações que ocorrem pelo internamento. Como exemplo temos a mudança na sua rotina, ou seja, quando menos se espera a vida muda, tomando outro rumo, e nem sempre a família esta preparada para os ocorridos. Para os familiares não é nada fácil se manter do lado de fora, muitas vezes sem notícia, sem saber exatamente o que está ocorrendo lá dentro, como está o estado de saúde do seu ente. É nessa hora que o enfermeiro deve usar a sua comunicação, saber ouvir o paciente, quais as suas queixas, suas dúvidas, suas expectativas. E ao mesmo tempo essa comunicação deve ser levado para o lado de fora, ou seja, dos familiares que também precisam expor seus sentimentos, suas perguntas, suas dúvidas em relação a doença ou até mesmo o estado de saúde em que se encontra seu familiar. Deve-se também levar em consideração que o familiar pode nos ajudar nesse processo, pois ele pode saber de algo mais que seja importante para o tratamento. Diante disso, se espera que os profissionais enfermeiros das UTI s, sejam capacitados para saber lidar também com os familiares. Eles devem saber ouvir, passar as orientações que sejam necessárias, fazendo com isso que a família veja o cenário UTI de outra maneira, como um lugar ideal para a recuperação do seu 13 familiar. Também que esses profissionais saibam respeitar cada sentimento relacionado acima, fazendo com que esse familiar também se sinta acolhido e protegido. Pois é nesses profissionais que a família muitas vezes coloca total confiança, é esses profissionais que farão a diferença do cuidado. REFERÊNCIAS ALMEIDA, A.S; ARAGÃO, N.R.O; MOURA, E; LIMA, G.C; HORA, E.C; SILVA, L.A.S.M; Sentimentos dos familiares em relação ao paciente internado em Unidade de Terapia Intensiva. Revista Brasileira de Enfermagem. Brasília, 2009, nov-dez; 62(6): 844-9. Disponível em: www.scielo.br/pdf/reben/v62n6/a07v62n6.pdf. Acessado dia 05/12/2011 BETTINELLI, L.A; ERDMANN, A.L; Internação em Unidade de Terapia Intensiva e a família: perspectiva de cuidado. Av. de Enfermagem, vol.27 n°1, Bogotá, 2009, Jan – June. Disponível em: bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/.../online/ FRIZON, G; NASCIMENTO, E.R.P; BERTONCELLO, K.C.G; MARTINS, J.J; Familiares na sala de espera de uma unidade de terapia intensiva: sentimentos revelados. Revista Gaúcha de Enfermagem. Porto Alegre, 2011, mar; 32(1): 72-78, vol.32, n°1. Artigo original. Disponível em: www.scielo.br. Online. 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